O helicóptero finalmente pousou, e a cena era de pura animação. As hélices girando criavam uma tempestade de vento, fazendo as folhas das árvores dançarem freneticamente enquanto o som ensurdecedor abafava tudo ao redor. O cheiro de gasolina misturado com o ar fresco do acampamento trazia uma sensação de aventura que parecia saída de um filme de ação. 

    As crianças, com os olhos brilhando de empolgação, correram na direção da aeronave, seus risos ecoando como música no ar.

    Era um momento mágico para elas, uma oportunidade rara de ver algo tão impressionante de perto. Algumas até levantavam as mãos em saudação, como se quisessem tocar o céu. A euforia das crianças contrastava com a atmosfera tensa que envolvia o grupo de adultos ali presente.

    Atrás delas, um grupo de pessoas vestidas com uniformes militares camuflados aguardava a descida de Carlos, todos com expressões sérias a mando de Fernanda. A disciplina e a seriedade dos militares mostravam que aquele momento tinha grande importância.

    Carlos olhou para o piloto e gritou:

    — Beleza então, parceiro, até mais! — sua voz mal conseguia ser ouvida por causa do barulho das hélices. 

    O piloto sorriu e respondeu:

    — Falou então, meu mano! Vai na fé! — enquanto acenava com entusiasmo. A camaradagem entre os dois homens era evidente, apesar do tumulto ao redor.

    Assim que Carlos colocou os pés no chão, sentiu a adrenalina percorrendo seu corpo. Com um aceno de cabeça para o grupo militar que o aguardava, ele se dirigiu ao escritório onde Fernanda estava. As folhas continuavam a dançar no ar, caindo lentamente de volta ao solo enquanto ele caminhava.

    ✥—————✥—————✥

    Carlos, com a tensão ainda visível em seu rosto, começou a explicar a situação alarmante à Fernanda. Ele detalhou tudo sobre a missão “Operação Limpeza”, que tinha como meta exterminar o maior número possível de mortos-vivos. A gravidade da situação era evidente na voz de Carlos, que não conseguia esconder seu nervosismo. 

    A horda gigantesca, composta por diversas criaturas sedentas por carne humana, estava se aproximando rapidamente do acampamento, e o tempo era um recurso escasso. A cada momento que passava, a ameaça se tornava mais iminente e palpável.

    Fernanda ouviu atentamente, seu semblante sério refletindo a gravidade da situação. Ela sabia que tomar decisões rápidas e eficazes era essencial para a sobrevivência de todos. Ao final do relatório, ela suspirou profundamente, tentando manter a calma em meio ao caos que se aproximava.

    — Certo, muito bem. Pode se retirar e, no caminho, contate os familiares do Thiago — disse ela, sua voz firme e decidida. Fernanda era uma líder forte e determinada, mas a pressão daquele momento estava claramente pesando sobre seus ombros.

    Fernanda então instruiu dois homens a convocarem os líderes de setores para um encontro em seu escritório. Era hora de unir forças e planejar os próximos passos. A preparação e a estratégia eram cruciais para enfrentar a horda de mortos-vivos.

    Os líderes começaram a chegar um por um. Mauro, responsável pela distribuição de alimentos e cuidados das pessoas, entrou com uma expressão preocupada. Beatriz, encarregada da ala médica, parecia tensa, mas estava pronta para agir. As responsabilidades de cada um deles eram grandes, e a unidade do grupo era fundamental.

    Sebastian trouxe consigo o conhecimento sobre agricultura que poderia ser vital para a sobrevivência do acampamento. Pedro, responsável pela engenharia, carregava uma pasta cheia de projetos e planos que poderiam ajudar na defesa. Eles sabiam que a colaboração e o compartilhamento de conhecimentos eram essenciais para superar aquela crise.

    No entanto, havia uma ausência notável: Damon, responsável pela procura de suprimentos. Fernanda não se sentia confortável perto dele após os acontecimentos recentes. A presença dele poderia desestabilizar o grupo em um momento tão crítico. A desconfiança era algo que não podiam se permitir naquele momento.

    Com todos reunidos, Fernanda deu início à reunião, expressando um olhar sério. Ela sabia que precisavam de um plano sólido e eficaz para enfrentar a ameaça iminente.

