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    Capítulo 037 – ‎O poder da humanidade!

    — O que foi isso no seu ombro?

    O grupo estava mais uma vez reunido, Yelena foi buscada com sucesso, constavam no centro da praça a sentinela e o seu rei. Defendendo ambos: a dupla dos guerreiros mais habilidosos.

    A sentinela estava com uma faixa improvisada que pegava da axila até próximo do pescoço, uma mancha escura de sangue evidenciava muito mais no claro daquela pele. Os olhos do tribal fitaram imediatamente.

    — Uma flechada, mas não se preocupe. Tratarei isso no templo assim que tudo isso acabar aqui!

    — Tem certeza que está bem? — indagou Alvorada, estava seríssimo.

    Yelena corou, para ela era deveras importante saber que o homem pelo qual ela tinha sentimentos fortes se preocupava tanto com ela dessa maneira.

    — Sim, majestade!

    O tribal encarou tudo ao redor, logo voltou a atenção para a loira.

    — Como estamos? — Kord e Claude cuidavam dos goblins que ousavam se aproximar, mas volta e meia a espada do rei ainda atingia uma criaturinha.

    — O portão sul não sofreu nenhuma avaria, meu rei.

    — Quantos inimigos ainda nos restam?

    Não demorou para as flechas da mulher dos cabelos dourados voltar a zunir pelos cantos, cravando em carne verde. Fazia isso enquanto papeavam sobre a situação atual.

    — Depois de um tempo de conflito e de algumas trombetas tocadas, não surgiram novas hordas. Os números finalmente estão caindo.

    Ayel concordara, era o fim do conflito que Sihêon precisava que acontecesse.

    — De onde será que surgiu tantos goblins, para começo de conversa? — vociferou Lâmina-fria.

    — Não acho que seja uma pergunta e conseguiremos responder — explicou Hob — Nem encontrar resposta.

    De fato, não é como se existisse um conceito sobre a população de monstros nos arredores, ou até mesmo um estudo que evidenciasse que tipo habitaria onde, porém, era sabido que casos de encontros com monstros diminuira constantemente com o passar dos séculos.

    Muitos gostam de prosear, afirmando que isso ocorrera por conta da morte do mana, a queda pelos interesses arcanos e consequentemente a perda da energia feérica no mundo.

    Outros estudiosos enfatizam que a diminuição das raças monstruosas esteja correlacionada às grandes caçadas de aventureiros de tempos de outrora.

    Muitos guerreiros nasciam, treinavam, cresciam e não davam de encontro com um único goblin em toda a sua vida.

    Sihêon estava recebendo uma avalanche verde de destruição.

    — Enquanto as tropas esverdeadas surgiam uma a uma, nossas tropas não renovavam. Perdemos muitos. — Kord continuava, enquanto sua espada mutilava mais um pequeno inimigo.

    Era esse o sentimento, todos ali ainda guerreavam, mas perdiam levemente o propósito a cada golpe.

    Claro que uma pequena fagulha de esperança parecia se manter viva enquanto conseguiam finalmente perceber que os números inimigos caiam, mas, a humanidade estava tão saturada de um conflito tão distante, que a vitória, que estava cada vez mais perto, não tinha o gosto que deveria ter.

    — Yelena, para cá do portão, quais membros continuam em pé? — O rei não podia pestanejar em momento algum.

    — Próximo da entrada do sul, quadrante onde estamos agora, está apenas com a guarda real e os sentinelas!

    A líder da guarda real não conseguia terminar a sua frase sem antes ter disferido mais algumas flechas espalhadas por pelo menos mais algumas dezenas de criaturinhas, assim que conseguiu respirar novamente, retornou sua atenção para o rei e prosseguiu:

    — Mais para trás, entrando nas ruas, tem os algozes e os relicários, meu rei. Nos flancos os arcanos.

    Os primeiros raios de sol já começavam a cortar a escuridão da lua, as tochas voltam a se tornar inúteis enquanto o povo guerreava além pela sua vida, guerreava pelo reino.

    — Nosso quadrante tem conseguido segurar as pontas, os goblins que passam por nós, são direcionados para os algozes ou relicários por conta das magias dos arcanos que forçam as criaturas a quebrarem suas formações e seguirem reto. Perdi parte dos clérigos de vista, mas, Celérius e alguns outros estão mais na retaguarda com as mestres do veneno! — Yelena prosseguia enquanto criava espaço para poder continuar dialogando.

    — Quanto tempo mais conseguiremos aguentar dessa forma? — questionava Kord, forçando com o braço para trás, pois havia empalado um goblin e a lâmina travou no corpo do adversário, com voracidade ele arrancara a sua arma, pegando impulso para atingir outro adversário com mais um golpe primoroso.

    — Por mais que sejamos mais fortes e organizados, não é possível vencermos o cansaço… Olho para o horizonte e já consigo visualizar o raiar do sol, meu rei. Ninguém aqui vai suportar mais! — Hob gritara.

