Capítulo 013 – O carcaju atroz!
Capítulo 013 – O carcaju atroz!
Gemidos arquejantes, suspiros pesados e gritos de esforço.
Esses eram os sons que se misturavam com as armas que digladiavam, os dois homens eram praticamente gigantes, seus golpes vinham carregados de uma fúria assustadora, com uma robustez que guerreiros comuns não conseguiriam sobreviver. Mesmo sendo brutamontes, suas habilidades de batalha eram dignas de heróis, tamanha a velocidade que conseguiam alcançar em seus ataques e suas defesas. Um combate solitário sem plateia.
— É mesmo surpreendente que você já tenha parado de sangrar, maior parte do seu sangue deve ficar na barriga, por isso acabou o da orelha! — brandia o bárbaro.
— Já se sente confiante a ponto de fazer piada no meio da batalha, moleque! — O açougueiro não demonstrava mais o seu lado sarcástico, dando espaço a uma face assassina, cada vez mais frustrado por não conseguir finalizar o rei.
— Quem você acha que está vencendo? Meus homens estão neste momento com os aldeões que sua corja aprisionou. Minha cavalaria está chegando, todos seus capatazes foram mortos… Eu e você, quem sabe eu não esteja apenas me divertindo?
A espada bastarda cortou o ar, batendo rapidamente contra o cutelo, o choque do aço contra aço gerou faíscas que subiram aos céus conforme a sequência do bárbaro continuava e o açougueiro defendia com precisão.
— Você… está blefando! — Bran gritava, sentindo o gravame criado por perder a sua liberdade. Precisava acabar com a vida do seu adversário se quisesse fugir.
— Blefe, você diz! Que outro rei viria em campo? Me aponte um monarca que segura uma arma e vai para alguma luta. Você é o meu brinquedo dessa semana!
Bran deu dois passos à frente utilizando seu peso e toda a sua força brutal, chutou o abdômen de Ayel que por mais que fosse resistente, acabou fechando um dos olhos pela dor, ofegante com o impacto.
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— Você vai ser morto pelo seu brinquedo, então, vossa alteza! — Gritara com tamanha raiva que a voz do bandido falhou.
O ruído agudo do encontro das armas era tão alto que as cabeças dos combatentes doíam conforme escutavam. Em cada prélio, por mais que pudesse dizer que a batalha demonstrava fielmente um conflito de forças absurdas, nenhum dos dois cediam dando um único passo para trás.
— Duro na queda, talvez o delinquente mais forte que eu já batalhei… Uma pena que perecerá igual aos seus criados malditos!
Às vezes, ambos apenas fitavam mutuamente, respiravam rapidamente, buscando recuperar o mínimo de energia, sempre atentos. O primeiro que tentasse agir, precisaria ser certeiro ou seria morto. Ayel aproveitava isso.
— Vou dizer exatamente o que farei… Acabarei com você, então procurarei seus dois guerreiros cretinos e cortarei os pescoços deles também, talvez eu até foda os seus cadáveres.
— E o restante dos aldeões da vila, acha que um homem só tomaria um lugar tão grande como esse? Coragem. — indagava o bárbaro.
— Cuidarei dos aldeões igualmente, e espero que eles estejam todos olhando, pois o destino que os aguarda é o mesmo que o seu! — O açougueiro apontava o cutelo.
Alguns dos aldeões estavam tranquilizados por Kord e Claude, que despertara após ter seu ferimento tratado. Ao escutarem o que o líder dos ladrões havia gritado, os pharideanos sentiram um frio subir-lhes a espinha.
Observavam o duelo que perdurava algumas horas pelas frestas que abriram das janelas onde estavam presos anteriormente.
Os músculos dos combatentes estavam tensos, era perceptível tendo em vista a pegada dos homens nos cabos de suas armas. Cobertos de suor e poeira, a noção de tempo se perdeu por conta do foco em se manter vivo.
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— Confio no que diz, mesmo. — Alvorada estalou o seu pescoço, inclinando-o. — Acredito que seja realmente seu desejo fazer tudo isso, mas alguns sonhos não se realizam.
A orelha caída do inimigo estava na visão do ruivo, que sorriu e a chutou longe.
— Moleque do caralho! — O bandido avançou correndo.
Em um giro pela esquerda, o líder dos arruaceiros passou por pouco seu cutelo no pescoço do rei de Sihêon. O bárbaro desviou do golpe que seria fatal, não pestanejou e utilizou sua espada zumbindo no ar de baixo para cima contra-atacando, mas Bran estava pronto, bloqueou.
— Na próxima, eu não irei errar! — O homem gigante brandia sua confiança contra o jovem, voltando a desferir os golpes.
O combate se mantinha acirrado, cada um deles estava dando a vida para encontrar uma brecha que pudesse aproveitar do outro. Ayel finalmente se sentindo realizado, bárbaros vivem buscando desafios altíssimos para serem superados. Bran resumia seus sentimentos com surpresa, estava começando a se cansar, nenhum adversário durava tanto tempo assim.
Mais uma rápida disparada, Alvorada conseguiu bater com a sua espada tão forte em direção ao cutelo do açougueiro, que a arma caiu. Bran rapidamente puxara duas adagas do seu avental, girando elas enquanto encarava seu admirável adversário. Ele correu até o tribal com as adagas liberando uma sequência de golpes que seriam mortais, porém Ayel conseguiu desviar da grande maioria. Também recuou seu corpo o suficiente para receber apenas cortes superficiais.
