Capítulo 028 – Os demônios de ferro!
Capítulo 028 – Os demônios de ferro!
A vila da qual Lavish e Niyati estavam se aproximando se estendia por meio de um terreno bastante irregular, havia diversas construções de madeiras envelhecidas e pedras mal acabadas, espalhava-se sem qualquer vestígio de ordem ou organização aparente. Por mais que essa vila fosse de médio porte. Bramut, chamada assim por conta da influência do clã do mesmo nome, era densamente populosa.
A dupla chegara a cavalo, não estava difícil disfarçar-se em meio a tantas pessoas que transitavam pelas largas ruas nessa manhã insólita. Os dois algozes surpreendiam-se com o som incessante do martelar do metal em cima das bigornas que ecoava por Bramut inteira. As batidas ritmadas estavam mais altas que os pensamentos dos assassinos.
Clãs ferreiros se reuniam nesse local, apertando-se em casas pequenas e precárias. Não havia muitos muros que conseguissem proteger essa vila dos perigos externos, mas algumas armadilhas com estacas de madeiras presas eram visíveis.
O cavalo que esta e aquele dividiam, trotava lentamente em meio aos aldeões, que só conseguiam se esquivar quando o equino praticamente os empurrava para um dos lados, devido à aglomeração, eles dois reparavam: por mais simples que a casa fosse, sempre abrigava alguma forja ou oficina, mesmo que rudimentar.
— Ei… Então, e o que sabemos dele? — Niyati desejava recapitular as informações passadas por Anusha, duas noites atrás.
Ela sempre fora uma das aprendizes da geração atual mais esforçada, seu conhecimento teórico sobre tudo era simplesmente abundante. Diversas vezes ela sentia-se na obrigação de recitar os mandamentos algozes para algum companheiro de guilda, pois havia decorado todos.
— Bom, ele é um homem de idade. Um senhor que se chama Dharok. Ao que tudo indica, nos relatórios sobre ele encontramos muitos casos de assassinato, escravatura, expropriação de terras e profanação. — Lavish Solanki dizia com calma.
O contrapeso dessa aliança toda se deve ao fato de que o algoz, diferente da sua companheira, não entende muito da parte teórica de tudo, sendo inclusive diversas vezes repreendido, se não pelo Anusha, por qualquer outro membro por motivos subjetivos como desatenção ou falta de comprometimento. Podia se dizer que o senhor de Maut Ka Mandir decidiu unir dois opostos de modo a melhorar suas características que pecavam enquanto favorecia perfeitamente os traços positivos de cada um.
— Uau. Um prato cheio. — A mulher apertava a cintura do seu companheiro de guilda conforme ele batia as rédeas e o trotar do cavalo progredia.
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As chaminés cuspiam colunas de fumaça enegrecida para o céu pálido do dia calmo, o cheiro do carvão queimado, quando misturava ao ar pesado do calor das forjas, soprava uma atmosfera tão abafada.
A sorte dos algozes era que todos passavam por um treino que permitiam se adaptar a qualquer ambiente.
— Me pergunto o porquê do contrato desse Dharok só surgir na nossa mão agora. — Niyati suspirava.
— Pelo que escutei, ele estava quieto. Uns bons anos sem cometer atrocidade alguma a ponto de instigar negativamente ao redor, acreditavam que podia ser a idade.
— E então? — A mulher precisava apertar bem o seu companheiro para o seu corpo não balançar demais com o trote do cavalo.
Os algozes tinham uma crença de que não existia necessariamente um criminoso limpo. Ele estaria apenas esperando a poeira abaixar para poder voltar a sua rotina inescrupulosa.
— Então ele escravizou cinco camponesas e abusava delas até um dos Bramuts flagrá-lo. — explicou Lavish.
— Os donos da vila que nos convocaram… — Com uma das mãos, a mulher coçou o queixo.
— Isso, Niyati, ou seja. Podemos ser menos cautelosos, pois a guarnição daqui não nos fará nada.
Os habitantes que esquivavam do alazão vestiam roupas simples e gastas, por algum motivo, sempre passavam por aí apressados, deveras.
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Existia um clima constante de trabalho árduo, como se todos estivessem sempre com os rostos cansados, exauridos. Ainda assim, resistiam. Seja por conta da criação dos ferreiros, ao costume de condições não tão boas de vida ou por culpa do orgulho.
Niyati Ma sentia fome, precisava achar alguma forma de saciar esse mal, até porque ela mesma não conseguiria se alimentar depois de um contrato feito.
Dependendo de como ficaria o cadáver, a visão retiraria completamente o seu apetite. Mas o azar parecia estar ao lado da sua empreitada por um dejejum decente, os poucos comércios que estavam abertos na praça centravam-se basicamente em ferramentas, armas e armaduras. Era de se esperar.
Ela não assassinaria ninguém enquanto não comesse um bom guisado.
— Não acho que seja difícil encontrá-lo. — A moça coçava a garganta após proferir.
— Já eu discordo. Preste muita atenção nesse caos que nos instalamos.
O algoz Solanki estendia o braço, mostrando para a sua companheira de guilda como toda a vila estava predisposta.
Toda a arquitetura não parecia se importar com quaisquer resquícios de harmonia ou até mesmo estética, a maioria das partes mais importantes, como fundações ou pilares, eram revestidos com metal para que durassem, não que isso fosse agradável aos olhos.
Quando tudo parecia perdido, uma parte um pouco afastada do centro parecia ser mais calorosa para visitantes. A dupla percebera a facilidade para trafegar agora que o número de aldeões havia caído para menos que a metade.
O cavalo fora levado até um estábulo improvisado e três moedas de ouro arremessadas para o cocheiro serviram de combustível para o mesmo, que amarrava firmemente a montaria dos visitantes. Ambos agora pisavam com suas botas cor marrom esverdeada, o chão de terra batida coberto de carvão e pó de metal.
