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    Capítulo 011 – Cace como um patrulheiro! ‎ ‎ ‎

    E com o sol um pouco mais para o oeste, os homens que estavam no castelo partiram.

    Kord havia pegado os cavalos mais rápidos do estábulo da guarda real, todos os aldeões e aventureiros que vislumbraram os três rumando à saída norte do reino encafifou-se com o motivo. Os dois guerreiros mais habilidosos de Sihêon juntos do rei. Soava deveras importante.

    Claude demonstrava uma certa preocupação, por mais que os contos e os boatos correm com velocidade de boca em boca entre os moradores da região, ele não sabia da habilidade que Ayel tinha em batalha. Era óbvio que esse seria o destino da viagem, de toda forma.

    Batalha.

    O guerreiro da pele de ébano pensava em quão trabalhoso seria manter o bárbaro vivo se ele não fosse muito forte, e se ele fosse forte, mas impulsivo? Então, ele e o seu amigo seriam obrigados a impedir que o bendito corresse em direção ao suicídio.

    A vitória contra o Efreet foi definitivamente louvável, mas ele estava com diversos membros da guarda ao seu lado, Yelena em pessoa o acompanhava. Isso não dava tanto mérito para o rei.

    Independente de qual hipótese ele pensava, não parecia ser menos trabalhosa do que a anterior.

    — Qual é o plano? — Kord desejava quebrar o silêncio, o bater dos cascos no chão estava o deixando com dor de cabeça.

    Todos os três cavalos pareciam emparelhados, mas com o tempo o de Claude ficava um pouco atrás. A trilha serpenteava destacando o caminho de grama cortada no meio da planície. Toda a vegetação nutria um úmido do orvalho e isso alcançava o rosto dos homens em um aroma de terra.

    — Vocês disseram que alguns homens foram atrás do rastro, certo?

    O bárbaro não tirava o seu olhar da direção em que deveria seguir, as rédeas estavam dando voltas ao redor das suas mãos e ele as segurava com uma firmeza que fazia o couro chorar conforme esticado.

    — Sim, majestade.

    O Lâmina-fria concordava, deixando o ruivo tomar a frente, seguiria ele tal qual o Hob fez.

    — Melhor dos casos, eles encontraram a direção. Iremos atrás dos bandidos que fizeram isso e vamos mostrar a justiça do ferro frio. — aludiu o Alvorada.

    Passaram pela última atalaia, o ponto final que demarcava que ainda constavam no reino, mais para o norte que isso já não pertencia a Ayel. Um campo aberto abraçou o trio, estendia-se para tão longe que não era possível ver o seu fim.

    — Isso seria prudente, meu rei? — O guerreiro do cabelo raspado voltou a cogitar todas aquelas hipóteses de alguns momentos atrás, temia pela vida do maldito tribal.

    Ayel respirava fundo e devagar buscando desacelerar o seu coração.

    — O quê? Vocês estão com medo, ou o quê?

    Alvorada tinha um pensamento fixo em sua cabeça e aguardava concretizar tudo que estava cogitando, decidiu segurar seu ódio até descobrir os verdadeiros culpados. Ainda estava incerto sobre que lugar essa viagem levaria ele e a dupla do reino.

    Havia uma mistura entre ansiedade e apreensão e ela atingia os dois guerreiros enquanto fitavam o bárbaro mais a frente, que gritava contra o seu cavalo para que conseguisse cavalgar mais rápido.

    Antes do guerreiro do cabelo castanho ficar inquieto com o casco dos cavalos mais uma vez, o grupo conseguiu trombar com os batedores, que haviam conseguido traçar um rastro, e puderam seguir até onde os bandidos haviam se estabelecido.

    Os homens a mando do reino informaram que o bando no qual seguiram as pegadas acabava na vila de Pharid, algumas horas ao norte.

    Pharid situava-se em um vale bem distante, essa vila era cercada de bosques bem densos. Embora não fosse abastada, era bastante conhecida por conta das suas antigas tradições que continuavam se propagando mesmo nos dias de hoje..

