Capítulo 19 – Triunfo
O barulho da torcida era ensurdecedor. Parecia haver milhares de pessoas ali, muito mais do que realmente era possível caber nas arquibancadas. Martim estava confiante. Tinha acabado de desferir um golpe certeiro na testa de Silas:
— Ponto! Oito a três para Martim.
Silas lutava de forma agressiva. Atacava constantemente e tinha um bom preparo físico, conseguindo entregar golpes pesados em sucessão frenética. Defender-se contra o peso da arma maciça era cansativo, mas Martim estava em uma tarde abençoada. Os golpes de Silas pareciam fáceis de desviar, e ele conseguia colocar a ponta de sua espada exatamente onde queria, quando queria. Por isso estava vencendo com facilidade. Confiava que a luta em breve terminaria com sua vitória.
A torcida estava dividida. Silas era o atual campeão, tinha lutado muito bem até ali e vencido quase todas as lutas com todas as armas. Por isso, contava com o apoio de metade da arena. Martim também tinha se dado bem, mas conseguiu sua classificação a muito custo, pois perdeu quase metade das suas lutas com a lança. Compensou sendo quase perfeito com as espadas e arco e flecha. Enxergando em Martim um lutador persistente e dedicado, a outra metade da arquibancada estava ao seu lado.
Na fase inicial, todos foram obrigados a lutar com todas as armas. Mas a partir da etapa final, quando os combates passaram a acontecer na arena, cada lutador podia escolher uma arma para lutar, exceto o arco e flecha. Martim venceu as suas três lutas da etapa final com escudo e espada curta, que era a sua primeira opção. Venceu Percival, mas o combate deixou-o com um dos braços muito dolorido. Também venceu Marcel, que conseguiu se recuperar ao longo do torneio e chegar à semifinal, e Antenor, o novato que estava no grupo de Carlos. O fato de que dois novatos tinham conseguido avançar tanto no torneio surpreendeu muita gente, principalmente os frustrados apostadores que perderam muito dinheiro. Martim agora encarava a última luta, justamente contra Silas. E estava ganhando.
Mas Silas não se deixava entregar. Apesar de parecer muito cansado, seu olhar dizia que ele não desistiria. Por trás das grades de seu elmo, Silas ostentava um sorriso maldoso. Parecia ter arquitetado um plano maligno para conseguir uma virada.
Martim correu em sua direção e atacou de frente. Silas defendeu-se com seu escudo. Aproveitando que estavam bem perto, disse para Martim:
— Você não merece ganhar!
— Cale a boca e lute! — respondeu Martim.
Silas sorriu e retrucou:
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— Seja homem e desista. Você matou Augusto. Não merece sequer a honra de permanecer na guarda, quanto mais ganhar um prêmio.
Martim se irritou e projetou sua espada no rosto de Silas. Mas este se desviou e girou sua maça, acertando-a na lateral do capacete de Martim, que caiu deitado no chão, atordoado.
— Ponto Silas! Oito a quatro — falou o juiz, quase inaudível em meio à gritaria da arquibancada e ao zunido metálico que permaneceu no ouvido de Martim após o pesado golpe.
Ele estava agora deitado de costas na grama. O mundo girava, e ele demorou para conseguir se situar. Tentou se levantar, mas recebeu um pesado golpe no peito, jogando-o novamente para trás.
Sentindo muita dor, olhou para o peito e viu que sua armadura tinha sido amassada no local do golpe. A cada respiração, suas costelas pressionavam o metal retorcido e provocavam uma pontada de dor.
— Oito a cinco!
— Está doendo, mocinha? — perguntou Silas, em tom zombeteiro.
Martim não disse nada. Concentrou-se em levantar-se o mais rápido possível. Só teve tempo de ver uma sombra. Ao perceber que seria golpeado mais uma vez, rolou seu corpo de lado, mas ouviu o som da pesada ponta da maça batendo em sua perna.
— Oito a seis!