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Com muito esforço, conseguiram encontrar um pequeno casebre que funcionava como uma pousada. Eles se alimentariam finalmente e dormiriam por ali nos próximos dias.
No fim, mesmo com algumas informações, retornas entregue aos dois dentro de Maut Ka Mandir, ainda. Eles compreendiam que não poderiam avançar diretamente para onde o alvo supostamente estava vivendo.
Dharok foi avistado, isso frequentemente, os assassinos o observavam.
Traçavam a sua rotina e entendia seus hábitos. O homem não parecia ser o crápula que os relatórios mencionavam, mas boa parte dos alvos dos algozes era assim, conseguiam mentir muito bem.
Após quatro dias hospedados, não havia mais informação alguma para ser ouvida que já não tivesse sido captada pela dupla, os dois estavam nos aposentos alugados.
A Niyati encarava a janela que dava para uma das ruas, um pouco vazia por conta da lua alta no céu. Lavish estava sentado na cama, terminando de ajeitar suas vestes e prender a sua katar com as tiras de seda em seu pulso.
— Hoje é um dos dias que ele passa na taverna local.
— Se nossos estudos estiverem certos, sim.
Os dois sempre foram muito brincalhões um com o outro, porém, no momento em que começavam a atuar um contrato, a postura da dupla se tornava um grande berço gélido antipático.
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Foram doutrinados a isso.
— Ele descerrará1 aqui na frente a qualquer momento. — A mulher dissera procurando seu par de katares.
— Vamos, Niyati. Ele não passará de hoje.
Os dois partiram, andaram alguns minutos para a única taverna de Bramut, escondidos em um dos cantos, aguardando a saída do velho.
Seria sua última noite de bebedeira.
As luzes das tochas estavam tão fracas que deixavam as sombras nas casas distantes e bem distorcidas.
O vento corria pelas vielas com total liberdade. Enquanto erguia pequenas nuvens de poeira que pareciam perambular sozinhas pela vila, já que poucas almas estavam do lado de fora das casas nesse momento.
As forjas estavam gélidas, escutava-se uma rangedeira ocasional de portas enferrujadas sendo fechadas e trancadas. Já a ausência do som das marteladas era acolhedora, principalmente pela dupla que já não suportava mais.
O frio parecia dominar com a falta da luz do sol, uma neblina inclusive sobressaia-se e arrastava pelo chão, envolvia um pouco da terra batida da rua e escondia parte dos pés transeuntes.
O passar do senhor Dharok se retirando da sua farra, afastou parte dessa pequena névoa conforme ele cortava o caminho para a sua residência.
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Começara a perseguição silenciosa para a morte.
As pegadas da dupla começaram a seguir o homem, eram pisadas leves, ocultas pela furtividade dos algozes.
Eles tomavam cuidado, afastados, mesmo que o alvo estivesse claramente bêbado, ele ainda assim podia notar algo de diferente nesta noite. Principalmente quando a grande população estava reclusa e não dividia o espaço das ruas.
Dharok estava completamente alheio à realidade que se prolongava ao seu redor. Lavish e Niyati, no entanto, estavam esgueirando-se pelas sombras das ruelas, contíguos às paredes desgastadas. Mantendo o homem na sua visão, esperando o momento mais oportuno para agirem.
Em um certo momento, o senhor passara por uma esquina e, por alguma razão, o alvo decidiu olhar para trás, como se sentisse algo.
Lavish fez um gesto tão rápido com a sua mão para a direção da sua companheira que quase ficou incompreensível. Ainda assim, ela entendeu e ambos se camuflaram.
Ela assim fez, entrando em uma das vielas e aguardou pacientemente, já o algoz estava aproveitando um ponto de escuridão total onde as tochas não conseguiam clarear. O bêbado não tardou para prosseguir até o caminho que daria para a sua casa.
Pegadas silenciosas.
Quando a dupla estava próxima de chegar tão próximo a ponto de esticarem sua katar para o maldito, uma porta rangera ao longe. O ruído pegou todos de surpresa.
O velho olhara para trás e pôde perceber as figuras de Maut Ka Mandir logo imediatamente em sua visão. Um suor frio escorreu pela sua testa, misturou-se ao gosto amargo do medo que lhe dominava a boca.
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O velho não reconhecia aqueles rostos, mas sim, o que a combinação de roupas das Terras Áridas somadas a peles de caramelo poderiam significar. Ele tremeu.
“Merda!”
Solanki pensou paralisando, sua amiga logo atrás fez o mesmo assim que reparou a situação que começara a se desdobrar diante daquela rua vazia.
Anusha poderia ver isso como um erro, claramente. Um contrato relativamente fácil ser perdido dessa forma é inadmissível.
Um soluço que parecia estar engasgado na garganta do velho escapou. A mente dele tentava, em vão, encontrar uma saída. Quando as pernas de Dharok pararam de tremer, ele fez o máximo que o medo dele permitia que pudesse fazer, saiu correndo.
Fora uma deprimente cena do pobre correndo que ambos os membros assassinos presenciaram, essa visão praticamente agira como se essa tivesse sido um estopim para iniciar uma corrida.
Logo, assim que o alvo começou a bater as pernas, os dois algozes em disparada começaram a correr para impedi-lo de fazer qualquer coisa que atrapalhasse o final desse contrato.
Porém, os dois aprendizes de Anusha não ficaram apenas seguindo o homem durante esses dias, eles também estudaram as ruas e as vielas da grande, porém caótica, vila de Bramut. Então, eles sabiam exatamente o que fazer.
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- Nota: Descerrará nesse contexto, tem a ideia de “manifestará”⤶
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