Olá, segue a Central de Ajuda ao Leitor Lendário, também conhecida como C.A.L.L! Aqui, deixarei registradas dicas para melhor entendimento da leitura:
Travessão ( — ), é a indicação de diálogos entre os personagens ou eles mesmos;
Aspas com itálico ( “” ), indicam pensamentos do personagem central em seu POV;
Aspas finas ( ‘’ ), servem para o entendimento de falas internas dentro da mente do personagem central do POV, mas não significa que é um pensamento dele mesmo;
Itálico no texto, indica onomatopeias, palavras-chave para subverter um conceito, dentre outras possíveis utilidades;
Colchetes ( [] ), serão utilizados para as mais diversas finalidades, seja no telefone, televisão, etc;
Por fim, não esqueça, se divirta, seja feliz e que os mistérios lhe acompanhem!
Capítulo 76 — Terceiro Dia
Ao chegarem ao vilarejo novamente, os quatro seguiram as ordens de Cassiano e se separaram, cada um com uma missão específica. Leonard, determinado a cumprir sua parte, se dirigiu à igreja local mais uma vez.
Embora já tivesse estado lá no dia anterior, sabia que ainda havia muito a descobrir sobre a Grande Ceia e o papel que aceitara como um dos três cavaleiros. A igreja, com sua coloração pálida, parecia ainda mais sombria sob o manto de neve que cobria o vilarejo.
Enquanto caminhava, Leonard observava novamente a arquitetura peculiar do vilarejo, que contrastava fortemente com a brancura da neve. Aquele contraste o deixava inquieto, como se houvesse algo de errado, algo que não pertencia àquele lugar.
Ele sabia que a neve e o frio intenso eram resultados dos poderes misteriosos do Wendigo, mas como exatamente esses poderes funcionavam, ele não tinha ideia. Tudo o que sabia era que o Wendigo parecia ser um espírito que se alimentava dos sonhos e pesadelos das pessoas.
Talvez seus próprios sonhos recentes, tão vívidos e perturbadores, fossem resultados dessa influência. Mas ainda faltava algo, uma peça do quebra-cabeça que ele não conseguia encaixar.
Ele se perguntava se o Wendigo personificava uma aparência feminina, ou se era a própria porta que ele havia visto em seus sonhos. Não, talvez a sensação desconfortável fosse culpa dele, de sua própria mente confusa e assustada.
— No fim, não sei de nada… — murmurou Leonard, enquanto caminhava em direção à igreja.
A voz que o acordara da hipnose no dia anterior ainda ecoava em sua mente, assim como as imagens da televisão que parecia transmitir mensagens enigmáticas. Inúmeras dúvidas pairavam sobre ele, mas nenhuma resposta clara. Tudo naquele lugar era estranho, desde a neve que nunca derretia até o silêncio opressivo que pairava sobre o vilarejo.
Mas Leonard sabia que não era hora de se preocupar com isso. A cruz pálida no topo da igreja estava cada vez mais próxima, e o silêncio o acompanhava, interrompido apenas pelo som de seus passos afundando na neve. Cada passo parecia mais pesado que o anterior, como se o próprio ar estivesse tentando impedi-lo de chegar ao seu destino.
Ele engoliu em seco, sentindo sua garganta inchada e um desconforto crescente. O frio mordia sua pele, penetrando até os ossos, e embora ele já tivesse se acostumado com a temperatura glacial, ainda era algo que o incomodava profundamente. Seus dedos estavam dormentes dentro das luvas, e o ar que respirava parecia cortar como uma lâmina.
Ao se aproximar da igreja, Leonard sentiu uma pressão no peito, como se algo o estivesse observando. Ele olhou para trás, mas não viu nada além da neve e das casas silenciosas. Ainda assim, a sensação de que não estava sozinho persistia. Ele apertou o punho, sentindo o peso da espada que carregava à cintura, e continuou a caminhar.
Quando finalmente alcançou as portas da igreja, Leonard parou por um momento, olhando para a cruz pálida que parecia brilhar sob a luz fraca do sol. Ele respirou fundo, tentando se preparar para o que quer que estivesse esperando por ele lá dentro. Sabia que não poderia voltar atrás agora. Ele tinha uma missão a cumprir, e não importava o quão desconfortável ou assustador fosse, ele precisava seguir em frente.