Soltando um urro, Martim conseguiu levantar-se em um salto. Cambaleava e sentia muita dor na perna, mas conseguiu permanecer em pé, o que era um sinal de que não houve fratura. Ergueu seu escudo à frente e estudou o oponente enquanto este levantava mais uma vez sua maça.
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— Fuja, Martim! — disse Silas.
A voz tirou sua concentração.
Augusto?
A voz saiu da boca de Silas, mas era a voz de seu antigo capitão. Mandava-o se afastar antes de receber um golpe fatal e morrer.
Olhou para os lados e procurou-o desesperadamente, mas não o encontrou.
— Fuja, Martim! Fuja, Martim! Fuja, Martim!
Martim sabia que a voz estava dentro de sua cabeça, mas o desespero tomava conta de si. Girou a cabeça de um lado para outro. Sabia que não iria encontrar ninguém, mas não podia evitar. Parte de si realmente acreditava que Augusto tinha retornado à vida e estava em algum lugar da arquibancada.
Foi nesse momento que sentiu um enorme peso acertando a parte de trás de sua perna, derrubando-o mais uma vez ao chão, agora sentado. Em seguida, mais um baque. Sua cabeça foi jogada para trás. Sentiu o sangue começando a escorrer de uma de suas sobrancelhas e cobrir-lhe a visão com um vermelho vivo.
— Oito a oito! Dois pontos para Silas.
Martim não conseguia respirar direito. A voz de Augusto não lhe saía da cabeça. Limpou os olhos com a ponta dos dedos e conseguiu enxergar melhor, mas a visão que teve o deixou ainda mais transtornado. Augusto o olhava de cima para baixo. Ele disse:
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— Martim, fuja! Vá embora e não volte mais!
O sangue agora se misturava às lágrimas que começavam a se formar em seus olhos. Sem enxergar quase nada, disse:
— Capitão? Me desculpe, capitão, eu…
— Vai chorar? Devia ir embora, seu merda!
— Não, capitão Augusto! Eu não tive a intenção de matá-lo!
O rosto de Augusto se transformou no de Silas, no exato momento em que recebia mais um golpe no peito.
— Nove a oito para Silas!
O golpe o trouxe de volta à realidade, e Martim levantou-se mais uma vez. Lutando para permanecer em pé e tentar recuperar seus sentidos, balançou a cabeça. À sua frente, Silas continuava com seus comentários:
— Que vergonha para a guarda! Além de ter matado o capitão, está se mostrando um fraco e chorão!
As lágrimas continuavam a surgir em seu rosto. Olhou para a arquibancada e não conseguiu reconhecer ninguém. Apenas viu que todos o encaravam. Seus rostos eram estranhos, caricaturas de seres humanos. Alguns pareciam sentir nojo. Outros, pena. Balançavam a cabeça e faziam sinal com as mãos, imitando uma criança a chorar. E havia alguns que, maldosamente, começaram a cantar:
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— Assassino! Assassino!
Os rostos aos poucos se transformavam no rosto de Augusto. Centenas de cópias de seu antigo capitão o encaravam e o acusavam de assassino.
— NÃO! — gritou Martim. — NÃO FUI EU QUEM O MATOU!
Neste momento, a multidão fez um silêncio absoluto. Sem estranhar a mudança e ainda ofegante, Martim repetia:
— Não… fui… eu… quem o matou. Não fui eu.
Aos poucos, o barulho da plateia voltava. A princípio, Martim não entendeu o que eles diziam, pois o som estava baixo, mas ele logo conseguiu distinguir claramente as palavras que vinham em sua direção:
— Martim! Martim! Martim!
Martim olhou para a multidão e viu os rostos de Augusto desaparecendo e dando lugar às familiares faces das pessoas que ele conhecia. Viu seus amigos e colegas torcendo para ele. Viu também André, que o incentivava. E havia também muita gente desconhecida. Pessoas da cidade que estavam ali e torciam para ele também.
— Martim! Martim! Martim!