    A vila era conhecida por seu evento anual, o Carnaval da Colheita, que consistia em uma celebração luxuriosa que ocorria no meio do ano para festejar a colheita abundante e a boa vizinhança.

    Durante o Carnaval, as ruas de Pharid eram adornadas por um mar de cores, músicas pitorescas e inúmeros eventos. Os moradores se vestiam com roupas espalhafatosas e máscaras elaboradas, cada uma mais exótica que a outra.

    A tensão envolvia os três assim que escutaram o relatório dos espadachins.

    O pele de ébano estalou a língua e franziu a testa, seu olhar seguia o restante da trilha que não havia passado enquanto sua mão instintivamente repousava sobre o punho de sua espada.

    — Pharid, era esse o lar do Anusha — Disse Claude, observando o criado que ainda tentava contar as coisas que havia visto, mas parou assim que escutou seu superior.

    — O representante atual dos algozes, você diz?

    O rei puxara a mão esquerda que segurava a rédea, fazendo com que seu cavalo virasse para poder encarar melhor o guerreiro.

    — Sim, majestade, aquele que está sempre mascarado. — Kord completara.

    O uso das máscaras, que era originalmente um símbolo de fantasia e diversão, evoluiu ao longo dos séculos.
    Hoje, elas eram parte integrante da identidade dos habitantes de Pharid, ao ponto de muitos se sentirem desconfortáveis em mostrar suas faces em público. Para os aldeões, remover a máscara era um ato íntimo e privado, reservado apenas para os momentos mais pessoais e confiáveis.

    — E como está a situação deles agora? — cogitou Ayel, encarando um dos homens.

    — A vila foi rendida, majestade. — Um dos batedores prosseguia encarando o bárbaro — O bando consta em pelo menos vinte homens e não há aventureiros em Pharid, todos os moradores estão presos como escravos.

    Kord pôde escutar o suspirar decepcionado de Claude e mais uma vez o rei virou-se para trás. Os olhares deles todos se cruzaram em uma mútua compreensão. O bárbaro, na frente, bateu com as rédeas para fazer sua montaria voltar a galopar, rumou para onde sabia que iniciava a vila, sendo rapidamente seguido por Claude e Kord.

    Os guardas que haviam descido das suas montarias para repassar seus relatórios observaram os seus superiores sumirem, gradualmente no horizonte.

    Os cavalos pisoteavam com firmeza o solo batido que se estendia ante seus cascos. Robustos, eles mantinham seus trotes sob o ritmo dos seus domadores, avançavam em uma velocidade surpreendente.

    Não havia passado mais que uns momentos após Kord perceber que diversas nuvens densas e cinzentas estavam cobrindo os céus. Uma clara tempestade prometia atingi-los. O caminho acabaria por se tornar um grande lamaçal, nenhum dos três desejaria passar por isso. Após o aviso do guerreiro, apressaram seus passos como podiam.


    — Você foi incrivelmente bem, hoje.

    Celérius levantara, jogou seus cabelos loiros para trás com delicadeza enquanto andava lentamente. Passou ao lado de Veroni, que estava de joelhos e unindo uma mão à outra em uma oração.

    — Continue assim e será uma noviça logo menos. — O sacerdote prosseguia.

    — O senhor jura? Jura mesmo? — A garota havia se animado bastante.

    Veroni era uma criança, não devia ter nascido há mais de uma década, seus pais eram completos fanáticos pela religião dos Princípios Divinos. Assim que ela completou a idade mínima, eles a entregaram aos cuidados de Celérius para doutriná-la nos mandamentos de Deus.

    O homem loiro abriu portas de madeira maciça que escondiam a grande abadia, decoradas com ferragens enferrujadas, que chiavam em protesto ao serem movidas.

    A sua pequena aprendiz era definitivamente um prodígio, Celérius fazia questão de passar ensinamentos complexos, dogmas intelectuais e a garota absorvia tudo com muita sede de saber. Veroni ainda era jovem demais para se submeter por completo ao clero, mas seus genitores clamaram tanto para que o homem alto e pálido cuidasse dela, que ele acabou cedendo.