    — Muito bem. Vamos começar do início. — disse Fernanda, sentando-se. Assim que ela se acomodou, todos os demais também tomaram seus lugares. O silêncio seguiu, e todos os olhos estavam fixos nela.

    Ela começou a relatar a falha da missão dos snipers e a trágica perda de um dos homens, enfatizando a urgência de encontrar uma nova solução diante da horda de mortos-vivos que se aproximava. A sala estava em um estado de tensão, e cada palavra de Fernanda era ouvida com atenção absoluta.

    Os que estavam à mesa ficaram inquietos e indignados; o medo deles se transformava em revolta. A pressão para encontrar uma solução viável aumentava a cada segundo. Carlos, que estava atrás de Fernanda, pediu permissão para falar.

    — Tudo bem, pode falar. — respondeu Fernanda. Ela sabia que ouvir diferentes pontos de vista era crucial naquele momento.

    Carlos tomou a frente e disse:

    — O comportamento deles está bem organizado. Pode ser apenas uma suposição, mas talvez haja um líder proeminente entre eles.

    A afirmação provocou um suor frio em todos os presentes; a inquietação aumentou drasticamente. A ideia de um líder entre os mortos-vivos era aterrorizante e desafiava todas as suas expectativas.

    Mauro levantou-se, gritando de maneira agressiva enquanto seu corpo tremia de nervosismo:

    — Carlos, não diga besteiras! Isso é só uma teoria! Falar algo tão sério aqui e agora é, no mínimo…

    Fernanda tossiu, interrompendo Mauro; todos os olhares agitados se voltaram para ela.

    — Seja proeminente ou não, precisamos agir rapidamente. Pedro, como estão as novas armas?

    Nervoso com a situação, Pedro começou a explicar:

    — Bem, estamos avançando, de certa forma. Após os incidentes com a pólvora no mês passado, posso afirmar que minha equipe conseguirá concluir o desenvolvimento em cerca de dois meses.

    — Dois meses? Não temos tanto tempo! Você tem 40 dias para finalizá-las! Vou enviar mais pessoal para ajudar vocês! — disse Fernanda, com firmeza. — E lembrem-se: o que foi discutido aqui deve ficar apenas entre nós.

    Todos na sala concordaram em uníssono:

    — Certo!

    — Isso é tudo por agora. Voltem aos seus postos! — finalizou Fernanda.

    Assim que todos saíram, ela abaixou a cabeça, angustiada, revelando a fachada que mantinha. O medo e o estresse eram evidentes em sua expressão. Recordações de um passado mais feliz invadiram sua mente, contrastando com a realidade presente. Ela se perguntava se algum dia poderiam voltar a ter uma vida normal.

    De repente, uma leve batida na porta interrompeu seus pensamentos. Uma mulher adentrou com intimidade, percebendo imediatamente a aflição de Fernanda. A conexão entre as duas era evidente, e a presença da mulher trouxe um raro momento de conforto.

    Com uma expressão gentil e caridosa, a mulher abraçou Fernanda por trás, demonstrando empatia e preocupação. Ela perguntou o que havia acontecido para deixá-la daquela forma. Mesmo relutante, Fernanda decidiu abrir o coração e contar toda a situação, mantendo em sigilo a conversa que teve com Damon.

    Após ouvir tudo, a mulher expressou surpresa:

    — Que terrível!

    Ao ouvir a resposta, Fernanda manteve seu olhar preocupado. Observando como ela estava abatida, a mulher, com empatia, tentou tranquilizá-la:

    — Mas tudo bem, creio que tudo dará certo. Venha, você precisa descansar.

    Fernanda refletiu por um momento e respondeu:

    — É, talvez você esteja certa.

    Com confiança, a mulher afirmou:

    — É claro que estou certa! — em seguida, surpreendeu Fernanda com um beijo nos lábios.

    Com esse gesto inesperado, Fernanda se entregou ao momento de carinho e beijou a mulher com emoção. Emocionada, Fernanda declarou:

    — Eu não seria nada sem você.

    A mulher brincalhona respondeu:

    — Não diga isso, sua boba. Vamos, um banho lhe fará bem.

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