Capítulo 2 - Desejos
A manhã refrescante pouco a pouco se perde.
Dando margem para um calor que cresce, o céu bem limpo tem o sol como resplendor.
Os pequenos animais, por sua vez, vão de um lado para o outro em busca da sombra das árvores.
Mesmo que a temperatura não estivesse tão alta, ainda assim as brisas se tornavam mais agradáveis à partir da tarde.
Ao término do almoço com Yurga, Raisel lava os pratos e os deixa em cima do balcão para devolver outro dia.
一 Vovô, vou ir brincar com os trigêmeos. Parece que eles bolaram uma estratégia pra me vencer dessa vez.
一 Acho bom você tomar cuidado… Do jeito que eles são, eu não ficaria surpreso caso eles te derrubem. Não dá pra subestimar a criatividade das crianças…
一 Qual é… Tu não tinha que ter mais fé em mim como seu discípulo?
O velho arqueiro ao ouvir aquilo apenas gargalha.
Emburrado, o jovem termina de vestir os calçados e vem a se retirar.
“Até parece que eu vou perder pra três crianças três anos mais novas…”
Descendo morro abaixo enquanto corria, Raisel se aproxima dos arredores do vilarejo onde costuma batalhar contra os três irmãos.
一 Olha, o irmãozão Ray tá vindo!
一 É m-mesmo!
一 Heróis, formação de batalha ‘Vitória’!
Com o alarme do menino com a espada de madeira, Kali, e a confirmação da irmã, Lila, o mais inteligente entre os três irmãos, Lavi, ordena a preparação para o combate!
O aprendiz arqueiro avista os trigêmeos e se surpreende com o posicionamento deles.
Lavi tomava o espaço central em uma preparação de luta com os punhos. À frente, estava Kali empunhando a lâmina de madeira. Atrás dos dois garotos, Lila tinha a sua flauta pronta para tocar.
“Então eles não querem começar atacando… Espertos.”
一 Não importa o quanto tentem, jamais conseguirão me derrotar, heróis! MUHAHAHA!
Raisel, como sempre, interpreta o papel do vilão cruel.
Conforme fala, o rapaz retira a faixa amarela que usava no pulso e coloca em volta da cabeça como uma bandana.
一 Acho bom não duvidar de mim, Vilão! Minha espada vai te partir em dois!
Grita Kali, o Herói da Espada e o mais impulsivo entre os irmãos.
Ao fim da fala, o menino corre para a direção de Raisel a dez metros enquanto se prepara para golpear.
Com o uso do Gewissen, Kali envolve os pés com a energia azulada e se aproxima rapidamente.
Entretanto, sendo mais experiente que os heróis, o vilão estende a perna em um chute ou empurrão contra os braços do espadachim antes do golpe ser executado.
一 Tolo!
Exclama Raisel que sorria. Todavia, esse semblante se desfaz quando nota algo rasgando o ar em grande velocidade!
Em uma acrobacia para trás enquanto põe as mãos ao chão, um projétil de vento quase atinge a cabeça do grande antagonista que rapidamente se afasta.
Parando para visualizar, foi Lavi que disparou aquele golpe contra o rosto do rapaz.
“Ele usou o próprio irmão como isca… Que safado!”
一 Tsc! Agora, Lila!
Grita Lavi, o Herói Estrategista.
A irmã com a flauta vem a assoprá-la melodicamente. Usufruindo da energia, as vibrações se moldam como quatro chicotes semelhantes a roseiras que se movimentam. Duas delas são usadas para atingir Raisel!
Impondo o próprio Gewissen, o vilão combate as vinhas usando os próprios braços. Com algumas colisões, aqueles dois chicotes se quebram, mas isso abre espaço para Kali voltar a se aproximar.
O espadachim, desta vez, brande a lâmina verticalmente ao impor a sua vontade no equipamento. Um corte rápido como um raio visa atingir a cabeça do vilão de cima para baixo!
一 AAAAH! Corte Trovão!
O vilão se esquiva lateralmente enquanto a técnica do menino rasga o ar e segue para frente como uma pequena rajada.
Prestes a contra atacar o Herói da Espada com um soco na cara, novamente um projétil de ar avança contra o rosto de Raisel que, dessa vez, está atento.
Usando o outro palmo livre para bloquear a bala de Lavi, o antagonista ataca Kali com o punho no rosto.
Entretanto, com o pequeno intervalo para o antagonista bloquear, o menino consegue se jogar para longe e sair do rumo do soco do vilão.
