Capítulo 38 – Um Breve Momento
Maria não tinha planejado nada até poucos segundos antes do ato. Quando estava subindo a montanha, seu espírito estava completamente derrotado, e tudo o que queria era libertar Martim da forma mais indolor possível. Iria executá-lo, cumprindo assim sua tarefa e salvando-o de uma morte terrível nas mãos de Catarina.
Mas ao vê-lo à sua frente, soube imediatamente o que fazer. Não havia outra opção, nunca houve. Ela o libertaria. Não seria dela a mão que o levaria deste mundo.
Depois disso, tudo aconteceu muito rápido. A luta começou e ela logo sentiu seu corpo e mente se agitarem, sem tempo para ponderar sobre seu futuro e as consequências de seu ato. Provavelmente morreria junto com Martim, mas saber que ele estava agora ao seu lado afastou toda dúvida que ainda restava, e o ânimo tomou conta de todo o seu ser.
O pelotão estava aterrorizado. Três homens jaziam mortos no chão, e um quarto estava caído. Cada soldado ali certamente pensava que, se fosse o próximo a se arriscar, estaria provavelmente morto em segundos também. Ninguém se atrevia a mover um músculo.
Maria olhou para o outro lado do pelotão, de onde tinha vindo Marcel. Ali estavam a maioria de seus amigos. Carlos, Tomás, Antenor, Ulimar e outros. Cutucou Martim com o cotovelo e apontou naquela direção, e eles saíram correndo.
Os homens à sua frente levantaram suas espadas, mas sem muita convicção. Martim e Maria avançaram em meio à relutante barreira de soldados, desferindo golpes inofensivos, sem atingir ninguém e sem serem atingidos. Maria ouviu uma voz, que parecia ser a de Carlos:
— Sigam em frente. Nós vamos atrasá-los para vocês.
Eles correram e logo deixaram o pelotão para trás. O terreno se transformou em um declive acentuado, e eles escorregavam um pouco à medida que avançavam.
Maria ouviu vozes e gritaria atrás.
— Vamos, por aqui!
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— Não, eles foram por aqui!
Maria olhou ao seu redor e viu, a uma curta distância, uma pequena trilha que penetrava na floresta que ficava ao pé da montanha.
— Ali, olha!
Correram em direção às árvores, mas antes que pudessem desaparecer, ouviram as vozes dos soldados vindo da montanha.
— Eles estão indo para a floresta!
Entraram pela trilha e logo estavam cercados por árvores. O som ficou mais abafado e as vozes se tornaram sussurros distantes. Maria corria o mais rápido que podia, seguida de perto por Martim. Depois de alguns minutos, decidiram sair da trilha. Entraram por um pequeno espaço em meio às árvores e conseguiram se embrenhar pela mata cada vez mais escura. Caminharam mais um pouco até escutarem uma voz que claramente era de Tomás:
— Pegadas, nessa direção. Vamos.
Maria ouviu barulhos de passos, que pareciam ser de muitas pessoas. No começo, soavam bem próximos de onde estavam, mas aos poucos iam ficando cada vez mais distantes.
— Boa, Tomás — ela disse, sussurrando para Martim.
Ele sorriu para ela, e eles ficaram esperando por mais alguns minutos. Quando ficou evidente que estavam sozinhos, continuaram avançando pela mata até chegarem à margem de um riacho.
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— Acho que podemos descansar um pouco — ela disse.
— Sim. Vamos esperar antes de decidir para onde iremos.
Sentaram-se na pequena margem para recuperar o fôlego por alguns instantes. Martim disse, com o olhar espantado, mas sem deixar de exibir um sorriso:
— O que foi que você fez, Maria?
— Ué, o que parece? Eu salvei sua pele.
— Podia ter morrido. Na verdade, provavelmente ainda vamos morrer. E você abandonou tudo, seu posto… você é maluca!
— Maluca por você. — Ela sorriu.
— Me desculpe Maria, eu…
— Eu já te perdoei, Martim.
— Não, deixe-me falar. Eu fiquei aterrorizado nos últimos dias só de pensar no que você teve que passar. Se eu estivesse no seu lugar, sei que não teria forças para continuar. Nem em meus piores pesadelos eu poderia imaginá-la em uma situação assim. Me desculpe.
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Ela se levantou e se aproximou dele, sentando-se ao seu lado. Tirou seu elmo e o colocou de lado. Em seguida, segurou em sua mão e apoiou sua cabeça no ombro dele. Ela disse:
— Mas agora já passou, estamos aqui. Só nós dois.
Martim passou seu braço pelo ombro de Maria e a apertou junto a si.
— Como eu queria isso. Eu desejei com todas as minhas forças tê-la em meus braços mais uma vez.
— Eu vou estar sempre ao seu lado, Martim. Não importa onde, não importa como. De hoje em diante, eu nunca mais vou te abandonar.
— Eu também vou estar ao seu lado para sempre.
Maria aproximou seu rosto de Martim, apreciando todos os seus detalhes. Depois de tudo o que aconteceu, achou que nunca mais poderia fazer isso. Ela fechou os olhos e deixou que ele a beijasse.
Mas antes que pudessem curtir o momento juntos, ouviram uma voz às suas costas:
— Que momento lindo. Sinto muito ter que interromper vocês dois.
Era Alvar, acompanhado de quatro homens, cada um empunhando uma espada.
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