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    Capítulo 048 – Goles amargos!

    A Melusina Dançante sempre fora um refúgio, seja para os boêmios, os aventureiros, os menos afortunados. Qualquer um que quisesse erguer suas canecas para tilintar sem descanso era bem-vindo, claro que dentro disso havia diversas lamúrias que eram engolidas junto do gosto amargo e ingrato do álcool.

    Entre todos os clientes daquela tarde, o mais surpreendente fora aquele rosto angelical passar pelo arco com fadas entalhadas: Yelena cruzou a entrada com suspiros pesados, ela estava obstinada a encher a cara.

    A líder da guarda real traçava o seu caminho em meio ao barulho, que geralmente seria mais alto, mas ainda não anoiteceu.

    Ela ignorou todos os olhares que fixaram em sua presença, por ser quem ela é. Assim que dirigiu completamente ao balcão, sentou-se agressivamente, com uma expressão de lamento.

    Ela desejava pedir algo forte, talvez o mais forte que já tivesse bebido.

    Talvez ela não conseguisse aguentar o gosto, mas ela não ligava mais.

    Entretanto, antes mesmo que ela pudesse sequer abrir a boca para fazer o seu pedido para o taverneiro, foi atingida por uma voz deveras familiar que cortou o momento como o zunido de uma flecha sendo disparada.

    — Ah, não! Não, não, não, não! Você não vai afogar a sua frustração na bebida sem ter papeado comigo antes, mocinha!

    Yelena se assustou e virou devagar o seu rosto, seus olhos semicerrados de impaciência encontraram a inconfundível Gwendolyn, a barda dos cabelos roseados.

    — Que isso hein? Yelena! — brandou a barda.

    A jovem batia os pés no chão ritmados como se estivesse impaciente. Yelena bufou assim que a reconheceu.

    — Meu semblante está tão ruim assim?

    — Estampado na sua cara, minha belíssima e nem tão animada hoje, dama. — A barda acariciava o rosto da loira, que, dessa vez, permitiu o toque.

    — Gwen… Eu só queria um gole, um mísero gole. — murmurou Yelena.

    — Um beijo meu, você quer?

    — Quê? Não!

    — Um só para você voltar para os eixos! — A barda riu.

    Yelena riu também, as poucas vezes que elas se viram desde que acabaram se beijando sempre foram situações descontraídas, e, embora a Gwendolyn constantemente fizesse brincadeiras para que as duas se entrelaçassem de novo, respeitava a sentinela acima de tudo.

    — Sei que quer beber porque faz tempo que nós não conversamos! — O taverneiro estava para deixar um pouco de cerveja para a sentinela no balcão, mas, como uma mãe, a barda o afastou e sentou ao lado da sua ‘amiga’.

    A loira bufou, passando a mão pelos cabelos, encarando a mulher de cabelos rosa, sabendo que não sairia dali sem que realmente conversassem.

    — Na verdade… Não estou conseguindo passar muito tempo com o Ayel. — admitiu a líder da guarda real com a voz mais baixa.

    Gwendolyn por um instante perdeu o brilho no seu rosto quando compreendeu do que se tratava. Por alguns segundos, a barda não estava sorrindo. Quando se deu conta de que havia mudado suas feições, armou novamente o sorriso no rosto.

    — Yelena, Yelena… Então é isso?

    A barda perdeu claramente o interesse em ficar ali, mas o sentimento que continha em seu peito pela Yelena ainda fazia com que ela desejasse melhorar o ânimo da arqueira.

    — Você age como se estivesse sendo deixada de lado… Mas cá entre nós, o homem foi esfaqueado, esmagado, queimado e sei lá mais o quê! Ele mal teve tempo para respirar e um algoz ainda o pegou por trás! — Gwendolyn riu baixinho com o próprio comentário.

    — Victoria está lá… Aquela sonsa. — Yelena carregava uma certa raiva. — Usando a desculpa de ele estar acamado para visitá-lo junto dos clérigos, quem ela pensa que é?

    — Você diz, a Belomonte? Ora, ela é uma nobre, filha do Eric. Membro do conselho do rei.

    — E daí, Gwen? — A sentinela encarou a barda com raiva.

    E a mulher dos cabelos rosas pensou em responder que, para um casamento, juntar a filha de um nobre é uma opção bem mais promissora do que juntar o Alvorada com uma líder da guarda, mas, pela própria segurança, ela segurou esse comentário.

    — De qualquer forma, Yelena, você está soando exatamente como aquelas nobres mimadas que choram porque o pretendente acabou dando mais atenção para outra dama no baile, acorda.

    Yelena era uma mulher reservada, por mais que muitos desejassem saber mais da sua vida, ela era bem reclusa. Porém, Gwendolyn sabia um pouco mais que o restante das pessoas, inclusive do caso que ela tinha com o rei.

    Ela soube contra a vontade dela, o que deixava a barda frustrada e dividida entre querer ajudar uma amiga e morrer de ciúmes.

    Essa situação até que a alegrava um pouco e parecia tirar o peso que o coração amargurado da barda precisava carregar, mas ela não desejava transparecer isso para sua amiga.

    — Gwen, você não entenderia.

