Capítulo 001 – Lute como um selvagem!
Capítulo 001 – Lute como um selvagem!
A planície que se estendia logo à frente mostrava uma vastidão interminável de grama que dourava conforme o passar suave do sol alto. O calor do meio-dia de nada valia perto do que se posicionava no centro esverdeado, um fogo que se alimentava da vegetação, rastejando como uma criatura sedenta que mirava o infinito, sem controle.
O chão carbonizara, e agora era palco para um ser ardente da pele escura e completamente rígida, as veias cintilavam em um vermelho quase etéreo, tinha os dentes largos e pontiagudos e da palma das suas mãos, conjurava um fogo infernal. Um Efreet.
Ao redor do monstro havia uma pequena companhia de guerreiros e arqueiros que tentavam incansavelmente se posicionar de forma estratégica. As incansáveis investidas, pareciam inúteis, as flechas raramente perfuravam, as espadas apenas arranhavam.
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O incêndio cansava os homens e o calor abrasador transmutava o ar em uma substância sufocante. Mesmo que os guerreiros permanecessem firmes, o decorrer do embate parecia ter um fim próximo, tão rápido quanto as chamas que seguiam livres em todos os rumos.
Uma figura imponente pairava sobre a imagem do demônio, que o encarava de cima de todo o caos derivado das chamas que dançavam.
Ayel apertava o cabo da sua espada bastarda, encarava de volta aquela criatura tal qual fosse um semelhante. Este não era o primeiro demônio que ele enfrentava. A adrenalina do conflito o fazia tremer, mas diferente dos outros presentes, ele conseguia suportar toda essa pressão.
Ainda assim estava em uma situação crítica: não conhecia muito sobre estratégias complexas ou os diversos conceitos dos reinos atuais por ter vindo de uma tribo bárbara. Ele tinha obrigação de demonstrar seu valor nessa batalha contra Efreet. Principalmente após a morte de seu irmão, que o fez herdeiro de um reino inteiro.
— Recuem! — Ele esbravejava com certo trêmulo em voz, mas não parecia útil, os homens ainda não o respeitavam como um superior, muitos anos se passaram para que pudessem ceder às ordens do seu irmão mais velho, o regicida.
Sem resposta, o bárbaro havia compreendido que estava sozinho. Mesmo entendendo o motivo do preconceito, era necessário o mínimo de cooperação se todos quisessem viver — Recuem, eu digo!
Bastou alguns golpes desferidos pelo ser flamejante, o som da carne dos arqueiros queimando só não estava mais alto que os seus gritos. Os guerreiros mais atrás, que visualizaram tudo, foram atingidos por um medo que subia suas espinhas e isso foi o estopim que os fizeram recuar.
Ayel ainda estava parado, analisava toda a situação, não apenas precisava acabar de vez por todas com a criatura, como devia impedir que mais mortes ocorressem no campo de batalha, que sofria com a presença demoníaca. As pegadas que o Efreet deixava no solo era tão quente que ficavam as marcas queimadas na relva.
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— Fujam para o leste! — gritou, encarando alguns guerreiros próximos dos que foram atingidos.
Lentamente, os arqueiros se transmutaram em cinzas e caíram sobre o relento. E o vento as levou pacificamente.
O olhar amedrontado dos sobreviventes cruzou o do bárbaro e finalmente obedeceram.
Ayel desejava que os fugitivos chamassem a atenção do monstro, sabia por meio de embates antigos com a sua tribo bárbara que diversos monstros têm o ego elevado, não permitiam fugas e matavam todos
Essa pequena brecha, essa pequena abertura, seria aproveitada.
O demônio urrava como uma manifestação absurda de fogo e fúria, reparou com seus olhos avermelhados de ardor essa pequena tropa se afastando para a direção que lhes foi ordenada.
Uma centelha de interesse havia emergido do seu âmago, como se a fuga dos guerreiros tivesse despertado o seu instinto mais predatório. Não demorou para que a sua atenção com aquele pequeno grupo o dominasse.
A criatura andava rapidamente para segui-los, mas seu tamanho o desfavorecia em velocidade. Desengonçado, o Efreet estava desbalanceado devido seu peso em uma investida com pouca destreza.
Ayel se aproximou da criatura pelas costas que corria quase torto, em uma disparada da maneira mais rápida que conseguiu. O bárbaro sentia que músculos comprimiam a cada passo por conta do desespero e da pressa, alcançando um ângulo de ponto cego contra o grande Efreet, e em um salto com sua arma em punho, ele aproveitava-se da oportunidade.
A lâmina do bárbaro atingiu a carne ao redor do olho do Efreet, que era bem menos rígida que qualquer outra parte. O grito da criatura reverberou quase toda a planície, o sangue escorrendo pelo rosto deformado do monstro como se seu olho estivesse derretido o forçou a parar a sua corrida e por ambas as mãos onde doía.
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A distração foi um sucesso e a fragilidade do ser gritava, eles não poderiam parar agora.
— Arqueiros! Os olhos! — O bárbaro transbordava foco e recuava para evitar ser golpeado enquanto ainda dava as ordens. Suava de sentir os fios salgados descerem seu rosto.
Poucos arqueiros ainda restavam, e esses pareciam mais competentes. De fato, fora mais fácil se posicionar e garantir o ataque enquanto o alvo se ajoelhava tentando estancar o próprio sangue. A saraivada de flechas atingiu o Efreet, assim que ele estava afastando as mãos do próprio rosto.
