Índice de Capítulo

    Olá, segue a Central de Ajuda ao Leitor Lendário, também conhecida como C.A.L.L! Aqui, deixarei registradas dicas para melhor entendimento da leitura: 

    Travessão ( — ), é a indicação de diálogos entre os personagens ou eles mesmos;
    Aspas com itálico ( “” ), indicam pensamentos do personagem central em seu POV;
    Aspas finas ( ‘’ ), servem para o entendimento de falas internas dentro da mente do personagem central do POV, mas não significa que é um pensamento dele mesmo;
    Itálico no texto, indica onomatopeias, palavras-chave para subverter um conceito, dentre outras possíveis utilidades;
    Colchetes ( [] ), serão utilizados para as mais diversas finalidades, seja no telefone, televisão, etc;
    Por fim, não esqueça, se divirta, seja feliz e que os mistérios lhe acompanhem!

    Por um instante, que parecia ser uma eternidade, Morgan e Leonard permaneceram em silêncio. O tempo parecia hesitar, preso entre um instante e o próximo, como se a própria existência tivesse perdido seu rumo. Era como se o ar ao redor deles não fosse apenas frio — mas também era extremamente sufocante e denso, carregava uma espécie de eletricidade opressiva que se infiltrou nos ossos de Leonard.

    Nesse momento, cada sombra parecia impossível de se confiar, parecia olhar, a cada som pareciam conspirar. Naquele mesmo instante, até mesmo o próprio silêncio parecia um cúmplice para o que quer que estivesse acontecendo.

    Ao fundo, os sons dos animais se tornaram um murmúrio indistinto, mas não um consolo. Era uma dissonância que agredia os ouvidos, um respirar rouco e irregular que, paradoxalmente, parecia se unificar com o ambiente — um lembrete de que a vida ali não era meramente vida, mas algo distorcido, um reflexo pálido que Leonard conhecera. 

    Ele tentou falar, mas sua voz saiu trêmula, como se já estivesse derrotada antes mesmo de nascer.

    — Co-como assim? — As palavras escapavam como inúmeros fragmentos, ecoando nele mais do que no ambiente ao redor. Sua mente girava, mas não encontrava apoio; cada pensamento parecia deslizar em uma espécie de sátira para o seu próprio desconforto.

    Morgan, por alguns instantes, o observou com um olhar que não era mais familiar, estranho, enigmático. Existia algo como uma sombra, uma sombra de algo que talvez tivesse existido, mas agora não era nada além de uma possibilidade perdida. Ela demorou para responder, como se estivesse escolhendo as palavras não por cautela, mas por talvez um prazer cruel em prolongar o momento.

    — Ah, sei lá… você está estranho hoje, Damian. — Sua voz carregava uma tonalidade jovial, mas havia, no fundo, uma sensação de escárnio. Era sarcástica que parecia se revelar apenas para quem prestasse atenção. A garota deu um passo à frente, erguendo a mão. — Aconteceu alguma coisa?

    Antes que Leonard pudesse reagir, ela tocou em sua testa. O gesto inesperado, tão banal que parecia quase um ataque direito. Ele deveria ter recuado, afastado sua mão — mas não o fez. Algo em sua alma, semelhante a uma resistência pequena e fraca, aceitou o toque como uma das injúrias da inevitabilidade, como se resistir fosse inútil diante do futuro.

    “Por que eu não me mexo? Isso… isso é estranho…”

    — Você está gelado — comentou Morgan se afastando, com um sorriso que se formou em seus lábios, mas, diferente do que deveria transparecer, não trouxe conforto algum. Era vazio, um reflexo de algo que não tinha substância. — Acho que não foi nada mesmo.

    Ela se virou e começou a se afastar, seus leves passos esmagavam a neve com um ritmo quase deliberado.

    — Vou indo. Preciso ajudar nos preparativos da grande ceia.

    Leonard ficou imóvel, observando enquanto a figura de Morgan desaparecia no caminho à frente, cada passo dela parecia ressoar mais alto em sua mente do que na neve. As palavras dela ecoavam como um canto fúnebre em sua cabeça. “Grande ceia.” O que isso deveria significar? 

    Por um momento, ele se sentiu um estrangeiro em sua própria pele. Por que ele não a havia questionado? Por que havia aceitado tudo tão passivamente? Era como se algo o tivesse tomado, algo que tornava cada pensamento e movimento mais pesado, semelhante a andar em uma areia movediça.

    Enquanto ponderava, a paisagem ao seu redor parecia mudar, mas, ao mesmo tempo, parecia a mesma. As árvores, altas e magras com neve, pareciam observá-lo, suas silhuetas deformadas pelo vento e pela neve. O som do vento não era mais apenas vento — havia algo nele, uma cadência quase como palavras que ele não podia entender, mas que, de alguma forma, ele reconhecia.

    Então vieram os passos.

    No início, eram quase imperceptíveis, um som perdido pela distância. Mas logo se tornaram claros, cada batida no chão reverberou em sua mente como um tambor de guerra. Leonard não se virou. Ele não ousava. O peso do medo o mantinha preso, os olhos fixos no chão, como se olhar para outra direção fosse violar uma regra invisível.

    “Frio… desde quando está tão frio?”

    Leonard viu a névoa de sua respiração, fina e frágil, flutuando diante dele. O nó em sua garganta apertou. O jovem queria tossir, mas algo o impedia, como se o próprio ato de expelir aquele desconforto pudesse atrair uma atenção indesejada. 

    “Por que está tão frio… merda…”

    As respirações. Não as dele. Estavam lá, mais próximas a cada instante. E ele sabia, com uma certeza que não vinha da razão, que algo estava ao seu lado. Algo que não deveria estar ali. Algo que sua mente recusava-se a nomear.

    “Isso não é uma alucinação…”

    O frio aumentava, trazendo consigo um peso invisível que parecia pressionar ainda mais Leonard. Ele sentia o toque daquilo, não físico, mas espiritual — como se sua própria existência estivesse sendo arranjada. Então, algo tocou seu ombro.

    O mundo parou.

    O toque era, ao mesmo tempo, sólido e etéreo, carregado de um significado oculto. Ele fechou os olhos, esperando, desejando que fosse um sonho, que o frio e a presença fossem nada além de um delírio.

    — Terra chamando Leonard? — A voz de Claire quebrou o silêncio.

    Leonard virou-se bruscamente, com a respiração presa no peito. O rosto de Claire o encarava de maneira despreocupada, seu semblante era o mesmo de sempre, ele sentia um enorme contraste com o caos que Leonard havia sentido. Atrás dela, Cassiano se aproximava, franzindo o cenho. 

    — Você está bem? — perguntou Cassiano, seus olhos pareciam examinar até a alma de Leonard como se tentasse decifrar algo que ele próprio não conseguia entender. 

    O garoto respirou fundo, tentando reorganizar seus pensamentos, mas a sensação de que algo o observava não desapareceu. Ele olhou ao redor e percebeu que as sombras das árvores e tudo estava de certa forma normal…

    — Você está branco como a neve, rapaz. — A voz de Cassiano era firme, mas trazia uma ponta de cuidado. — O que aconteceu?

    Leonard abriu a boca, mas sentiu uma pitada de hesitação em si. Sentia que qualquer coisa que dissesse soaria desconexa. Então, fechou os olhos por um momento, respirou fundo e mentiu.

    — Nada. Só… só preciso de um minuto.

    Os dois o observaram em silêncio, trocando olhares breves. Leonard sentiu que havia algo não dito entre eles, mas não quis questionar.

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