A história se repetia. Mais uma vez, Zac via tudo congelado e sabia exatamente o que estava prestes a acontecer. Mas algo estava diferente. Um frio cortante percorria seu peito, espalhando-se por seu corpo como se todos os líquidos em suas veias estivessem se movendo de forma descontrolada.

    Ao fundo, o som de passos ecoava suavemente, aproximando-se a cada instante. O caminhar era lento, deliberado. Alguém que claramente não tinha pressa — alguém que sabia que tinha todo o tempo do mundo.

    Zac se remexia na cadeira, tentando se acomodar, mas o desconforto em seu peito o incomodava mais do que deveria.

    Seus olhos pousaram no rosto de Flora. Uma única lágrima escorria por sua face, congelada no ar. A cena era estranhamente sórdida. Como aquela mulher poderia se emocionar com algo? Ele não conseguia compreender. E, para piorar, a gota de lágrima, suspensa no tempo, conferia ao momento um tom quase cômico.

    De repente, o fluxo sanguíneo de Zac acelerou. Suas veias dilataram, seu coração martelou contra o peito. A noradrenalina disparou dentro dele, e o ar foi puxado com violência para os pulmões. Sua respiração tentava compensar o desespero, mas a sensação de falta de ar era inevitável.

    A visão começou a turvar.

    Suas mãos tremiam. Ele não entendia o motivo — até que olhou para Dionísio.

    O amigo estava em prantos. Seu semblante transbordava de desespero. Medo e culpa brilhavam em seus olhos, cravando-se como navalhas na mente de Zac.

    Ele se assustou. Como não havia notado antes? Estivera tão compenetrado na conversa com Flora que não percebera o estado de Dionísio. Agora, observando-o melhor, notou algo ainda mais alarmante: as unhas do amigo haviam perfurado a própria pele.

    Dionísio apertava as mãos com tanta força que gotas de sangue escorriam de seus dedos e pingavam no chão.

    Zac não entendia. Por que Dionísio estava daquele jeito?

    Seu coração bateu ainda mais forte. Tão forte que parecia querer escapar de seu peito.

    E então, a porta da secretaria se abriu.

    Zac não compreendia por que seu amigo estava daquele jeito. Seu coração martelava contra o peito, cada batida ressoando como um tambor descontrolado. O ar parecia faltar, e um frio desconhecido espalhava-se por seu corpo, deixando-o tenso e inquieto.

    Foi então que ouviu o ranger suave da porta da secretaria se abrindo.

    Um jovem rapaz, vestido inteiramente de branco, atravessou o limiar da sala. Suas vestes eram impecáveis, e seu olhar, sereno, contrastava com a atmosfera carregada que dominava o ambiente.

    — Olá, Zac. Mais uma vez nos encontra… — A frase morreu em sua garganta. Seus olhos percorreram a sala, e sua expressão se transformou em pura surpresa diante do que via.

    — P-p-professor… — balbuciou Zac, reconhecendo imediatamente a face de Kyron.

    Por um breve instante, o semblante do professor mudou. Algo dentro dele se remexeu — uma sensação antiga, esquecida no tempo. Sua mente foi arrastada para um dia distante, uma memória que retornava como um sussurro cruel.

    Ele se viu diante de uma mulher a quem amara profundamente. Seus olhos encontravam os dela, mas não havia mais reconhecimento ali. Apenas medo.

    “Saia daqui! O que está fazendo nesta casa?”

    A voz dela ecoava em sua mente.

    “Filho, vá para o seu quarto. Temos um estranho aqui. Se proteja.”

    Kyron piscou, voltando à realidade. O mesmo sentimento pairava naquela sala. Ternura. Amor. Uma conexão tão forte que nem o tempo fora capaz de apagar. E, junto a isso, uma dor atemporal — a angústia de uma alma que sofrera perdas irreparáveis, marcada pelo peso do sofrimento e da raiva.

    Ele inspirou fundo e se voltou para Zac.

    — Você está sentindo, não está? O seu corpo… agindo de forma estranha. Se o meu já está reagindo a isso, imagine o que acontece dentro de você. Por favor, não perca o controle.

