Os dois me olharam e acenaram com a cabeça. Então, foi o menino da esquerda que se adiantou para responder.

    — Ham, sim, belo nome, Yuki Hikaru! Mas, claro, seu nome não é tão lindo como o meu HAHA! Eu me chamo…

    — Grrrh… Novamente isso — resmungou Sasori, colocando a mão direita sobre o rosto como se já estivesse exausto daquela situação.

    — FUUTARO, O GRANDE E PODEROSO GÊNIO DA MATEMÁTICA! — gritou Fuutaro, erguendo o braço direito para o teto e fechando os olhos como se estivesse fazendo uma grande revelação. Sua expressão estava exageradamente dramática.

    Enquanto isso, o menino da direita parecia estar com vergonha da atitude de Fuutaro e olhava para o chão, visivelmente desconfortável.

    — Ah, sei, sei, que bom conhecer você, ó grande e poderoso gênio da matemática… hehe! — zombei, sem conseguir segurar uma risada.

    — EM? Tá rindo de mim?? Tá duvidando da minha capacidade é??

    Fuutaro imediatamente mudou de tom, seu humor oscilando de uma forma quase impressionante.

    O clima leve de antes havia mudado drasticamente, e eu podia sentir o risco de a conversa ficar desconfortável.

    — N-Não, não, nada disso, Fuutaro! Eu só achei… é… só achei divertido você ser… assim?

    Eu tentei acalmá-lo, tentando disfarçar meu nervosismo.

    — Calma, Fuutaro. Ele apenas te achou divertido, seu imbecil! — disse Sasori, com uma calma surpreendente. — Você é realmente um esquisito, cara!

    Ele falou essas palavras com tanta naturalidade que, de algum jeito, fez Fuutaro se acalmar. O rosto de Fuutaro suavizou instantaneamente, como se a simples intervenção de Sasori tivesse o poder de controlar suas mudanças de humor.

    — Eu sei, sei, hehe.

    Fuutaro riu, agora com uma expressão mais tranquila.

    — Enfim, me chamo Sasori Kazuka, prazer!

    Sasori se apresentou de forma simples e direta.

    — Tá bom, tá bom, chega de apresentações, né? Vamos direto ao ponto! Eu e o meu amigo Sasori estamos te incomodando só um pouquinho para nos conhecermos! — disse Fuutaro, enquanto erguia sua mão na minha direção para me cumprimentar.

    Educado, cumprimentei Fuutaro, e logo em seguida Sasori também me cumprimentou.

    — Assim como o antigo garoto que ficava nesse quarto, a gente se dava muito bem. É muito bom termos vizinhos que se entendem, certo, Sasori? — disse Fuutaro, com um tom confiante.

    — Sim!

    Sasori respondeu com um tom leve e com um simples aceno de cabeça, sem demonstrar muita empolgação.

    — Então, o que me diz? Vamos nos conhecer melhor e virar melhores vizinhos? — perguntou Fuutaro, com um sorriso travesso estampado no rosto.

    Eu fiquei em silêncio por um momento, tentando processar a ideia. Eles eram, no mínimo, interessantes, mas a última coisa que eu queria era criar problemas com o Okawara. Não sabia se deveria simplesmente concordar com o que Fuutaro sugeria.

    — Ah, bem… prazer em conhecer vocês dois. E bom, se vocês querem me conhecer, então tudo bem… mas… querem me conhecer assim, na porta? — questionei, ainda com um pouco de receio.

    — Não, não, claro que não, hahaha! Vamos entrar no seu quarto e nos conhecer lá dentro, simples! — respondeu Fuutaro, já começando a se mover em direção ao meu quarto.

    — Quê??? — exclamei, sentindo meu coração acelerar, e então, indaguei: — Claro que vocês não podem entrar aqui! Vamos conversar em outro lugar, mas não aqui. Que tal?

    — Ham? Tá com medo da gente? O que você acha que a gente pode fazer com você aí dentro? VOCÊ TÁ VENDO UM ASSASSINO EM NOSSOS ROSTOS LINDOS??? — questionou Fuutaro, usando a arte do drama.

    — CALMA, CALMA, VOCÊ ESTÁ ENTENDENDO ERRADO!

    Eu quase gritei de volta, desesperado para corrigir a situação.

    — Eu sei, eu sei. Só tô tirando uma com a sua cara, hahahaha!

    Fuutaro se divertiu com a situação.

    — Hmmm… Bobo como sempre, né, Fuutaro? — comentou Sasori, com uma expressão que parecia já estar acostumado com as reações exageradas de Fuutaro.

    — HAHA, você é muito engraçado! Mas, como eu disse, não dá para vocês entrarem aqui. São ordens que devo cumprir. — afirmei, um pouco mais rígido agora, tentando deixar claro que havia certos limites que eu não poderia ultrapassar.

    — Hmmm, tá bom então. Vamos para o meu quarto, eu tenho um jogo de tabuleiro muito legal para a gente jogar! — disse Fuutaro, com um sorriso enorme no rosto, enquanto se afastava da porta do meu quarto.

