Capítulo 451 - Grande Igreja

Ultimamente, Abel vinha deixando o divino Martelo Horádrico em um suporte dentro da Guilda dos Ferreiros do Acampamento Ladino. Era ali que ele deveria ficar.

Isso não era porque Abel quisesse devolver o item ao seu lugar de origem, mas porque o Martelo só podia abrir um soquete a cada 30 dias. Se ele o mantivesse no Continente Sagrado, então, durante todo o tempo que passasse na Cidade Liante, teria apenas uma única chance de abrir um soquete.

Como o fluxo do tempo era diferente entre o Continente Sagrado e o Mundo Sombrio, ele podia, no máximo, abrir um novo soquete por dia enquanto estivesse no Continente Sagrado.

Não queria desperdiçar essa oportunidade. Ele precisava produzir uma grande quantidade de equipamentos brancos. Embora esses equipamentos possuíssem certo reforço de poder devido ao método de forja, não tinham nenhum atributo mágico.

Como haviam sido feitos por Abel, todos eram bases excepcionais para armas mágicas, mesmo sem atributos mágicos. No entanto, seu destino final era apenas receber soquetes.

Se os soquetes fossem bons, colocaria aquele equipamento dentro da bolsa espiritual do rei orc, para servir como base de uma única palavra rúnica. Se os soquetes fossem ruins, ele deixaria a peça de lado, daria a outras pessoas no futuro ou a derreteria para criar novas.

Às vezes, também se sentia um pouco aflito por isso. Não era fácil forjar armaduras, elmos e diferentes tipos de armas. Mesmo com o poderoso Martelo Horádrico acelerando o processo, ele ainda precisava fazer tudo com as próprias mãos.

Essas coisas carregavam seu esforço e dedicação, e podiam virar lixo por um único atributo desfavorável.

Mas, justamente por isso, as habilidades de forja de Abel haviam melhorado de forma significativa. A essa altura, ele já conseguia forjar facilmente qualquer equipamento que quisesse.

Depois disso, Abel continuou avançando pela grande igreja. Ele usou os corvos imortais para atrair as criaturas das trevas, corrompidos e criaturas da Ira. Esses eram, basicamente, os únicos monstros do inferno presentes ali.

Nesse ponto, sua formação de batalha já estava muito bem definida. Os cavaleiros guardiões espirituais na linha de frente. Os corvos imortais servindo de distração. E ele próprio, na retaguarda, usando ataques mágicos. Incontáveis almas cinzentas voavam dos corpos das criaturas infernais mortas e entravam em seu Cubo Horádrico.

De repente, uma bola de fogo voou na direção de Abel, e ele a bloqueou com sua Pelta Lunata. Aquela bola de fogo era bastante poderosa. Embora não fosse forte o suficiente para atravessar a Pelta Lunata, ainda assim causou um leve dano a Abel. Logo em seguida, uma força estranha começou a sugar rapidamente sua mana. Em instantes, alguns milhares de pontos de mana haviam sido reduzidos a apenas cem.

“Dreno de Mana!”, Abel ficou chocado. Aquela era a habilidade de um verdadeiro assassino de magos.

Com um comando, o capitão dos cavaleiros guardiões espirituais apareceu imediatamente ao lado do mago das trevas. No entanto, antes mesmo que o capitão tivesse a chance de atacar, o mago das trevas também se afastou em um lampejo.

“Aumento de Velocidade!”, murmurou Abel.

Ficou claro para ele que se tratava de um mago das trevas de nível ouro sombrio. Seu corpo azul era uma característica exclusiva desse nível. Normalmente, suas duas habilidades eram suficientes para devastar outros magos.

Mas, naquele dia, ele havia encontrado o capitão dos cavaleiros guardiões espirituais. Seu movimento instantâneo era ainda muito mais rápido que o Aumento de Velocidade do mago das trevas. Além disso, o capitão não possuía mana, apenas qi da morte, e tinha altíssima resistência a ataques de fogo.

Tudo isso deixou o mago das trevas de nível ouro sombrio completamente impotente diante do capitão. Uma perseguição se iniciou no campo de batalha, enquanto Abel bebia uma garrafa de “poção de recuperação total”. Em seguida, ele começou a lançar bolas de fogo e eliminou todas as outras criaturas infernais.

Os outros seis cavaleiros guardiões espirituais também passaram a se mover em lampejos, cercando o mago das trevas de nível ouro sombrio. Sete espadas mágicas de fogo desceram simultaneamente, golpeando sem parar. Em meio a gritos de agonia, o mago das trevas caiu no chão, e uma sombra dourada voou em direção ao Cubo Horádrico de Abel.