    Zac tremia descontroladamente. Seus dentes batiam como se estivesse congelando.

    — P-professor… o que e-está acontecendo…?

    Kyron o observou com atenção antes de responder, sua voz carregando um tom de preocupação e urgência.

    — Meu poder é capaz de parar o tempo, Zac, mas não consigo deter uma alma. Enquanto estamos aqui, a alma do seu amigo clama por socorro. E esse lamento ecoa por todo este lugar.

    As lágrimas escorreram pelo rosto de Zac, quentes e incessantes. Ele não ouvia a voz de Dionísio, mas sentia — sentia como se cada soluço, cada suspiro desesperado do amigo lhe falasse diretamente à alma.

    Kyron suspirou.

    — Não imaginei que a situação chegaria a esse ponto. Mas preciso falar com você. No entanto, aqui não é um bom lugar. Venha comigo até o corredor.

    Zac tentou se mover, mas seu corpo não respondia. Tudo o que conseguiu fazer foi acenar levemente com a cabeça, assentindo.

    Kyron percebeu sua fraqueza. Aproximou-se sem hesitar e, com um movimento cuidadoso, passou um braço ao redor dos ombros do aluno, ajudando-o a se erguer. Seus passos foram leves, quase flutuantes, enquanto o levava para fora da sala.

    Dionísio, ainda imóvel, fitava a cena com olhos marejados.

    — Ele vai ficar bem, professor…? — Sua voz saiu trêmula, pouco mais que um sussurro.

    — Vai sim, tudo será resolvido no seu tempo, dou a minha palavra.

    — A culpa é minha, ele me avisou várias vezes sobre esse lugar. Eu deveria ter ouvido ele e ficado na minha.

    — Não se preocupe com isso — Kyron percebeu que Zac não parava de chorar, soltando coriza pelo nariz e por consequência sujou toda sua roupa.

    Ao chegar no corredor, Zac se assentou em um banco feito de cedro e coberto por uma leve camada de ouro branco.

    — Zac, imagino que esteja sendo difícil para você assimilar o que está acontecendo, em resumo antes de vocês chegarem, eu estava conversando com Flora.

    Kyron também se assentou no banco e usando sua alma gerou um círculo condensado que se comportava como água, a esfera foi se formando, gotículas  se reuniam ao redor dela, que permaneceu flutuando na mão direita do professor. 

    — O que você está fazendo? — questionou Zac.

    — Vou lhe mostrar a conversa que tive com a diretora.

    Com a mão esquerda ele tocou na esfera que parecia ser líquida e com os dedos começou a moldar, ele foi pinçando e esticando, formando uma espécie de retângulo. Logo em seguida pegou seu relógio de bolso e o aproximou do formato geométrico, o líquido começou a sugar partículas brancas do relógio até gerar uma espécie de tela flutuante.

    Zac se surpreendeu com o que acabou de ver, mas toda aquela situação estava o deixando muito para baixo.

    — Então, Zac, preste atenção neste diálogo que tivemos. Eu criei essa projeção para facilitar o entendimento do que está por vir. Me dê sua mão.

    Zac, com um olhar curioso, estendeu a mão. O professor, com um gesto cuidadoso, colocou uma pequena tela em sua palma. Para surpresa de Zac, a tela começou a flutuar suavemente, como se tivesse vida própria.

    — Zac, para iniciar, basta dar um toque suave nela.

    Seguindo as instruções do professor, Zac tocou a tela com a ponta dos dedos. No instante seguinte, o vídeo começou a se desenrolar, e a visão de Kyron se imergiu na cena, que o transportou para a diretoria, onde ele estava sentado, conversando com Flora.

    A voz de Flora ecoou de maneira clara, como se fosse uma lembrança vívida do passado.

    — Kyron, agora que o Potifha saiu, podemos conversar sobre o garoto. Sei que ele já teve alguns problemas antes mesmo de começar as atividades na escola.

    Kyron, com um olhar sério, respondeu, sua expressão fechada, como se soubesse que o que estava por vir não seria fácil de lidar.