Mesmo com a algazarra da plateia, Martim percebeu quando Silas se aproximava; seus passos cada vez mais perto. Conseguiu antever o próximo golpe. Desviou-se no momento certo e contra-atacou, acertando Silas nas costas.
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— Nove a nove!
A plateia soltou um grito de comemoração. Se antes parecia que a torcida estava dividida, agora não havia dúvidas de que quase todos torciam para Martim. Ou pelo menos faziam muito mais barulho do que a torcida adversária.
Martim respirou fundo algumas vezes e olhou para seu oponente. Silas se preparava para o golpe final, mas Martim recuperou sua confiança. Pôde ver claramente quando Silas avançou, com a maça levantada e o escudo à frente. Em um giro rápido, Martim escapou do golpe por um triz. Colocou-se de joelhos, ergueu a espada e fez um movimento certeiro que atingiu Silas na lateral do corpo.
— Ponto! Fim da luta, Martim venceu por dez a nove.
Martim soltou a espada, fechou os olhos e se deixou cair no chão. Ouviu o grito da multidão comemorando sua vitória. Ficou ali respirando por alguns segundos, finalmente relaxando os músculos do seu corpo. Quando voltou a abrir os olhos, viu vários rostos aparecendo em seu campo de visão. Reconheceu primeiro o sorridente rosto de Carlos. Depois viu Marcel, Ricardo, André, Tomás e muitos outros, seus amigos e colegas. Todos gritavam e comemoravam a sua vitória.
Foi erguido e colocado em pé. Neste momento, viu Silas. Estava ajoelhado, com as mãos nas coxas e a cabeça baixa. Martim sentiu vontade de dar-lhe um chute nas costas, enquanto repetia todos os insultos e agressões que vinha recebendo. Mas não precisava. Já tinha vencido.
Olhou para a arquibancada. A rainha aplaudia, assim como todos os nobres e cavaleiros ao seu lado. Olhavam para ele sorridentes, ovacionando o vencedor da luta. Um pouco atrás, havia uma mulher de armadura. Com os braços cruzados, ela não fazia movimento algum, apenas olhava a cena por trás de seu elmo escuro.
Depois de vários minutos sendo empurrado, recebendo abraços, apertos de mão e tapas nas costas e na cabeça, Martim chegou perto da rainha. Ainda estava no gramado, portanto tinha que olhar para cima para encarar seu olhar. O rosto de Catarina exibia um sorriso simpático. Ela ergueu os braços e a multidão foi reduzindo a algazarra. Quando se fez silêncio, ela falou:
— Parabéns, soldado. Você venceu todos os competidores e mereceu a honra de disputar o grande prêmio.
Muitos aplausos se seguiram ao anúncio. Alguém levantou o braço de Martim, que sorria e olhava para todos os lados. A rainha esperou um pouco antes de continuar:
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— Parabéns também a todos que lutaram bravamente, em especial os finalistas, que chegaram muito longe com bravura e dedicação.
Mais aplausos se seguiram, agora um pouco menos intensos. Terminada mais essa pausa, a rainha disse:
— O combate final acontecerá daqui a cinco horas, nesta arena. A nossa capitã Maria irá enfrentar o vencedor.
Houve aplausos muito tímidos, quase todos vindo da porção da arquibancada reservada aos nobres. A rainha não se importou com a baixa repercussão de seu anúncio e continuou:
— E para tornar a vitória ainda mais valorosa e honrosa para você, soldado, quem vai escolher as armas do duelo será ela, a capitã. Assim você terá a chance de provar a todos que é capaz de vencer em qualquer situação.
Um silêncio se fez presente entre os soldados. Todos olhavam para a rainha, com o rosto incrédulo. Martim olhou para Maria e viu que ela estava novamente com aquela postura tensa do dia da abertura do torneio.
— Mas agora vamos todos nos divertir, comer e beber — disse a rainha, em sua costumeira voz aguda que se destacava em meio ao silêncio. — E não esqueçam de voltar para cá daqui a cinco horas. Cheguem cedo para conseguir um bom lugar. Ho! Ho! Ho! — ela ria enquanto falava. — Sim, isso vai ser muito divertido.
