Olá, segue a Central de Ajuda ao Leitor Lendário, também conhecida como C.A.L.L! Aqui, deixarei registradas dicas para melhor entendimento da leitura:
Travessão ( — ), é a indicação de diálogos entre os personagens ou eles mesmos;
Aspas com itálico ( “” ), indicam pensamentos do personagem central em seu POV;
Aspas finas ( ‘’ ), servem para o entendimento de falas internas dentro da mente do personagem central do POV, mas não significa que é um pensamento dele mesmo;
Itálico no texto, indica onomatopeias, palavras-chave para subverter um conceito, dentre outras possíveis utilidades;
Colchetes ( [] ), serão utilizados para as mais diversas finalidades, seja no telefone, televisão, etc;
Por fim, não esqueça, se divirta, seja feliz e que os mistérios lhe acompanhem!
Capítulo 7 — Desilusões
Naquele dia, demorou algumas horas até que Morgiana recuperasse o sorriso e voltasse à sala para brincar com os netos.
Calli era muito apegado à avó. Leonard percebia que ele parecia se espelhar nela para manter a alegria constante. Durante a noite, os três adormeceram no sofá enquanto assistiam a um filme de comédia que os irmãos amavam.
A tristeza de Morgiana foi substituída por um sorriso inesquecível, gravado na memória de Leonard durante os anos seguintes…
A última imagem daquele dia ficou marcada pelo sorriso de Calli, uma lembrança preciosa que persistiu até três anos depois.
…
Era um dia cinzento. Sophie carregava James no colo, enquanto Leonard e Calli caminhavam pelos corredores do hospital.
— Mãe, a vovó está bem? — Dizia Calli ainda com um sorriso no rosto, aprendeu com a sua avó que mesmo nos piores momentos deveria sorrir para transmitir felicidade ao próximo. Sophie apenas se manteve quieta.
Sophie não respondeu. Seguiu calada, com o rosto carregado. Enquanto avançavam pelo corredor frio e impessoal, Leonard observava de relance os pacientes ao redor. Alguns tossiam sob máscaras, outros mancavam, e havia aqueles com ferimentos visíveis. As macas transportavam corpos frágeis, em condições que Leonard preferia não entender.
Se o mundo fosse o inferno, o hospital era a penitência dos fracos. O som dos aparelhos ecoava em seus ouvidos, os bipes incessantes criavam uma atmosfera sufocante. Leonard percebeu que Calli também parecia confuso e inseguro. Então, decidiu segurar a mão do irmão, determinado a oferecer um pouco de força. Esse não era um momento em que ele podia vacilar.
Ao chegarem ao quarto, uma enfermeira saiu e esbarrou em Leonard, que apenas soltou a mão de Calli. O irmão correu para a cama da avó, que estava deitada, com a respiração assistida por máquinas.
O quarto era pequeno, mas pelo menos aconchegante, se não fossem as máquinas ajudando no tratamento e aqueles bips malditos. Sophie entregou com cuidado James aos braços de Leonard, enquanto se aproximava de sua mãe.
— Oh, mãe… Estamos aqui, ok? Estamos aqui por você — disse Sophie, com a voz trêmula, acariciando a bochecha de Morgiana.
Calli, com os olhos marejados, segurava a mão da avó como se aquele gesto pudesse impedir o inevitável.
As lágrimas escorriam silenciosas por suas bochechas, refletindo a pureza de sua dor. Sophie, com a respiração entrecortada, não conseguiu mais conter o pranto. Afundou o rosto no peito da mãe, abraçando-a como quem tenta segurar o tempo.
O quarto, impregnado pelo cheiro estéril dos medicamentos, parecia cada vez mais apertado, quase sufocante.
Leonard desviou o olhar para a janela, tentando encontrar algum ponto de escape para a angústia que o dominava. Lá fora, o céu nublado parecia carregar todo o peso daquela despedida.