    — Vi caírem por flechadas, vi caírem por golpes de espadas, lanças e machados. Mas também vi diversos desmaios pela exaustão.

    — Logo seremos nós! — Um dos guardas reais gritou ao fundo, muitos escutavam o grupo que conversava no meio da praça, respondiam à dupla de guerreiros.

    Faltava tão pouco, mas o lado humano não tinha mais nem um pingo de ânimo reservados para a reviravolta que o conflito precisava.

    Tomando a frente, chamando atenção de todos com o som dos passos pesados, Alvorada surgiu.

    O som rouco e carregado com o peso do rei bárbaro percorreu como um trovão para todos os ouvidos que estavam próximos.

    — Foco… Meus guerreiros, meus aliados, meus seguidores, peço foco!

    Mesmo entre os grunhidos inimigos e os gemidos de dor pelos feridos, aquela voz grave sobressaia. O timbre cortava a desordem da morte e afastada a desesperança.

    — Preciso que estejam completamente alinhados com o nosso objetivo maior de proteger o reino, proteger a nossa casa, o nosso lar!

    Ayel não apenas discursava, aquela voz…

    Cada sílaba surgia como se estivesse carregada de uma magia primitiva, que pulsava junto do coração do ruivo como uma tempestade, uma fúria, um frenesi incontrolável.

    — Não apenas o meu lar ou o de vocês, mas o lar de centenas de famílias que não conseguem erguer uma espada e se defender, lutamos também por eles!

    Os soldados, membros da guarda real, protegidos por suas armaduras que outrora brilhavam límpidas, agora embebidas em sangue e fuligem, sentiram a ira de Ayel em seus corações, bombeando-os uma energia surreal que fizeram todos os despertar.

    Ergueram suas cabeças, aquele olhar desesperado e sem vida, renovaram-se com acessos de pura adrenalina. Aquelas armas, que estavam sendo empunhadas por braços trêmulos, ajustaram-se apenas pela voz do homem com vestes de couro que apresentava na frente da tropa, urravam, gritavam. Uníssonos, unidos.

    Conforme as palavras saíam de um grito de um líder e eram absorvidas, os músculos de quem escutava enrijeciam, as dores das feridas abertas soavam como um esquecimento distante.

    — Tenham essa honra comigo, usem a força dos civis que não podem estar aqui para somar com a de vocês, força, meus homens, força em direção ao fim. Força para derrotarmos essa ameaça que acredita fielmente que pode invadir nossos domínios quando, nada podem!

    Daila ainda estava ajoelhada ao lado do seu companheiro Lavish, preocupadíssima. Segurara a sua katar quebrada.

    Seus olhos brilhavam em um desejo inefável de vingança. Procurava por Anusha, ele não estava mais em sua linha de visão, talvez havia recuado para auxiliar os outros.

    “Não se preocupe, apenas vá”

    Lavish era um homem sério, que levava a ordem e os mandamentos da guilda dos algozes como um mantra que ditasse exatamente como viveria.

    O ferimento no torso do seu amigo finalmente estancou. Dalila o deixaria lá, uniria as forças ao rei que clamou por auxílio.

    — Rumo à guerra, meus seguidores! Rumo à glória! Partilhem comigo, esse frenesi!

    Dos relicários que eram liderados por Aldmond, mesmo gravemente feridos, endireitaram sua tropa, rumando para onde o tribal convocava.

    Arqueiros, mesmo com flechas escassas, encontraram a determinação para encher novamente suas aljavas, caçando-as do chão, retirando-as dos goblins mortos ou surrupiando dos companheiros caídos. Os espadachins bradavam orgulhosamente suas armas.

    A energia bruta de Ayel, passando de ouvido em ouvido, preenchia-os com uma ira descomunal.

    Alyssius, Bruxo Negro e os alunos de Nox Arcana começaram a lutar agressivamente, conjurando magias destrutivas ao invés de coordenar os caminhos inimigos. Victoria e Belle, junto da tropa de soldados que estavam próximas a elas, rumavam o portão com fúria.

    Aaron estava quase que completamente consumido pelo cansaço, recuperara suas forças e encontrou-se ao lado de Mariane, que batia seu martelo contra o chão. A paladina estava em puro êxtase, ela alegrava-se acima de tudo que guerrearia ao lado do monarca que ela admirava horas atrás.

    Ayel erguera sua espada bastarda acima da cabeça enquanto declarava esses urros bestiais de guerra. O brilho do céu, que lembrava o carmesim presente nas decorações do castelo, somado ao fogo que já não iluminava nada, perdendo para a força do nascer do sol, refletira em sua lâmina.

    Um urro selvagem de raiva.

    Um clamor tribal de encorajamento.

    O exército estava alimentado pela força de vontade bárbara, salientada com a selvageria do seu rei.

    Avante, Alvorada liderou:

    — Rumo à morte!


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