Feliz natal?
Capítulo 102 — Gatilho
Entre a existência e a inexistência
As vozes vindas da espada eram como agulhas furando os tímpanos de Meiy. Ouvir aquilo causava dor física e mental. Sua mente se desequilibrava com uma enxurrada de flashes, mas não havia imagens — estava tudo em branco. Ainda assim, ela sentia que aquelas vozes eram familiares… e profundamente dolorosas.
Do outro lado estava Deylan, adorando aquele sofrimento — tanto o das vozes quanto o de Meiy. Ele a observava, percebia sua dor… e amava aquilo. Ouvir, ver, sentir — era como se estivesse em transe. Ele não era o mesmo.
— Meiy (com a visão distorcida em ondas, a mente doendo intensamente): P-para… parem com isso… chega… n-não… AAAAAAAHHHHHHHH!
Seus ouvidos doíam intensamente.
A vontade de arrancá-los era insuportável.
E foi exatamente isso que ela fez.
Ela arrancou os próprios ouvidos.
E assim, tudo ao redor se silenciou.
Deylan percebeu que a dor de Meiy havia cessado — e isso o irritou, como se algo tivesse sido arrancado dele.
— Deylan (sentindo o cheiro de sangue vindo de Meiy): Por que você fez isso? Por que parou de cantar, pequena menina?
Ele focou nela um olhar perverso, carregado de vingança, e partiu furioso em sua direção com uma velocidade sobre-humana.
— Meiy (percebendo a investida de Deylan): Que veloz… Será que fisicamente ele mudou também? Hmm… isso não importa. Porque, comparado a mim, você é lento, Deylan.
BARRG!
Um soco limpo atingiu em cheio a barriga de Deylan.
Devido à velocidade com que ele avançava, o impacto foi ainda mais intenso — forte o suficiente para causar sua morte…
Se ele fosse um humano normal.
Uma energia verde moveu seus órgãos e os regenerou.
Assim, ele se recuperou.
Mas…
Ele fingiu.
E se deixou cair.
— Meiy (levemente preocupada com o dano causado): Será que ele está bem?
Ela se agachou para sentir sua pulsação, desviando a atenção da espada.
Hik. Hik.
Foi o som que antecedeu o corte que atingiu a perna esquerda de Meiy.
— Meiy (ignorando o ataque e transformando o braço direito em uma lâmina): Você não é o Deylan que eu conheço. Você é um animal desprovido de inteligência.
Slash.
Ela decepou a mão que segurava a espada.
— Meiy (apanhando a espada e se levantando enquanto regenerava a perna e os ouvidos): Isso foi estranho…
Deylan então volta a si.
— Deylan (com uma “mão” na barriga e outra na cabeça): Argh… ai… o que… o que aconteceu comigo?
Meiy permaneceu em silêncio.
— Deylan (confuso): O que houve? Você está me ouvindo? O que aconteceu?
— Meiy (estendendo a mão): Me dá a mão.
Ele o fez — e percebeu que ela não estava ali.
— Deylan (ainda mais confuso): Meiy, o que raios aconteceu? Fala alguma coisa!
— Meiy (bocejando): Wuahhh… Resumindo: você perdeu o controle quando estava aumentando o tormento e tentou me matar. Foi isso. A propósito… você não devia estar gritando de dor?
— Deylan (olhando para a ausência da mão): É estranho… não sinto nada. Dor nenhuma. Mas parece que ela ainda está aqui.
— Meiy (com a mão no queixo): Hmmm… tenta enxergar a tua mão aí. Tenta senti-la.
Deylan fez o que Meiy disse e, lentamente, sua mão começou a se regenerar.
— Meiy (sorrindo): Ao que parece, você herdou minhas habilidades nessa parte do corpo. Agora… pode olhar para a direita?
— Deylan (olhando para a direita): Por quê? O que tem—
POW!
Meiy, com força descontrolada, acertou a bochecha de Deylan, fazendo-o cuspir sangue.
— Deylan (cuspindo sangue): Pra que foi isso?! Coff… por quê?!
— Meiy (entregando a espada a Deylan): Só por precaução. Não sei se você perderia o controle se tocasse nisso. Como eu disse, você queria me matar… ou me torturar. Você estava muito estranho. Parecia gostar do sofrimento delas… e do meu. Agora chega de conversa. Pega a espada.
— Deylan (assumindo um semblante sério): Não se preocupe. Pelo que você disse, isso aconteceu no momento em que usei a espada para aumentar meu tormento… quando elas foram torturadas. Nesse instante, segundo você, eu mudei. Talvez exista algum gatilho aí. (Pegando a espada) Bom… a gente pensa nisso depois. Eu obtive mais tormento do que o necessário para o que pretendemos. O melhor agora é não voltar a usar o poder desta espada para isso. (Desfazendo a espada, que retorna a uma carta) Bom… agora sigamos com o plano de tornar você mais forte.
— Meiy (pensativa): Tem outra coisa. Você estava mais rápido. Se eu não tivesse treinado, não teria conseguido acompanhar. E você aguentou um soco muito forte, somado à tua velocidade no impacto… e ficou bem.
— Deylan (andando de um lado para o outro): Eu fiquei mais rápido… e mais resistente. Hm… acho que sei o porquê. Mas a gente pensa nisso depois. Devemos te tornar mais forte antes de qualquer outra coisa
— Meiy (sorrindo): Não, Nos tornarmos mais fortes. Para juntos esmigalharmos aquele enlatado.
O Natal termina quando você dorme?
Ou quando a noite Dorme?

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