Capítulo 0043: Uma escolha inesperada
Siegfried descansou as costas em uma pilastra de madeira e assistiu de longe enquanto Brynna era posta de joelhos em frente ao trono, com dois guardas às suas costas e meia centena de vozes soltando insultos a seu respeito.
— Que cena familiar — brincou.
— Cê tá rindo? — perguntou Gwen, parando ao seu lado.
— Que foi? Não posso?
— Hum. Sei lá. Só achei estranho. A cara emburrada combina mais contigo.
— …
— Cê tá bem tranquilo pra alguém que tá prestes a ver a namorada ser executada por traição.
— Ela não é–
— Tá, tá, tá. Celibato, honra e blá-blá-blá. É, eu lembro. Mesmo assim, cê tá tranquilo demais… É um julgamento de fachada, né?
— …
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— Cê podia pelo menos negar. Bem, tanto faz. Mas agora tô meio curiosa, qual é o plano?
— Passar uma mensagem.
— Pra quem?
Ele sorriu.
O conde ergueu a mão e esperou o falatório morrer aos poucos, antes de começar:
— Brynna!
— Vossa graça.
— Você é acusada de vazar informações para os rebeldes e conspirar contra a família Gaelor. Você nega sua traição?
— Não, vossa graça. Não nego.
Os murmúrios recomeçaram. Zumbidos irritantes de pessoas cheias de ódio, sempre prontas para ofender e desmerecer.
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O conde os ignorou.
— Você serviu lealmente minha família por anos. Cresceu ao lado de minha filha. Era a sua amiga mais próxima. Me nego a acreditar que tenha sido tudo mentira. Por que fez isso?
— Vossa graça, sou grata ao senhor por ter me acolhido. Sei que é muita pretensão de minha parte, mas sempre o vi como um pai. E a lady Emelia… Não há palavras pra descrever o quão arrependida estou por não ter lhe dito antes. Eu jamais faria algo para machucá-los.
Ela encenou algumas lágrimas falsas, não que a multidão tivesse simpatizado com ela por causa disso. Pelo contrário, os insultos apenas se intensificaram.
Então secou o rosto e prosseguiu:
— Não há desculpa para minhas ações, mas não foi algo que fiz por vontade própria. Vossa graça, outra pessoa conspirou para derrubá-lo!
Por um momento, o salão inteiro se calou, antes de explodir em agitação.
Então todos começaram a falar ao mesmo tempo; os mais estúpidos perguntavam uns aos outros a quem ela se referia, como se alguém ali tivesse a resposta, enquanto os menos burros pediam silêncio para ouvir o que Brynna tinha a dizer — e é claro que isso só uniu mais vozes à multidão e transformou o falatório em uma tempestade fora de controle.
— Silêncio! — gritou o conde, e o salão obedeceu. Então se virou para a garota: — Continue.
— Obrigada, vossa graça. Como estava dizendo, fui forçada a entregar informações aos rebeldes. Essa pessoa ameaçou a mim e a minha família. Jurou que cortaria a garganta da lady Emelia na calada da noite e poria a culpa em mim se eu contasse a alguém. Agora vejo que foi um erro. Devia ter corrido até o senhor e dito tudo o que sabia, mas temi que não acreditasse. Temi que as ameaças dele fossem reais. Mas não posso mais temer.
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— Quem deu a ordem?
— O barão Frost, vossa graça.
Siegfried já estava olhando para o barão quando Brynna disse seu nome, por isso viu o momento exato em que sua expressão mudou. De calma à surpresa, e então raiva.
— Sua puta mentirosa! — gritou o velho.
A multidão formou um círculo ao seu redor, se afastando dele como se fosse um leproso. Isso só o deixou mais furioso, então avançou:
— Retire o que disse!
— Guardas! — disse o conde, e dois soldados derrubaram o barão Frost no chão.
— O que estão fazendo!? Me soltem!
— Kastor!
— Vossa graça… O que significa isso? Diga pra me soltarem!
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— Você é acusado de traição.
— O-o quê…? N-não pode estar falando sério…
— O que tem a dizer em sua defesa?
— É claro que é mentira! Essa vadia mentirosa…
“Ele entendeu”, notou Siegfried. Não que fizesse qualquer diferença. Como se ganha um julgamento, quando o juiz está contra você?
