Capítulo 69 — Ondas quebradas

— Figura Nebulosa (rodopiando com sua cadeira): Tudo está correndo exatamente como planejei. HiHi.

— Skuldyr (com a mão fechada próxima à boca): Kof… Kof…

— Figura Nebulosa (travando a cadeira, ficando de frente para Skuldyr): O que foi? Disse algo engraçado?

— Skuldyr (atirando uma pipoca ao ar): Tchomp… Não, eu apenas me engasguei. (com um leve sorriso): Acontece.

— Mestre (acariciando sua barba): Me diga: o que dirá a ele?

— Figura Nebulosa (girando lentamente a cadeira, de frente para o Mestre): Como assim, o que direi?

— Mestre (suspirando): O que dirá a Deron, por indiretamente ter eliminado uma guerreira dele?

— Figura Nebulosa (gargalhando ecoosamente): Hihihihihahahhhaha… O que direi a ele? Nada: ela é apenas mais uma das guerreiras dele, uma figurante qualquer – certeza que ele nem sabia o nome dela; acredita, ele nem vai notar a falta dela. HiHi.

Maftar — Fortaleza Flutuante — Pirâmide do Topo

— Satorjf (entrando e se ajoelhando): Meu amo, infelizmente trago-lhe más notícias a—

— Deron (levantando a palma da mão): Não diga mais nada; agora, retire-se.

— Satorjf (levantando-se): Entendo, meu amo. Mas o que devemos fazer agora? Devo decretar morte a eles?

— Deron (a densa sombra que cobria sua face se agitava levemente): Não, não faça nada; apenas aguarde minhas ordens e, agora, retire-se.

— Satorjf (saindo do cômodo): Entendido, meu amo.

Após a saída de Satorjf, Deron estalou os dedos, fazendo surgir uma camada lilás e meio transparente que revestia o interior do local.

Ele se levantou e dirigiu-se ao centro da Pirâmide, virando-se de frente para o trono. A densa sombra que cobria seu rosto expandiu-se por todo o seu corpo e, em parte, direcionou-se ao trono, transformando-se em Syna.

— Deron (com a mão no local do coração): Obrigado…

Ele se levantou, e toda a sombra retornou apenas para o rosto, começando a se agitar como se fosse uma nuvem carregada de raios e chuva, escurecendo ainda mais.

Havia jóias, estátuas, pinturas e artefatos em alguns cantos da Pirâmide; tudo estava destruído – destruído por Deron, que o fez em um tempo incalculável.

O revestimento lilás parecia um mar de ondas – ondas de gritos e sons de coisas quebrando. O som do que se quebrava cessou, mas os gritos continuaram: “Arrrrrrrrrrrrrrrrrrgh…”
Até que o revestimento se quebrou e um silêncio se instaurou na sala, com tudo que fora quebrado sendo restaurado pelas partículas do revestimento.

— Figura Nebulosa (estalando os dedos e fazendo aparecer uma taça do que parecia ser vinho em sua mão): Ele deve estar assim. (bebendo da taça): Bebendo um bom vinho ao lado de suas criadas, diferente de mim, que estou aqui com vocês bebendo esta taça de chocolate.

— Skuldyr (rangendo os dentes): Chocolate? Mas isso não é vinho?

— Figura Nebulosa (sorrindo cintilantemente): Não; eu o fiz assim, para exemplificar: chocolate é melhor que vinho. HiHi.

O sol nascia e eles acordavam.

— Meiy (se esticando): Uaaaaaaah… Bom dia.

— Deylan (se levantando e se esticando também): Bom dia.

— Meiy (se levantando): Já agora, me responda uma coisa.

— Deylan (olhando para Meiy): O quê?

— Meiy (dando um soco no estômago de Deylan): Hmm… Você não é um fantasma; voltando à questão: como RAIOS você está vivo?

— Deylan (sentado, segurando sua barriga e tentando gritar): Por quê… Ahh… ahhhhh… Por quê fez isso, idiota?

— Meiy (estendendo a mão para Deylan): Para ver se você não era um fantasma.

— Deylan (segurando a mão de Meiy): Você podia ter apenas encostado.

— Meiy (sorrindo): Eh… Mas aí não teria graça. Te-he-he.

— Deylan (puxando Meiy e fazendo-a cair, batendo com a cara na areia): HIK HiK, isso é divertido para você?

— Meiy (levantando-se): Não, isso foi desnecessário e sem motivo; não teve graça. Você é uma pessoa sem graça, seu desgraçado.

— Deylan (levantando-se também): Mas para mim teve. Seja como for, vamos andando; eu te explico pelo caminho, mas primeiro precisamos pegar o orbe – ou Nexion, como ela o chamava.

— Meiy (com a mão no queixo): Mas como? Você viu o que aconteceu com você quando tentou segurá-lo. Você ficou congelado e foi atacado por ela.

— Deylan (sacando uma carta em branco): Eh… Eu me lembro, mas desta vez estarei preparado. (em seus pensamentos): Algo que dê para segurar o orbe…

— Meiy (vendo Deylan parado): O que houve?

— Deylan (olhando para Meiy): Bata em mim com força; não tenho tormento o suficiente para isso. Preciso de mais, entã—

— Meiy (saltando e socando a fuça de Deylan com força): Assim?

— Deylan (caído no chão, cuspindo sangue com a voz roca): Sim… Ahhhh… Ótimo… ótimo. Arhhhh..(levantando e criando uma espécie de caixa feita de vidro com uma tampa preta): Consegui, vamos lá.

Eles caminham até o orbe.

— Deylan (abrindo a tampa, aproximando a caixa de modo que o orbe fique dentro, e fechando-a): Feito. (mexendo a caixa de um lado para o outro): Funcionou, agora podemos ir.

— Meiy (olhando para o orbe na caixa): Isso é incrível, mas para onde vamos?

— Deylan (passando a caixa para a carta em branco): Lembra quando olhamos para a pedra e ela pareceu uma seta?

— Meiy (olhando à frente): Lembro.

— Deylan (guardando a carta no baralho): É para lá que nós vamos, Meiy.