O vaso de azaleias brancas ao lado da cama, outrora vibrante, mostrava agora flores murchas, as pétalas soltando-se uma a uma. A brisa que entrava pela fresta da janela as carregava, quase como uma metáfora da fragilidade da vida que se esvaía.
Naquele instante, enquanto observava Calli soluçar baixinho ao lado da avó, Leonard sentiu algo mudar. O sorriso que o irmão sempre ostentara, tão cheio de esperança e ingenuidade, parecia se despedaçar diante de seus olhos.
Ele sabia, com uma certeza dolorosa, que aquele sorriso jamais voltaria a ser o mesmo.
…
Leonard despertou no meio da noite, com a chuva ainda caindo. Lágrimas escorriam de seu rosto, misturando-se à água que o encharcava. A tempestade não cessava, mas agora o trazia lembranças de um passado quase esquecido.
Se levantando, se espreguiçou e soltou um bocejo. Após isso, foi até um fruto que havia caído e o devorou rapidamente. Se sentindo no melhor estado que podia após todo o tempo nessas terras estranhas.
Leonard decidiu se aventurar, mesmo na chuva, para fora dali. Este sonho, embora trouxesse recordações de tristeza, também o lembrava de que tinha um lar e pessoas o esperando.
Após andar um pouco para fora da árvore, misteriosamente a chuva cessou e um dia sem nuvens preencheu o mesmo, estava incrédulo.
“O quê?! Como isso faz sentido, choveu por tantas horas e do nada parou após curtos passos? Não… Será quê?”
Deu alguns passos de volta para a árvore e, imediatamente, a chuva retornou, caindo com força. Leonard ficou perplexo.
“Como isso é possível? Tinha até trovões! Isso não faz sentido algum… Que lugar esquisito…”
Apertou a própria bochecha algumas vezes para ter certeza que estava acordado, confirmando, juntou as peças e tentou raciocinar novamente o que estava acontecendo.
“Quando cheguei até ela, estava começando a chover, tenho absolutamente certeza nisso, então… Por que continua chovendo quando chego próximo e para quando fico longe? Teria sido influência dela antes?”
Sem respostas para suas inúmeras dúvidas, Leonard só tinha uma coisa a dizer sobre tudo isso, um pensamento sincero, simples e completo.
— Que loucura!
Seguiu por uma trilha entre as árvores de carvalho-vermelho, todas comuns, nenhuma semelhante à que lhe servira de abrigo. Mesmo assim, o lugar permanecia envolto em mistério. As perguntas cresciam em sua mente, mas Leonard se sentia aliviado por não encontrar as criaturas aterrorizantes que já enfrentara.
Tudo aquilo sequer fazia sentido, não encontrou nesse caminho mais nenhuma árvore semelhante àquela em toda a caminhada, buscando respostas de onde estava, horas se passaram e as perguntas perpetuavam Leonard, mas ainda sim… Era bem melhor que não encontrasse nenhuma criatura aterrorizante, semelhante à que viu no longo desfiladeiro logo quando chegou ou aquelas malditas flores que tentaram o devorar.
Naquele dia, não houve nenhum tipo de respostas, apenas uma longa trilha que subsequente encontraria e, em algum momento, uma lagoa que a água não parecia estar infectada ou que não o permitia beber por sabe-se lá os motivos.
Horas depois, encontrou uma lagoa. A água parecia pura e limpa, uma raridade naquele mundo insólito. Observava a paisagem à sua volta, onde pássaros de anatomia bizarra repousavam nas árvores.
Ainda assim, havia algo que ele não podia ignorar, era se sentir observado a todo momento, em alguns momentos.
Algumas vezes se sentia observado, não sabia de onde nem o porquê, mas para Leonard esse era um dos menores problemas no momento. Assim que chegou a noite, ele ainda não havia encontrado um lugar para dormir e, diferentemente do dia, sabia que provavelmente na noite coisas estranhas deveriam acontecer nesse lugar mórbido.
Nos vemos novamente no sábado!
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