Capítulo 71 — Porquê Criar?

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O Líder e Seus Homens Adentram a Floresta

— A Árvore (sentindo a presença deles, em seus pensamentos): O que pretendem?

As árvores próximas aos homens agitavam-se.

— A Árvore (sentindo as intenções dos homens, olhando para Mív e Mírk): Hmmmmm.

— Mírk (ainda enxugando suas lágrimas): O que foi?

— A Árvore (com seus olhos esburacados tornando-se completamente verdes-luz): Temos companhia. E, ao que parece, estão procurando vocês. Estou tentando atrapalhar o caminho deles, mas está sendo difícil. Parece que estão protegidos por algo, alguma magia. Nesse caso, não nos resta muito tempo.

— Mív (com a mão na empunhadura): Quanto tempo temos? Ou melhor, quanto tempo precisamos até que ele nasça?

— A Árvore (tentando analisar os homens): Em uma hora, eles estarão aqui. Quanto a ele, uma gestante levaria 9 meses; neste caso, 3 meses.

— Mírk (limpando as lágrimas de vez): O que você tem em mente? Lutar?

— Mív (olhando para A Árvore): Consegue nos dizer o quão fortes eles são?

— A Árvore (analisando): Hmmmm… Eles não seriam um grande problema se não fosse por um deles. Ao que parece, ele é o líder. Comparado a vocês individualmente, ele é mais forte, mas se lutarem juntos, poderão vencer. (Encarando-os) Mas me respondam: por que eles estão atrás de vocês?

— Mív (sacando a espada, olhando para Mírk): Vamos ter que lutar juntos. Você é capaz? (Olhando para A Árvore) E quanto à sua questão, bem… Eu acho que você sabe. Seja como for, neste mundo não há espaço para pessoas românticas.

— A Árvore (ainda de olho nos homens): Eu havia presumido, mas não era o caso. Ao enxergar melhor vocês, eu pude entender. É algo incomum, na verdade. Mas você está enganado: não há espaço para vocês no mundo dos que os condenam. Esse mundo é um conjunto de vários mundos. Se ainda não encontraram o espaço de vocês, criem o vosso.

— Mírk (sacando a espada): Eu sou capaz. E ela tem razão: se não há espaço para nós no mundo deles, criaremos o nosso próprio mundo.

— Mív (embainhando a espada): Por mais que eu ache que vocês estão viajando, se você quer criar esse mundo, eu irei te apoiar. (Olhando em volta) Mas agora precisamos nos preparar. Precisamos de armadilhas para conseguirmos lutar sem problemas com o líder deles.

— A Árvore (aproximando um galho afiado para cada um): Cortem-se. Isso dará a vocês um aumento em suas forças, suficiente para que, no pior dos casos, um de vocês lute contra o líder deles sozinho.

Os dois cortam-se com os galhos, agradecem A Árvore e começam a preparar as armadilhas.

— A Árvore (brilhando verde): Deixarei isso com vocês. Nos veremos em 3 meses, aqui. Adeus.

A Árvore some, carregando Mívk consigo.

— Mív (se aproximando de Mírk e colocando o braço sobre os ombros de Mírk): Conseguimos o que queríamos. Agora precisamos sobreviver por três meses. Então, fique alegre e não se preocupe. Em breve, você terá ele nos braços.

— Mírk (abraçando Mív): E você também. Sobreviveremos por ele.

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— A Árvore (olhando para o subsolo, para as raízes que abraçavam Mívk): Durma bem, meu querido. O futuro anseia por você.

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Prisão[1492] — Em uma das Celas

— Prisioneiro N°??? #1 (na parte de cima de uma beliche, olhando para o teto): Você acha que algum dia a gente vai sair desse lugar?

— Prisioneiro N°??? #2 (empilhando bandejas e fazendo uma torre): Eu já parei de pensar nisso há muito tempo.

— Prisioneiro N°??? #1 (olhando para o #2): Por quê?

— Prisioneiro N°??? #2 (deixando as bandejas caírem): É por isso. Não tem um “por quê”. Pelo menos eu não tenho para onde ir. A prisão me seguiria e me trancaria, fora ou dentro dela. Por isso não há um “por quê”.

— Prisioneiro N°??? #1 (descendo do beliche e ajudando o #2 a empilhar as bandejas): É, você tem razão. Mas se não há um “por quê”, nós podemos criar um. O que me diz, 247?

— Prisioneiro 247 (respirando profundamente): Eu perdi o único “por quê” que me importava há muito tempo. Eu devia a esse “por quê” minha existência, mas me veja agora. (Levantando-se) Olhe ao seu redor. (Segurando as barras da cela) Os únicos “por quês” aqui são nossos erros. (Cabisbaixo) Erros que somos forçados a lembrar, erros que tiraram o que mais amávamos de nós. (Suspirando e olhando para o #1) 245, me desculpe. Eu não tenho mais como descobrir ou criar um “por quê”. Já perdi todas as chances que tinha de fazer isso. Mas talvez você possa. E se ainda tiver a chance de criar esse “por quê”, não a desperdice como eu fiz. (Voltando a se sentar) Acho que falei demais.

— Prisioneiro 245 (segurando a mão de 247 e sorrindo): Não, eu gosto disso. Ouvir você é interessante. Hi.

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