Índice de Capítulo

    Olá, segue a Central de Ajuda ao Leitor Lendário, também conhecida como C.A.L.L! Aqui, deixarei registradas dicas para melhor entendimento da leitura: 

    Travessão ( — ), é a indicação de diálogos entre os personagens ou eles mesmos;
    Aspas com itálico ( “” ), indicam pensamentos do personagem central em seu POV;
    Aspas finas ( ‘’ ), servem para o entendimento de falas internas dentro da mente do personagem central do POV, mas não significa que é um pensamento dele mesmo;
    Itálico no texto, indica onomatopeias, palavras-chave para subverter um conceito, dentre outras possíveis utilidades;
    Colchetes ( [] ), serão utilizados para as mais diversas finalidades, seja no telefone, televisão, etc;
    Por fim, não esqueça, se divirta, seja feliz e que os mistérios lhe acompanhem!

    Minutos depois, Leonard conseguiu se erguer sem ser dominado pela dor. Sentado na grama, respirou fundo, os músculos ainda protestando enquanto tentava reunir forças. A necessidade de agir logo o trouxe de volta à realidade; havia trabalho a fazer.

    Com um movimento lento, girou a tampa do cantil de couro. O cheiro que escapou dali era insuportável, uma mistura pútrida que fez seu estômago revirar violentamente. Tossindo e prendendo a respiração, afastou o recipiente e o virou de ponta-cabeça, deixando o líquido viscoso escorrer pelo chão.

    — Que cheiro de merda! — exclamou, quase engasgando com o odor persistente.

    Mesmo após esvaziar o cantil, o cheiro ainda parecia pairar no ar, menos intenso, mas ainda incômodo. Leonard pegou a espada com a mão direita e o cantil na esquerda, usando o peso da lâmina como apoio enquanto avançava. Ele arrastava a espada pela grama, deixando um rastro visível, mas preferia isso a amarrá-la na cintura e enfrentar uma batalha caótica tentando desembainhá-la às pressas.

    Ao longe, um som chamou sua atenção: água corrente. O ruído era sutil, mas constante, o suficiente para reacender uma centelha de esperança. Leonard seguiu o som sem hesitar, embora sua mente o alertasse sobre as traiçoeiras poças que já o haviam enganado antes.

    — Preciso lembrar de lavar o cantil antes de colocar água, bom, não tem nenhuma coisa que consiga tirar esse cheiro… Acho que vou poder apenas ficar colocando e tirando a água… 

    Conforme o barulho da água ficava mais próximo, ele se deparou com arbustos de um vermelho vibrante e a copa baixa de uma árvore pequena, bloqueando a visão adiante. Leonard parou por um instante, o coração acelerando em expectativa.

    “Só mais alguns passos…”

    Determinado, atravessou as folhas, ignorando o desconforto das plantas mornas, roçando sua pele ferida. A brisa que seguiu arrepiou seu corpo, um contraste marcante com o calor acumulado do esforço anterior.

    — Huh… 

    A visão que o recebeu era quase surreal: uma pequena cachoeira desaguava em um riacho cristalino. A água brilhava com pureza, destoando de tudo que ele havia encontrado naquele lugar estranho. Por um momento, Leonard deixou o cansaço ceder ao deslumbre, mas a ilusão de tranquilidade logo se quebrou.

    Movimento do outro lado da cachoeira chamou sua atenção. Um arbusto sacudiu sutilmente. Ele enfiou o cantil no bolso e ergueu a espada com ambas as mãos, os olhos fixos na folhagem.

    “Sabia que não seria tão fácil! Esse lugar sempre vai tentar destruir as minhas esperanças?!” 

    De repente, uma pequena criatura saiu do arbusto. Parecia um esquilo, com pelagem marrom e uma cauda absurdamente longa, quase três vezes maior que seu corpo. Leonard relaxou por um instante.

    “Espera, é apenas um esquilo?” 

    A expressão de Leonard logo mudou ao notar detalhes anormais. Um terceiro olho ocupava a testa do animal, maior que os outros dois. Suas unhas afiadas cintilavam como pequenas lâminas.

    “Mas que porra é essa?!” 

    Incrédulo, manteve a espada erguida, preparado para qualquer ataque. No entanto, o esquilo ignorou sua presença e foi até a base da cachoeira. Bebeu calmamente antes de retornar ao arbusto e desaparecer, como se nunca tivesse estado ali.

    — Acabou? Que estranho… — murmurou, esperando ainda alguns segundos antes de se convencer de que estava realmente sozinho.

