Que frio
Capítulo 80 — Abraço gélido do norte
Período: 1492
Planeta: ???
País: ???
Continente: ???
Whoosh! Whiiiiir!
O vento uivava, um lamento cruel que cortava a carne. Em um lugar frio de rachar a pele, onde sussurros gélidos ecoavam como risadas de espectros, Mírk e Mív estavam à beira da morte. O frio era um invasor, cravando-se nos seus corpos, um formigamento pior que mil lâminas, que fazia os ossos rangerem e a alma se contorcer em agonia. (O ar fedia a gelo morto, um vazio que sufocava qualquer traço de vida.)
Mírk abriu os olhos, o peito arfando, a mente turva de dor. Um nevoeiro denso, cinzento, engolia tudo, como se o mundo tivesse sido apagado. (Seu corpo tremia, o frio não na pele, mas nas entranhas, um veneno que o fazia querer gritar.) Ele respirou fundo, o ar rasgando os pulmões, e um sorriso fraco, quase louco, surgiu — estavam vivos, mas a que custo? A dor veio logo, uma onda que o fez morder o lábio até sangrar. (Seus olhos, embaçados, buscaram no cinza, encontrando Mív.) A poucos passos, Ele jazia na neve, inconsciente, o rosto pálido e acinzentado, o peito mal se movendo.
— Mírk (sussurrando, com a voz quebrada): Firedil Du.
(Um calor fraco lutou contra o frio, como uma vela em um furacão, e a dor voltou, mais forte.)
— Mírk (com os dentes cerrados, o corpo aquecendo por um fio): Vamos, consegui… mas não vai durar. Preciso encontrar um abrigo.
Mírk rastejou até Mív, o gelo cortando seus joelhos. Com as suas mãos trêmulas, ergueu seu fiel companheiro, colocando-o sobre as costas. (O peso era um castigo, seus braços tremendo, mas a determinação ardia, mesmo à beira do colapso.) Ele olhou o nevoeiro, a nevasca rugindo como um monstro faminto.
— Mírk (murmurando, a voz carregada de desespero): Por favor, Senhora do Norte, a ti eu rogo, nos guie… pra qualquer lugar, por favor, Senhora.
Sem saber onde estava, sem destino, Mírk avançou. Whiiiiir! O vento atirava flocos de gelo contra seu rosto, cada um uma facada. O nevoeiro sussurrava, um coro de vozes que zombava de sua miséria. (Seus braços queimavam sob Mív, o frio mordendo como um lobo, e ele seguia, perdido no cinza à frente, onde nada prometia salvação.)
Abismo — Castelo de Lorde Mílar — Sala do Relatório
— Dart ( vendo os olhos de Mílar que brilhavam em um tom verde-esmeralda): Me diga, os dois nessa época foram parar nos domínios da Senhora do Norte? Nesse caso, no Abismo?
— Nuktart (analisando o arquivo, os dedos roçando o papel): Sim, a magia que o chamado Mírk usou veio do Abismo, cedida na época pela Senhora do Norte, e os trouxe cá.
— Dart (levantando a palma da mão, o gesto firme): Muito bem, continue.
— Nuktart (esfolheando o arquivo, a voz pausada): Como desejar. Bom, onde eu estava? Mírk carregou Mív em suas costas e caminhou sem nenhuma noção de direção, de onde ia. Ele esta—
— Mílar (com os olhos verdes-escuros, a voz cortante): Espere. (Olhando para Dart, os olhos ficando meio rosas, misturando-se ao verde antigo.) Dart.
— Dart (cabisbaixa, olhando levemente para ele): Me desculpe, S… Mílar.
— Dart (levantando a palma da mão, olhando para o Nuktart): Muito bem, continue.
Abismo — 1492 — Domínios da Senhora do Norte
Em um horizonte esquecido, um castelo imenso habitava, esculpido em gelo azulado que pulsava com uma luz etérea, iluminando a nevasca ao redor como um farol. Suas torres perfuravam o céu, afiadas como lâminas, e o vento passeiava uivando ao redor, carregando ecos de lamentos antig no topo do castelo em uma varanda, uma criatura de estrutura feminina alí estava. Trajada num vestido de noiva, azul brilhante e escuro, ela segurava uma taça, o líquido dentro reluzindo como estrelas líquidas. (Seus olhos, escondidos na sombra, brilhavam com um ar gélido.) Ela olhava fixamente para a nevasca e dava um sorriso leve, quase tímido, bebendo um gole da taça. (O som do líquido descendo sua garganta era o único ruído além do vento.) Após beber, ela quebra a taça na mão, esmagando-a e fazendo sua mão direita sangrar, os cacos caindo na neve abaixo. Virando-se, entrando em seu quarto, olhando para sua mão enquanto dava uma risada alta e gélida que ecoou, cortando o ar como um trovão de inverno.
Sua risada foi levada pelo vento que como sussuros foram ouvidos por Mírk, que caminhava sem rumo com Mív em suas costas. (O som perfurou seus ouvidos, um arrepio que não vinha do frio, mas de algo pior.)
— Mírk (ouvindo a respiração fraca de Mív, a voz rouca): Aguenta aí, Mív, não desistas, nós vamos sair dessa. (Sorrindo, os olhos marejados.) E depois nos encontraremos com ele e viveremos felizes pra sempre. (Deixando lágrimas escaparem, a voz quebrando.) Por favor, não desistas, não quero viver esse final sem você.
Maftar — Aridar — Onde Deylan e Meiy estavam
— Meiy (admirada, os olhos arregalados): Woooooow! (Gritando.) Ei, Deylan, vem cá!
— Deylan (mexendo nas cartas, olhando para Meiy): O que foi agora? (Levantando-se e indo até Meiy) O que fo— (Admirado.) Woooooow!
Que sono
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