Índice de Capítulo




    Capítulo 047 – O gosto doce do Belomonte!

    No reino, a traição de Anusha para com o Alvorada desencadeou uma rigorosa investigação interna que fora conduzida com minúcia e desconfiança, na tentativa de descobrir até então se outros membros da guilda estavam envolvidos no atentado que ocorreu contra o rei.

    Depois de alguns dias de intensa apuração, a única conclusão plausível fora de um ato isolado. Contudo, o verdadeiro mandante permanecia desconhecido e isso irritava o bárbaro em níveis mundiais.

    Sihêon estava em um alerta constante para todos, a qualquer momento poderia aparecer outro assassino e uma segunda tentativa contra o ruivo poderia acontecer.

    Por mais que o conselho dos nobres tivesse tentado impedir, Ayel acabou decretando uma medida deveras severa: todos os algozes seriam colocados sob quarentena.

    O templo de Maut Ka Mandir passou a ser vigiado dia e noite por patrulhas designadas pessoalmente pela líder da guarda Yelena. Nenhum algoz poderia deixar seus domínios sem escolta direta de um guarda real.

    A vigilância tornara-se um fardo inevitável, mas necessário e, como Alvorada encarava os algozes, se tornou um preconceito tão pesado quanto da senhora do Covil do Escorpião. Ele visualizava os membros do templo da morte como seres sujos e sem honra, uma visão que o próprio tribal tentava evitar, mas era mais forte que ele.

    Fizera seus decretos acamado, Ayel permaneceu sendo tratado por conta dos seus ferimentos por diversos dias.

    Victoria Belomonte sempre acompanhava os clérigos que eram enviados de Celérius, eles faziam visitas regulares ao rei com uma devoção quase obstinada.

    A jovem Belomonte passava pelos portões reais quase diariamente, a ponto de os próprios guardas reais permitirem a sua entrada sem exigir nenhuma burocracia formal imposta a um visitante comum. Vic tornara-se uma presença familiar nos corredores do castelo.

    Certa manhã, assim que adentrou os portões do castelo e rumou aos aposentos onde Ayel costumava ser tratado, seus passos acabaram sendo interrompidos em um lugar que ela não esperava: o trono.

    Ele estava sentado lendo pergaminhos que fora sido entregues pela sentinela loira, que estava acabando de se retirar, e passou por Victoria, a encarando de cima.

    O ruivo lia todas as informações contidas naqueles relatórios, seus olhos percorriam cada linha, havia cicatrizes novas no homem.

    — Bom dia, Vossa Majestade. Fico feliz em vê-lo recuperado e já imerso no trabalho.

    Victoria fizera uma reverência longa, olhando delicadamente para o tribal.

    Ayel ergueu os olhos que estavam nos pergaminhos e observou Victoria logo à frente.

    — Aqui está ela… — ressaltou o rei. Falando em um tom descontraído.

    Desde os eventos que envolveram Anusha, Victoria se tornou uma presença constante para os olhos de Ayel. Dessa proximidade, ambos criaram um vínculo discreto.

    — Cá estou eu — Victoria riu.

    — Você está bem? — perguntou Ayel, sua voz estava carregada de um interesse devidamente genuíno.

    — Sim, estou bem… Tenho me dedicado ao aprimoramento das minhas habilidades. E… O senhor? Como tem passado?

    O bárbaro desviou o olhar por um instante. Victoria acreditou que isso fora para disfarçar o assunto quando percebeu: ele estava apontando algo para ela com os olhos.

    Quando ela virou sua atenção para a parede esquerda do salão, estava emoldurada como um espólio de guerra a cabeça do rei Goblin. Então, Ayel olhara para a parede oposta e, quando Victoria seguiu a visão do homem, ela visualizou onde ambas katares que um dia foram de Anusha repousaram, expostas em uma estrutura de acrílico.

    — Uma belíssima decoração, meu rei. Deu um ar ainda mais imponente e… forte, ao ambiente.

    A mestra dos venenos se aproximou de onde estava a cabeça do rei goblin, uma vez que ele tivesse sorrido sarcasticamente para o lado dela. Naquele momento, foi ela quem sorriu de volta, demonstrando quem, no fim, ainda respirava.

    — O salão do trono será o espaço onde ficarão meus tesouros. Deixarei tudo aqui, juntos.

    Ayel levantou-se para contemplar a cabeça do monstro próximo à Victoria, a mulher dos cabelos negros e cacheados fez, em um gesto hesitante, porém cuidadoso, um repouso de sua mão sobre o ombro bárbaro. Acariciava-o delicadamente.

    — Confio plenamente que o seu reinado será lembrado por gerações. Seu nome ecoará nas histórias e, quem sabe, ao seu lado haverá uma futura rainha que seja digna desse trono…

    A garota pronunciou essas palavras com uma certa firmeza, mas por dentro ela sentia um desconforto crescente.

    Isso não havia sido feito por vontade própria, Belle havia ordenado para que a moça o fizesse. Embora, sim, realmente Victoria nutrisse alguns sentimentos por Ayel, a ideia de se sujeitar a algo que soava como um jogo de interesses a fazia se sentir suja, ela cogitava qual era a diferença dela para as prostitutas do reino.

    Sua reflexão toda se dissipou quase que magicamente assim que ela sentiu a mão do rei repousar sobre a dela, o calor daquele toque fez o rosto da jovem Belomonte corar involuntariamente, quando ela ergueu o olhar, observou aquele homem encará-la com profundidade e isso fez seus joelhos enfraquecerem.

