Capítulo 78 — Os Dias Passam e…

Os dias passaram como um sopro, e hoje, finalmente, completariam sete dias desde que chegaram a Eden Hollow. Três dias desde que Chloe anunciara que ele seria o responsável pela entrega da adaga de prata. 

Desde então, nenhuma nova revelação surgira, e o silêncio que pairava sobre eles era mais assustador do que qualquer palavra. A incerteza os consumia, dia após dia, como uma sombra que se arrastava lentamente, alimentando um sentimento de impotência. Estavam à mercê do desconhecido, à espera do que quer que fosse acontecer durante a temida Grande Ceia.

Naquele dia fatídico, Cassiano passou horas ao lado de Memphis, um homem de confiança do senhor Luke. Enquanto caminhavam perto do depósito, Cassiano sentiu algo estranho, uma sensação que o fez hesitar por um breve instante. Era como se o ar estivesse mais pesado, carregado de uma energia que não conseguia nomear. Mas, decidido a não ceder ao medo, ele seguiu em frente, ignorando o frio que começava a se infiltrar em seus ossos. 

Katherine, por sua vez, dedicou seu tempo a procurar Alisha, a jovem que os recebera na chegada. Esperava encontrar respostas, ou pelo menos um sinal de que não estavam completamente sozinhos naquela trama. Mas, mais uma vez, nada de anormal aconteceu — além do que já haviam testemunhado anteriormente. 

Liam passou a maior parte do dia na companhia dos outros dois cavaleiros, Owen e Otis. Mais tarde, Leonard descobriu que Owen era o garoto com quem conversara naquele dia distante, uma revelação que o fez questionar quantas outras conexões estavam ocultas naquele lugar.

Enquanto isso, Claire escolheu ficar próxima de Morgan. Nos últimos dias, as duas pareciam ter desenvolvido uma amizade genuína, compartilhando segredos e risadas que, por um breve momento, afastavam o peso da situação. No entanto, mesmo ali, na aparente normalidade, não havia nenhum sinal de que as coisas estivessem realmente bem. O silêncio era ensurdecedor, e a ausência de respostas só aumentava a tensão.

O frio, cada vez mais intenso, beliscava a pele dos cinco, como se o próprio ambiente conspirasse contra eles. A vegetação, antes morta e ressecada, começava a ganhar vida, brotando lentamente em um ritmo que parecia fora do tempo. Era como se a natureza estivesse se preparando para algo — algo grande. Mas o que? E, mais importante, por quê?

Leonard não conseguia parar de pensar naquela pergunta: existia uma sexta pessoa? 

Durante os últimos três dias, a dúvida o atormentava, surgindo em sua mente repetidas vezes, como um eco que não se calava. Ele revirava cada detalhe, cada interação, cada palavra dita, mas nenhuma resposta surgia. Tudo parecia convergir para um único ponto, um marco na história que eles não conseguiam compreender completamente. 

E, enquanto o tempo passava, o sentimento de urgência só crescia, como um relógio invisível marcando os segundos que os separavam de um destino desconhecido.

A cada dia que passava, a sensação de que algo grandioso — e talvez terrível — estava por vir se tornava mais palpável. E, no fundo, Leonard sabia que, quando a Grande Ceia finalmente chegasse, nada mais seria como antes.

Os dias continuaram a passar, arrastando consigo uma tensão que parecia se infiltrar em cada canto de Eden Hollow. O silêncio, antes apenas incômodo, agora era opressivo, como se a própria casa estivesse segurando a respiração, à espera de um desfecho inevitável. Leonard sentia o peso do tempo mais do que nunca. 

Sete dias haviam se transformado em oito, depois nove, e ainda assim, nada de concreto surgira. A adaga de prata, entregue a ele por Chloe dois dias depois, repousava em seu quarto, envolta em um pano escuro, como se carregasse consigo um segredo que ele ainda não estava preparado para desvendar.

