Capítulo 002 – O mago da caverna!
Capítulo 002 – O mago da caverna!
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As tropas retornavam do sucesso contra o monstro de fogo, os escudeiros, guerreiros e o restante dos arqueiros estavam à frente enquanto Ayel e Yelena permaneciam retraídos, em uma distância onde observavam tudo. A loira volta e meia encarava o bárbaro, ela buscava semelhança entre ele e o irmão mais velho que havia falecido, Aiden, o último rei.
Ayel tinha um corpo robusto, que chamava mais a atenção por conta da sua grande altura, ele andava mais ereto que um tribal, pelo menos, de acordo com a crença da sentinela.
Cabelos ruivos e curtos adornavam a sua cabeça, vestes leves com tiras de couro que contornavam a cintura e deixava parte do torso desnudo e um olhar assassino, que não combinava totalmente com a cautela que o mesmo tinha para com as palavras.
— Você queria estar aqui, majestade?
Yelena profanou e aguardou o que poderia vir de uma pergunta tão repentina, andava em paralelo com o homem, que levou um tempo para se tocar de que a pergunta havia sido justamente para ele.
Seus olhos castanhos viajaram até atingirem o rosto da loira com o arco.
— Não direi que quero ou não quero… Como se houvesse uma posição para me posicionar dessa forma — replicou o bárbaro — É um fato que a morte do meu irmão ainda me abala, fora deveras recente.
Ayel diminuía um pouco o seu passo, como se estivesse pensando muito bem em como tentaria prosseguir com a conversa, Yelena sentiu e sorriu calmamente para o homem, que retribuiu, se permitindo abrir para um diálogo.
— Alicia, nossa irmã mais nova, odiou saber o que eu me tornei. — O ruivo encarava o horizonte, passavam memórias diante dos seus olhos — Ter abandonado a nossa tribo para assumir o que Aiden nos deixou soou como um crime. Ela se ofende com um bárbaro adotando uma vida de burocracia e política, e eu sei que ela tem suas razões, cada pessoa passa o luto de uma forma, afinal?
— A morte é complicada… — Yelena abaixava um pouco a cabeça.
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— Já perdeu alguém?
— Meu pai, emboscada de alguns ladrões na estrada oeste, eu estava escondida no feno da carroça, observei tudo, saquearam o corpo logo depois e fugiram nos seus cavalos.
— Perdoe-me, Yelena, eu não sabia. — sussurrou o rei.
— Encontrei minha paz na guarda real, descontei minha ira em inimigos da paz a mando do rei, depois a mando do teu irmão e farei ao teu comando, majestade.
O bárbaro parava de andar, olhava para aquela mulher com uma proximidade que não existia, enquanto a tropa se afastava, Ayel sentia que pela primeira vez estava com Yelena: a mulher, não a sentinela em nome do reino.
— É muito nobre da sua parte, não sei se eu teria a mesma mentalidade, se quer que eu seja sincero. — O homem permanecia petrificado, com seus olhos orientados à dama.
A jovem dominava uma serenidade fria que parecia ter um embate com o semblante claramente doloroso que o bárbaro estava carregando nesse momento.
Ela dirigia ao seu senhor com palavras que avultava1 o peso de uma vida toda na escuridão.
— Majestade, podemos dizer que o luto seja uma cicatriz que não atinge a pele, nem nos fere na carne, mas marca a nossa alma, e essa é uma ferida que nunca será fechada completamente. — A voz era firme, a mulher argumentava com uma frieza, como se fosse uma ordem simples dada a um dos seus soldados — Mas também é uma chance que a vida nos entrega de reunir forças e sobreviver, mesmo afundado na dor.
As mão da sentinela tocou o ombro do bárbaro por um instante, foi reconfortante, este toque havia sido firme, mas Ayel ainda conseguia sentir uma certa suavidade
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— Meu rei, não há vergonha alguma em chorar por algo que tenhamos perdido, em sentir a dor da ausência. A vida continua.
Daquele momento em diante, nenhuma palavra de consolo fora novamente proferida. Yelena se afastou sorrindo e apressou seu passo para conversar com a tropa que estava na frente, quando estavam todos quase alcançando os portões no nordeste do castelo.
O bárbaro encarava ela se afastar com um sorriso bem nítido em seu rosto, dando razão ao discurso que acabara de escutar.
“A vida continua.”
Naquele momento algo fisgou o olhar do bárbaro, que ignorou completamente todos que estavam ao seu lado, acompanhando um pouco da sua atenção para o leste.
Observava entre alguns arbustos, perto de um pequeno monte, a entrada de uma caverna. Entrada essa que apenas não passou despercebido se não fosse pelo nascimento de algumas luzes de dentro da mesma que escapavam para o exterior. Pareciam velas acesas ou lamparinas.
Este tremor de fogo alertava o bárbaro.
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Ele ficou parado por um tempo, estarrecido sobre a entrada. Yelena prontamente reparou nisso e recuou, se despediu de toda a tropa e voltou até o seu rei.
— Que houve, majestade? — Ela falava entre sua respiração, pois havia acelerado levemente teus passos até que tivesse alcançado Ayel.
— Naquele local, acabei de ver luzes sendo acesas, veja… — O rei apontava para a entrada do até então desconhecido, ele ficara um tanto mais confuso quando retornou sua visão ao rosto de Yelena e ela não demonstrava a surpresa que ele mesmo carregava.
— Ali é onde reside Alyssius, alteza. — A arqueira sorriu, inclinando a cabeça.
— Alyssius? – indagou o homem.
— Sim. Conhecido também como mago da caverna obviamente, como pode ver, meu rei.