— Você lembra muito um carcaju que cacei semana passada, meu rei! Ele parecia estar confiante demais, mas trucidei facilmente!
— Me comparando com um animal atroz, acha que eu me ofenderia com isso!? — indagou Ayel, irado.
Bran soltou uma risada altíssima, a lâmina das suas adagas brilhava com a luz da lua que acabava de nascer. Estava suando, sua aparência era de cansaço, isso não o incomodava, pois Ayel estava idêntico. Tocou mais uma vez no lugar onde sua orelha deveria estar, reacendendo a ira que mais cedo sentiu.
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— Me pergunto. — Bran fitava o seu adversário, ainda com sorriso no rosto. — Se todos os bárbaros fossem fortes assim como você, nem rei você teria virado, não é isso?
Ayel não respondeu, mantinha sua respiração acelerada sem tirar os olhos do arruaceiro, que prosseguia.
— Não é isso? Imagina ser um rei de algum lugar e acabar sendo assassinado por um mago velho que desapareceu logo depois… Que deprimente…
O bárbaro ficou cabisbaixo ao escutar sobre Aiden, o açougueiro percebeu isso, era dessa forma que ele desejava afetar o Ayel horas antes ao tentar tocar no assunto da garota que ele estuprou. No fim, nenhum homem é frio o suficiente para suportar ter sua ferida tocada, o bandido havia errado apenas qual ferida cutucar.
— Qual era o nome mesmo dele? Fico te devendo essa, a fama dele só surgiu por ser um regicida. De resto, nada valia.
— Ele era… nosso prócer. — Ayel respondia, enfrentando o ladrão.
— Prócer? Que porra é isso? — O açougueiro questionava com uma veia irônica poderosa.
— Ele era nosso líder, o meu líder. — O Alvorada falava em um tom mais baixo.
— O seu líder foi um inútil.
O bárbaro rosnou enquanto girava sua espada, criando um arco largo. Bran havia tentado se esquivar, mas dessa vez, não fora o suficiente. A velocidade do golpe só o fez sentir a lâmina fria passar pela sua carne, como se queimasse devido à pele rasgar e o sangue chorar imediatamente. Ele caiu em seguida sobre apenas um dos seus joelhos, seu peitoral havia sido dividido quase inteiramente, se tivesse sido acertado com mais profundidade, estaria morto.
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— Parece… que esse assunto é delicado para você… Majestade… — Ele se levantara.
Alvorada encarou seu adversário, abrindo um gigantesco sorriso. Os dois estavam nos seus limites, mas ele faria o que fosse possível para calar a boca do arruaceiro. Honra para um bárbaro é o que o mantém vivo, não era admissível deixar que o nome do seu irmão mais velho continuasse na boca de um sujo.
O bárbaro respirou fundo e preparou-se para o movimento seguinte. Aquele maldito olhar encurralou Bran, parecia um animal caçando.
Cego pela sede de sangue, o bárbaro rugiu mais uma vez, em uma sequência de golpes que encurralaram o inimigo com uma pressão surreal.
“Que ser primitivo… De onde sai esse ódio todo?”
Bran pensava enquanto sentia seus braços tremerem. Ele precisava se concentrar muito mais para defender os golpes de Ayel agora do que antes, cada ataque do tribal ressoava com sua fúria que parecia aumentar gradativamente. Pela primeira vez na batalha, o açougueiro recuava com passos curtos para trás.
Era um estado de frenesi, o homem ruivo movimentava-se rapidamente e com brutalidade. Não tinha mais interesse em defender os golpes de Bran, apenas aproveitava o dano que estava recebendo para contra-atacar com mais intensidade. O bandido finalmente hesitou ao se deparar com o olhar do rei.
Prosseguia de forma avassaladora, embebido em ímpeto, as espadadas vindas do bárbaro eram fulminantes e competentes. Muito sangue respingou pelo campo, misto de ambos que lutavam. Mas a sombra do medo havia atingido o mercenário tão fortemente, que sua imponência acabara ofuscada pelo tribal.
“Não… Não conseguirei repelir isso, não tem como impedir ele!”
Desesperado, o açougueiro não tinha a quem pedir ajuda, por mais que fosse essa a sua maior vontade. Sozinho, toda a sua vida começava a atingi-lo como lembranças frias de um legado sujo. Ele queria correr e se esconder, mas algo no seu coração gritava que, independentemente de como: Ayel o encontraria.
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O medo fez brechas abrirem com frequência, e diversos cortes profundo enfraqueceram o grande corpo do vilão da vila, até sua carne rasgar completamente com a espada bastarda que adentrava em seu abdômen, atravessando o corpo de Bran, que caiu de joelhos.
O rei de Sihêon gritava a todo pulmão conforme afogava a espada mais fundo em sua estacada:
— Golpe do carcaju! .
As mãos criminosas tremiam e esfriavam, as adagas escorregaram dos seus dedos e caíram no chão em um tilintar triste e sombrio. O bandido olhara para cima, onde Ayel o encarava, a face do mais puro terror de um moribundo. O bárbaro não tirou os olhos dessa expressão e ficou observando o brilho da alma abandonar o corpo gordo do seu inimigo, caindo totalmente para frente, deixando de respirar.
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