Capítulo 11 - Um Nome Familiar.
Após caminharmos por alguns minutos, me deparei com uma grande estrutura. Já dava para ver de longe, mas agora, de perto, a magnitude do lugar era surreal.
Era ainda maior do que a escola, tanto em altura quanto em comprimento. Na entrada, havia uma grande porta dupla que se abria automaticamente quando alguém se aproximava. Acima da entrada, estava escrito: “Centro Comercial”.
— WOOOOW! Que lugar grande! Aqui é o mercado? — perguntei, completamente impressionado.
— Não, isso é o Centro Comercial da escola. Aqui, você compra roupas, comida, objetos e outras coisas necessárias para o cotidiano. O mercado onde vamos fica um pouco mais à frente! — explicou Okawara, já passando pela porta automática sem perder tempo.
Assim que entrei, fui imediatamente surpreendido. O local estava cheio de alunos com sacolas nas mãos e outros comendo nos restaurantes. Era, sem dúvida, um centro comercial real, uma mistura de shopping com praça de alimentação.
— Chegamos. Agora abre o bico: o que você gosta de comer? Ramen? Biscoito? Peixe? Vamos logo, porque tenho que te mostrar onde você vai dormir! — disse ele, impaciente.
— Eu… eu gosto de… — Fiquei pensando no que dizer. Minha mãe sempre preparava peixe ou algo relacionado, então poderia dizer que minha comida favorita era peixe, mas também estava curioso para experimentar outras coisas.
— Deixa eu pensar… Já sei! Quero ramen!!!
Decidi, sem hesitar.
— Que exaltação por causa disso, hein? Mas enfim. Volto em alguns minutos! — disse ele, se distanciando de mim.
Ele sumiu de vista enquanto eu fiquei parado, no meio de todo o movimento do centro comercial.
Para não atrapalhar, fui direto para uma cadeira que estava vazia dentro de uma loja comum. Ao olhar o nome na fachada, estava escrito: “Bazar da ESA”.
Não entendi o que isso significava, mas entrei mesmo assim.
Sentei-me na cadeira, e a primeira coisa que fiz foi soltar um grande suspiro.
Pensando bem, esse lugar é bem calmo — não só o centro comercial, mas tudo o que vi até agora.
As crianças se divertindo mostram que não há maldade aqui. Elas estão felizes, com grandes sorrisos nos rostos.
Nem todas, é claro. Assim como eu, algumas estão apenas com um semblante sério no rosto.
— Olá, garotinho! Vai querer comprar alguma coisa?
Olhei para trás e vi uma mulher bem idosa, a mais velha que vi até agora.
Seus cabelos eram grisalhos e muito longos, chegando até a cintura. Seus olhos, de um vermelho escuro, me causaram um leve arrepio.
Intimidado, apenas respondi com uma curta frase:
— Eh… quero não, senhora!
— Entendi, meu bem. Mas então me responda uma coisa: por que está aqui se não vai comprar nada? — questionou ela, com um tom leve, enquanto se aproximava lentamente.
Levantei-me da cadeira bem devagar, com medo do que ela pudesse fazer comigo.
— Não tenha medo, criança, haha… Por que está saindo? Calma, relaxa. Só quero conversar. Aliás, nunca te vi por aqui. Você é novato? — perguntou ela, parando de se aproximar.
Sentei-me novamente, agora que ela havia parado, e respondi suas perguntas.
— Bem, senhora, é que eu estava cansado, e meu professor, que está me acompanhando, me deixou aqui enquanto foi comprar algo para eu comer.
Ela me encarou com uma expressão de dúvida, depois virou o olhar para cima, colocando a mão no queixo como se pensasse em algo.
— Um professor te acompanhando no centro comercial? Isso só pode significar uma coisa. Você é novato, certo? — perguntou ela, agora olhando diretamente para mim.
— Sim, senhora! Eu sou novato. E o meu professor é o Okawara.