Ao dizer isso, a rainha se levantou. Caminhando elegantemente, desceu da arquibancada rumo ao castelo. Assim que ela sumiu de vista, todos os nobres se levantaram e começaram a sair também. Martim procurou Maria, mas não conseguiu vê-la em meio à movimentação intensa das pessoas. Quando o local estava quase vazio, ela já tinha desaparecido.
— Ei, está dolorido — choramingou.
— Silas pegou sua perna de jeito, mas não quebrou — disse Tomás, tirando as mãos da perna do amigo. — Você vai ficar bem. Deixa ela esticada por um tempo.
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Estavam no dormitório, todos sentados ao lado da cama de Martim, que estava deitado, tentando dar um pouco de descanso aos seus músculos doloridos.
— E o que foi aquilo, Martim? — perguntou Carlos. — Você quase perdeu a luta. Estava lutando tão bem, e de repente…
— Foi Silas, não foi? — perguntou Ricardo. — Ele entrou em sua cabeça. O que foi que ele disse?
Martim respondeu, sem graça:
— É… ele… mencionou Augusto, e eu…
Os amigos o olharam, sem dizer nada. Martim também ficou quieto, sem saber o que dizer.
— Você não o matou — disse Ricardo. — A gente ouviu você gritando lá na arena. Você não o matou!
— Eu sei que não o matei, mas eu sinto que…
— Ninguém o culpa por aquilo, cara — disse Ricardo. — Pare de pensar nisso!
— Claro que culpam! Eles me lembram disso quase todo dia, vocês não vêem?
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— Meia dúzia de idiotas. Você não ouviu o povo todo gritando seu nome agora há pouco?
Martim ficou quieto. Ricardo colocou a mão em seu ombro e disse:
— Martim… todo mundo ouviu seu grito lá na arena. Mas a grande pergunta é… você ouviu a si mesmo?
Martim assentiu com a cabeça, e os amigos ficaram em silêncio por vários minutos. De repente, Carlos falou:
— Mudando de assunto… cinco horas. Você tem só cinco horas. Quer dizer, já se passou quase uma hora, sobraram umas quatro, né?
— Acredita agora que é sacanagem, Martim? — emendou Tomás. — Você quase se matou para chegar até aqui, e a rainha dá cinco horas de descanso?
— E você nem vai poder escolher suas armas — disse Carlos.
Martim ainda não tinha parado para pensar na sua próxima luta. Estava tão aliviado com sua vitória sobre Silas que tinha esquecido que em breve teria que enfrentar Maria naquela mesma arena. A quem a plateia apoiaria desta vez?
— É — disse Martim. — As coisas não parecem boas para mim.
— Vai ser um milagre se você conseguir acertar um golpe. Qual arma você acha que a capitã vai escolher? — perguntou Carlos.
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— É óbvio — disse Ricardo. — Martim é péssimo com a lança. E a gente viu do que ela é capaz de fazer com uma.
— Caim que o diga.
— Ei, eu não sou péssimo — protestou Martim. — Ganhei alguns duelos nesta semana. Eu nunca tinha feito isso antes.
— Grande coisa, você ganhou de caras piores do que você. Até o Ricardo te venceu com a lança.
— Obrigado pelo “até”, Tomás — disse Ricardo.
— Disponha, caro poeta.
— Escutem — disse Martim. — Eu… na verdade nem sei se faço questão de ganhar.
— Acho sensato — disse Carlos. — É melhor desistir logo, assim não passa vergonha.
— Calma, querido Carlos — disse Ricardo, pousando os olhos semicerrados em Martim. — Acho que nosso vencedor aqui quis dizer outra coisa, não é Martim? O que foi?
Martim olhou para os amigos e tentou pensar em uma forma de dizer o que estava em sua cabeça sem parecer um idiota:
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— O que eu queria mesmo eu já consegui. Primeiro, eu nem queria competir. Eu estava…
— Se borrando de medo — disse Tomás.