Perfuraram seus olhos, inclinando-o para trás em uma queda barulhenta. Após isso, todos puderam finalmente ir para cima, sem o medo das chamas os atingirem, no mais tardar do sol que estava se pondo, a criatura é assassinada finalmente.
Ayel pôde cair sentado naquela grama, encarando tudo e todos. Uma cena perturbadora onde o sangue e as vísceras do Efreet se misturavam ao cenário queimado que ainda fumegava. Um túmulo que não apenas descansava o monstro, como muito de seus subalternos.
Com uma das mãos, jogou seu cabelo alaranjado para trás, que permaneceu no lugar devido ao suor e sangue. Suas vestes leves de couro sempre facilitavam a sua movimentação, mas o deixava exposto, estava cheio de escoriações. O bárbaro escutou um leve chamado, seus olhos viraram imediatamente para averiguar quem era.
A voz era feminina e muito doce, sua dona era uma jovem de cabelos dourados e um rosto que mesclava o pálido com um sorriso muito vivo. Aqueles olhos penetrantes contactaram Ayel, assim que feito, ela se ajoelhou próxima o suficiente do seu mais novo superior.
— Rei Ayel, obrigada por nos ajudar com esta criatura.
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Aquela era Yelena, uma das sentinelas que vieram junto da herança do reinado, considerada uma das mais poderosas com um arco na mão. Era a guarda-costas do irmão mais velho do ruivo, assim que ele pereceu, ela preferiu continuar com o seu juramento e manter a proteção da coroa, calhou de Ayel ser o portador.
— Yelena, eu a agradeço também, sua coordenação com o restante dos arqueiros foi fundamental para que pudéssemos vencer. — Mesmo ferido, o bárbaro faz uma breve reverência, ainda sentado.
— Modéstia, toda a ideia para derrotá-la foi tua, meu rei.
Ele sempre estranhou ser chamado de tal forma.
“Meu rei”
Parecia um tanto quanto errado levando em conta que não fazia nem um semestre que todo o território de Sihêon lhe pertencia. O bárbaro vivia muito bem com sua antiga tribo: saqueava, pilhava e sua única preocupação era Alícia, sua irmã mais nova.
Seus problemas anteriores resumiam em o que jantar, caso não tivesse conseguido caçar nada. Agora, ele precisava resolver questões com os moradores do reino, deduzir taxas, apaziguar conflitos internos… Como se não fosse o bastante, ter de encarar um Efreet no meio da semana.
Eram coisas demais para apenas um tribal.
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— De qualquer forma, conseguimos. — Ayel exclamava ofegante.
— Meu rei, acredita que isso seja o suficiente?
— Suficiente? — O bárbaro cogitava enquanto se erguia. — Suficiente para o quê, Yelena?
Nesse momento Yelena levantava a cabeça e então também se levantara. Ela seguia o homem que andava em direção aos feridos, checando se todos estavam em condições de retornar andando para o castelo.
— Mostrar para as guildas que o senhor é mais do que capaz de nos reinar. — A mulher falava serena, com a cabeça ainda abaixada, encarando o chão carbonizado.
— Ah…
Isso era uma verdade, no centro da grande Sihêon existe um conjunto de guildas, cada uma dessas com o seu líder e sedes. Por algum motivo essas guildas têm brigado entre si, prejudicando umas às outras e sendo um enorme empecilho para o crescimento do reino.
Ayel não entendia se isso acontecia há muito ou foi uma consequência da forma como teu irmão regia. De qualquer forma, ele acreditava que seria mais eficaz fazer a união de todas essas guildas, mantendo todas abaixo da coroa, para que ele conseguisse seguir sem tantos obstáculos
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— É uma boa ideia, na verdade, usarei essa vitória contra o Efreet como um argumento para minha capacidade.
— E como pretende fazer isso?
Yelena era a companheira mais próxima do bárbaro, iniciado devido seu juramento, mas mesmo assim evoluiu como uma boa amizade.
Existia um grupo de famílias nobres que decidia, em teoria, por baixo dos panos, o que era melhor ou o pior para o reino e eles ainda não aceitavam a sucessão de Ayel, como se estivesse ilegítimo. Se os nobres não o aceitavam, então sem aceitação das guildas e menos ainda da população, o homem era um odiado, mas ela permanecia ao teu lado.
— Bom, minha cara sentinela, visitarei uma guilda por vez, penso em financiá-los com o ouro que temos em estoque, é tanto que eu não consigo sequer contar. Oferecendo esse financiamento, eu devo alegar que isso se trata de uma aliança com a coroa, submergindo suas instituições para as minhas asas.
Ayel se afasta ao verificar que os clérigos estão cuidando dos feridos, toma outro rumo, seguindo o castelo.
— Depois, ao visitar as outras guildas, eu informo que as anteriores se tornaram minhas e, aquele que preferir estar contra mim, estará contra essas também, criando uma pequena pressão, sabe?
Yelena escutava o que homem ruivo tinha a dizer, ela achava engraçado como um bárbaro na verdade não era tão estúpido quanto ela imaginou que seria, seu sorriso transparecia. Ela estava agradecida que o homem estivesse à sua frente, o que impedia de ver a sua expressão.
A loira estava bastante curiosa em como os líderes da guilda reagiriam com o plano do bárbaro e essa curiosidade a fazia ter uma admiração pelo caminho que Ayel estava traçando.
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Database:
Personagem mencionado = Ayel Alvorada
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