Olá, segue a Central de Ajuda ao Leitor Lendário, também conhecida como C.A.L.L! Aqui, deixarei registradas dicas para melhor entendimento da leitura:
Travessão ( — ), é a indicação de diálogos entre os personagens ou eles mesmos;
Aspas com itálico ( “” ), indicam pensamentos do personagem central em seu POV;
Aspas finas ( ‘’ ), servem para o entendimento de falas internas dentro da mente do personagem central do POV, mas não significa que é um pensamento dele mesmo;
Itálico no texto, indica onomatopeias, palavras-chave para subverter um conceito, dentre outras possíveis utilidades;
Colchetes ( [] ), serão utilizados para as mais diversas finalidades, seja no telefone, televisão, etc;
Por fim, não esqueça, se divirta, seja feliz e que os mistérios lhe acompanhem!
Capítulo 15 — A Lua Carmesim
Se não fosse sua rara capacidade de enxergar os finos fios prateados do destino, Leonard jamais teria percebido a hipnose cruel que lhe foi imposta. Era uma armadilha tecida na própria essência do ar ao seu redor, sutil e inexorável. A lua pairava alta, derramando sua luz sobre o campo desolado, um brilho pálido que se quebrava nas sombras do espectro imóvel.
— Esse lugar de merda nunca me deixaria sair assim tão fácil… — Leonard murmurou, os olhos presos na criatura à sua frente. — Mas huh… Você não deveria usar uma espada?
A lembrança veio em um sussurro, um eco de um sonho esquecido, de um campo dourado que lhe escapava sempre que tentava segurá-lo na memória. Tinha certeza de que aquilo significava algo. E agora, pelo visto, estava certo.
Tudo o que restava em suas mãos era uma espada quebrada — um pedaço de aço lascado e cansado, tão destroçado quanto ele próprio. Mas era o único escudo entre sua carne e a lâmina da morte. Se ergueu num ímpeto, recuando alguns passos, mantendo o olhar fixo na silhueta envolta em sombras.
— Eu me lembro bem da sensação daquela maldita espada atravessando meu olho esquerdo, seu maldito. — A voz de Leonard era um fio de fúria e desespero entre dentes cerrados.
O espectro permaneceu imóvel. Apenas a luz espectral da lua parecia dar-lhe forma. Então, um ruído sibilante quebrou o silêncio — uma respiração pesada e irregular. O ar pútrido que saía de onde deveria estar sua boca se espalhava como fumaça vinda de uma fornalha infernal.
“Se ele me acertar, acabou tudo…”
O pensamento era um punho de ferro apertando sua mente. O dia inteiro havia sido um tormento, seu corpo carregava os cortes e hematomas de provações anteriores. Não sabia manusear uma espada — muito menos uma espada quebrada. A realidade era uma piada cruel: ele era o pior guerreiro possível para essa luta.
O primeiro golpe veio como um vendaval. Leonard não pensou — apenas se jogou para o lado. A foice desceu em um arco, cortando o ar onde ele estivera um segundo antes. O chão estremeceu com o impacto. A lâmina fantasmagórica quase partiu a terra em dois.
Na hesitação do espectro, Leonard avançou. O ataque foi errático, movido mais pelo instinto de um animal encurralado do que pela maestria de um espadachim. Sua lâmina encontrou o peito do inimigo — mas ele não recuou, não grunhiu, não sangrou.
O corte veio como uma resposta. A lâmina negra desenhou um arco em sua lateral, e uma dor ardente explodiu em sua barriga. Ele cambaleou para trás, a mão buscando instintivamente a ferida. O que vazava não era sangue rubro, mas um líquido negro e denso.
“Ele apodrece o que toca?”
O horror da constatação o atravessou como um raio. Seu olho direito não conseguia captar os fios do destino como o esquerdo fazia. Isso o deixava vulnerável, perdido entre a incerteza e a necessidade desesperada de sobreviver. A visão estava fragmentada, e cada decisão parecia um salto de fé.
O espectro não lhe deu tempo para pensar. A foice deslizou no ar e desceu em um arco mortal. Leonard tentou esquivar, mas sua coxa ferida fraquejou. O aço frio roçou seu pescoço. Um corte fino e quente. Por um triz, não lhe arrancara a cabeça.
“Pense, Leonard, porra!”
Ele caiu sobre um leito de pétalas, manchando-as com aquele sangue negro e abominável. Mesmo ali, mesmo enquanto sua vida escorria em fios escuros, ele não pôde deixar de notar a beleza do cenário. A lua, as flores, a morte — tudo era poesia em sua tragédia.
Mas não havia tempo para contemplação. Rolou para o lado, escapando de um golpe vertical que teria o partido ao meio. Com um esforço desesperado, se ergueu e começou a circular a criatura, os olhos avaliando cada movimento anômalo do espectro. Ele não lutava como os outros inimigos. Era metódico, preciso, explorava cada fraqueza, cada hesitação.
“O que estou deixando passar?”
A espada. A visão. O futuro. Um fio de lógica se uniu ao seu raciocínio já despedaçado. A espada que atravessaria seu olho… Seria a mesma que ele empunhava agora?
O horror dessa ideia enraizou-se em sua alma. Se perdesse a lâmina, estaria condenado.
Não poderia ser desarmado. Nunca.
Mas como vencer com uma lâmina partida? Seu ombro protestava a cada movimento, os músculos gritavam contra ele. Se tentasse bloquear um golpe direto, a espada se partiria. E então… fim de jogo.
O espectro respirou fundo, aquela respiração insana, entrecortada, como se algo velho e esquecido estivesse tentando se lembrar de como existir.
“Essa respiração… Por quê? Ele é feito de ossos. Então por que ainda respira?”
A resposta dançava na ponta de seus pensamentos, mas ele não conseguiu agarrá-la. O espectro atacou de novo. Leonard se jogou para o lado e, num movimento impensado, contra-atacou.
A espada quebrada atravessou a túnica preta que rodeava o esqueleto, mas não produziu nenhum sinal de som ou dor, apenas ignorando e se aproveitou dessa janela de oportunidade, o emissário da morte fez um enorme corte em meia-lua no peito de Leonard, o abrindo mais do que deveria, não era todo lodo preto que seguia, agora diferentemente dos cortes rasos, liberava um desesperado fluxo de sangue escarlate no chão, pintando a própria cena onde estava com seu sangue, as flores tingidas dessa mesma cor.
O desespero apertou sua garganta. A visão estava se concretizando. Ele não podia morrer ali. Não depois de tudo.
O chão girava. O espectro se movia como um vulto. Seu corpo gritava por descanso, mas sua mente recusava a rendição. Os pensamentos vinham como tempestades, zunindo, exigindo sua atenção quando ele deveria focar apenas em uma coisa.
Sobreviver.
“Porra! Que dor, isso está me lembrando… Uma das partes daquela visão se concretizou, eu não posso perecer… Aquele pesadelo, não, aquela visão, simbolizava uma possível saída? Um aviso sobre o que não poderia fazer?”
Ele não suportou mais. Caiu de joelhos, o sangue escorrendo livremente, as pétalas bebendo sua essência. Os olhos voltaram-se para o céu estrelado. A lua parecia zombar dele.
Mas Leonard não era um homem de desistir. Se fosse, já estaria morto há muito tempo.
Não era essa terra maldita que decidiria seu destino.
Era ele.
Nos vemos novamente domingo!
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