    A sentinela ergueu a mão, chamando novamente o taverneiro e pedindo hidromel para ele. Esquivando das tentativas da barda de não pegar a larga caneca, a loira conseguiu seu objetivo e começou a beber com voracidade.

    A mulher com o alaúde forçou uma tosse, para coçar a garganta e levantou-se, ficando ao lado da sua amiga.

    — Eu entendo, sim, só estou cansada de ver você se lamentando disso ao invés de fazer algo que possa ser útil, sabe?

    — O que quer dizer com isso? — indagou Yelena.

    — Ayel está vivo, não está? Você quer tempo com ele, não é? Então, vá e exija o espaço que você acredita que seja seu por direito, agora. Ficar aqui se lamentando e bebendo é inútil, a única coisa que vai conseguir vai ser uma enorme dor de cabeça da ressaca e a mesma frustração amanhã.

    A barda deixara um pouco da sua emoção escapar, também, ela não conseguia acumular ressentimento por tanto tempo. Para ela, Yelena estava sendo burra.

    — Por que você ficou estressada assim, do nada?

    A sentinela ergueu-se do banco, olhando para a musicista que ainda estava ereta a encarando. E a barda respondeu à altura, encarando seus olhos.

    — Por que você só quer ir atrás do Ayel quando estou literalmente aqui do seu lado sempre que você precisa?

    Era esse o ponto, talvez tivesse sido um erro da Gwen ter desejado ficar próxima da Yelena mesmo que somente pela amizade, talvez o peito da mulher dos cabelos rosas não estivesse pronto para vê-la apenas como uma amiga, ela enfim desabou.

    — Gwendolyn, eu me arrependi de ter te beijado, eu disse isso para você, foi o calor do momento!

    E o silêncio no Melusina ecoou com essa frase, com todos encarando as duas que pareciam que iriam entrar em um conflito físico. Nenhuma delas ligou necessariamente para que isso tivesse ocorrido, ambas estavam completamente entretidas em sua raiva.

    Então ocorreu que a barda cavou a cova e enterrou completamente sua amiga, com uma voz direta e ríspida:

    — O calor do momento ou da sua saia? E outra, quer saber o que deve estar acontecendo literalmente agora lá no castelo enquanto você está aqui!?


    Victoria e Ayel estavam com seus corpos entrelaçados e suados. O homem estava deitado enquanto observava a mestra dos venenos se soltar verdadeiramente no meio daquela cama, cavalgando o bárbaro com movimentos acelerados e gemidos finos de prazer.

    Alvorada ainda passava sua mão pelo corpo todo da jovem que, toda vez que quicava sobre o seu colo, gerava um som úmido tão agradável que fazia o rei deleitar-se dentro dela.

    Enquanto as respirações se tornavam cada vez mais ofegantes e o quarto cada vez mais quente, o rubor da Belomonte encarando o homem enquanto usava o peitoral dele de apoio para ambas as mãos era uma visão que atiçava todos os sentidos do tribal.

    Ela sentia vontade de gritar, diversas vezes pediu permissão para tal, Ayel sorria, observando que a sua súdita também era uma moça obediente enquanto ele a fodia.

    — Majestade!

    A garota enchia a boca para falar, o balançar do seu corpo fazia seus seios subirem e descerem em um meio-círculo interrompido pela força do impacto dos corpos.

    O tribal segurava seu pescoço, apertava enquanto gemia baixo por conta do esforço que estava fazendo, enquanto a mulher gradativamente sufocava e gemia, fazia alguns espasmos que apertavam o bárbaro, que urrava com a sensação tão prazerosa e quente.

    Ambos desejavam isso há muito tempo.

    E quanto mais alto estava o som dos corpos se chocando, mais rápido Ayel estocava a mestre dos venenos.

    Assim que parou de sufocar a mulher, as mãos do rei desciam sob seu pálido corpo, cada aperto vindo das mãos do homem deixava uma marca iminente na dama que soltava pequenos gritos como se estivesse sofrendo.

    Precisamente.

    Cada uma das mãos do Alvorada segurava os glúteos de Victoria, que estava com o rosto tão vermelho e quente que parecia estar com febre.

    Ele a abriu, distanciando suas mãos e estocando com mais força. Indo o mais fundo que conseguiria.

    Como se estivesse com a mesma ira quando guerreou dias atrás, o ruivo não diminuía a velocidade e não tomava tempo para respirar. O suor lhe descia da testa e do torso, sua boca aberta por onde respirava.

    Incessantemente, dentro da filha de um nobre.

    Até jorrar sob ela, sentindo como se cada gota tivesse sido absorvida pelo corpo da garota, misturado ao sangue da sua defloração.

    — Meu senhor…

    Ela tombou sobre o corpo do rei, ofegante e sorrindo. Ayel havia gritado devido ao esforço que acabou sendo expelir tudo que havia guardado por tanto tempo.

    Caídos, ofegantes.

    Estavam agitados demais para apenas dormirem, como também ainda havia o sol para clarear todo o recinto.

    Ali ficaram, trocando carícias.

    Enquanto a orelha esquerda do rei esquentava e avermelhava.


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