    O Arcebispo Zarui não se encontrava nas dependências religiosas, havia se retirado em uma peregrinação pelas terras do extremo norte para aprimorar seus conhecimentos, o loiro era o homem mais alto na hierarquia e então cuidava do local. Conduzia as missas e ensinava o poder da cura aos sacerdotes e clérigos mais experientes. Veroni sempre atrás, correndo e se segurando na batina branca do seu tutor.

    — Venha, criança, apague as velas e retornemos para a nave da igreja.

    A pequena correu para as velas, soprava todas deixando aquele pequeno cômodo de estudos no escuro do fim da tarde. As velas apagadas deixavam pequenos vestígios de fumaça que subiam lentamente em espirais chamativas.

    Seguiam para os corredores principais, o templo servia de biblioteca para o clero, alojamento, ponto de fé. Muitos largaram suas casas e viviam exatamente ali.

    Os ecos dos passos do sacerdote e sua criada reverberavam pelas paredes de pedra, criando uma sensação solitária em ambos. O templo era enorme e muitas alas permaneciam inabitadas por horas a fio. Muitos membros do clero, também, saiam em pequenas viagens contratados por aventureiros para garantir segurança e cura.

    Não era de se surpreender pegar a grande igreja vazia, tarde ou outra.

    — Sente sono? Se esforçou muito hoje, principalmente com aqueles livros com as escrituras sagradas. — indagava Celérius se dirigindo ao centro do púlpito.

    Os vitrais coloridos refletiam a luz fraca e morna do que restava do sol, projetando sombras coloridas no chão de tijolos esbranquiçados, selava um ambiente tão pacífico.

    — Acho divertido, senhor! Queria ficar mais aqui! — Aquela voz doce dava a vida que a igreja parecia pedir no meio do vazio.

    — Não seja tola! Sua mãe e seu pai ficariam preocupados, ainda não tem a idade correta para se tornar uma noviça, você precisaria ter completado pelo menos quinze anos!

    Veroni erguia os dedos enquanto o sacerdote começava a aprontar algumas taças de ouro na frente de um balcão largo de madeira, ela levantara seis dedos, indicando quanto tempo ainda faltaria para entrar no clero.

    — É logo, logo! — concordava alegre.

    No altar, um crucifixo antigo de madeira esculpida dominava o espaço, seu aspecto sério e delicado aumentava a solenidade no qual Celérius encarava aquela pequena criatura, ele era considerado por muitos um ditador rude, cruel e sem coração.

    Principalmente quando perguntavam a forma em que ele pregava os conceitos divinos ou ensinava seus subalternos, mas era diferente com a Veroni, aquela criança conseguia extrair um lado com um pouco mais de empatia.

    — Vamos aguardar o altíssimo Zarui chegar e veremos isso, pode ser? — consentiu o sacerdote, deixando velas prontas no local que seriam colocadas no dia seguinte para a missa.

    — Ele foi para muito longe, mestre?

    — Althavair, criança. — O loiro sorria.

    Às vezes a garota se enchia de dúvidas, mas era tão tímida e tinha medo de ser repreendida por Celérius então sequer perguntava mais do que acreditava ser necessário, mas o alto clérigo sempre percebia sua expressão confusa.

    — Althavair é o reino mais ao norte que existe nesse mundo, coberto de gelo. O lar do clero mundial, o senhor Zarui, está se dirigindo para O Grande Templo. — Ele explicou. Deixando um largo sorriso na moça curiosa.

    — Longe, muito longe? Igual daqui até a minha casa? — A garota olhava com olhos inocentes, mesmo com Celérius rindo.

    — Muito mais longe que isso! Não acredite que sua casa é longe apenas, por precisar andar alguns minutos. Althavair está há um ano de viagem a cavalo.

    Com esta frase, o mundo da criança parecia ter caído. Para a pequena Veroni era impossível alguém ter disposição para fazer uma viagem que durasse um ano inteiro, isso era a ida! O Arcebispo iria ter que voltar também!

    O sacerdote observava o quão exasperada a criança estava. Assim que terminou de ajeitar os preparativos para o culto da manhã seguinte, ele desceu do grande altar e segurou a mão da pequena, indicando a porta. Ele a levaria para casa.


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