— Posso saber o porquê desse homem não estar dentro do nosso reino e sim, vivendo no noroeste em uma… Caverna? — O bárbaro estava confuso, não tirava os olhos de Yelena esperando uma luz.
A sentinela postergar alguns segundos, então direcionou-se para o lado oposto ao ruivo, dando de ombros
— Pelo que sei, há muito ele acabou sendo alvo de um demônio, uma criatura negra feita de sombras que conseguia criar escravos cruéis com o seu toque. Alyssius foi um desses e ele fez muitas maldades contra o nosso reino quando esteve nesse estado.
A dama ajeitou seus cabelos que bagunçaram com o vento gélido que passava assobiando. Continuou:
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— Aiden matou o demônio, chamava-se Baartzabel. Quando essa criatura caiu, Alyssius voltou a si. Arrependido do que fez quando estava sob posse do ser das sombras, decidiu se isolar como uma punição.
— Ora, mas, se ele foi tomado por esse Baartzabel, como foi culpa dele todas as atrocidades cometidas? Uma punição assim… seria justa? — A questão do ruivo foi genuína, Yelena voltou a encará-lo assim que escutou.
— Teu irmão disse algo muito parecido com isso, entretanto, Alyssius se recusou a ser perdoado e escolheu o exílio.
— Um mago mártir. — Ayel permaneceu parado, fitava a entrada da caverna enquanto as luzes não mais oscilavam, deixando uma linha constante avermelhada no cinza das paredes externas.
— Um mago mártir. É uma forma de dizer, meu senhor. — A sentinela tocou no homem uma vez mais — Mas sugiro que evite dizer isso, Alyssius é um sábio que os civis respeitam bastante, sua palavra tem muito valor.
— Bom, eu irei me aproximar, conversarei com ele, se importa de ir à frente? — O rei desviava o olhar que havia fixado em Yelena com uma certa seriedade e a sentinela compreendeu. Ela apenas assentiu com a cabeça e seguiu, tal qual os soldados reais que a esperavam na entrada nordeste.
Quando sozinho, Ayel seguiu até a entrada que repousava em um conjunto escurecido e discreto, parecia apenas uma fenda natural na rocha, mas que transformou-se em um mundo completamente singular quando o bárbaro cruzou sua entrada.
O piso do lugar era completamente irregular, algumas partes estavam ligeiramente íngremes e precisavam de um certa atenção nas pisadas. As paredes frias e úmidas contornavam as estantes de madeiras, construídas para se adaptar ao terreno inclinado, evitando sua queda.
Essas estantes, embora completamente rudimentares, armazenavam com louvor uma coleção bem vasta de livros antigos e volumosos, as capas eram gastas e pareciam surradas com o tempo, dando uma certa valia aos olhares do bárbaro.
— Geralmente… — A voz era um pouco aguda, rouca, trazia consigo uma eternidade de experiência, uma fala lenta, uma voz sábia. Assustou o ruivo.
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Havia tochas, maiores que o comum, provavelmente feitas para entregar um calor mais intenso devido ao frio natural que assolava o refúgio, das chamas, o bárbaro visualizou um senhor de cabelos grisalhos, manto arroxeado e uma barba por fazer. Ele continuava a se aproximar, terminando sua saudação.
— Meus visitantes geralmente batem palmas para me alertar da chegada! — brandou o mago — Vossa majestade, uma boa noite.
— Então, me conhece?
O jovem ainda estava um pouco incomodado, recuperava-se do susto regresso.
— Todos sabem quem é Ayel Alvorada. O rei que assumira o trono após a morte de Aiden Alvorada. É o irmão mais novo que abandonou sua tribo bárbara para administrar essas terras, louvável. Eu o saúdo! — O mago arqueou seu tronco para frente, reverenciando seu visitante.
O bárbaro estranhou essa situação, este homem que estava na sua presença não era tão velho quanto imaginava, talvez tivesse uma ou duas décadas na sua frente, apenas. O silêncio inundava a caverna com ambos inseridos no centro da mesma, o mago coçou a garganta e prosseguiu.
— Sou Alyssius, embora acredito que já tenha escutado isso.
— Escutei, Alyssius, e é um prazer — O ruivo estendeu a mão e ela foi prontamente apertada pelo mago, que sorriu amigavelmente. O bárbaro admirava o local com olhos curiosos — Aqui é muito aconchegante, eu devo dizer. Não esperava que uma caverna pudesse entregar essa energia.
— Levei alguns anos até conseguir reproduzir um lar verdadeiramente, majestade. Hoje me sinto tão bem aqui, que não trocaria por nada.
— Eu soube… — Ayel levou um tempo para prosseguir com o assunto. — Eu soube que tua voz é escutada, considerado um grande sábio para os moradores do meu reino, podemos conversar?
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— Uma boa conversa não consegue prosseguir sem um bom chá, permita-me que o faça?
Alyssius coçava a barba que não chegava nem a cobrir todo seu pescoço, ele andava pela caverna pisando com uma destreza ímpar, demonstrando um enorme costume nas partes íngremes e os desníveis
— Estarei disposto a responder qualquer questão que deseje, meu senhor. — declarou o mago, levando um tempo até que o chá estivesse feito.
Ele servira Ayel primeiro, que pegou a caneca de madeira com hastes de ferro, sentia um cheiro tão agradável de hortelã; soprou, vendo que o vapor locomovia-se para longe, mas tão rapidamente retornava ao seu lugar de origem. O velho também se serviu, procurou uma cadeira para se sentar, encarando o rei com o sorriso no rosto.
— Comecemos, mago da caverna.
O bárbaro se sentou no chão. Ele não ligava para esse fato, muito pelo contrário, a sua antiga tribo vivia dessa forma.
Coçava a sua garganta para que pudesse dar início a sua primeira tentativa de agir como um rei.
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