— O que foi? — perguntou o conde; seu rosto era tão frio como o de uma estátua, mas podia-se ver o brilho em seus olhos. Estava feliz. — Não tem nada a dizer em sua defesa?
— P-provas… — sussurrou o barão, cerrando os dentes com tanta força, que pareciam ao ponto de quebrar. Então gritou: — Ela não tem provas, tem!?
— …
— Só a sua palavra. A palavra de uma traidora de baixo nascimento! Ela está mentindo! Só quer salvar a sua própria pele! Vai mesmo acreditar em uma serva, mas não no pai da sua esposa!?
Sem surpresa, o salão ficou ao lado do barão. É claro que ficaria. Até que a condessa se levantou:
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— Tem a palavra de mais uma pessoa, pai.
— C-Cassie…?
Ela deu uma olhada para o seu marido, respirou fundo e então prosseguiu:
— Não irei mais protegê-lo! O senhor tem feito de tudo para me pôr contra meu marido desde que chegou aqui. Fechei os olhos para a semente de sua traição por tempo demais. Não quis acreditar que o homem que me criou pudesse ser tão vil e invejoso ao ponto de desejar a fortuna do marido de sua própria filha.
— O-o que está dizendo…?
— Vossa graça, sinto muito — ela disse, se virando para o conde. — Devia ter lhe contado antes. Rezei para que estivesse enganada, e isso pôs em risco a nossa família.
— Não é culpa sua, querida — respondeu o conde. — A traição do sangue é sempre a mais difícil de ver.
A condessa congelou por um momento, então se virou para o seu pai e continuou:
— Eu, Cassandra Gaelor, testemunho contra meu… Não. Contra o barão Frost! Ele conspirou com os rebeldes para assassinar meu marido e tomar o condado! Sua ganância e luxúria foram tão longe, que este homem, o homem que me criou, tentou vender sua própria neta para os rebeldes em busca de apoio!
Ninguém se atreveu a abrir a boca. Ou talvez tenham apenas se esquecido de como falar. Mesmo o barão Frost estava sem palavras:
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— E-eu sou seu pai! Como pode–?
— Mesmo que seja meu pai, meu lugar é ao lado do meu marido. Eu sou uma Gaelor! E o senhor ameaçou minha família… Um traidor é um traidor, mesmo que seja do meu próprio sangue!
— N-não… E-eu…
O rosto do barão ficou tão pálido que era como se já estivesse morto, e aos poucos o salão tomou o partido da condessa. Estava condenado e sabia disso.
— N-não! — gritou o velho. — É-é mentira! Ela está mentindo! Não veem!? Estão tentando me incriminar! Eu sou a última oposição que resta! Primeiro o Kellen e agora eu! Seu governo está desmoronando, não conseguem ver!?
Quando ninguém o apoiou, ele mudou sua estratégia:
— Tsc. É tudo culpa dele!
O barão apontou para Siegfried e, aos poucos, o salão inteiro passou a observá-lo com interesse e apreensão, enquanto o velho continuava:
— Tudo começou a dar errado depois que ele apareceu! Não acham isso estranho? Um mercenário rebelde aparece e, do nada, todos que eram próximos ao conde começam a morrer, enquanto ele ganha poder!? É claro que está envenenando a mente do conde. Ele é o culpado!
— N-não! Não é! — Dara avançou em direção ao trono, se afastando da multidão curiosa a passos lentos e hesitantes. Então parou ao lado do trono da condessa e se virou para o barão Frost, com a mão tocando o peito e os lábios trêmulos. — É o senhor que está mentindo!
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Quando o salão esqueceu de Siegfried e passou a prestar atenção nela, Gwen sussurrou:
— Hum. Não sabia que a Dara tava metida nessa também.
— Ela não tá! — respondeu o rapaz.
— Eu o vi ameaçar Brynna! — prosseguiu Dara. — O senhor jurou que mataria a Eme, e forçou ela a falar com os rebeldes. Não sabia o que pensar na época. Acho que, assim como minha tia, também esperava estar enganada. Mas se o senhor realmente tentou vender minha irmã, não posso mais me esconder…
Ela engoliu em seco e então gritou:
— Kastor Frost é um traidor sujo!
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