一 Não adianta, Herói da Espada!
O grito de Raisel indicava uma perseguição. Na tentativa, nota os pés presos por algo.
Arregalando os olhos, o rapaz vê as duas roseiras restantes amarradas nos tornozelos.
“Ela fez os chicotes virem por de baixo da terra pra eu não perceber? Agora lascou…”
一 Bomba de Ar!
Ao exclamar o golpe, o Herói Estrategista direciona uma grande quantidade de Gewissen em formato de bolha para direção de Raisel, mas a velocidade se parece mais com uma flecha!
Surpreendido e sem ter como desviar, ele toma a explosão em cheio.
O vácuo balança o gramado e um nevoeiro obstrui a visão dos heróis.
一 Con-conseguimos?
A irmã retira a boca da flauta.
Com os braços cruzados à frente, é possível ver a silhueta de Raisel ainda de pé. Contudo, empurrado para trás fortemente por uns cinco metros.
As vestes do vilão? Brevemente esfarrapadas e o corpo dele com alguns arranhões.
一 Urgh… Heróis malditos…
Os joelhos de Raisel parecem ceder e ele se apoia no chão com uma das mãos.
一 Eu vou dar o último golpe!
Urra Kali que volta a se aproximar em uma corrida.
一 Não, Kali! Espera!
Ordena Lavi, o Estrategista.
O canto do lábio do vilão se curva perante a névoa rasa.
一 Corte Trov- Bleerggh!
Assim que o espadachim está prestes a acertar a técnica de espada, o menino é atingido por um golpe no abdômen e arremessado para trás.
一 KALI!
Exclama tanto Lavi quanto Lila.
Raisel parte como um vulto para a direção do Líder dos Heróis.
Em reflexo, a criança arma uma postura de defesa, mas isso faz ele perder o vilão de vista…
一 Ai!
Logo atrás, a voz de Lila se alastra. O antagonista nocauteou ela com um peteleco na testa…
A menina põe as mãos na cabeça e faz uma cara de choro enquanto se contorce deitada no chão.
一 E agora, Herói Estrategista, Lavi? Seus companheiros foram derrotados… Você se rende ou irá lutar até a morte?
Nesse momento, na perspectiva do mais alto entre os trigêmeos, Raisel exala uma presença assustadora.
O rapaz é banhado por um aspecto dourado ao redor devido a energia usada para se defender da explosão, mas também se fortalece com isso.
O rastro dos olhos dele enquanto se vira para encarar o último garoto, esboça bem a pressão que emitia.
一 N-Não vou desistir!
Responde a criança apreensiva.
A vista de Lavi escurece e os olhos se abrem com o céu azul ao fundo.
一 A gente não conseguiu, Lavi! Mas a gente chegou perto!
Fala Kali que aparece sobre a visão do irmão ganhando forma pouco a pouco, tampando o céu e o sol.
一 O irmãozão Ray foi embora?
Pergunta o outro abatido com uma voz trêmula. O garoto está com o nariz sangrando e outros vergões no rosto…
一 Não, ele tá ali com a Lila.
O Herói Espadachim vira o rosto e se afasta.
Lavi se senta ao chão para observar o rapaz.
Raisel têm em mãos um pouco de gelo envolvido por tecido e pressiona contra a testa de Lila com um enorme galo.
一 Foi mal, Lila… Me empolguei um pouco…
Com um breve sorriso no rosto, o olhar do aprendiz arqueiro esboça certa preocupação e orgulho.
一 Sniff… Sniff… Tá tudo bem… Vo-você não se machucou?
一 Não. Foi um golpe bem forte, mas eu consegui me proteger no último segundo.
Complementa Raisel que se levanta, deixando o pano com gelo para ela pressionar.
一 Vocês mandaram bem. Principalmente você, Lavi.
O rapaz caminha até os dois irmãos.
一 Ainda falta muito pra gente conseguir vencer você, irmãozão Ray… Se eu tivesse feito um outro plano caso desse errado…
Se lamenta Lavi cabisbaixo.
一 Que nada… O vovô diz que nem sempre adianta se planejar pra tudo. Muitas vezes em luta, tem que considerar que o oponente também tem um plano.
Raisel se agacha e coloca a mão sobre a cabeça de Lavi.
一 Com um cabeção igual o Kali no time, é difícil manter tudo sobre controle…~
Ele finaliza provocando o Herói Espadachim com o olhar estreito e um sorriso torto.