    A voz dele, na sequência, fez ela corar ainda mais, havia algo naquele timbre que mexia com ela.

    — Pensei que faleceria naquela tarde, se não fosse pelos goblins, teria sido pelo líder deles… e, se não fosse por ele, teria sido pelo Anusha. Mas vencemos, afinal. Foi bom tê-la lá.

    A mestra dos venenos respirou fundo, ainda tentava recuperar a firmeza da sua postura, mas seu coração acelerado a impediu de responder com a convicção que ela desejava:

    — Nunca deixaria de estar ao seu lado nessa batalha… Enquanto depender de mim, estarei sempre aqui, ajudando-o a vencer suas guerras com a mesma maestria… Lutar pela primeira vez sob seu comando foi mais que uma honra… Vencer ao seu lado foi uma glória.

    Mesmo que balbuciando, foram palavras que saíram diretamente do âmago da jovem. Ayel a encarou solenemente.

    — Gosto de ouvir isso. — murmurou Alvorada, segurando o queixo da moça com seu polegar e indicador. — E acredito que existam muitas outras honrarias que você merece.

    A moça ergueu o olhar, um olhar doce e, ao mesmo tempo, picante, encarou o rei com um rubor nascente em seu rosto.

    — Diga-me, quais honrarias uma mera súdita como posso receber de um poderoso monarca como o senhor?

    O corpo inteiro da jovem Belomonte esquentava nesse momento, para o inferno com a Belle, a própria Victoria queria estar agarrada com o Ayel, não precisava das dicas da superiora de guilda.

    O bárbaro aproximou-se um pouco mais do rosto da moça, o indicador dele tocava levemente os lábios da nobre.

    — Você é uma boa súdita a mim… É uma boa menina.

    E então ele acariciou o rosto da garota.

    Ayel adorava mulheres fortes, acima disso, a coragem que Victoria havia demonstrado em batalha fora algo que ele não via há muito.

    Desde sua recuperação, as visitas da Victoria e do clero impediram que Yelena pudesse saciá-lo, então ele estava em abstinência, suava frio de desejo.

    Enquanto ela era acariciada no rosto, ergueu uma de suas mãos até tatear o peitoral bárbaro, ambos arrepiaram.

    — Permita-me mostrar um local do castelo quase não visto… — Alvorada segurou a mão da Belomonte e andou devagar pelo castelo.

    Ela o encarava confusa, mas o seguia confiando plenamente.

    — Claro, vossa majestade… Será um prazer acompanhá-lo.

    Passaram por trás do trono até entrarem em mais um dos inúmeros corredores que o grande castelo de Sihêon guarda. Depois de um tempo, uma porta de madeira adornada luxuosamente é aberta e, assim que Victoria adentra, ela visualiza uma suíte. Uma cama enorme e com adereços em tecidos finos e ouro, pinturas e emblemas de clãs antigos.

    — Deixe-me perguntar… Por um acaso, a senhorita Belle anseia pelo seu retorno ainda hoje?

    A pergunta, o som da porta fechando atrás dos dois. O tom de voz utilizado pelo bárbaro: a mestra dos venenos começara a ficar ansiosa, suando e entrando em um pequeno desespero interno, pois ainda era uma dama.

    — Eu… eu… eu…

    Ayel notou a agitação e decidiu desacelerar um pouco, ele distanciou-se da mulher e sentou-se na cama, encarando-a.

    — Eu senti, Vic.

    Ela o olhou e ele prosseguiu.

    — Todos os seus toques enquanto eu estava acamado, toda sua preocupação, quem mais veio aqui me ver todos esses dias se não você? O conselho dos nobres queria que eu decidisse sobre quem caralhos vai ficar com o bosque, os líderes das guildas me procuraram para pagar pelos prejuízos que tiveram… Os clérigos estavam a mando do Celérius. Você vinha.

    Ela concordou rapidamente com a cabeça, ainda muito constrangida.

    — Escute, a porta não está trancada, se interpretei algo errado, pode virar e se retirar e então a verei como uma amiga e somente isso. Caso contrário, se desejar, se deitar aqui e agora.

    Ele fez uma pausa para encará-la de cima a baixo.

    — Lhe farei mulher, Belomonte.

    Victoria era bastante pálida, o sangue preenchia suas bochechas em uma rosácea enorme, seu coração batia tão rápido que ela sentia seu tronco vibrar na mesma velocidade que os batimentos.

    Hesitante ainda, ela começou a tirar a alça do seu vestido, e então o outro lado. Deixando o mesmo tombar diante dos olhos do rei, que encarou seu corpo desnudo com lascívia.

    Ayel abriu suas pernas, encarando aquela mulher andar delicadamente em sua direção, com receio, mas claramente excitada por ele, tal qual ele por ela. A encarou com superioridade, sabendo do efeito que causava naquela mulher, sorrindo:

    — Então essa é sua resposta, Vic… Então venha.


    Participe do meu servidor do Discord dedicado para a minha obra!

    Regras dos Comentários:

    • ‣ Seja respeitoso e gentil com os outros leitores.
    • ‣ Evite spoilers do capítulo ou da história.
    • ‣ Comentários ofensivos serão removidos.
    AVALIE ESTE CONTEÚDO
    Avaliação: 100% (3 votos)

    Nota