— Foi um machado?

    — Não.

    — Uma espada?

    — Também não.

    — Então foi um tubarão? Você estava nadando no mar e não viu o bicho chegando?

    — Ah! Ah! Ah! Não!

    — Eu desisto. Conte, capitã!

    — Não vou contar, já disse! Vocês vão ter que adivinhar.

    Maria ria, junto com Paulo, Marcel e Ricardo. Dividiam a mesa durante o jantar. Ela teria folga no dia seguinte, assim como muitos soldados ali, e isso deixava o ambiente muito mais descontraído do que o de costume. Também fazia as taças de vinho trabalharem mais do que o normal. Ricardo disse:

    — Mas aí a gente vai desistir logo. E se a gente tornasse isso mais interessante? Uma aposta, quem sabe?

    — Hum… pode ser — ela respondeu. — O que vocês propõem?

    — Dez dobrões — disse Paulo.

    — Não, eu não quero tomar o dinheiro de vocês. Tem que ser algo mais interessante.

    — Tipo um castigo?

    — Sei lá, pensem em algo!

    — Amigos… — disse Ricardo. — Esta é uma oportunidade de ouro. Pensem, o que vocês desejam mais do que tudo na vida?

    — Para mim é dinheiro mesmo — disse Paulo, e Maria riu.

    — Não, a capitã tem razão — Ricardo rebateu. — Tem que ser uma coisa memorável. Ei! — Olhou para Maria. — A gente pode chamar mais gente para a aposta?

    Ela olhou ao seu redor. Muitas mesas estavam cheias, e os soldados que se sentavam nelas estavam igualmente relaxados. Ela viu Martim em uma delas. Seu sorriso diminuiu um pouco, mas ela não se deixou desanimar:

    — Por que não?

    Ricardo levantou-se e subiu em cima da mesa. Ergueu sua voz e fez uma pose de quem vai declamar um poema. Começou:

    — Nobres colegas, prestem atenção aqui. Nossa querida capitã Maria está nos desafiando em uma aposta.

    — Valendo quanto? — perguntou Carlos, duas mesas atrás.

    — Nada tão mundano como dinheiro, amigos. Estamos pensando em algo mais memorável.

    — E qual é a aposta? — perguntou Tomás.

    — A gente só precisa descobrir como foi que a capitã perdeu seu pé.

    — Mas eu não vou dar dicas — ela disse. — Só vou responder sim ou não.

    — Quem está dentro? — perguntou Ricardo.

    — Calma — disse Maria. — E eu? Como eu posso ganhar essa aposta?

    — Simples — disse Ricardo —, a gente vai ter um número limitado de tentativas, tipo cem, cento e cinquenta. Se a gente esgotar todas sem acertar, você ganha.

    — Gostei — ela disse. — E eu já tenho a minha proposta para vocês. Querem ouvir qual é?

    Muitas vozes se ergueram, pedindo para que ela continuasse. Ela disse:

    — Se eu ganhar — levantou os braços, pedindo silêncio —, vocês vão ter que fazer um treino de corrida sem roupa nenhuma. Todo mundo pelado!

    Uma gritaria irrompeu no salão. Muitos se levantaram, revoltados, querendo desistir. Ricardo levantou a voz:

    — Calma! Ouçam-me! Silêncio!

    — Nada disso! Eu que não vou correr pelado!

    — Nem eu!

    A reclamação era geral. Pedro, um soldado que estava na mesa com Martim, disse:

    — Deixa quieto, Ricardo. Tem algum truque aí. Como a gente sabe que ela vai dizer a verdade?

    — Dou minha palavra de honra — ela disse, levantando a mão. — Vocês vão ter que acreditar em mim.

    — Calma, nobres soldados — disse Ricardo. — Ouçam-me!

    O silêncio finalmente começou a se fazer presente. Ricardo continuou:

    — Amigos, lembrem-se que a gente ainda não fez a nossa proposta. E é uma aposta alta, cara capitã, meus colegas tem razão em temer o constrangimento. Podemos propor algo no mesmo nível?

    — Estou esperando — ela ria, sentindo uma excitação que há muito não sentia.

    — E aí? Alguém tem alguma ideia à altura? — Ricardo colocou as mãos na cintura.

