Índice de Capítulo

    Olá, segue a Central de Ajuda ao Leitor Lendário, também conhecida como C.A.L.L! Aqui, deixarei registradas dicas para melhor entendimento da leitura: 

    Travessão ( — ), é a indicação de diálogos entre os personagens ou eles mesmos;
    Aspas com itálico ( “” ), indicam pensamentos do personagem central em seu POV;
    Aspas finas ( ‘’ ), servem para o entendimento de falas internas dentro da mente do personagem central do POV, mas não significa que é um pensamento dele mesmo;
    Itálico no texto, indica onomatopeias, palavras-chave para subverter um conceito, dentre outras possíveis utilidades;
    Colchetes ( [] ), serão utilizados para as mais diversas finalidades, seja no telefone, televisão, etc;
    Por fim, não esqueça, se divirta, seja feliz e que os mistérios lhe acompanhem!

    Após curtos passos, a chuva que se perpetuava misteriosamente cessou, permitindo a Leonard compreender melhor o funcionamento das árvores ancestrais. Contudo, algo ainda remexia em sua mente.

    “Aquele cadáver… Não era eu mesmo, não é?”

    “E se fosse, como eu teria acabado daquela maneira?”

    “O que aconteceu aqui? Onde eu realmente estou?”

    Nada parecia fazer sentido. Inúmeras dúvidas, sem respostas, se agitavam entre seus pensamentos sombrios.

    “Uma coisa notável é que quanto mais próximo dessas grandes árvores, a chuva começa. Ou talvez elas só apareçam durante as chuvas, criando esse ciclo vicioso…” No meio de suas reflexões, sentia falta de algo, uma peça que escapava à compreensão e provavelmente continuaria oculta por um bom tempo.

    Leonard estalou a língua e seguiu em frente, o caminho repleto de árvores menores cujos troncos retorcidos formavam um horizonte escuro e claustrofóbico que lhe causava calafrios. Ele sentia-se observado.

    Mancando como de costume, a perna não demonstrava sinais de melhora. Pelo contrário, os momentos exaustivos talvez tivessem agravado o estado. Ainda assim, sua mente já não estava tão à beira do desespero.

    “Com a visão que tive do Dante, ficou claro que posso sair daqui de alguma forma… Embora eu não soubesse o motivo ao certo e como sairia, ainda sinto uma pulga atrás da orelha sobre como farei isso…”

    O olhar do jovem desviava para um galho seco à direita. Leonard percebeu algo semelhante a uma coruja. Observou-a em silêncio. Diferente das outras criaturas marcantes, esta parecia comum, exceto pelas veias enegrecidas saltando ao redor dos olhos.

    “Aquele sonho… Ainda me sinto estranho enquanto penso nele. É como se tivesse sido uma… Memória? Não entendo o que isso quer dizer…” A lembrança perturbadora de sua morte o deixava inquieto. Talvez compreender o futuro carregasse o risco de sucumbir ao fardo insuportável da sabedoria.

    A noite seguia longa e bela. A lua cheia, diferente daquele sol negro, trazia uma semelhança reconfortante com a Terra, confundindo Leonard por instantes, até que o tormento ao redor o fazia lembrar.

    “Droga, não é hora para relaxar…” Lembrando-se de sua missão, continuou marchando em direção ao abismo que parecia aguardá-lo de braços entreabertos.

    “ Aquela chuva também era diferente… Parecia que o próprio mundo chorava, mas não consegui entender o motivo. Ter matado aqueles lobos foi um erro? Não… Era matar ou morrer, e eu prefiro não morrer.”

    Por estar cabisbaixo, percebia poucos fios de cabelo cair de sua cabeça, fios brancos, algo estranho de se ver… 

    Ele parou por um momento, ofegante, enquanto tentava processar o que se passava consigo. Ergueu a espada, usando a lâmina desgastada como um espelho improvisado.

    O reflexo revelou um homem de cabelos brancos e olhos cinzentos. Era Leonard, sem dúvida, mas o cabelo… Aquilo desafiava qualquer explicação. Em tão pouco tempo ali, parecia ter envelhecido uma década inteira. Ainda assim, o resto de seu corpo não mostrava sinais de desgaste ou envelhecimento.

    “Como isso é possível? Sequer faz sentido a maneira como me encontro, é como se estivesse aqui há pelo menos uma década.”

    Inúmeras teorias passaram por sua mente enquanto encarava o reflexo, mas a mais plausível — embora perturbadora — era o estresse. Os dias passados naquele lugar, a constante tensão, o peso das decisões impossíveis… Tudo parecia ter se acumulado, transformando-o por dentro e por fora.

    Os olhos, porém, eram o que mais o incomodavam. Havia algo de profundamente inquietante neles. A sensação de chamas vivas oscilando em suas íris, entrelaçadas com linhas translúcidas que pareciam se mover de forma imprevisível.

    Quanto mais fixava o olhar, mais um latejar insuportável surgia em sua cabeça, como se a imagem estivesse drenando sua energia mental. Era hipnótico e opressivo, como se estivesse olhando para algo que não deveria.

    Leonard desviou o olhar de súbito, o peito arfando em busca de alívio. A espada, por pouco, não escorregou de suas mãos trêmulas.

    O jovem cuspiu ao lado, segurando-se pela espada, e voltou a mancar rumo ao nada. A luz da lua iluminava cada parte de seu corpo, refletindo nos trapos que ele chamava de roupas, agora à beira do fim.

    “ Essa luz… Pelo menos ela não me abandona no escuro destas malditas árvores…”

    Puxou o cantil e tomou alguns goles d’água, quase o esvaziando.

    — Hah… 

    “Preciso encontrar mais água, devo achar em breve alguma lagoa, afinal esse lugar tem água por toda parte, pelo que parece…” O corpo do jovem começava a estalar, o ar preso nos pulmões escapava em respirações ofegantes, denunciando o cansaço. Ainda havia muito a percorrer, mas o caminho parecia interminável.

    Seguia um fino fio prateado que se estendia ao infinito, guiando seus passos. Não sabia se aquilo realmente o levaria à saída, mas era sua única esperança.

    O jovem entregou sua esperança para uma mísera linha etérea, sem sombras de dúvidas, foi a coisa mais estranha que teve nos últimos dias. Não, este foi o dia mais esquisito, cada parte desse maldito dia o deixava estigmatizado. 

    Diferente dos outros dias, este foi mais conturbado e cheio de reviravoltas, ora pensou em desistir e, na outra, estava se agarrando a uma esperança, viu-se morto numa árvore estranha e, em outro momento, aquilo parecia ser o futuro. 

    Parando para pensar, o próprio nome evocava nos confins de seu subconsciente. Parecia estranho, por que se chamava “Visão Eterna” e o que ela o tornaria diferente das outras pessoas? 

    “Se me lembro… Alguns investigadores são conhecidos por habilidades peculiares que eles mesmos desenvolvem, não, se não me engano, todos têm habilidades sobrenaturais. Isso me tornaria semelhante a eles?”

    Enquanto parecia ter um novo entendimento sobre o que presenciara há duas horas, não perceberia se não estivesse decidido a parar, o fio prateado se extinguiu em uma certa parte e o horizonte tomado por árvores se revelou agora uma planície… Não, um campo. 

    Um campo com lindas flores brancas, por algum motivo, o fazia estremecer cada pelo do corpo, perante a luz da bela lua cheia. O campo belo tinha um ar ainda mais majestoso, sabe-se lá o porquê. Leonard só queria ficar ali se fosse possível por toda a eternidade.

    Bom dia! Próximo capítulo na quinta.

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