    Será que para ele essa ordem de não deixar ninguém entrar no quarto não valia?

    — Tá bom…! E onde fica esse seu…quarto? — perguntei, fechando a porta atrás de mim, pronto para seguir Fuutaro até o seu quarto.

    Ele deu quatro passos à minha frente e então abriu uma porta ao lado do meu. Como eu suspeitava, Fuutaro literalmente era o meu vizinho.

    — Nossa, seu quarto é ao lado do meu, que legal! — disse eu, forçando um sorriso, embora por dentro eu não estivesse tão animado com a ideia de ter ele tão perto.

    — E não apenas eu, o Sasori fica do seu lado direito também. Ou seja, você está entre eu e o Sasori, hahaha!

    Fuutaro estava rindo com uma expressão de quem achava isso a coisa mais divertida do mundo.

    Eu olhei para Sasori, esperando ver alguma reação, mas ele parecia tão impassível quanto sempre. A expressão dele estava fria, como se nada realmente o interessasse, uma pessoa calculista, pelo visto.

    Entramos no quarto de Fuutaro, e logo ele colocou um tabuleiro em cima da mesa, parecendo muito empolgado com o jogo que estava prestes a apresentar.

    — Bom, meus senhores e garotos, trago aqui a vocês o que podem chamar de Jogo do Amigo. O objetivo desse jogo é bem simples!

    Fuutaro começou a explicar com entusiasmo.

    Olhei para Sasori mais uma vez, curioso para ver se ele mudaria um pouco sua postura, mas foi inútil. Ele continuava impassível, sem demonstrar emoção enquanto Fuutaro falava com tanta animação.

    — São 100 cartas, dois dados comuns, um dado especial e 4 bonecos. O jogador que lançar os dois dados, de acordo com o resultado de ambos, vai andar o número correspondente nas casas do tabuleiro — disse Fuutaro, colocando o boneco preto no tabuleiro.

    — Porque tem boneco azul e amarelo? Eu não sou azul! — questionei.

    — HAHA, você é engraçado, Yuki!

    Fuutaro não entendeu minha pergunta, pelo visto.

    — Quando o jogador pular as casas, ele vai lançar o dado especial para escolher qual jogador irá pegar as cartas. Por exemplo, se eu andar 5 casas e no dado especial eu tirar o Sasori, ele terá que pegar uma carta de um grupo de 5 cartas, e esses grupos são: Personalidade, Passatempos, Segredos, Família e Jogo da Mentira! — explicou Fuutaro, com a empolgação transbordando.

    Eu olhei novamente para Sasori, mas ele não mudou sua expressão nem um pouco. Não parecia se importar com o jogo, pelo visto.

    — Se o Sasori escolher uma carta do grupo de passatempos, por exemplo, ele vai escrever uma pergunta sobre os passatempos na carta, e eu terei que pegar e responder a essa pergunta, entendeu? — indagou Fuutaro.

    — Sim, entendi! — respondi, acenando com a cabeça.

    — Certo! Continuando: se eu acertar, fico na casa 5, mas se eu errar, volto para o início. Isso vale também se eu errar a pergunta faltando apenas uma casa para ganhar! Entendeu, meu caro?

    Fuutaro terminou a explicação com um sorriso satisfeito.

    Eu olhei para Sasori, que agora estava segurando os dados, mas ele não parecia muito interessado ainda. No entanto, eu estava curioso sobre o jogo e como as perguntas seriam feitas.

    Resumindo, o jogo parecia ser uma maneira de nos conhecermos melhor, com base em perguntas formuladas por nós mesmos. Achei interessante, de certa forma.

    — Eu acho que entendi, mas como se ganha isso? É só chegar no final das casas? — perguntei, curioso, olhando para Fuutaro.

    — Sim… e não! — respondeu Fuutaro, ajeitando os óculos com um dedo. — O vencedor é aquele que tiver mais cartas acertadas quando o primeiro chegar ao final. Ou seja, se você acertar a pergunta, fica com a carta. No final, quem tiver mais cartas, ganha!

    — Ah, sim, agora entendi tudo! Vamos começar então? Fiquei curioso para brincar disso! — comentei com entusiasmo, já me sentindo mais à vontade com a ideia de jogar.

    Sasori não parecia muito animado, mas parecia que ele também não estava totalmente contra a ideia. Ele apenas pegou os dados e colocou-os na mesa, esperando que o jogo começasse.

    Fuutaro se sentou e pegou uma carta do baralho, pronto para iniciar o jogo, como se fosse um mestre de cerimônias. A tensão no ar era palpável. Apesar de ser um jogo aparentemente inocente, eu tinha a sensação de que haveria mais em jogo do que apenas simples perguntas e respostas.

    O que seria que realmente estava por trás desse jogo? E o que eu descobriria sobre Fuutaro e Sasori ao longo dessa partida?

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