一 CABEÇÃO?! O QUE EU FIZ DE ERRADO?!
一 Vamos ver… Caiu na provocação e avançou sozinho sem seguir a estratégia inicial do Lavi, depois não tomou cuidado e caiu na minha armadilha, foi o primeiro a ser derrubado e deixou seus irmãos sem defesa…
A cada fala de Raisel, Kali parece ser afundado em flechas de culpa.
一 T-Tá bom… Eu entendi… Vou obedecer o Lavi na próxima…
一 Mas você foi corajoso. Esse é seu principal ponto forte. Só que tem que ter na cabeça que, caso você seja derrotado, ninguém vai conseguir proteger a Lila ou o Lavi. Você tem que sempre ficar de pé.
A mão de Raisel passa para o cabeção ao tentar confortá-lo.
Com aquelas palavras, os olhos de Kali brilhavam como esmeraldas.
Admirado, ele fecha os punhos e se determina para conseguir vencer o irmãozão na próxima vez.
一 Pode deixar! Nem se uma estrela cair em cima de mim, eu vou ficar de pé pra proteger a Lila e o Lavi!
O rapaz ri com isso e vem a se levantar.
一 Eu vou voltar pra casa agora. É minha vez de treinar com o velhote e apanhar~
一 Certo… Se cuida, irmãozão. A gente se vê mais tarde!
Lavi se levanta com alguma dificuldade e limpa o sangue que escorria pelo nariz.
一 Vocês também. Até depois!
Finaliza Raisel que se dirigia até a casa.
Já mais afastado, o aprendiz arqueiro tosse um pouco de sangue.
“Que merda… Aqueles porrinhas quase ganharam de mim mesmo… Mais um pouco e eu teria desmaiado…”
Pensa enquanto range os dentes em frustração.
“Vou deitar pra dormir um pouco… Preciso me recuperar desse dano… Parece uma pontada por toda minha barriga a cada vez que eu respiro…”
O rapaz se aproxima da sombra de uma árvore já tendo à vista a sua casa.
Ao deitar lá, levou os braços como travesseiros para trás da cabeça e cochilou enquanto meditava.
Uma forte luz aparece nos sonhos do rapaz e, nesse instante, ela desce cortando os céus em uma baita velocidade.
一 Ray! Ray! Raisel! Raaaaisel!
A voz de Yurga ao fundo desperta o garoto ao mesmo tempo que a luz desaparece.
一 O sol já tá se pondo. Você precisa se arrumar pro festival… Ou vai ir parecendo um espantalho?
一 Já vou, já vou…
“O que foi isso?”
Raisel se ergue com uma das mãos ao rosto e parte logo atrás do mestre.
Após algumas horas, tanto Raisel quanto Yurga saem de casa e se deparam com a vista longínqua da vila repleta de lanternas esbranquiçadas naquela noite.
一 Mesmo esse festival acontecendo a cada dois anos, é difícil não se impressionar.
Disse Raisel com o cabelo escuro preso em um rabo de cavalo curto semelhante ao de Yurga.
Com trajes mais sofisticados, veste uma calça preta, sapatos sociais, cinto e uma manga longa cinza por baixo de uma camiseta preta. Sem gravata.
Yurga, por outro lado, tinha um rabo de cavalo mais longo grisalho e havia aparado a grande barba para deixá-la menor.
As vestimentas do velho arqueiro são mais adultas. A camiseta é de manga longa e branca, mas coberta por um sobretudo negro. Dividindo o peitoral, uma gravata cinza. Cinto preto, calça também preta e sapatos escuros.
Ambos então caminham pela trilha de pedra abaixo até o centro do vilarejo.
O mais jovem? Sorridente e com as mãos nos bolsos. Por outro lado, Yurga se encontra claramente incomodado com essas roupas mais extravagantes.
Ao chegarem, o clima era ótimo.
As barracas cortando a estreita rua com o cheiro de carne. Os comerciantes de outros vilarejos conversam por aí.
Tejin se diverte bebendo um pouco de vinho junto com outros dois homens.
Os trigêmeos, por sua vez, estão sentados junto com seus pais debaixo de uma árvore enquanto comiam espetinho.
一 Raisel! Senhor Yurga!
Uma voz familiar ganha destaque.
À frente, aparece Kimich, o Alquimista com um caneca de cerveja com toda a sua simpatia.
O loiro de cabelo curto anda bem vestido com um sobretudo esbranquiçado.
一 Boa noite, Kimich! Tá tudo bem?
Responde Raisel com um sorriso.