Esse era um ganho totalmente esperado. Tanto o Dreno de Mana quanto o Aumento de Velocidade eram habilidades excelentes. Era uma pena que Abel não pudesse usá-las em si mesmo. Caso contrário, sem dúvida teria feito isso.

A única invocação que poderia se beneficiar de Dreno de Mana era o capitão dos cavaleiros guardiões espirituais, enquanto quem mais se beneficiaria de Aumento de Velocidade seria Johnson. Se Abel não tivesse sorte, essa poção acabaria sendo desperdiçada.

Esse era o peso do privilégio. Se o capitão dos cavaleiros realmente obtivesse Dreno de Mana, ele se tornaria um verdadeiro pesadelo para os magos. Com sua habilidade natural de se mover, somada aos encantamentos de gelo e fogo, poderia drenar toda a mana deles em um único golpe. A parte mais assustadora era o efeito de lentidão combinado com o movimento instantâneo do cavaleiro guardião espiritual; nesse ponto, nenhum mago conseguiria escapar.

Se Johnson obtivesse Aumento de Velocidade, também se tornaria um atacante poderoso. Seu maior ponto fraco era ser lento demais para perseguir magos. Mesmo que o Aumento de Velocidade ainda não fosse suficiente para alcançar alguém que se movesse em lampejos, ao menos reduziria bastante essa desvantagem.

Infelizmente, Abel não podia invocar Johnson naquele momento; a torre mágica do 16º andar ainda estava em seu estômago. Ele precisava encontrar um lugar seguro para armazenar essa torre primeiro.

“Vamos guardar isso por enquanto”, disse Abel para si mesmo.

À frente, havia uma fileira de bancos de madeira bem alinhados. Eles haviam sido feitos para orações, e muitos ainda estavam em bom estado. Mesmo assim, estavam cobertos de sangue e poeira; era algo repugnante, pareciam mesas de jantar do próprio diabo.

Abel avançou, pisando em poças de sangue. Um cheiro horrível invadiu suas narinas, lembrando-o do tempo em que esteve no covil da Condessa, no quinto andar da Torre Esquecida.

Esse lugar também possuía um enorme tanque metálico cheio de sangue, que chamava muita atenção sob as chamas eternas do inferno.

Abel pensou na história da Condessa. Ao que parecia, ela não havia sido a única manipulada pelo governante daquela cidade. Dentro do tanque, havia até mesmo a sombra aterradora do inferno. Como algo como um tanque de sangue poderia existir em um local como aquele?

Abel sabia que o tanque de sangue do covil da Condessa havia sido criado pelo mago que a controlara no passado, mas isso já não importava. A Condessa agora tinha uma nova vida, e Abel havia destruído tudo relacionado ao inferno.

Entre os tanques de sangue fresco, havia um altar. Aquele local que antes fora sagrado agora estava completamente contaminado.

“Click, click, click…”

De repente, Abel ouviu o som de ossos batendo no chão, vindo das quatro paredes atrás da grande igreja.

Com um simples gesto de mão, a Adaga de Jade (Tan Do) apareceu à direita de Abel. Resistência a veneno aumentada em 20%, dano de veneno aumentado em 95%. Esses dois atributos lhe trouxeram um pouco mais de segurança.

Abel sabia que naquele local existiam os esqueletos de ouro sombrio de Ash. Eles possuíam ataques venenosos aterradores e três atributos: força extra, encantamento de gelo e bloqueio de mana.

Assim que alguém fosse atingido por ele, tanto o dano de gelo quanto o de veneno surtiriam efeito imediatamente.

Naquele momento, os cavaleiros guardiões espirituais não possuíam resistência a veneno, então sofreriam bastante caso não conseguissem desviar.

Abel deu o comando, e os corvos imortais avançaram imediatamente na direção do som. Logo, algumas esferas de luz verde voaram em direção ao céu. Os cinco corvos desviaram perfeitamente, revelando a posição das cinzas.

“Vento Negro, movimento instantâneo!”, gritou Abel.

Vento Negro desapareceu no mesmo instante, envolto em um lampejo de luz branca. As cinzas ainda atacavam os corvos, mas Abel já tinha seu ataque de escudo preparado. Uma luz dourada brilhou em seu escudo no exato momento em que ele e Vento Negro surgiram ao lado das cinzas.