Capítulo 003 – Converse como um monarca!
Capítulo 003 – Converse como um monarca!
Ayel não havia percebido o tempo que passou, tanto ele quanto o mago conversavam sobre tudo dentro das suas crenças: o reino, a vida, os sonhos e até coisas mais superficiais que isso. Ainda assim, foi um período de uma interação descontraída.
O jovem explicou a situação em que se encontrava e como havia arquitetado um plano para apaziguar a hostilidade que existia entre as guildas do reino, pois as mesmas não deixavam de batalhar constantemente entre si.
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Alyssius prestou atenção em tudo. Até seu chá havia esfriado por distração, ele deixou o mesmo em um dos cantos da caverna, perto de uma das estantes, que servia como uma pequena mesa de madeira.
— Compreendo suas intenções, majestade, são nobres. — O mago coçava sua barba olhando para o seu rei, que estava sentado no chão, ainda bebendo. — Unir as guilda é algo que devo confessar que nunca ocorreu, mas eu estaria deveras curioso em ver um futuro onde isso aconteça.
— Como posso prosseguir? Gostaria de usar a nossa vitória contra o Efreet como demonstrativo de que sou alguém apto a ser seguido.
— Quer a opinião de um mago exilado? — Os olhos sofridos do morador da caverna buscavam uma luz, embasbacados.
— Claro, senhor. — O rei se levantou lentamente, batia a poeira que impregnou suas vestes — Nesse pouco tempo que conversei com você, senti que era uma boa pessoa, também escutei que muitos moradores do reino levam sua voz em consideração e isso importa muito para mim. Estou reunindo pessoas de confiança para criar um conselho. Me auxiliaria, mago da caverna?
O mago ergueu-se com a caneca de chá e seguia até onde o chá repousava em um bule adornado feito de argila e detalhes em ferro
— Posso sim auxiliar o senhor, não seria sacrifício algum. — exclamou o velho — Mas acredito que saiba que já existe um grupo de figuras notórias que estavam sempre ao lado dos reis que se sucederam em Sihêon, o conselho dos nobres.
— Já estão no meu pé, esses… — Ayel parecia ter ficado levemente alterado com a menção desse grupo.
O conselho dos nobres era formado pelos patriarcas das famílias mais ricas de todo o reino, consequentemente as pessoas que tinham o maior peso de decisão nas reuniões administrativas do castelo e redondezas.
Gostavam de mencionar que parte do tesouro que os reis carregam vinham de suas doações e impostos.
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O bárbaro guardara um ressentimento muito grande desse conselho, tanto ele quanto o irmão mais velho foram reprimidos nas mãos desses patriarcas, que tentavam forçar uma vida burocrática e diplomática aos tribais que haviam decidido ficar do lado de dentro das muralhas, embora esses membros obviamente mantinham a suas razões.
O ruivo em outra situação já teria desmembrado metade desses nobres, tanto politicamente quanto fisicamente. Não que ele pudesse verdadeiramente fazer isso, considerando que essas famílias ancestrais são tão extensas e influentes que o pouco respeito que ele conseguiu acumular seria esvaído se o conselho quisesse.
Aconteceria muito provavelmente algumas rebeliões, e então, um novo regicida teria surgido.
— Eu preferiria um conselho que eu mesmo tenha criado, com pessoas que aprovo e confio, não um bando de ricos estúpidos que acreditam mandar em tudo.- assentiu o bárbaro.
— Majestade, sabemos a importância dos tesouros, ele cega os homens e alimenta os fracos, é a sociedade em que nos encontramos, hoje. — Alyssius dá uma suspirada longa, mas concorda com a cabeça — Auxiliarei o senhor, vamos pensar em uma forma de unificar todas as guildas.
— Nunca chegaram a me dizer, mas presumo que tenha uma quantia relativamente alta de grupos de profissão por aqui, escutei tanta destruição vinda do conflito entre essas guildas, devem ser muitas. — O rei avançou até onde o velho esquentava novamente o seu chá e colocou sua caneca vazia ao lado, se apoiando em uma das ásperas paredes da caverna.
— Gostaria de um atacado sobre todas as guildas? — anuiu Alyssius.
— Informações sobre seus líderes também me são importantes.
O mago olhou para o lado externo da caverna, a noite já estava no seu auge, ele servira novamente o chá fumegante em sua caneca sem se sentar e ali mesmo onde estava, começou a beber.
— Uma das guildas o senhor já dominou, a guarda real. Yelena é a sentinela líder, ela cuida de outros sentinelas como também cuida de guerreiros. A outra guilda que deve ser facilmente anexada aos seus desejos pode ser os mágicos. A sede da guilda se chama Nox Arcana, é liderada pelo Bruxo Negro, é um grande amigo meu, posso intervir para vossa majestade, em Nox existem tanto magos quanto feiticeiros e bruxos.
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— Interessante, eu cheguei a escutar sobre Nox, ela atua praticamente como uma grande escola de magia, correto? — O bárbaro falava enquanto seus pensamentos viajavam para longe.
— Correto, meu rei.