一 Tudo ótimo! Parece que esse ano o Senhor Yurga não escapou dos olhos da Carmen de novo~
Eles finalizam com uma risada ao ver a feição descontente do velho.
一 Grr…
Yurga desliza os olhos e cruza os braços; claramente desconfortável.
一 Vou ir beber alguma coisa!
Exclama enquanto caminha até uma das barracas.
Ver alguém como o mestre incomodado é uma visão rara. Realmente valia a pena esperar dois anos para isso.
一 O Tejin me contou que você comeu uma das tifra. São boas, né?
Questiona Kimich que volta a beber um pouco da cerveja na caneca.
一 Pois é! Nunca tinha comido uma fruta tão boa. Mas aí, eu fiquei curioso com uma coisa.
一 O que?
一 Como que você fez pra deixar ela boa? Ela não era uma fruta mortal?
O barulho da festividade dificulta a comunicação, mas ali de pertinho, é possível ouvir um ao outro.
一 Ah! Elas tavam contaminada com a energia da Hastalik.
一 A Calamidade da Doença?
一 É! O que eu fiz foi tirar essa energia da semente, plantar sem essa corrupção e acelerar o crescimento dela.
一 Cacete! Não sabia que Alquimia conseguia fazer isso!
Kimich gargalha e, em seguida, responde:
一 Alquimia é o estudo da energia com as coisas, né! Não foi fácil aprender, mas eu amo essas reações!
Após a fala, o alquimista observa de fundo uma pessoa se aproximando por trás de Raisel.
一 Bom, depois a gente conversa mais! Vou ir paparicar algumas visitantes!
Com um toque no ombro do garoto, Kimich dá meia volta e some após alguns passos no meio da galera.
Enquanto encarava a ida do amigo, a vista de Raisel é tampada por alguém.
一 Adivinha quem é?~
A voz no pé do ouvido arrepia a nuca do rapaz que comprimiu os ombros.
一 R-Raquel!
O garoto põe as mãos sobre as dela e se vira.
一 Acertou!~
Ao vê-la, os olhos de Raisel se arregalaram em um brilho circundante.
O cabelo ruivo trançado, os olhos azulados, o vestido vermelho com uma abertura na lateral da perna. A maquiagem. O batom. O brinco. O colar… Ela está simplesmente muito bonita.
Raisel trava com a boca aberta sem conseguir dizer nada.
A garota sorri e leva o palmo até o queixo dele.
一 Tô… tão bonita assim?
Disse enquanto se inclina para frente um pouquinho com um sorriso.
O garoto se recompôs virando o rosto e coçando a garganta.
一 Hm! Hm!
Ele segura as mãos dela com mais firmeza e desliza os polegares delicadamente por cima daqueles palmos.
O olhar de Raisel encara os olhos da garota.
一 Você tá linda, Raquel.
O sorriso do garoto envergonhado simplesmente acelera o coração da menina que também fica um pouco constrangida.
一 I-Idiota…
一 Haha! Cara de tomate~
一 Para de me chamar assim!
Esbraveja com uma cotovelada na costela dele.
一 Vamos?
Com um aceno singelo, ele concorda.
Agarrando o braço do namorado, Raquel e Raisel partem pelo festival juntos.
Os momentos daquele dia parecem um sonho. Sorrisos, risos. Todos tão felizes que quase poderiam tocar essa emoção.
Kimich flertando com algumas senhoras, mas tomando fora como sempre.
Os trigêmeos competiam entre si.
A senhorita Carmen, ao fundo, parece estar dando bronca no vovô Yurga.
Tejin está provavelmente falando de negócios. E o garoto e Raquel, mais afastados do resto do pessoal.
Sentados observando o céu, a garota escora a cabeça no ombro de Raisel.
一 Eu estou com medo de você conseguir o seu Glanz hoje, Ray…
一 Hm? Por que?
一 Você vai viajar por todo lugar… Eu não quero que você me deixe aqui. Se eu fosse mais forte, eu poderia ir com você…
Preocupada, a voz da menina é melancólica ao pensar que pode se separar dele e nunca mais vê-lo.
O garoto a reconforta beijando a testa da mesma.
一 Não precisa se preocupar… Eu sempre vou voltar pra ver você.
一 Promete?
一 Prometo.
Com os corações palpitantes conforme conversam, os rostos um do outro se aproximam. Encarando os lábios dele, e ele os dela, diz com afeto:
一 Raquel, eu te amo.