— É um termo chulo, mas é verdade, admito — continuou Martim. — Eu estava com medo, mas me inscrevi e lutei. E ganhei de Silas e Percival. Acho que finalmente vou conseguir ter um pouco de paz por aqui.
— Isso é verdade — disse Ricardo. — E estamos felizes por você, mas…
— Mas tem a grana do prêmio — interrompeu Carlos.
— Esqueça o prêmio, deixe-me falar — começou Ricardo. — Martim, você de fato conquistou certo respeito hoje, mas se derrotar a capitã, poderá se tornar uma lenda para esses homens. Chega de tomar café da manhã sozinho, chega de almoçar escondido na cozinha. Estamos falando aqui da sua liberdade.
Martim olhou para o amigo e agradeceu pela sua genuína preocupação. Carlos e Tomás assentiram com a cabeça. Martim disse:
— É, pensando por esse lado, seria bom, mas…
— Mas o que?
— Vocês vão tirar sarro de mim se eu falar.
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— Fala logo!
— É sobre a outra parte do prêmio, sabem? A história toda de ser o acompanhante da capitã no baile. Não é como se ela estivesse indo comigo por vontade própria, sabe? Acho que ia ser bastante desconfortável. Para nós!
— Ah, Martim, vai tomar no cu! — disse Tomás. — É nisso que está pensando? Esquece isso, pensa em você!
— Não, amigos — disse Ricardo. — Martim pode ter razão. Não se esqueçam que ele é um cara sensível, diferente de vocês.
— Obrigado por entender, Ricardo — disse Martim.
— E a gente não sabe como é a cara dela — disse Ricardo, rindo. — Se ela for feia ou se tiver mau hálito, vai ser bem difícil mesmo. — Deu um tapa no ombro de Martim, o que provocou uma dor intensa. — Para com isso, cachorrão! É da sua vida que estamos falando aqui. Isso é mais importante, não é?
— É, Martim — disse Carlos. — Não desiste, não. Você precisa disso.
Martim ainda não tinha dito tudo que pensava. Não confessou que estava atraído pela capitã. Não disse também que tinha irritado-a, e que por isso estava morrendo de medo de enfrentá-la, tanto na arena quanto no baile que viria a seguir, caso vencesse, e magoá-la ainda mais do que já tinha feito.
Por outro lado, não podia ignorar a possibilidade concreta de finalmente ver-se livre dos abusos de Silas e de outros inimigos que tinha na guarda. Era algo que o perturbava demais.
— Tá, não vou desistir.
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— É isso aí — disse Ricardo.
Fez-se um breve silêncio, que Carlos quebrou depois de alguns instantes:
— Um conhecido meu viu a cara dela, sabiam? Da capitã.
— Mentira — Tomás retrucou.
— É verdade, ele disse que a viu sem o elmo na cozinha. E falou que ela é bem bonitinha.
— Duvido. Que conhecido é esse?
— Foi o Flávio, sabem quem é? Ele anda sempre com aquele outro, que é baixinho… ah, não lembro do nome dele. Enfim, ele jurou que é verdade.
— Claro que jurou — riu Tomás.
— Ei, vamos voltar ao que importa aqui. Martim, olhe para mim — disse Ricardo. — Uma coisa de cada vez. Primeiro pense em ganhar esse torneio, e ganhar seu merecido prestígio. Além da grana, é claro, que não vai fazer mal nenhum. Depois, se você realmente quiser continuar sendo todo certinho, dá uma desculpa qualquer e livra a moça do terror que seria ter que dançar com você.
— É, acho que tem razão.
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— Vamos deixar ele descansar — disse Carlos. — Não se preocupe, que a gente vem te chamar quando for a hora, Martim.
Eles se despediram e deixaram Martim sozinho. Ele esticou o corpo, sentindo seus músculos reclamando, e tentou dormir um pouco.
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