    — Flora, você mais do que ninguém sabe como Uranos é cheio de preconceitos. Mesmo com sua metodologia, não podemos mudar como a Paideia está estruturada.

    A voz de Flora soou mais grave, carregada de uma preocupação que Zac jamais imaginara ouvir.

    — Eu sei, e por isso lhe trouxe aqui. O poder desse jovem é algo além do nosso entendimento. Sinceramente, não sei como agir, já que ele possui algo diferente de tudo que já vi.

    As palavras de Flora pairaram no ar, cheias de uma gravidade palpável, e Zac sentiu um arrepio percorrer sua espinha ao perceber o quanto ela temia o que estava acontecendo. Ele observou, atônito, a conversa de Kyron e Flora, absorvendo cada palavra que falavam sobre ele, um garoto comum, ou ao menos era o que imaginava ser.

    — Ele vê o mundo de forma diferente da gente. Esse é o poder daquele jovem. Eu vi de perto e posso garantir que ele não é uma pessoa ruim.

    — Acredito em você, Flora. Afinal, a sede de sangue que se espalhou na luta não veio dele. Porém, isso é algo que preciso investigar mais a fundo.

    — Entendo, mas posso confirmar o que te falei com minha própria vida. Você sabe bem que, se ele cair nas mãos erradas, o mundo como conhecemos pode deixar de existir.

    Flora fez uma pausa, seu olhar estava carregado de uma preocupação que não  conseguia disfarçar. Mas mesmo preocupada continuou o diálogo dizendo:

    — E sabendo disso,  é nítido que esse jovem não poderá ficar aqui por muito tempo. Em algum momento, essa bomba vai explodir e chegar até Apolo.

    Ao falar o nome de Apolo, Flora pareceu se encolher, seu corpo revelando um desconforto profundo, como se o simples fato de mencioná-lo fosse uma sentença.

    — Estava pensando em algo. Por que não o levamos até a cabana? Eu me responsabilizo pela vida do jovem. Tenho certeza de que você não terá dificuldades em encontrar alguém para me substituir.

    Flora hesitou, seus olhos buscando uma resposta, mas ela não podia negar o peso da proposta.

    — Mas por que a cabana? Depois do que aconteceu, ninguém mais vai até lá.

    — Exatamente por isso. Além de ser um lugar afastado, algo dentro de mim diz que Zac pode o ajudar de alguma forma. Se Zac conseguir enxergar o que está além do óbvio, o olhar das pessoas sobre ele vai mudar. Ele será reconhecido por Zeus.

    Flora permaneceu em silêncio, a tensão no ar se tornando palpável. O destino de Zac parecia selado, mas as consequências de suas escolhas ainda estavam por vir, e o futuro era uma tela em branco, esperando para ser pintado com os contornos de uma história que nem mesmo eles podiam prever.

    — Mas isso é muito arriscado, Kyron. A viagem até lá vai demorar alguns dias, além de ser extremamente difícil para vocês. Será que essa é realmente a melhor opção?

    Kyron a olhou com uma expressão serena, mas carregada de uma resolução que não podia ser ignorada.

    — Flora, quando entrei aqui, você me falou que um dia seríamos capazes de mudar nossa sociedade. E esse garoto… ele pode ser a chave para isso. Sabemos que, se ele continuar aqui, uma hora ou outra vão encontrá-lo.

    Flora suspirou, os olhos fixos no chão, como se o peso da decisão fosse esmagador.

    — Eu entendo, Kyron. Mas como vamos fazer isso? É um assunto que poucos sabem. Nem Dionísio deve saber dessa história, e olha que é da família dele. Vamos dizer a todos que Zac foi levado para a Cabana, lá no leste? Mesmo confiando em você, isso parece complicado demais.

    Kyron se aproximou de Flora, seus olhos transbordando de uma dor silenciosa.

    — Sabe, acho que vai ser doloroso para os dois, mas é melhor que tudo isso morra entre nós: você, eu e Zac. Ninguém mais pode saber disso. Para todos, Zac será levado para responder pelos seus crimes.