— Posso esperar que você converse com esse tal Bruxo Negro em meu nome? — Ayel se desencostou da parede e fitava o mago, que continuou se deleitando com o aquecido de hortelã.
— Certamente. — Mesmo entre goles do seu preparado quente, Alyssius não retirava teus olhos do rosto do seu rei, completamente focado no assunto que estava sendo discutido.
— Nesse caso, alegra-me muito, são duas guildas ao meu lado. Quantas faltariam?
— Temos as mestras do veneno, sua líder é uma mulher um pouco amarga chamada Belle, a chamam por aí de “a viúva”, sua sede é de local desconhecido, embora popularmente seja chamado de Covil do Escorpião.
A expressão que Ayel fizera ao ter escutado esse relato se tornou palpável, Alyssius teria perguntado o que houve, mas estava no meio de mais um gole, isso havia deixado o rei inquieto.
— Nada nobre, uma guilda que abertamente brinca com veneno. Alyssius, são perigosas? — A preocupação do ruivo era natural, para os bárbaros, o uso de veneno era considerado sujo, fraco, prepotente e desrespeitoso. — Como meu irmão permitiu isso?
— As moças são farmacêuticas, majestade, com a falta de druidas e xamãs em nosso reino, é pelos mestres dos venenos que conseguimos alguns tratados de ervas e outros remédios; por isso, deve encontrar facilmente alguma representante na praça no horário que o mercado estiver aberto.
Ayel pestanejou enquanto escutava mas logo condescendeu já que ele não podia decidir quem poderia ou não apoiá-lo, o jovem sentia a necessidade de puxar o máximo de membros influentes do reino para o seu lado.
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Andara para próximo da entrada da caverna mais uma vez, virou-se para o mago ainda cauteloso com suas palavras.
— Certo… Depois dos membros dos venenos, quem mais preciso conhecer?
— O Templo dos Divinos é um dos lugares de maior concentração religiosa de todo o reino, lá são formados, doutrinados e acolhidos todos os clérigos, sacerdotes e paladinos que se tem conhecimento, por aqui.
O velho fez uma pausa e bebeu um pouco mais do seu chá, Ayel apenas percebeu que ele continuaria falando sobre o mesmo assunto, pois o mago vocalizou enquanto engolia o chá antes de voltar a falar.
— O líder do lugar é um homem muito bondoso chamado Zarui, mas ele está em peregrinação em um dos reinos ao norte, deixou um promissor clérigo chamado Celérius cuidando de tudo em sua ausência. A igreja sempre andou ao lado da coroa, você conseguiria alcançá-los com uma certa facilidade, meu rei. — Alyssius abria um sorriso simpático, ele colocava a sua caneca, agora vazia, ao lado da que o bárbaro bebeu.
— Interessante. — O ruivo não era religioso, tampouco se importava com isso. Na verdade, o fato de compreender que a cooperação do clero fosse um pouco mais fácil que as demais o animou, apenas. — Talvez sejam os primeiros que eu visite, se quer saber.
Por fim, o mago da caverna se aproximou de Ayel, ambos contemplavam um pouco do pequeno bosque diversificado logo adiante, no mais alto ponto que a lua poderia subir, uma noite iluminada com ventos frios.
— Há outro santuário, localizado na ponta oeste do nosso reino, mas não há clero nele. Maut Ka Mandir é o lar dos algozes, uma das guildas mais antigas deste reino.— aconselhou Alyssius
— Maut Ka Mandir… Que nome diferente.— A luz da lua sob as folhas singelas do bosque ainda era um distrativo para o rei, mas isso não fazia com que o mago fosse ignorado.
— Seu líder é um misterioso homem chamado Mudamir, mas o mesmo não aparece há pelo menos quinze anos. Ele mantém um representante para cuidar dos assuntos políticos. Este é Anusha, devo reconhecer o quão misterioso isso possa soar, mas acima de tudo, os algozes amam dizer o quão são honrados.
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Muitos nomes decorreram de muitas informações, locais foram indicados e personalidades haviam sido apresentadas.
O discurso do arcano parecia ser a luz que indicava o caminho que o bárbaro tanto precisava para então seguir no meio de toda aquela escuridão na qual o mais novo rei adentrara.
Ayel escutou atentamente toda a prosa que o mago da caverna estava compartilhando naquele momento, como se fosse um tesouro a ser dividido.
Decidiu, por fim, fazer uma tática onde abordaria individualmente cada uma dessas guildas oferecendo-as um certo financiamento, que faria com que as mesmas parassem com todos esses desentendimentos. Já que, da percepção dele, tais conflitos apenas ocorriam pela disputa de tesouros e influência.
Retirando então essas pequenas chances de rusgas. Ele utilizaria da pressão para coagir os líderes a se unir a ele, suplicaria que aqueles que negassem, sofressem então de represálias vindas da coroa, somado às guildas anteriores que aceitara o tratado do novo conselho.
O plano estava arquitetado e Alyssius elogiou o ruivo por fazê-lo. Seria posto em ação na semana seguinte, quando a poeira abaixasse.
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