— Então é o Okawara… Logo ele, o homem que não gosta de crianças. O que o diretor tem na cabeça? E ele ainda deixou você jogado por aí, como se fosse nada. — resmungou, visivelmente irritada.
— Ele é complicado mesmo, mas está tudo bem, hehe. Até que é divertido. Eu gosto dele.
A mulher me olhou espantada:
— Oi? Você está bem? Deve estar passando mal, né? Porque não tem como alguém em sã consciência gostar daquele homem. Ainda mais sendo uma criança!
— Ah… ele é grosso e ignorante, mas não fez nada de ruim comigo e é engraçado, então não tenho nada a reclamar dele.
— Por enquanto… Mas depois você vai ver. — disse ela, com um tom misterioso.
Apenas a encarei, em silêncio. O clima ficou estranho.
Ainda mais dentro daquela loja, iluminada apenas pela luz da entrada. Estava cheia de roupas e brinquedos usados. O vestido preto que ela usava era enorme, e para piorar, ela estava descalça. Muito estranho.
— Moleque!! O que eu tinha dito? Você é surdo? Eu falei pra você me esperar no mesmo lugar e aí você some? O que tem a me dizer? — gritou Okawara atrás de mim.
Arregalei os olhos e olhei para a senhora à minha frente, depois me virei lentamente, com um sorriso nervoso.
— Desculpa, Okawara… eu estava…
— Ele estava cansado e veio até aqui, seu idiota. Você o deixou sozinho no meio do nada, queria o quê? — interrompeu a senhora, me defendendo.
— E ele foi logo em você, sua bruxa velha! Espero que não tenha falado maluquices de culto satânico pra ele! — retrucou Okawara, levantando os punhos.
— Lá vem você com essa história de novo? Eu nunca falei nada de culto satânico. Deixa de ser paranoico, imbecil!
Eu apenas observava. Esse homem realmente não é muito querido. Mas por quê? O que ele fez? Preciso investigar isso depois.
— Enfim, não vou perder meu tempo nesse lugar. Só de pisar aqui já sinto uma energia demoníaca me puxando pra baixo! Vamos, Yuki, vamos logo.
— Ai ai, que imbecil… — resmungou a senhora.
Okawara pegou na minha mão e me puxou para ir com ele.
— Eiii, senhora?! Qual é o seu nome? — gritei, sendo arrastado por Okawara.
Ela olhou e gritou de volta:
— Emi Satoru!!
Mesmo de longe, consegui ouvir claramente.
“Emi Satoru.” Vou guardar esse nome. Quero conversar com ela de novo depois.
— Escuta aqui, moleque. Você não pode sair entrando em qualquer loja. Você nem tem pontos! — resmungou Okawara.
— Eu sei disso, mas a culpa é sua! Por que não me levou junto? Me deixou lá sozinho, então é claro que eu ia acabar fazendo isso. — rebati com firmeza.
Ele me olhou de lado, mas não disse nada. Apenas continuou andando.
Fiquei em silêncio também. Observei a sacola que ele carregava na outra mão.
— Isso tudo é ramen? — perguntei, curioso.
Okawara levou o dedo à boca, fazendo sinal de silêncio.
— Shiu!
Apressemos o passo para sair do mercado, sem sequer um tour. A impressão era que ele só queria encerrar aquilo logo.
— Você comprou só ramen? — insisti, apertando sua mão.
— Não consegue ficar em silêncio mesmo, né, moleque? Obviamente que não! — respondeu, com seu tom habitual. — Agora vamos pro dormitório. Vou te mostrar onde vai ficar até se formar.
A ideia de ter um quarto fixo parecia interessante. Era como ter uma casa ali.
Mas agora, pensando bem… aquele bilhete que achei na CDA… não havia o nome “Satoru” nele? Será que tem alguma relação com aquela senhora?
Isso está ficando cada vez mais estranho…
Mas… onde eu coloquei aquele bilhete?
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