Capítulo 25 - Encontro Desconfortável
Mas qual seria o motivo delas estarem assim? Pelas vozes, não pareciam nervosas. Esse tom me lembrava muito duas pessoas… Um tom de diversão.
Uma diversão maligna.
Como se gostassem de machucar alguém apenas por prazer.
— Haha, olha só, meninas! Ela realmente achou que poderia escapar de nós! — disse a garota do meio, rindo com sarcasmo.
Ela parecia ser a líder do grupo.
— Sim, amiga! Tão bobinha! — respondeu a menina da direita, um pouco menor que a do meio. Acompanhou a risada, olhando para a vítima com desprezo.
— Vamos logo acabar com isso amigas, estou com bastante pressa. Diferente de vocês eu cuido das minhas unhas! — disse a menina da esquerda, com a voz desinteressada, olhando para as próprias mãos como se nada daquilo importasse.
A raiva subiu em meu peito. Elas não estavam apenas brincando. O tom de suas palavras era claro: queriam fazer a menina sofrer. E isso não poderia continuar.
Fiquei em silêncio por um momento, pesando minhas opções. A voz da minha mãe ecoou em minha mente: “Lembre-se, manipulação é mais poderosa que luta direta. A batalha de socos é de força, mas na manipulação você controla a situação.”
Era isso que eu faria: manipulação. Distrair o suficiente para dar à garota uma chance de fugir.
As três já estavam próximas da menina, que se encolhia no chão, abraçando os joelhos, como se quisesse desaparecer. Ela parecia indefesa. Mas eu não deixaria aquilo acontecer.
Sem pensar duas vezes, tomei uma decisão. Corri até elas.
— Ei, meninas! O que está acontecendo aqui? — gritei, tentando criar uma distração.
Elas pararam imediatamente e se viraram para me encarar. A líder me fitou com frieza.
A menina do meio, era a mais alta entre elas, tem um cabelo ondulado e loiro, com um aplique estranho de cor vermelho, a mesma cor de suas roupas.
A menina da direita é a menor delas, tem um cabelo roxo liso e uma franja tampando um lado de seu rosto, mas diferente da do meio, sua blusa era branca juntamente com a saia, que tem listras pretas e traços douradas nos cantos.
E por fim, a menina da esquerda tem uma aparência normal, um cabelo liso preto e uma roupa básica, mas usava um óculos estranho em seu rosto.
Eram amigas com personalidades e aparências totalmente diferentes.
— Quem é você, garoto? — perguntou a pequena da direita, com um tom agressivo, mas levemente curioso.
— Ora, ora… parece que o espião resolveu entrar no campo de batalha — disse a do meio, com olhar afiado e voz carregada de confiança.
— Espião? Como assim, amiga? — a da direita olhou ao redor, confusa.
A do meio suspirou, como se fosse óbvio:
— Vocês não perceberam, mas eu senti alguém nos vigiando atrás da árvore. Só não falei nada porque sabia que vocês estragariam tudo.
— Ahhh, sempre genial, né, amiga? — a da direita riu, como se fosse uma piada só delas.
A líder sorriu de lado, cheia de confiança. — Mas enfim… deixem comigo. Vocês podem terminar o trabalho na inexistente.
Que arrogância é essa?
Eu não aguentei. — Como assim, “terminar o trabalho”? Quem vocês pensam que são?
A do meio levantou o rosto lentamente, fixando o olhar em mim. Era como se só agora tivesse me notado. Meu coração acelerou. Ela sorriu com superioridade antes de responder:
— Eu que te pergunto, garoto. Quem é você? Nunca notei sua existência nessa escola, e agora vem bancar o adulto? — me olhou de cima a baixo, com desdém. — Se enxerga, bebê. Olha o seu tamanho, menor que eu. Vai brincar de carrinho no seu quartinho vai, haha.
Ela virou as costas, como se eu não passasse de nada.
Algo explodiu dentro de mim. Cada palavra dela era pura arrogância.
Patética.
— Você é muito patética e infantil, sabia? — disparei, sem segurar a raiva.
Ela parou de repente. Sua postura vacilou. O clima ficou pesado.
— O que você disse, moleque?
— Isso mesmo que você ouviu: infantil e patética! — cruzei os braços. — Está na cara que você só intimida porque é maior e tem essas duas bobonas ao seu lado. No fundo, vocês não passam de crianças carentes, que buscam atenção intimidando os outros. Patéticas!
Ela apertou a caneta na mão, furiosa. As duas que estavam prestes a ir até a menina indefesa pararam, virando-se para mim com desprezo.
Continuei:
— Pelo que percebi, o plano era ainda mais baixo: segurar a garota enquanto você, com essa caneta, escrevia coisas cruéis nos braços dela. Um tipo de bullying psicológico, não é? — apontei para sua mão esquerda.
— Hã? Do que você tá falando, pirralho? — rosnou, tomada pelo ódio.
— Não se faça de sonsa. Você força a menina a sentir medo de você. Mas, no fundo, você é fraca. — engrossando a voz, tentei intimidá-la. — Se quisesse bater nela, já teria feito isso com as próprias mãos. Mas não consegue, né? É fraca!
Mantive meus olhos fixos nos dela, ajustei o tom da voz e a postura, deixando transparecer convicção. Se minha dedução estivesse certa, esse era o golpe certeiro.
Ela me encarou por alguns segundos e, de repente, soltou uma risada cínica.
— Ha… Hahaha… HAHAHAHA! Você se acha esperto, não é? Até parece que o que disse é verdade. Você não sabe nada sobre nós. Claro que íamos bater nessa “inexistente”. Afinal, ela não é ninguém! — jogou a caneta no chão, em direção à menina. — Olha pra ela: triste, sentada, tremendo de medo. Teve tantas chances de correr enquanto você falava suas bobagens, mas não correu. Sabe por quê? Porque já levou tantas surras nossas que nem consegue reagir!
Ela olhou para as amigas e riu de forma cruel. — Não é, meninas?
— É sim, amiga, hahaha! — respondeu a da esquerda, rindo com frieza.
A da direita apenas assentiu, com um sorriso frio no rosto.
— Patética e mentirosa… — falei, com calma cortante. — E vocês duas também são patéticas, deixando-se manipular por alguém tão frágil e invejosa. Vocês só fazem isso porque têm inveja dela, né? Talvez por ser mais bonita que vocês. O cabelo dela, por exemplo, é bem mais bonito que o de vocês.
— O quê?! — a da direita explodiu, indignada.
Eu sorri, afiado. — Além disso, vocês nunca chegaram a bater nela. Dá pra ver pelo jeito de agir. Não são do tipo que usam força física. Preferem machucar psicologicamente.
Apontei para a da esquerda: — Você aí, só se importa com suas unhas. Nem presta atenção.
Depois para a da direita: — E você, bobona, fica do lado de quem parece forte porque tem medo de ser atacada.
Então, voltei o olhar para a líder:
— E você… é fraca. Só tem altura. Sua massa corporal é distribuída demais, dessa forma você não tem força nos braços. Por isso precisa da ajuda delas para segurar uma menina indefesa. Acertei?

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