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    Capítulo 016 – Nox, o paraíso arcano! ‎ ‎ ‎

    Em passos largos, Ayel havia se retirado do castelo e estava se dirigindo até Nox Arcana. Finalmente, depois de tantas coisas que ele fora coagido a fazer para que o Conselho dos Nobres pudesse sair do seu pé, agora estava livre. Ele também precisou dar uma desculpa qualquer para Yelena que estava tentando se aproximar muito dele, mas havia tanta coisa em sua cabeça, que preferiu dar um tempo de qualquer coisa que remetesse à coroa.

    Exasperado.

    Uma tortura infernal pela qual o Alvorada precisou passar nessas últimas semanas, forçado a estudar por alguns cursos de cordialidade, etiqueta e heráldica. Conhecimento demais para uma semana, havendo sido mais do que um tribal teria absorvido na vida, completamente estressado, o bárbaro precisava espairecer.

    Conversas precedentes com Alyssius o fizeram lembrar quão hospitaleiros seriam os arcanos de Nox, por isso essa seria a alternativa de se acalmar que o rei encontrou, como também reunir oficialmente a última guilda que falta para o seu reino.

    E lá estavam os portões da academia mágica, forjados em ferro escurecido e intricados com diversos detalhes arcanos, esses portões permaneciam sempre entreabertos, quase como um chamariz para fazer com que visitantes passem realmente por ele, ou para demonstrar que a escola era receptiva, o que fosse.

    A região nessa parte da cidade era envolta por uma densa névoa que escondia os grandes muros da academia mágica, não tão altos quanto os externos do castelo, mas ainda assim. Como se guardasse algo muito valioso, uma mensagem ambígua se comparada com a visão dos portões.

    Quanto mais próximo dos portões, mais aumentava a quantidade de um musgo macio que tomava o lugar no chão, quase como um tapete que guiava para a entrada. Ayel avançara, sem medo algum.

    Até sentir um impacto extremamente forte em seu nariz, no meio do nada, caindo para trás como se tivesse batido em uma parede invisível.

    O bárbaro rogava maldições e xingava gerações futuras de todos os arcanos, quando parou para observar quem ria dele, uma risada alta e forte. Que vinha de um homem de dentro do local.

    — Meu rei! É uma honra vê-lo, embora espero que me perdoe por rir disso… Nox Arcana é defendida por uma barreira mágica que apenas usuários de mana podem passar… Eu devia ter avisado.

    O homem que ria praticamente não podia ser visto. É claro. Na verdade, era como se fosse apenas uma vestimenta de mago andando por aí. No lugar do rosto, era um breu gigantesco, quase um espaço vazio.

    Parecia existir realmente alguém ali, mas a pele estava sendo coberta completamente por sombras a ponto de não se saber absolutamente nada, onde estavam os olhos, nem se esse ser estava sério ou sorrindo. Isso prendeu a atenção de Ayel por um bom tempo, enquanto se levantava e colocava a mão no nariz, com os olhos lacrimejando.

    — É um prazer, Bruxo Negro. — O braço saiu um pouco pelo manto arcano, um braço completamente encoberto por sombras.

    O ruivo observou bem, era como se as sombras fossem vivas, correndo pela pele deste homem que conversava com ele, intrigante, mas o rei era um ignorante em questões mágicas, resolveu nem perguntar.

    — Ayel Alvorada.

    — Sei exatamente quem é você, homem! — Ele riu.

    — Bom… Se eu não sou um usuário mágico, então como passarei? — O rei apontava para a barreira que não podia ser visualizada, mas tateada.

    E em um estalo do Bruxo Negro, o bárbaro pode observar que uma película ficou opaca e depois desapareceu, ele rapidamente passou, no segundo estalo a barreira estava lá, novamente.

    Com os dois na escola, Ayel visualizou diversos corredores insinuando enquanto conectava em diversas salas de aula, laboratórios e bibliotecas. O lugar era definitivamente gigante, como se o interior fosse o triplo do que o exterior conseguia demonstrar.

    “Magia”

    Era só nisso que o bárbaro conseguia pensar quando visualizava algo que ele não conseguia compreender, nem teria como ele tentar, na verdade. Nas tribos bárbaras, o ceticismo é muito mais comum, claro que há um tribal ou outro que é praticamente do xamanismo, mas os bárbaros não associam mexer com espíritos, o mesmo que mexer com magia em um geral. Uma visão simplória para o uso da mana.

    — Sabe que não precisava vir, não é, majestade?

    — Ah, eu sei… — Disse o ruivo em um tom grave — Mas gostaria de oficializar as coisas, eu visitei todas as sedes de guilda praticamente, não vir aqui parecia uma ofensa.

    — Bom, Nox Arcana aceita ser anexada à coroa e agir conforme as ordens reais. — O Bruxo sorriu, mas ninguém poderia notar que ele havia feito isso.

    — É, foi bem mais fácil que qualquer outra, Alyssius tinha razão.