    Flora sentiu um aperto no coração. Ela conhecia bem o dilema que ambos estavam enfrentando, mas a verdade era cruel demais.

    — Kyron, isso é cruel… Eu vi o quanto Dionísio mudou depois de conhecer esse rapaz. Ele insistiu tanto para trazê-lo até aqui.

    Kyron balançou a cabeça lentamente, como se a dor fosse inevitável, mas necessária.

    — Mas você sabe melhor do que ninguém o que pode acontecer com Dionísio, caso ele descubra a verdade sobre o tio dele.

    Flora olhou para o céu, como se buscasse uma resposta entre as nuvens.

    — Sim… É verdade. Para muitos, o futuro de Dionísio seria o mesmo que o do tio. Ele foi rejeitado por isso, e eu não sei como ele se sentiria ao saber da verdade. Vai apertar meu coração fazer isso, mas acho que é o melhor. E, Kyron, eu confio em você. Se não der certo… por favor, sei que é doloroso para você, mas use aquilo.

    Kyron olhou para ela, um misto de dor e gratidão em seu olhar. Sabia o peso da decisão que estavam tomando, mas também sabia que, em momentos como esse, sacrifícios precisavam ser feitos.

    Flora, com a voz embargada, quase sussurrou:

    — A verdade… nem sempre é o que queremos ouvir, mas é o que precisamos saber.

    — Tudo bem. Coloco minha vida em jogo por causa desse rapaz.

    A gravação chega ao fim, e a esfera se estoura, como se fosse uma bola de sabão. Zac não esboça nenhuma reação.

    — Você entendeu?

    — Um pouco. Eu só não entendo o que vocês estão vendo em mim. Primeiro foi o Dionísio, e agora vocês. Eu sempre fui rejeitado, vivia como um selvagem. O que eu tenho de tão especial, que só faço as pessoas que amo sofrer?

    Kyron se aproxima de Zac e, com um gesto de cuidado, o abraça. O jovem, visivelmente desconfortável, hesita, mas acaba aceitando o abraço.

    — Seu poder não é sobre morte, Zac, e sim sobre a vida. O Dionísio precisa de você, mas você precisa ser forte. Confie em mim.

    — Eu te conheço há pouco tempo, mas você e o Dio foram as únicas pessoas que não tiveram nojo de mim. Então, me diga, o que preciso fazer?

    — O seguinte: por agora, a Flora separou algumas roupas e alimentação para a gente. Por causa de tudo o que aconteceu, a escola ficará alguns dias sem atividades. Então, eu e você vamos sair em direção a um lugar.

    — O tal lugar da cabana, certo? O que tem nesse lugar?

    — Durante a nossa viagem, eu te conto, mas agora você precisa voltar lá para dentro. O tempo vai voltar ao normal. Eu vou entrar, e nós vamos sair juntos.

    — Certo. Então, não vou poder me despedir do meu amigo? — Um peso profundo se reflete no rosto de Zac.

    — Não. Vamos sair sem dizer uma palavra.

    — Tá bom. Posso te pedir um favor? Você disse que só para o tempo, então, quando entrar, posso ao menos me despedir da alma do meu amigo?

    — Pode, sim. Só tenha cuidado com o que vai dizer.

    — Tá, vou ter cuidado. Mas isso pode ser a sós?

    — Com toda certeza. Quando você acabar, bata duas vezes na porta e, após 10 ciclos, tudo voltará ao normal.

    Ambos se levantam. Zac abre a porta e entra na sala. A porta se fecha com um estrondo alto.

    Diferente de antes, o corpo de Zac estava calmo, ou melhor, poderia-se dizer que estava anestesiado.

    Ele se aproxima de seu amigo, segura suas mãos e, com delicadeza, retira os dedos que estavam perfurando a pele de Dionísio. Com os olhos cheios de lágrimas, Zac o abraça.