    Várias vozes se ergueram, dando sugestões:

    — Ela é quem vai ter que correr pelada!

    — Ela podia dançar pra gente no meio do salão!

    — Ou então a gente podia…

    O barulho estava muito alto agora. Maria ria, constrangida com as propostas. Não tinha intenção real de aceitar, mas estava gostando da brincadeira. Levaria-a adiante para ver até onde iriam chegar. Neste momento, uma voz se ergueu, fazendo-se ouvir claramente:

    — Você renuncia ao seu posto de capitã!

    Todo mundo ficou quieto imediatamente, e as cabeças começaram a virar de um lado para o outro, procurando pela origem daquela voz. Maria o viu. Era um homem que não conhecia. Ele andava vagarosamente em meio às mesas, com um sorriso no rosto. Seus cabelos eram castanhos, meio avermelhados, curtos e um pouco enrolados. Os olhos eram verdes, desafiadores. Usava barba e bigode bem aparados, mas que lhe cobriam boa parte do rosto. Seus dentes eram brancos e brilhavam quando ele sorria.

    Ele se aproximou da mesa onde Maria estava. Ricardo desceu da mesa e o olhou, curioso. Tinham a mesma altura, o que significava que ele era bem mais alto do que Maria. Era esbelto, e seus braços e pernas cobertos de músculos davam-lhe um aspecto atlético. Usava uma roupa completamente negra: calças e camisa de manga longa, e botas da mesma cor. Ele disse, ainda com um sorriso no rosto:

    — Desculpem-me, eu nem sei o que estão apostando. Só quis fazer uma brincadeira.

    — Quem é você? — Maria perguntou.

    — Perdão, capitã, meu nome é Alvar. Conde Alvar, ao seu dispor.

    Ele estendeu a mão em direção a ela, com a palma da mão para o lado. 

    Ué, não vai querer beijar a minha mão?

    Maria estendeu sua mão, e ele apertou-a com firmeza. Ele disse, de forma bastante educada:

    — Acredito que a rainha avisou-a sobre a minha chegada, não?

    — Não, eu não sabia de nada!

    — Oh, sinto muito! Devo me retirar? Sinto que estou interrompendo algo.

    Maria olhou para os soldados ao seu lado. Eles estavam todos de cabeça baixa. Ela podia apostar que eles não estavam muito confortáveis com a presença do recém-chegado.

    — Não, de forma alguma — ela disse, querendo ser educada. — Quer se juntar a nós?

    — Não, eu já fiz minha refeição, mas obrigado pelo convite.

    — Neste caso, eu vou acompanhá-lo. Já terminei de jantar, mesmo. Com licença, soldados — disse, virando-se para os soldados —, a gente continua essa conversa mais tarde.

    Ela se levantou e acompanhou o conde Alvar pelo salão. Não trocaram palavras até entrarem no corredor. Maria disse:

    — Perdão, conde Alvar, eu posso saber por que está aqui?

    — Eu imagino que seria melhor se fosse a rainha a lhe contar.

    — Por que?

    — É que pode ser um pouco embaraçoso… 

    — Pode me dizer logo, por favor?

    — Sim, é claro! A rainha me chamou para ser subcapitão da guarda.

    Subcapitão? O que significa isso?

    Maria ficou sem fala. Percebendo a reação dela, Alvar continuou:

    — Eu disse que seria embaraçoso. É melhor você falar diretamente com ela.

    — Ah, pode ter certeza que eu vou falar.

    — A rainha descobriu um novo perigo para o reino, pelo que me parece, mas eu não sei muitos detalhes sobre isso.

    Para o reino? Ou para ela?

    — Sei.

    — Então ela mandou me chamar, faz uma semana mais ou menos. Eu tenho experiência em combate, acho que foi por isso que me escolheu.

    — O que isso quer dizer? — disse, tentando a todo custo não deixar sua raiva transparecer. — Que ela acha que eu não sou mais capaz de comandar a guarda sozinha?

    — Me desculpe, eu não estou sabendo de nada. Escute… — Ele colocou sua mão no ombro de Maria. — Não se preocupe, eu só estou aqui para ajudar. Pelo que dizem por aí, você é mais do que capacitada para continuar no seu posto.

    Continuar? Alguém por acaso cogitou me destituir?

    — Certo, bem… obrigada — ela disse, desconfiada.