一 Eu também te amo, Ray…
A silhueta dos dois se conectam sob o céu estrelado.
Após o selar de lábios, ambos se afastam lentamente e o som dos tambores dá-se início.
一 Parece que vai começar… Temos que ir.
Se levantando primeiro, Raquel estende a mão para ele. Porém, o garoto ainda estava atordoado pelo o que tinha acabado de acontecer.
Ela sente o mesmo. Também podia desabar nocauteada à qualquer momento.
Acenando com a cabeça, ele agarra a ajuda para se levantar e anda com ela para o centro do festival de mãos dadas.
Ao chegar, quase todos já haviam se reunido para o rito de adoração e a finalização da festança.
一 Raisel, Raquel…
Yurga encara eles. Por algum motivo, tanto a garota quanto a garoto evitam olhar um pro outro.
Carmen que permanecia ao lado, simplesmente “aparece” sobre os ombros de Yurga com o típico sorriso malicioso junto da risadinha brevemente tampada por uma das mãos.
Raquel solta o palmo de Raisel com cuidado e vai até o lado da mãe ainda de cabeça baixa; com as orelhas queimando. Já Raisel ficou ao lado do avô.
Os sons dos tambores começam a diminuir e, com isso, cada pessoa ali presente sabe o que isso significa.
Aqueles que já possuíam um Glanz se ajoelharam. Yurga, Raquel, Carmen, Kimich e Tejin faziam parte dessas pessoas. Na verdade, a maior parte do público.
Por outro lado, os trigêmeos, Raisel e outra parcela seleta permaneciam em pé.
Todos os já abençoados unem as próprias mãos e iniciam um exalar da sua própria energia, o Gewissen, para os arredores.
O Festival de Adoração tinha como intuito o estímulo do Glanz, rejuvenescer as suas bênçãos e aproximar os Não Constelados das suas respectivas Constelações destinadas.
Esse é um costume seguido por todo o povo de Wynward, exceto os Pagãos. Apesar de cada reino, vilarejo ou sociedade comemorarem em dias distintos, o ponto em comum é ser feito de dois em dois anos.
Na perspectiva do céu, cada energia das pessoas ali se assemelham às estrelas próprias.
Após alguns segundos, um rasgo de luz triplo desce manchando o cosmos em direção aos trigêmeos.
Kali é iluminado com a constelação de Hércules, Lila é revelada com a constelação de Lyra e Lavi é abençoado com a constelação de Perseus.
Outras pessoas também ficam à mercê da chuva de estrelas. A sensação divina preenchia o ambiente e o coração dos Constelados.
Mas entre todas essas pessoas, ainda havia algumas que não sentiram o toque celestial.
Em pé e sem brilho, ainda está Raisel. Junto dele, os bebês recém-nascidos nos colos de seus pais…
Os já abençoados se levantam um após o outro. Em choque, Raisel ainda encara o alto na esperança da sua estrela brilhar.
一 Ray…
O olhar de Yurga recai sobre o garoto visivelmente abalado. Paralisado encarando o céu.
一 Olha, tá vindo mais uma!
一 Caramba! Essa estrela é tão grande!
As vozes ao redor ganham destaque e o velho arqueiro também levanta os olhos para visualizar o fenômeno.
Entretanto, o homem nota algo estranho.
O semblante de Yurga se altera para o próprio desespero. Em um respirar profundo e um balançar de braço, o homem se exalta!
一 CORRAM! SE PROTEJAM! ISSO NÃO É UMA BENÇÃO!
Os comerciantes que já sabiam o que era aquilo, como Tejin, rapidamente notam junto do senhor.
一 FUJAM! RÁPIDO!
O tumulto começa enquanto Raisel demonstra-se paralisado.
一 RAQUEL! CARMEN!
Yurga olha para elas que rapidamente começam a correr, mas Raquel é puxada contra a sua vontade por Carmen, ainda com os olhos fixos no seu amado.
一 RAY!
As vozes de Raquel e do velho se sobrepõem nos ouvidos de Raisel que volta à realidade. O menino é puxado pelo avô e o baque finalmente acontece…
Um apagão após um brilho ofuscante. Uma cratera e o caos engoliam o que antes era um vilarejo em um festival.
Abrindo os olhos enquanto tosse, Raisel sente o corpo inteiro doer. Com uma dificuldade de levantar, ele observa um pilar azul tão luminoso que parece uma própria estrela há poucos passos.
Ajoelhado diante ao fenômeno, esse momento marca o início de tudo.
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