    “Certo…” 

    Caminhou até a base da cachoeira, sentindo o som da água preenchê-lo com um alívio inesperado. Apesar da beleza, ele sabia que não podia confiar inteiramente. 

    Fazendo uma pequena concha com a mão, o vento vindo do leste ao sul batia em seu rosto, esvoaçando o cabelo preto com mechas brancas. Com certo receio, bebeu a água. 

    A água, embora não fosse totalmente potável ou segura pelas doenças que poderiam eventualmente ser transmitidas por ela, não havia ideia de algum lugar.

    Em seguida, abriu o cantil e mergulhou-o repetidas vezes na água, esvaziando-o para eliminar o mau cheiro. Embora o odor não desaparecesse completamente, já era tolerável.

    “Bom… Acho que não teria problema eu encher o cantil e após isso tomar um banho, não é?”

    Levantando a camisa suja, sentiu o cheiro ácido que exalava de si mesmo. Seu cabelo endurecido pela sujeira e o rosto coberto de terra tornavam a decisão inevitável.

    — De fato, um banho cairia bem. 

    Leonard deixou a espada e o cantil na margem e se despiu completamente e entrou na água. Diferentemente do que imaginava, a temperatura era morna, relaxante, aliviando a tensão acumulada em seus músculos. Ele encostou-se nas pedras, deixando que a corrente massageasse seu corpo.

    — Ah… Como é bom relaxar, que água boa… — Leonard se recostava nas pedras. Jogando água no cabelo para tirar pelo menos um pouco da terra que ali havia. 

    Com o corpo contraindo e expandindo os músculos danificados, Leonard permanecia imóvel, com o corpo já quente pela água, se acostumando. Após um tempo, começou a esfregar cada parte de seu corpo com as mãos. 

    Leonard permaneceu na água por alguns minutos, esfregando o corpo e limpando os cabelos endurecidos pela sujeira. Cada movimento parecia levar embora o peso acumulado dos últimos dias, deixando sua mente momentaneamente aliviada. A queda d’água martelava as pedras ao redor, abafando qualquer outro som e criando a ilusão de que o mundo lá fora havia parado.

    Mas não duraria para sempre. O tempo não era um luxo que ele podia se dar. Com relutância, Leonard saiu da água e vestiu as roupas molhadas, o tecido pesado e frio grudando contra a pele. Amarrou a espada na cintura com um nó improvisado, verificou o cantil cheio e deu um último olhar à cachoeira antes de atravessar os arbustos novamente.

    A sensação era diferente agora. O desconforto das folhas mornas tocando sua pele havia desaparecido, substituído por uma calma estranha, quase resignada. Ele respirou fundo, absorvendo o ar úmido e pesado que antecede a chuva.

    “Pelo menos não é semelhante àquela árvore esquisita, preciso arrumar algo para comer…”

    O pensamento o acompanhava enquanto seguia em frente, mas logo foi interrompido. As nuvens acima começaram a se amontoar, escurecendo o céu de forma opressiva. O som abafado de trovões distantes murmurava no horizonte. Uma tempestade estava a caminho.

    Foi então que ouviu. Um som gutural, baixo e ameaçador rasgou o silêncio.

    Leonard congelou no lugar, todos os instintos gritando ao mesmo tempo. Ele girou sobre os calcanhares, o coração disparado e viu o que temia: três lobos brancos emergiam da vegetação próxima. Suas bocas gotejavam sangue fresco, e os dentes cinzentos e irregulares reluziam como pequenas lâminas. Seus olhos, de um amarelo frio e inumano, cravaram-se nele, e Leonard sentiu um arrepio percorrer sua espinha.

    Os lobos pararam por um instante, avaliando-o, mas logo começaram a avançar, passos lentos e calculados.

    O medo atingiu Leonard como um soco no estômago. Suas pernas fraquejaram e ele quase caiu para trás, cambaleando enquanto tentava se manter firme. Era como se o próprio ar ao redor tivesse ficado mais pesado, sufocando qualquer tentativa de raciocínio.

    “Merda… não agora… não assim!”

    Com as mãos trêmulas, Leonard puxou a espada. A lâmina gasta refletiu a luz cinzenta do céu por um breve momento antes de ser erguida em sua frente, a postura desajeitada denunciando seu desespero.

    — Nem fudendo! — gritou, mais para si mesmo do que para as bestas.

    O rugido de um trovão explodiu ao longe, ecoando pela floresta como um prenúncio de caos.

    Atenção! Caso tenha algum erro que tenha passado despercebido na revisão, peço que me avisem aqui mesmo ou no discord, ainda sou meio animal em acentuações…

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