CAPÍTULO 1 - O COMEÇO
Era uma tarde tranquila quando minha mãe, Mizuki Hikaru, se ajoelhou ao meu lado. Em suas mãos, ela segurava um anel reluzente, e seus olhos brilhavam com uma mistura de amor e seriedade.
— Yuki, esse é o seu anel — disse ela, colocando-o em minha palma. O metal frio contrastava com o calor do seu toque. — você é diferente de todas as outras crianças. Você é especial. Sempre que se sentir pequeno ou imprestável, olhe para este anel e lembre-se deste momento.
Franzi a testa.
— Mas, mãe, por que você está dizendo isso? Quando eu me sentir pequeno, terei você para me dizer que sou grande. Se me sentir imprestável, terei você para me fazer útil. Por que diz isso?
Ela sorriu, mas havia uma sombra em seu olhar.
— Você entenderá um dia, meu querido.
Olhei para ela. Sua blusa marrom e o vestido vermelho pareciam desgastados, mas o bracelete azul-marinho que ela usava, adornado com listras douradas e um símbolo antigo, sempre me fascinava. Para mim, ele tinha um significado especial.
—Yuki — disse ela com um tom suave — entenda que não estarei aqui para sempre. Um dia, eu partirei, e você terá que ficar aqui sem mim. Compreende?
— Mas para onde você vai? — perguntei, com o medo se instalando no peito.
— Agora não é a hora certa para essa conversa. Quem sabe um dia… O que importa neste momento é que você estude mais um pouco. Vá pegar seus livros na estante, por favor.
Como eu não frequentava a escola, minha mãe era minha professora. Todos os ensinamentos que eu tinha até aqueles sete anos vinham dela. Fui até a estante e peguei os livros. O canto da sala onde estudávamos era meu lugar favorito.
Sentei-me sobre o tapete e abri o livro de matemática. Comecei a desenhar fórmulas no caderno, mas, ao olhar para minha mãe, percebi que ela não estava prestando atenção.
— Mãe, o que foi?
Ela balançou a cabeça.
— Nada, filho. Estava tentando lembrar de algo de muito tempo atrás. Agora me diga, por que você fez esse cálculo? Essa fórmula não tem essas variáveis, onde você viu…
Antes que ela pudesse terminar, uma voz ecoou do corredor:
— Yukii, vem aqui!
Levantei-me e segui em direção à voz, com o coração batendo em expectativa. Ao chegar ao final do corredor, vi meu pai. Ele era um homem grande, de cabelos longos e olhos pretos, e acabara de voltar do trabalho.
— Yuki, olha o que eu trouxe para você! — disse ele, apontando para uma caixa de papelão grande ao lado da porta. — Vai lá, veja o que há dentro.
Com o coração acelerado, fui até a caixa e a abri. Dentro, um pequeno ser peludo com olhos verdes olhou para mim e deu um latido suave.
— UM CACHORRO, PAI?! — gritei, com a felicidade transbordando no peito. Eu nunca tinha visto um cachorro tão de perto.
— Isso mesmo, Yuki! Ele é seu. Agora pense bem em um nome para ele!
— Hmmm… Ele vai se chamar Kuma! — respondi, enquanto abraçava o pequeno cachorro. — Olá, Kuma! Você agora é meu melhor amigo!
De alegria, peguei Kuma no colo e corri para mostrar à minha mãe.
— Mãe, mãe, olha o que o papai trouxe para mim!
Minha mãe levou um susto ao olhar para o meu novo amigo e, preocupada, disse:
— Filho, é legal ter um animal de estimação, mas não temos condições de cuidar dele.
Com um olhar firme, ela olhou para o meu pai e perguntou:
— Daishi, onde você conseguiu esse cachorro?
— Mas, mãe, por que você está brava? Ele não vai atrapalhar em nada! Além disso, eu não tenho ninguém para brincar, e ele pode ser a única companhia que eu terei. Por favor, mãe, deixa eu ficar com ele… — implorei com os olhos marejados.
Naquele momento, minha mãe não parecia querer o cachorro em casa. Então, meu pai, com uma expressão séria, falou com ela:
— Calma, Mizuki. Eu o encontrei na rua, a caminho de casa, e pensei que seria bom o Yuki ter um cachorro para brincar, já que não há outras crianças por perto.
Minha mãe, ainda séria, chamou meu pai para o quarto, para conversar sobre a situação.
— Daishi, vamos ao quarto conversar. Yuki, termine seus estudos e coloque o cachorro na caixa até decidirmos o que fazer.
— Mas, mãe…
— Nada de “mas”, Yuki! Faça o que eu mandei, agora!
Então, fiz o que minha mãe ordenou e coloquei o Kuma de volta na caixa. Voltei para meus estudos.
Enquanto eu lia, ouvi vozes altas vindas do quarto dos meus pais. Eles estavam discutindo. Fiquei curioso e me levantei para escutar, mas, quando me aproximei da porta, ouvi latidos altos. Virei para trás e vi Kuma na sala.
Assustado, me afastei da porta, com medo de que meus pais tivessem ouvido o latido e me pegassem espionando. Corri até Kuma e, logo depois, meus pais saíram do quarto, provavelmente com a discussão encerrada.
— Yuki, eu não te disse para colocar o cachorro na caixa? Por que ele está aqui? — perguntou minha mãe, desta vez com uma expressão mais calma.
— Eu o coloquei na caixa, mãe, mas parece que ele conseguiu sair sozinho…
Eu realmente não sabia como ele tinha aparecido na sala, mas a única explicação era que havia saído por conta própria.
— Enfim, Yuki, me desculpe por ter sido dura com você. Eu sei que você precisa se divertir, já que é uma criança. E como não tem amigos ou colegas por perto, vou deixar você ficar com o cachorro. Mas você tem que ser responsável com ele, porque ter um cachorro dá trabalho. Ele é um ser vivo e precisa de cuidados. Tudo bem?
Meu pai, após minha mãe falar isso, sorriu e disse:
— Meu pequeno campeão pode ter sete anos, mas é muito responsável, não é, Yuki? Você consegue!
Confiante, respondi:
— Sim! Eu sou responsável e vou cuidar muito bem dele!
Logo depois, meu pai bagunçou meu cabelo e disse:
— Agora, meu pequeno responsável, vai terminar seus estudos. Deixa que eu dê um banho no Kuma, porque, como eu disse, eu o encontrei na rua e o trouxe imediatamente. Ele com certeza não está limpo.
Meu pai foi ao quintal pegar água do poço e levou Kuma consigo. Enquanto isso, minha mãe e eu continuamos com os estudos.
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