Cassiano continuava sua rotina ao lado de Memphis, mas a sensação de que algo estava errado só aumentava. O depósito, que antes parecia apenas um local abandonado, agora emanava uma energia que ele não conseguia ignorar. Memphis, por sua vez, parecia cada vez mais distante, como se estivesse escondendo algo. 

Cassiano tentou questioná-lo, mas as respostas eram sempre evasivas, cheias de meias-verdades que só aumentavam sua desconfiança.

Katherine, por outro lado, decidiu mudar sua abordagem. Em vez de procurar Alisha diretamente, ela começou a observar a jovem de longe, tentando capturar qualquer sinal que pudesse indicar o que ela estava escondendo. 

Alisha parecia mais nervosa a cada dia, como se estivesse presa em uma teia de mentiras da qual não conseguia escapar. Katherine sabia que a resposta estava ali, mas Alisha não estava disposta a falar — pelo menos não ainda.

Liam, enquanto isso, se aproximava cada vez mais de Owen. O garoto era reservado, mas Liam percebeu que ele tinha um conhecimento profundo sobre Eden Hollow e seus segredos. Owen não falava muito, mas quando o fazia, suas palavras eram carregadas de significado. “Nem tudo é o que parece”, ele disse uma vez, e aquela frase ecoava na mente de Liam como um aviso. 

Ele começou a questionar se Owen era realmente quem parecia ser, ou se havia algo mais por trás daquela fachada calma.

Claire e Morgan, por sua vez, mantinham sua amizade próxima, mas até elas começaram a sentir o peso da situação. Claire notou que Morgan, apesar de parecer tranquila, tinha momentos de distração, como se estivesse constantemente ouvindo algo que ninguém mais podia ouvir. 

Quando Claire tentou abordar o assunto, Morgan apenas sorriu, dizendo que era apenas o vento. Mas Claire sabia que era mais do que isso.

Leonard, no entanto, era o mais afetado pela incerteza. A pergunta sobre a sexta pessoa não saía de sua mente. Ele começou a revisitar cada interação, cada conversa, tentando encontrar uma pista que pudesse levar a uma resposta. Foi então que ele percebeu algo: em todos os momentos cruciais, havia sempre uma presença que ele não conseguia identificar. 

Alguém que estava sempre à margem, observando, mas nunca se revelando. Seria essa a sexta pessoa? Ou era apenas sua mente brincando com ele?

O frio continuava a se intensificar, e a vegetação, que antes parecia morta, agora brotava com uma vitalidade estranha, como se estivesse se preparando para algo. Leonard sentia que o tempo estava se esgotando. 

A Grande Ceia estava se aproximando, e com ela, a sensação de que algo grandioso — e talvez terrível — estava prestes a acontecer.

Na noite do nono dia, Leonard decidiu confrontar os outros. Ele os reuniu na sala, onde as lâmpadas lançavam sombras dançantes nas paredes. Todos estavam lá: Cassiano, Katherine, Liam e Claire. Ele olhou para cada um deles, sentindo o peso da responsabilidade sobre seus ombros.

— Precisamos falar sobre o que está acontecendo — começou, sua voz firme, mas carregada de urgência. — Algo está errado, e todos nós sabemos disso. A sexta pessoa, a adaga, a Grande Ceia… tudo está conectado, e se não descobrirmos o que está acontecendo, pode ser tarde na hora…

Os outros trocaram olhares, hesitantes, mas ninguém contestou. Eles sabiam que Leonard estava certo. O tempo estava se esgotando, e a única maneira de sobreviver era enfrentar o desconhecido de frente.

— Então, o que sugere? — perguntou Katherine, sua voz suave, mas determinada.

Leonard respirou fundo, sentindo o peso das palavras que estava prestes a dizer.

— Precisamos descobrir quem é a sexta pessoa. E, mais importante, precisamos descobrir o que ela quer. Porque, no fundo, todos sabemos que ela está aqui. E ela está esperando.