    — Não sei muito bem como falar com sua alma, mas me perdoa por tudo. Você me salvou quando eu não tinha ninguém, e nunca consegui te agradecer por tudo. Não sinta raiva de mim, Dio. Se cuida, e aquele lance com a Clarice era só brincadeira, tá? Hehe… — lágrimas caem e se misturam ao sangue que ainda escorre. — Isso não é um adeus, é só um até logo, tá? Tenta ficar vivo sem eu estar por perto, se cuida, tá?

    Após suas palavras, Zac observa o rosto de Dionísio com um olhar profundo de tristeza. Seu coração se encheu de uma dor insuportável, como se uma parte dele estivesse se despedaçando. Ele sabia que precisava apressar-se, pois Kyron o esperava.

    Zac se distanciou lentamente e começou a andar em círculos, sentindo o peso da despedida.

    Ele estava prestes a se despedir de seu único amigo, aquele que havia estendido a mão quando ninguém mais o fez. Seu melhor amigo, Dionísio. Tudo isso, e ele sabia, acontecia por causa de sua própria irresponsabilidade, pela teimosia de um garoto que nunca soubera lidar com o que sentia. 

    Zac relembrou cada momento compartilhado, cada riso, cada palavra de apoio, cada troca de olhares que transmitiam mais do que mil palavras poderiam expressar. Seu coração batia com força, acelerado pela dor e pelo peso da culpa. Ele não conseguia suportar. O arrependimento o consumia, e a vergonha tomava conta de seu ser. Lá no fundo, ele sabia que estava traindo a confiança do único amigo que tivera em toda a sua vida.

    Zac não teve coragem de olhar novamente para o rosto de Dionísio, o rosto de seu amigo agora cheio de dor e sofrimento. Ele sentiu como se uma parte de si estivesse sendo arrancada, e sua alma se encolhia diante daquela despedida amarga.

    Com um esforço tremendo, Zac limpou as lágrimas que escorriam em seu rosto, tentando controlar o turbilhão de emoções. Respirou fundo e se dirigiu até a porta. Ele bateu duas vezes, de maneira firme, mas o coração batia descompassado, como se cada batida fosse um eco do próprio sofrimento. 

    Caminhou lentamente até a cadeira, sentou-se e, com os olhos fixos em Flora, contou até 10, tentando dar um propósito ao tempo que ainda lhe restava.

    Tic-Tac… O som de cada segundo se arrastando era ensurdecedor. A tensão no ar se tornava insuportável. Zac permaneceu imerso em seus pensamentos, fixo em sua decisão, mas ainda sentindo a presença de Dionísio em sua mente, ainda ouvindo as palavras não ditas, ainda sentindo o peso da traição que o consumia.

    E então, finalmente, o tempo, que havia parado como uma eternidade, voltou a correr. O som que todos temiam foi ouvido novamente. Tic-Tac, Tic-Tac… O ar pareceu se mover, e o espaço, finalmente, se libertou da pressão insuportável.

    Flora, que estava observando tudo com um olhar tenso e sério, não pode conter sua reação. O medo e a desesperança se refletiam em seus olhos, enquanto ela se aproximava rapidamente.

    — Flora, você mentiu para mim! — a voz de Dionísio soou baixa, mas carregada de uma angústia desesperada. — Zac, corre! Zac, não fica aqui! Zac, me ouve, faz algo! Chama aquele seu bicho, lá! Por favor, faça algo!

    Ela falava com urgência, as palavras saindo desordenadas, quase como um grito de desespero. O olhar de Flora se transformou, a máscara de controle que ela mantinha caiu, e tudo o que restou foi uma mulher que estava aterrorizada com o que estava prestes a acontecer.

    Zac, apesar da dor, ainda sentia algo vibrando dentro dele. Um impulso, um grito silencioso, uma última chance de tentar salvar a situação. Mas o que mais poderia fazer? Ele já havia se perdido no próprio dilema, já havia se afundado nas suas próprias escolhas erradas. Agora, ele estava ali, impotente, sentindo que qualquer movimento poderia ser o último.

    O último capítulo da sua vida estava prestes a ser escrito, e ele só queria uma última chance. Uma última oportunidade para corrigir tudo. Para ser o amigo que Dionísio merecia, para ser quem ele sempre deveria ter sido.

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