Olá, segue a Central de Ajuda ao Leitor Lendário, também conhecida como C.A.L.L! Aqui, deixarei registradas dicas para melhor entendimento da leitura:
Travessão ( — ), é a indicação de diálogos entre os personagens ou eles mesmos;
Aspas com itálico ( “” ), indicam pensamentos do personagem central em seu POV;
Aspas finas ( ‘’ ), servem para o entendimento de falas internas dentro da mente do personagem central do POV, mas não significa que é um pensamento dele mesmo;
Itálico no texto, indica onomatopeias, palavras-chave para subverter um conceito, dentre outras possíveis utilidades;
Colchetes ( [] ), serão utilizados para as mais diversas finalidades, seja no telefone, televisão, etc;
Por fim, não esqueça, se divirta, seja feliz e que os mistérios lhe acompanhem!
Capítulo 1 — Pesadelo
Engolfado no próprio sangue, o som da cruel tempestade ecoava por toda a vegetação tingida de carmesim.
Segurava o último resquício de vida, um jovem rapaz de dezenove anos. Cinzas, semelhantes às cores de seus olhos, cobriam todo o campo, como uma memória que se desfazia gradualmente.
A última visão de Leonard, antes de uma espada atravessar seu crânio a partir do olho esquerdo, foram pétalas manchadas de sangue caindo do céu em meio à chuva.
Eram belas e mortais, contrastando com a situação, mas trazendo, enfim, o descanso que ele não queria. Uma última lembrança de algo que o acompanhara por tanto tempo, agora eternizada em seus últimos fragmentos de memória.
Um silêncio indescritível pairou naquele jardim eternizado. Uma vida foi ceifada, e o ciclo recomeçaria novamente…
…
Num sobressalto, enquanto a cama rangia, Leonard arfava assustado, cobrindo os olhos com as mãos. Gradualmente, raios do sol nascente atravessavam as frestas, iluminando partes de seu corpo.
“O-o que foi isso?! E-esse pesadelo parecia tão real… Além dessa maldita insônia que não me deixa dormir, agora tenho pesadelos para precarizar ainda mais o meu sono?”
Ele tateou o rosto e verificou o pescoço, sentindo alívio ao perceber que tudo estava em seu devido lugar.
“Será que ainda consigo dormir mais um pouco? Que sonolência…”
Na escrivaninha ao lado de sua cama, que dividia com os irmãos, estava um celular em estado ruim, mas ainda funcional. Ao verificar o horário, Leonard viu a infeliz notícia: já eram 6h43, e o tempo não parava.
Levantando-se, caminhou até a saída com cuidado para não atrapalhar o sono dos dois irmãos mais novos.
O corredor à sua frente, com paredes azul-celeste desbotadas, era curto, mas ainda assim representava sua casa. Ele começou a ouvir ruídos, como se fossem um despertador para algo.
“A calefação está falhando de novo… Esse inverno é dito como o mais frio da década… Odeio ter esses tipos de preocupações, mas há algo que deve ser feito. Mais tarde, verei se consigo fazer algo.”
Chegando ao banheiro, cuja porta estava entreaberta, Leonard entrou sem fazer barulho.
O banheiro, simples e funcional, tinha um box, um vaso, uma pia e alguns acessórios pendurados. A tintura cinza desgastada nas paredes lembrava a realidade lá fora: o inverno havia chegado.
Ao ligar a água do chuveiro, deu um passo atrás no box, fugindo do líquido que saía marrom devido à ferrugem nos canos velhos. Nesse momento, começou a se despir, revelando sua pele tão branca quanto a neve.
Depois de um minuto, a água finalmente voltou ao normal. Ele entrou sob a torrente e começou o banho.
“Hoje não me lembro se há algo importante… Mas não entendo, esse sono ainda continua embaixo da água… Talvez as poucas horas dormidas na última semana já estejam fazendo efeito.”
Após terminar, Leonard encarou o espelho sobre a pia enquanto se secava. O reflexo mostrava um jovem de 19 anos, cabelo preto, feições medianas e íris cinza-claro que se destacavam em seu rosto.
Mas algo parecia errado. No reflexo, sangue começava a banhar lentamente seu corpo. Sentiu a respiração pesar, e a visão o atraiu para mais perto do espelho. Ele olhou para os lados e depois novamente para o espelho, seu reflexo, havia voltado a normalidade.
“Maldita paranoia. Daqui a pouco vou ter que começar a comprar remédios se essas coisas continuarem…”
Ao fim de seu curto devaneio, já havia terminado de se arrumar e voltou ao quarto.
De volta ao quarto, encontrou as três camas separadas. Calli, o irmão do meio, dormia à esquerda, enquanto James, o mais novo, ocupava a cama oposta. No centro, estava a cama de Leonard.
“Vamos ver… O que eu deveria vestir?”
Na frente da cama havia uma pilha de roupas e calçados, ele pegou as botas e as calçou. Vestiu uma camisa de manga longa vermelha com o símbolo de três azaleias brancas, uma jaqueta, calça marrom surrada e um cachecol carmesim velho e esfarrapado.
“Acho que dá para o gasto.”
Descendo as escadas, ele passou por uma estante e viu cinco porta-retratos ali, repousando há muito tempo.
“Já vou indo, vovó…”
…
No caminho até a biblioteca onde trabalhava, Leonard tomava cuidado por onde pisava. Passou por uma loja de móveis das redondezas, onde as televisões das vitrines já exibiam notícias.
[Agora são 7h23. No jornal de Mont Tremblant, conheça a nova organização de investigadores que se estabeleceu em Ottawa…]
Leonard ignorou. Para ele, essas notícias eram frequentes, e ele não acreditava em casos sobrenaturais relatados por essas organizações.
“Esse povo não tem mais o que fazer não? É óbvio que isso é algum tipo de lavagem de dinheiro… Afinal, essas coisas não existem na vida real…”
“Tudo isso só aparece naqueles filmes.”
Mais à frente, encontrou o novo proprietário da padaria Blackthorn, que parecia abrir o local. Por algum motivo, sentia algo ruim em relação àquele lugar, que mudara de dono três vezes naquele ano.
Ao virar a esquina, viu a fachada iluminada da “Central do Conhecimento”, biblioteca e livraria onde trabalhava. Esta mesma biblioteca atualmente era uma das maiores responsáveis por conseguir bancar as coisas em casa.
Ao mover a porta, o sino familiar tocava e o despertava novamente de sua breve recaída do sono. No caixa à direita, Theo fazia anotações, enquanto Liam, seu melhor amigo, iniciava os sistemas dos computadores.
— Bom dia, pessoal. — Leonard tentou parecer animado, mas não conseguiu disfarçar o cansaço.
— Bom dia, Leo. Como está? — perguntou Liam.
— Bem… Só com sono, mas acho que isso já é normal para mim… Eu acho.
— Deve ser, hoje você vai ficar encarregado de verificar os novos livros usados que recebemos, chegaram bastante ontem… Assim que você terminar, pode vir atender os clientes junto a Emma e Aria.
— Certo… Vou indo…
Leonard dirigiu-se à área dos fundos, onde pegou um avental, bloco de notas e uma caneta, guardando tudo nos bolsos. Preparado, atravessou o labirinto de estantes até chegar a um armazém pequeno e empoeirado.
Lá havia pilhas de livros, esperando que ele os verificasse para poderem ir à venda.
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