    Continuaram caminhando sem falar nada por mais um tempo. Maria quebrou o silêncio:

    — E você chegou hoje mesmo? Já tem acomodações?

    — Sim, cheguei hoje. E sim, já estou acomodado, obrigado por ser tão atenciosa.

    — Disponha. Se precisar de qualquer coisa, é só me procurar.

    — Obrigado, farei isso.

    — Se me der licença, preciso ir. Foi um prazer conhecê-lo, conde Alvar.

    — O prazer foi todo meu, capitã. — Fez uma reverência cordial, sem tirar os olhos dela. Depois virou-se e afastou-se lentamente.

    Quem seria esse conde Alvar? Era bonito, gentil e extremamente educado. Prometeu ajudá-la, o que era algo sempre bem-vindo.

    Mas foi a rainha quem o trouxe aqui!

    Maria decidiu que não poderia postergar o encontro que estivera evitando nos últimos dias.


    Toc. Toc. Toc.

    — Majestade?

    Aguçou seus ouvidos, tentando ouvir uma resposta. Estava em frente aos aposentos reais, encarando a grossa porta de madeira guardada por dois soldados, um de cada lado. Eles não se moviam, mas pareciam curiosos com a estranha visita noturna. Maria imaginou se a rainha já não tinha adormecido. Depois de alguns segundos, ouviu a resposta:

    — Entre!

    Um dos guardas abriu a porta para Maria. Ela acenou com a cabeça e passou pelo pequeno vão que se abriu.

    O quarto da rainha era imenso. A primeira coisa que viu foi uma grande antessala, que dispunha de uma lareira, uma mesa e quatro cadeiras. Os móveis não pareciam confortáveis e havia papéis sobre a mesa, indicando que era um local de trabalho, possivelmente uma sala de reuniões reservada.

    Continuou andando e chegou em um segundo cômodo. Uma enorme cama situava-se no lado oposto do amplo dormitório. Ao lado da cama, sentada em um sofá que parecia macio demais, viu Catarina. Ela lia um livro pequeno, à luz de um enorme castiçal que pendia da parede. À sua frente, havia uma pequena mesa, sobre a qual um jogo de chá completo tinha sido montado. Vapor saía do bule e de uma das xícaras. Do outro lado da mesa, havia duas poltronas que pareciam tão macias quanto o sofá onde a rainha estava.

    — Maria! — disse Catarina. — Que coincidência, eu precisava falar com você urgentemente. Ia até mandar alguém trazê-la amanhã logo cedo.

    — Boa noite, Majestade.

    — Boa noite, querida. Sente-se. — Ela gesticulou, apontando para uma das poltronas à sua frente. — Quer um pouco de chá?

    — Aceito sim, Majestade — ela disse, enquanto se sentava. — Posso?

    — Sim, é claro, sirva-se!

    Maria pegou uma xícara vazia e nela derramou o líquido quente do bule. O aroma era doce e suave. Bebeu um gole, sorriu para a rainha e pousou a xícara sobre a mesa.

    — Camomila?

    — Sim, eu tomo toda noite. Você gosta?

    — Gosto sim, muito. Obrigada.

    — Diga-me, Maria. Por que veio falar comigo nessa hora?

    Maria abaixou os olhos, tentando medir as palavras. Não queria provocar a rainha, pois ultimamente as coisas estavam tensas entre elas. Disse:

    — Eu acabei de conhecer o Conde Alvar, Majestade.

    — Oh, sim, sim, sim! Então ele já chegou? Essa era uma das coisas que eu queria falar com você. O que achou dele?

    — Não sei dizer, Majestade. Na verdade, eu fiquei… surpresa!

    A rainha tomou um gole de seu chá, e Maria não soube ler sua expressão. Ela disse:

    — E? Explique, por favor.

    — Ele se apresentou como subcapitão, Majestade. Eu não me lembro de ter pedido por um subcapitão.

    — Eu pensei que você poderia precisar de uma ajuda.

    — Perdão, Majestade, por que eu precisaria de ajuda?

    A rainha abaixou a xícara e endireitou as costas ao responder:

    — Chegou aos meus ouvidos a notícia de que o reino de Sepúlveda planeja uma invasão.

    — Sepúlveda? De novo? Tem certeza?

