Capítulo 45 – A Tragédia do Ceifador: A Escolha
Boyak soltou um grito que vinha além da sua capacidade vocal, era originado na sua alma.
— Não chora, pai. Estou aqui agora.
A voz tranquila da filha afligia ainda mais o seu coração e atormentava a sua mente.
— Eu… me desculpe se falhei contigo.
Toda a sua dor estava contida naquela frase.
— Se você chorar, eu também vou chorar junto — a menina argumentou e simulou um sorriso.
Havia um corte em seu lábio superior e resquício de sangue em sua boca. Mesmo assim, Boyak achou seu sorriso a coisa mais linda do mundo.
— Nós só temos mais alguns minutos — a menina disse.
Boyak franziu o cenho.
— Ele vai me atingir com suas garras… e eu vou morrer — ela falou a última parte da frase com dificuldade, segurando o choro na garganta.
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— Não, não, isso não vai acontecer, eu não vou deixar!
Isabela começou a estremecer. Toda a esperança desapareceu de seu rosto e restou apenas um medo tão genuíno que fez o ar escapar dos pulmões do ceifador.
— Não!
Ele berrou.
Era tarde demais.
Boyak assistiu as garras da criatura fazerem seu trabalho assassino.
Isabela caiu. O som de sua respiração soando alto enquanto o sangue manchada o vestido.
— Não, não, não, não.
De repente, num último esforço, ela ergueu a mão e tocou seu rosto. E ele lutou para acreditar que aquele toque gelado pertencia mesmo a sua filha. Tentou derrubar todas as objeções para permanecer acreditando.
— Eu estou aqui, eu estou aqui, filha.
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Mas ela já estava morta.
Porém, imediatamente após o toque, ele sentiu algo diferente da amargura e culpa, um sentimento mais quente percorrendo as suas mãos. E soube que era o fluido de oração.
Tão logo também adivinhou que aquilo não passava de uma ilusão criada pelo demônio.
Então, aproveitando aquele resquício de poder, ele desferiu um soco e sentiu sua mão atravessar um corpo.
Isabela desapareceu junto com a ilusão e deram lugar ao rosto surpreso de Aruyo.
— Como?
— Então esse é o seu coração? — o ceifador questionou, sentindo uma coisa gosmenta pulsar na sua mão.
Aruyo se preparou para fincar a espada ainda mais fundo, no entanto, Boyak agiu mais rápido e apertou o coração do demônio com toda a força.
O esmagamento levou apenas um momento e, no instante seguinte, tanto a criatura quanto a lâmina se tornaram vapor.
Boyak desabou no chão procurando ar e forças nas pernas. Se sentia cansado e triste.
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— Desgraçado!
A voz do barão Jutred soou do outro lado.
— O que você fez?! Era para você estar sofrendo tanto quanto eu! Afogado na amargura do seu fracasso!
O ceifador usou todo o restante de sua vontade para levantar e deu passos cambaleantes até o cavalo assustado.
— Ei! Boyak! Me mate. Venha aqui e termine o serviço, seu covarde!
Ele não obedeceu. Montou no cavalo devagar, deu o comando e o animal correu através da chuva.
O barão soltou um grito horrendo ao assistir a cena, se lançou ao chão e jogou lama na cabeça.
Através dos céus, um raio decretou o fim daquele encontro.
O ceifador não retornou para as Colinas Verdes imediatamente. Assim que se viu longe o bastante da propriedade do barão, desmontou e chorou.
Chorou por muito tempo.
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Fez pedidos de perdão imaginando os terríveis minutos finais de Isabela.
Em sua mente, mantinha a esperança de que ela estivesse ouvindo e pudesse perdoá-lo por tamanha erro.
Foi Thayala quem veio ao encontro dele e, embora não soubesse, ela tinha vigiado suas ações o tempo inteiro, a pedido do mestre.
A ceifadora o guiou de volta para as Colinas e, quando chegaram ao anoitecer, encontraram o mestre esperando.
Thayala fez um gesto com a cabeça e o mestre entendeu que seu aluno não fora capaz de matar um homem por vingança.
Boyak foi levado para comer e depois para o quarto onde adormeceu em silêncio.
No dia seguinte, quando acordou, se deparou com Ingrid sentada ao seu lado. O semblante dela ainda tomado por uma tristeza profunda.
— Por que você não o matou? — foi a primeira coisa que ela disse depois de vê-lo bem acordado.
Boyak estremeceu com a questão.
— Não foi como eu pensava.
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— Ele é responsável pelo assassinato da nossa filha.
— Ele se uniu a um demônio que se alimentava de seu remorso para me prejudicar. O barão não é uma boa pessoa, mas ficou cego em sua dor e atingiu pessoas inocentes. Eu… eu não quero me tornar como ele.
— Ele é o responsável pelo assassinato da nossa filha!
— Eu… sei.
— Então como não pôde? Está dizendo que ela não vale o esforço?
— Fui até a propriedade do barão com a intenção de matá-lo com as minhas mãos, mas encontrei apenas um homem louco, alguém tão envolto em seu luto que perdera toda a noção da realidade.
— Eu não me importo se ele está louco ou são! — ela aumentou o tom da voz. — Quero esse homem morto, Boyak. Quero o sangue dele escorrendo assim como deixou o sangue da minha pobre menina escorrer!
Boyak se sentou ao lado dela e segurou as suas mãos.
— Também queria — o ceifador confessou. — Mas…
Hesitou. Desde que encontrara com o demônio e o barão, ele vinha pensando na próxima frase, lutando para resistir a verdade.
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— Foi minha culpa… eu errei com ele e outros acabaram pagando pelo meu erro.
— O seu único erro foi não ter cortado a cabeça dele.
Ingrid se desvencilhou das mãos do ceifador e enxugou algumas lágrimas teimosas do rosto.
— Eu… sinto muito. Falhei, Ingrid. Falhei com ele e com sua filha, falhei com você e com a nossa menina.
— Olhe para mim — ela falou erguendo o rosto dele. — Não quero suas desculpas, não quero sentir nada além do prazer da vingança. E se você não puder me proporcionar isso, será culpado pela morte de Isabela e por qualquer coisa que vier acontecer comigo.
Boyak segurou o rosto dela com cuidado e soltou um longo e demorado suspiro.
— Eu não vou matar Jutred.
Ela cerrou os dentes.
— Você é um covarde.
Ingrid empurrou-o e saiu do quarto.
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É muito bom ter você aqui!
Espero que esteja curtindo a jornada de Boyak e Anayê.
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