Capítulo 8 — Cavaleiro Henry
Sabendo que algo poderia comprometer sua viagem, Leonard examinou por alguns instantes o lugar onde estava. O campo, manchado de vermelho, apresentava relevos e depressões sutis que chamavam sua atenção.
“Talvez eu possa dormir em um desses buracos, embora seja algo nada confortável, é o que há para hoje…”
Aproximou-se de uma das depressões e, sem enxergar o fundo, pegou uma pedra e a soltou. O som do impacto, após alguns segundos, revelou que o buraco não era tão profundo quanto parecia.
— Lá vou eu, me enfiar mais uma vez em um buraco. — Murmurou, pigarreou e saltou, garantindo que não iria cair de cabeça.
A queda foi mais turbulenta do que esperava. Leonard escorregou ao pousar e, embora suas pernas não sofressem danos, a lateral do corpo atingiu a parede do buraco, provocando uma dor incômoda no serrátil anterior. Não era nada que o impediria de prosseguir, mas o desconforto era evidente.
Ao contrário da visão acima, dentro desse buraco curto que conseguiria subir depois, era moderadamente capaz de enxergar algo lá em cima, era como se a visão na parte de cima estivesse totalmente distorcida.
— Parece bem mais próximo da saída do que eu pensava… Esse lugar sempre consegue achar um jeito de ficar estranho…
Afastando-se da entrada, chutou uma pedra que quicou algumas vezes antes de colidir com algo. Quando seus olhos se acostumaram à penumbra, percebeu um esqueleto parcialmente vestido com uma cota de malha enferrujada, calças desgastadas e um capacete cinza feito de ferro bruto.
Diante de tantas coisas que havia visto, um antigo cavaleiro morto não era o que o surpreenderia mais.
“Uma armadura? Isso parece remontar a épocas antigas… Será que este lugar faz mesmo parte da Terra? Se não for, onde estou? E por que só encontro corpos?”
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O último fragmento de dúvida que Leonard ainda tinha sobrando era uma memória inesquecível que o fazia se sentir inferior a até uma formiga, aquele imponente castelo acima dos céus rasgando a ordem natural das coisas.
“Seria um cavaleiro daquele maldito castelo? Talvez…”
Deixando os pensamentos de lado, Leonard aproximou-se do esqueleto. Na mão direita da figura, ainda firmemente fechada, havia uma espada. Forçou os dedos rígidos e libertou finalmente a lâmina.
Embora não soubesse tanto sobre espadas, sabia que algo assim estava em um estado decadente, para não se dizer o pior, a lâmina estava quase cega e frágil, punhal desmanchando e ainda por cima… Pesada! Era incrivelmente pesada se comparado a tudo que já segurou, provavelmente seria imagem semelhante a uma caixa cheia de livros, isso era de fato assustador.
— Como esses caras carregavam isso de um lado para o outro? — perguntou para si, mais para preencher o silêncio do que por curiosidade genuína.
Colocando a espada de lado, Leonard deitava naquele chão empoeirado abaixo da terra, enquanto observava o esqueleto, teve uma ideia. Se virou para o outro lado, ficando cara a cara com a parede, soltou uma breve risada.
— Bem melhor!
Sem cerimônias, adormeceu, exausto do longo dia.
Ao despertar, não sabia se era manhã ou noite. Espreguiçando-se, percebeu algo que não havia notado antes: um brilho sutil junto ao esqueleto. Era um cantil surrado, refletindo a luz filtrada pela entrada do buraco.
Pegou o objeto e, ao sacudi-lo, Leonard sentiu o som de líquido remexendo. Guardou-o no bolso, preferindo não abrir e arriscar sentir um odor pútrido. Preparado para sair, analisou a abertura acima e começou a escalada.
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Com isso feito, Leonard deu uma última olhada para o esqueleto ali eternizado e pensou com cuidado sobre certos assuntos um tanto quanto tristes.
“Ele teve nome, algum dia, não teve? Perdido agora pelo tempo, eu te nomeio para ter um fim digno, seu nome é…”
Um pensamento preencheu seu corpo de maneira estranha, como se reagisse ao chamado com uma única palavra sobre aquilo.
— Henry, definitivamente você um dia se chamou assim… Até mais, guerreiro, espero que encontre sua paz nesse lugar.
Finalizou suas provisões e deu alguns passos, voltando para o mesmo lugar, onde se jogou anteriormente e pensou por alguns minutos, soltou um suspiro e começou a escalada, seguindo os pontos que idealizo.
Segurando-se nas pedras, Leonard sentiu várias vezes o pavor de quase perder o equilíbrio. Em cada deslize, a adrenalina o fazia agarrar qualquer apoio disponível com força renovada. Ele sabia que uma queda próxima à parede seria desastrosa, e o pensamento o mantinha alerta, mesmo quando as mãos começavam a doer.
O último ponto da escalada era visivelmente mais alto e parecia inalcançável à primeira vista. Leonard demorou quase dois minutos para chegar ali, o corpo protestando contra o esforço, enquanto a mente insistia que ele não podia desistir.
A ideia de que seria uma saída simples rapidamente se mostrou ingênua. O peso adicional da espada desgastada e do cantil improvisado tornava cada movimento mais lento e exaustivo. Sua força estava longe do que imaginara, e o desafio tornou-se quase insuportável. Ainda assim, apostou tudo em um salto final.
Era tudo ou nada: ou suas mãos agarrariam a borda, ou ele despencaria e pagaria o preço por sua ousadia. Com uma pitada de sorte e pura determinação, Leonard conseguiu segurar a última pedra com ambas as mãos. Seus dedos cravaram-se na superfície áspera enquanto ele reunia todas as forças restantes para lançar o outro braço sobre a borda.
Gemendo de esforço, ele puxou o corpo para a grama acima e rolou pelo solo até parar, completamente exausto.
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— Uh, pensei que ficaria preso lá… — murmurou, a voz ofegante. — Da próxima vez, é melhor me certificar de que não preciso me preocupar com o aumento considerável de peso…
Deitado de costas, o peito subia e descia em um ritmo frenético. A respiração vinha em arfadas desordenadas, como uma dança descontrolada.
“Definitivamente não posso mais fazer algo assim…”
Sentindo dificuldades até para falar, repousou deitado ali imóvel durante um tempo, apenas respirando para unir forças novamente, afinal, ainda tinha muito o que fazer, incluindo tentar caçar, ele precisava encontrar alguma coisa para se alimentar.
“Este será um longo dia de sobrevivência…”
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