    — É claro que não tenho certeza! — ela disse, fazendo um gesto de desprezo com as mãos. — Não tem como ter certeza dessas coisas, mas eu preciso me prevenir.

    — Mas, eu não entendo… Não confia que eu seja capaz de comandar sozinha a guarda para defender o castelo?

    — Confio. Confio sim. Mas, depois do que aconteceu no torneio, algumas pessoas começaram a me questionar, sabia?

    Maria cerrou os punhos. Tentando disfarçar sua ira, estendeu a mão direita e pegou a sua xícara de chá, bebendo um gole.

    — Que tipo de questionamento? — Conseguiu fazer uma voz calma.

    — Ora, Maria, deixe de conversa mole — disse a rainha, com o rosto bravo. — Você sabe muito bem que era para VOCÊ ter vencido aquele torneio. Agora estão todos achando que você é fraca e não serve para o posto.

    — Desculpe-me, Majestade, mas os soldados parecem me respeitar.

    — Os nobres, Maria. Me refiro aos nobres, que são quem realmente importa nesse reino.

    Maria abaixou os olhos e concentrou-se em beber mais um gole de seu chá, evitando assim soltar o palavrão que passou por sua mente. A rainha continuou:

    — Não se passa um dia sem que alguém me peça sua cabeça. E eu… bem… Eu também fiquei muito decepcionada com você. Se você foi facilmente derrotada por um simples soldado, eu tenho dúvidas se tem o que precisa para lutar contra inimigos de verdade.

    — Sinto muito ouvir isso, Majestade, mas eu lhe garanto que um torneio idiota não tem nada a ver com uma batalha de verdade.

    — Olha essa boca, menina! Eu não gosto desse seu tom.

    — Perdão, Majestade, mas mantenho o que disse. Eu acho que já provei meu valor no campo de batalha.

    Catarina olhou-a com desprezo. Ela tomou mais um gole de chá e pousou a xícara sobre a mesa. Em seguida, levantou-se, foi até uma mesa que se encostava em uma das paredes do quarto, abriu uma gaveta e pegou um pedaço de papel que havia dentro. Voltou a sentar-se e encarou Maria por uns instantes antes de falar:

    — Conde Alvar é um excelente combatente. Ele venceu muitos torneios oficiais. Torneios de verdade, e não essas brincadeiras que as tropas fazem entre si. Ele já derrotou os melhores cavaleiros do reino.

    — Cavaleiros? Nobres que combatem com espadas sem fio enquanto os verdadeiros guerreiros morrem lutando pela coroa?

    Maria arrependeu-se de suas palavras ao ver o olhar fuzilante que Catarina desferiu contra ela, mas não baixou os olhos. A rainha disse, em seu tom de voz mais calmo:

    — Eu gosto de seu espírito, Maria, mas tome cuidado com suas palavras. Não é a primeira vez que eu tenho que lembrá-la disso, não é?

    — Perdão, Majestade, mas é que eu não gosto da ideia de ter um subcapitão à minha sombra.

    — Por que não? Ele está sob seu comando, não está?

    — Está, mas…

    — Então dê-lhe ordens! Coloque suas habilidades de combate a seu favor.

    Maria não disse nada. A rainha não parecia disposta a tentar entender seu ponto de vista. Ela disse:

    — Não quero mais discutir esse assunto, já está decidido! Alvar assumirá algumas funções e você irá ajudá-lo da melhor forma possível. Quem sabe, assim, os nobres param de me torrar a paciência? Fui clara?

    — Sim, Majestade.

    — Tem outra coisa que eu quero que você faça. — Entregou-lhe o papel que segurava nas mãos.

    Maria pegou o papel e viu uma série de nomes e números. Antes que conseguisse entender do que se tratava, Catarina explicou:

    — Caso a minha informação sobre a invasão iminente se concretize, vamos precisar reforçar nossa guarda. Equipamentos e suprimentos, precisamos de muita coisa.

    Maria sabia onde ela queria chegar. Sentindo um desânimo crescente, ouviu:

    — Meus vassalos têm o dever de ajudar a coroa nesse momento delicado. Nesse papel tem os nomes de alguns que eu quero que você visite. Eu também anotei aí uma quantidade que eu espero conseguir de doação de cada um deles.