Com um último suspiro, Leonard empurrou as pesadas portas de madeira da igreja e entrou, deixando para trás o frio e o silêncio do vilarejo, mas levando consigo todas as dúvidas e medos que o assombravam.
Dentro da igreja, o ar era pesado e silencioso, como se o tempo tivesse parado. A luz fraca que entrava pelos vitrais coloridos projetava padrões sombrios no chão de pedra, e o cheiro de cera queimada e incenso enchia o ambiente. Leonard fechou a porta atrás de si, abafando o som do vento lá fora, e seus olhos se ajustaram à penumbra.
Foi então que ele a viu: uma figura encapuzada, ajoelhada em frente ao altar, vestindo roupas brancas imaculadas que brilhavam suavemente na luz tênue. A imagem o fez parar por um instante, pois aquela figura lhe era familiar, embora ele não conseguisse precisar o porquê.
Era Chloe. Ele a reconheceu pelo jeito como ela se mantinha, pela serenidade que parecia emanar dela, mesmo sem ver seu rosto. Ela estava absorta em suas preces, murmurando palavras suaves em direção ao altar, onde uma única vela queimava em silêncio, sua chama quase imóvel, como se resistisse ao vento que não podia alcançá-la ali dentro.
Leonard hesitou por um momento, sentindo que estava invadindo um momento íntimo, mas sabia que não poderia esperar. Ele precisava de respostas.
— Com licença — disse, em um tom baixo e respeitoso, enquanto se aproximava do altar. Sua voz ecoou suavemente pelas paredes de pedra da igreja, quase como um sussurro que se perdia na vastidão do lugar.
Chloe parou de murmurar e, lentamente, começou a se levantar. Ela se virou para ele, e Leonard pôde ver seu rosto sob o capuz. Seus olhos eram calmos, mas profundos, como se carregassem o peso de segredos antigos. Ela o fitou por um momento, como se estivesse tentando decifrá-lo, antes de falar.
— O que lhe devo a visita, jovem Damian? — perguntou Chloe, sua voz suave, mas carregada de uma autoridade tranquila.
Leonard sentiu um frio percorrer sua espinha ao ouvir o nome “Damian”. Ele havia quase se esquecido de que, para eles, ele não era Leonard, mas sim outro investigador, alguém que fazia parte da organização. Aquele nome era um lembrete de que ele estava mergulhado em uma teia de mentiras e identidades falsas, e que cada passo em falso poderia despertar suspeitas.
Ele demorou alguns instantes para responder, tentando organizar seus pensamentos. Sabia que precisava ser cuidadoso com suas palavras, mas também não podia perder a oportunidade de obter informações.
— Eu… queria saber mais sobre a Grande Ceia — disse ele, finalmente, escolhendo suas palavras com cuidado. — Ainda não sei exatamente o que eu preciso fazer como um dos três cavaleiros. Preciso entender melhor o meu papel.
Chloe manteve um sorriso suave no rosto, como se já esperasse aquela pergunta. Ela não respondeu imediatamente, mas, em vez disso, caminhou até um banco de madeira na primeira fileira, próximo ao altar. Sentou-se com graça, seus movimentos fluidos e quase hipnóticos. Então, gesticulou para Leonard, indicando que ele deveria se sentar ao seu lado.
— Venha — disse ela, sua voz tão suave quanto o farfalhar de uma folha ao vento.
Leonard hesitou por um breve momento, mas acabou obedecendo. Ele se sentou ao lado dela, sentindo o peso da madeira dura sob seu corpo. O banco era frio, e o ar ao seu redor parecia ainda mais denso agora que ele estava tão perto de Chloe. Ele podia sentir a presença dela, uma energia que era, ao mesmo tempo, calmante e perturbadora.
Chloe olhou para o altar, onde a vela continuava a queimar, sua chama quase imóvel. Ela parecia estar escolhendo suas palavras com cuidado, como se estivesse decidindo quanto revelar.
— A Grande Ceia — começou ela, finalmente.
Regras dos Comentários:
Para receber notificações por e-mail quando seu comentário for respondido, ative o sininho ao lado do botão de Publicar Comentário.