Capítulo 94 — Da vida a morte

Entre a existência e a inexistência — Algum lugar por aí

— Meiy (gargalhando): Te-hehehehehe! Foi incrível ouvir você gritando de preocupação. Ah, e eu não arriscaria a minha vida para te salvar, não interprete mal as coisas, Te-hehe.

— Deylan (confuso): Não estou entendendo o que você quer dizer?

— Meiy (colocando sua mão dentro do corpo): Observe.

Meiy remove seu coração e o mostra a Deylan.

— Deylan (meio enojado): Mas o que… devolve isso!

— Meiy (devolvendo o coração): Ele havia me dito que eu era… Era… Acho que era… Ah, lembrei: imortal! Ele disse que eu não podia ser morta por eu ser uma metamorfa. Mas eu pensei que ele tinha mentido para mim, porque… bom, você conseguiu tirar a minha vida. E, por falar nisso, como você fez isso?

— Deylan (batendo no “chão” com o punho): É ISSO! Bem lembrado, Meiy!

— Meiy (surpresa): Como assim? O que foi?

— Deylan (pensativo): Talvez isso funcione com ele. Preciso fazer alguns testes ainda, mas talvez haja uma chance…

— Meiy (curiosa): Alô, Terra chamando Deylan…

— Deylan (mexendo em seu baralho): Eu tô aqui. Acho que descobri uma forma de derrotá-lo. Mas continue com o que você estava dizendo.

— Meiy (coçando a cabeça): Ah… onde eu estava? Bom, eu fiquei confusa quando derrotei você tão facilmente.

— Deylan (com um sorriso): Facilmente?

— Meiy (devolvendo o sorriso e pondo a mão na cabeça de Deylan): Sim, facilmente. Cá entre nós, eu sou bem mais forte. Ainda te falta muito para me alcançar, meu caro. Te falta treino.

— Deylan (tocando com o dedo indicador na testa dela): Tsc… fala a imortal que morreu e perdeu para mim. Olha, cá entre nós, eu já tinha tudo planejado e você caiu direitinho na minha armadilha. Mas um ser inferior como você não compreenderia tamanha estratégia. Coloque na sua mente (batendo levemente na testa dela): nós não somos iguais. Eu sou superior.

Meiy afasta o braço de Deylan e já direciona um soco para seu rosto, mas ele segura.

— Deylan (segurando o punho dela): Lenta demais, minha cara. Te falta treino. Hik, hik… Ugh!

Ele leva um gancho no estômago.

— Deylan (com as mãos na barriga): Isso foi golpe baixo!

— Meiy (sorridente): Te-he-he… O que importa é o resultado, segundo o mestre. Então agoniza aí enquanto eu termino aqui, Te-hehe. Continuando… quando eu tirei a tua vida eu senti uma tontura, minha mente começou a doer e aí eu… eu fui parar em um lugar aterrador. Mas o superei, e aqui estamos. Então, quando a gente enfrentou aquela… qual era o nome dela… a S… Syna, acho que era isso, eu pensei que poderia morrer, pois ainda achava que ele havia mentido para mim para que eu lutasse sem me preocupar tanto. Mas eu comecei a pensar que já te vi fazer bastante coisa — você literalmente colou a tua mão! Não seria estranho você conseguir matar uma imortal. Eu havia me esquecido que eu…

Ela se desfaz e se transforma em uma espécie de slime roxo, depois retornando à sua forma convencional totalmente recuperada.

— Meiy (recuperada): Posso fazer isso. Quando eu impedi que você se chocasse contra a parede, foi também para me grudar a ti. Eu deixei aquele corpo e me transformei em uma pedra, por isso ele pensou que eu estava morta, pois aquele corpo já não tinha vida. É isso, eu acho. Eu termino meu turno agora. É a tua vez, Te-hehe.

— Deylan (pegando seu baralho): Entendo. Minha vez. Eu saco uma carta… Hmmmm (olhando para a carta): uma garrafa de água.

— Meiy (confusa): Quê? Eu tô falando de como cê tá vivo!

— Deylan (bebendo da garrafa): É, isso até que faz sentido. E… você é realmente incrível. Tuas habilidades são impressionantes. Mas pra te falar a verdade eu não tenho certeza. Bom, eu não lembro com clareza. Sei lá, às vezes minhas memórias… eu não lembro. Eu fico confuso. Eu sei que eu tô aqui, mas às vezes parece que eu só apareci. Mas eu lembro que foram as cartas… meio que uma delas fazia com que eu desaparecesse para os outros. Eu deixava de existir. Igual aqui onde estamos — nós ainda estamos na Catedral, mas esta é uma versão mais refinada dessa criação. Ela nos suga corpo e alma para outra dimensão, no mesmo espaço. Entende?

— Meiy (perplexa): Ah… eu acho que sim. Seja como for, agora faz sentido, como da vez que nos enfrentamos você estava deixando cartas no chão. Já que isso te custa muito, acho que não foi uma, mas várias que resultaram nesse efeito. Confuso, mas acho que consigo compreender. E quanto às tuas memórias confusas… tem algo que eu queria te perguntar. Às vezes você sente que não é só você que…

— Deylan (encarando ela): Que o quê?

— Meiy (olhando nos olhos dele): tá aí, que tem mais alguém aí dentro?