    Maria olhou rapidamente os nomes escritos e sentiu o estômago revirar ao ler o nome “Frederico” ao lado de uma enorme quantia anotada.

    — Você parte amanhã cedo. Já mandei preparar uma carruagem para você.

    Minha folga!

    — Mas, Majestade… — ela protestou. — Vai levar umas… três ou quatro semanas para eu fazer todas essas visitas.

    — Sim, e qual é o problema?

    — Bem, a guarda real vai ficar sem comando nesse tempo? — Ela já sabia a resposta, mas perguntou mesmo assim.

    — Você agora tem um subcapitão, não tem?

    — Sim, Majestade.

    A rainha sorriu e tomou o resto do chá de sua xícara. Levantou seus pés, apoiou-os no sofá e pegou o livro que tinha deixado de lado.

    — Era só isso que eu tinha para falar com você. Boa noite, querida.

    — Boa noite, Majestade.

    Maria levantou-se e fez uma reverência antes de se virar e começar a caminhar, espremendo o papel com toda a força que tinha nas mãos. Antes que se afastasse muito, sentiu o sangue gelar ao ouvir a voz da rainha, fina e estridente como sempre, atrás de si:

    — Ah, Maria?

    — Sim? — Ela se virou.

    — Você não vai usar esse tipo de roupa, vai?

    Maria olhou para baixo. Usava sua agora habitual combinação de calça, camisa, vestido e bota. Sem saber o que responder, olhou para a rainha, com a boca aberta. Catarina disse:

    — Parece uma camponesa. Eu vou mandar minhas criadas colocarem algumas roupas melhores na carruagem. Trate de usá-las.

    — Sim, Majestade. — Ela virou-se e apressou o passo, torcendo para não ser chamada de novo.

    Bateu na porta, pois estava trancada. Em alguns segundos, a porta se abriu, e ela deu de cara com uma mulher que esperava junto aos guardas. Seu rosto não era estranho, mas não foi capaz de identificar de onde a conhecia. Abaixou a cabeça e deslizou ao seu lado, dizendo:

    — Com licença.

    — Maria?

    Ela sabe meu nome. Quem é ela?

    Olhou-a, esforçando-se para lembrar de onde a conhecia. Desistiu:

    — Desculpe-me, eu a conheço?

    — Sim, eu trabalho no “Diversão e Arte”. Nós já conversamos uma vez, meu nome é Violeta.

    A menção ao nome imediatamente lhe avivou a memória. Era a prostituta com quem tinha conversado da última vez que esteve por lá. Foi ela quem revelou que Martim não se deitava com as garotas do prostíbulo, o que aumentou a chama de seu interesse por ele.

    Maldita hora em que fui lá xeretar! Seria melhor se isso nunca tivesse acontecido, assim não estaria sofrendo agora.

    Desta vez, Violeta estava usando um véu na cabeça e parecia muito diferente, com suas roupas simples e sem maquiagem ao invés da produção exagerada com que tinha visto-a antes. Mesmo sem estar enfeitada, Maria admirou sua beleza natural.

    — Ah, sim, Violeta, oi. Me desculpe, eu não a reconheci com essas roupas.

    — Tudo bem, não tem problema. Escute, eu tenho novidades para você… — O rosto de Violeta se abriu em um enorme sorriso, e seus olhos brilharam debaixo das sobrancelhas levantadas.

    Maria tinha se esquecido completamente dos relatórios de Pérola e de suas garotas. Fazia semanas desde que tinha conversado com a dona do prostíbulo, apenas para ouvir que não havia nenhuma novidade. Nesse momento, ouviu a voz de Catarina saindo de dentro do quarto:

     — Com quem está conversando, Maria? É com a moça do prostíbulo? Se for, mande-a entrar já! Estou esperando-a faz tempo.

    — Violeta, é melhor você entrar — disse Maria, irritada. — Faça o seu relatório direto à rainha, por favor.

    — Mas…

    — Ande, senão ela vai ficar uma fera comigo. — Maria gesticulou em direção à porta, implorando com o olhar.

    O sorriso sumiu do rosto de Violeta e ela se virou, desaparecendo no quarto da rainha.

    Pronto, nem para os relatórios eu sirvo mais!

    Maria despediu-se dos soldados que guardavam a porta da rainha e foi para seu dormitório.

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