Derek avançava com cautela pelo sombrio edifício, seus ecoando em meio ao silêncio opressivo. À medida que explorava os corredores, a visão de corpos de mortos se tornava cada vez mais comum, assim como as manchas de sangue que espirraram nas paredes, testemunhas silenciosas de um horror vivido.

    O chão estava uma verdadeira desordem. Macas velhas e empoeiradas estavam espalhadas por todo lado, junto a cartões de identidade de possíveis funcionários do hospital.

    Enquanto caminhava, Derek se deparou com inúmeras portas que levavam a quartos. Algumas estavam trancadas por dentro, provavelmente por pessoas que tentaram se proteger dos mortos-vivos que infestaram o lugar. Outras, no entanto, estavam entreabertas.

    Parado em frente a uma dessas portas, cujo uma placa pequena estava escrito: Ala 1 – sala C.

    Derek se sentiu ansioso e com medo. Ele não sabia o que estava por trás dela. Ele levantou seu braço e, nervoso, começou a empurrar a porta devagar.

    Conforme abria a porta, iluminava o espaço através da abertura crescente. Diversas macas alinhadas, a maioria coberta por cortinas sujas. A luz da lanterna penetrava as cortinas e projetava silhuetas indistintas nas paredes, figuras que pareciam adormecidas.

    “Pessoas… Que alívio.” Pensou Derek, experimentado um breve momento de esperança. Contudo, essa sensação foi efêmera.

    Com um impulso repentino, ele empurrou a porta até o fim. Foi então que seu mundo desabou: diante dele estava um morto-vivo em pé. Seus olhos haviam sido substituídos por vermes, e buracos de necrose cobriam seu corpo nu. Algumas costelas estavam expostas, visíveis sob a pele ressecada, e seu braço esquerdo pendia desconectado do antebraço, sustentado apenas por faixas de carne apodrecida.

    De imediato, Derek se assustou e deixou sua lanterna cair no chão. A queda fez com que a lanterna rolasse até o meio do quarto e piscasse uma única vez antes de desligar-se completamente. Ele foi subitamente envolvido pela escuridão total.

    “Merda.” Pensou ele para si mesmo decepcionado e amedrontado.

    Derek, sem conseguir enxergar, se deixou levar pela raiva. Ele se jogou sobre o morto-vivo, ambos caindo no chão.

    “Se não fosse por você, eu… Isso não teria acontecido.” Pensou, golpeando o rosto do morto-vivo que permanecia imóvel.

    Tomado pelo desespero, sua fúria se intensificou e o dominou. Sacou uma de suas facas e, em um momento de ira, cravou-a no peito da criatura, puxando-a até a barriga. Sem hesitar, começou a esfaquear seus órgãos enquanto o morto-vivo não reagia. O sangue negro espirrava pelas paredes e pelo chão, manchando também Derek.

    Em um último ato de violência, pegou sua segunda faca e a cravou na cabeça do cadáver, encerrando o que restava de sua vida.

    À medida que a adrenalina diminuía, Derek começou a sentir o peso de suas ações. Uma onda de remorso invadiu sua mente. Ele não conseguia entender como havia se deixado levar a estripar um cadáver de tal maneira sem ganho nenhum.

    A imagem de Insane passou rapidamente por seus pensamentos.

    “Esse canalha…” Pensou Derek, associando toda aquela situação a ele. Ele se levantou e apertou os punhos com determinação.

    Momentos depois, decidiu verificar as macas. Ao arrastar as cortinas, percebeu que não eram pessoas, mas sim mortos-vivos e alguns esqueletos que pareciam estar ali há anos.

    Sem luz e assustado, sua esperança de encontrar pessoas diminuía a cada instante. Mesmo assim, isso não o impediu de continuar.

    No corredor escuro, ele seguiu em frente, com as mãos novamente apoiadas na parede para se guiar.

    Derek permaneceu um tempo considerável no escuro, cercado por salas sombrias e opressivas. O ambiente ao seu redor era repleto de sons desagradáveis: o arranhar incessante de ratos correndo pelas paredes e o movimento inquieto de baratas que pareciam infestar cada canto. Os mortos-vivos se arrastavam, emitindo gemidos que ecoavam como lamentos de almas perdidas.

    Forçando-se a avançar em meio à escuridão, Derek finalmente encontrou uma escada. Ele subiu degrau por degrau, movendo-se com um propósito. Conforme subia, notou que a escuridão estava lentamente se dissipando, dando espaço a uma luz fraca, mas visível.

    “Finalmente, luz…” Pensou Derek esperançoso.

    Subindo, chegou ao segundo andar. Derek se deparou com uma placa que dizia: Ala 2.

    A luz iluminava bem o corredor, vindo de janelas com vidros quebrados que deixavam entrar raios de luz. Comparado com o andar anterior, aquele espaço parecia menos opressivo; havia menos manchas e, surpreendentemente, não havia corpos espalhados pelo chão.

    No entanto, o corredor estava obstruído por macas que bloqueavam as portas. As macas estavam dispostas de forma irregular, como se alguém tivesse bloqueado as portas de propósito.

    Derek se sentiu aliviado por ter encontrado luz. Antes de prosseguir, ele olhou para a vasta escuridão atrás dele.

    “Nunca. Jamais. Eu passo por aí de novo.” Pensou, determinado a não retornar àquele pesadelo.

    Com uma nova resolução, começou a andar apressadamente pelo corredor iluminado.

    Enquanto andava, o silêncio do lugar era opressivo. Derek olhou pela janela e viu a distância lá fora. O prédio era tão alto que ele não conseguia ver os últimos andares. Ao olhar para baixo, percebeu que a queda até o chão parecia ter pelo menos 8 metros.

    Pensou que, se não morresse na queda, provavelmente ficaria paralisado, como aquele morto-vivo que havia devorado antes. Só de imaginar isso, afastou-se da janela.

    Olhando para frente, viu que ainda havia muito caminho pela frente e começou a andar, quebrando o silêncio com seus passos.

    Ao passar em frente das portas bloqueadas, se aproximou de uma janela na porta e espiou um quarto escuro e sombrio, sem sinal de vida. Quando estava prestes a se afastar, um morto-vivo surgiu e começou a bater na porta.

    Derek se assustou e recuou, quase caindo para trás. Outros mortos-vivos começaram a aparecer no quarto, batendo com força na porta. O barulho atraiu ainda mais mortos-vivos para o local.

    Os mortos-vivos tinham olhos consumidos e narizes desaparecidos, deixando apenas buracos de necrose. Eles foram atraídos pelo som, buscando instintivamente uma presa.

    “Hum. Vocês me assustaram. Mas não há por que ficar bravo. Afinal eu tô solto. Já vocês… Bem, nem tanto.” Pensou Derek, tentando esconder seu medo com provocações enquanto mostrava os dedos do meio para os mortos-vivos.

    Enquanto isso, os mortos-vivos do outro quarto se acumulavam em grande número devido ao barulho. A porta começou a ceder; os parafusos se soltavam e as dobradiças estavam prestes a quebrar sob pressão.

    Derek olhou para o lado e viu os mortos-vivos saindo daquele quarto como se fossem cães com fome. Sua boca se abriu em espanto e sua mente ficou em branco.

    Antes que pudesse agir, os mortos-vivos passaram por ele, esbarrando em seus ombros enquanto desciam as escadas sombrias. Ele sentiu um alívio misturado com vergonha ao perceber que não eram anormais.

    “Esquece. Cansei dessa merda.” Pensou enquanto seguia em frente envergonhado.

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