    As paredes pelas quais eles passavam eram todas revestidas com luxuosas tapeçarias que buscavam retratar grandes feitos do passado. Algumas gravuras tinham inclusive o Bruxo Negro, exatamente igual a como ele está agora, fazendo o rei perguntar a idade do seu guia turístico.

    — Devo dizer, aproveite para conhecer as nossas dependências, na verdade, tenho um certo pedido.

    Os dois avançavam e, por mais que o ruivo nada perguntasse, o Bruxo Negro se sentiu à vontade para explicar sobre todo o local.

    Nox Arcana funcionava como uma escola para mágicos e como local para poderem viver, é repleta de alunos, professores e entusiastas do arcanismo onde todos conjuraravam livremente a mana, assim era chamada a energia dos seres vivos, natureza e da força de vontade.

    — Deve ser muito interessante ter mana, devo dizer. — Ayel parecia uma criança, surpreendendo com tudo que via.

    — Ora, meu rei. Todo ser vivo tem sua mana, de plantas até ursos, de arcanos como nós até bárbaros como o senhor, a diferença é que alguns conseguem acumular e manipular essa mana ao seu bel-prazer. Tal como o que estudamos aqui na nossa academia.

    — Você mencionou ser uma escola para magos, feiticeiros e bruxos. E tem diferença? — indagava o ruivo.

    — Sim e não, na verdade, tudo isso vem conforme a origem do arcano, no fim, todos modificam igualmente a mana.

    Havia uma porta larga de madeira que aparentemente levava até um refeitório que era enorme. O arcano abriu para o rei poder passar, eles transitaram no meio do local, havia diversas pessoas almoçando.

    — Origem? — Ayel parecia cada vez mais confuso.

    — Ora, sim. Os magos nasceram como seres humanos comuns, estudaram tanto, penaram tanto, se esforçaram mais ainda que conseguiram manejar a mana. — Após cruzarem todo o meio do refeitório, havia uma porta do outro lado, que também foi aberta para o Alvorada passar primeiro.

    Conforme os dois avançavam pela extensa academia, diversos alunos passavam pela dupla, sempre reverenciavam com muito respeito o homem que estava ao lado do rei. Seguiram rapidamente, havia tochas mágicas que iluminavam os corredores, as suas chamas dançavam em júbilo nas mais diferentes cores que variavam conforme o humor do ambiente.

    — Os bruxos nasceram como seres humanos comuns, também. Mas esses não estudaram ou penaram tanto, e sim, fizeram um pacto com seres extra-planares chamados patronos. A partir desse pacto, conseguiram manejar o mana. — O senhor de Nox continuou.

    — Bom, isso que você é, não é?

    — Me chamam de Bruxo Negro, mas, na verdade, eu sou um feiticeiro. — E ele riu, inutilmente.

    — E qual a origem de um feiticeiro? — Havia demorado para o bárbaro começar a lançar perguntas como um completo ignorante, mas ele não parou ao perceber que o seu anfitrião havia dado essa liberdade.

    — Um dos maiores mistérios do mundo, feiticeiros apenas nascem… E daí já sabem manipular a mana.

    — Sério? — Isso parecia surpreendente demais para a mente do tribal.

    — Imagina o quão caótico isso pode ser? Quantas crianças de quatro anos já não atearam fogo no próprio quarto por não saberem controlar os seus poderes, a maioria dos feiticeiros não passa da primeira infância. — O arcano ajeitava as suas vestes que envelopavam o sombrio.

    — Sua infância fora assim, esse caos enquanto não sabia controlar bem os seus poderes? — Alvorada andava um pouco mais atrás, os passos do bruxo eram tão rápidos, o arcano parecia estar flutuando.

    — Ah… Foi, e como. Acho que explodi uns três telhados da casa dos meus pais, conjurando acidentalmente raios. Foram tempos conturbados demais, eu agradeço o fato deles nunca terem desistido de mim, alguns pais fazem isso.

    — Bom, vendo por esse lado, parece perigoso realmente. Pergunta: por que permite que te chamem de bruxo se, na verdade, você é um feiticeiro?

    — Vim de uma época em que qualquer um que conseguisse fazer alguma magia já era chamado de bruxo, podemos dizer que o apelido pegou.

    Eles pareciam chegar no ponto final, um corredor extremamente largo que dava de encontro a uma porta extensa de madeira maciça cheia de runas entalhadas.

    — Qual seu nome, então?

    — Boa tentativa, meu rei.

    O arcano riu, abrindo a porta.

    Eles estavam no grande centro de Nox, que ficava ao leste do jardim. Ayel vislumbrava um enorme átrio, estava coberto por uma cúpula espessa de vidro, era possível ver pelo menos algumas dezenas de estudantes que estavam praticando suas magias ao ar livre.

    — Venha comigo, majestade. — O Bruxo Negro avançava por entre o campo de treinamento, com o ruivo logo atrás. — A sala da direção está logo à frente, tem alguns termos da nossa aliança que eu gostaria de discutir, mas sei que validará, pois pensei em algo justo.


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