Capítulo 15: Uma plena vingança
Assim que colocamos o pé na casa, sentimos o ambiente mudar. A sensação não é estranha para mim, já que eu salvei Óscar daquela vez, mas pude ver o olhar de Cecília ficar mais amedrontado.
Beelzebub não é dos demônios mais fortes. Claro, é do alto escalão, mas isso em si não significa muito quando se trata de mim ou de Kogo. Essa luta vai mostrar se Óscar realmente vai dar conta da vida de exorcista ou se é melhor eu mandá-lo para casa.
Por mais que ele seja um cara durão e tenha um baita potencial, já vi diversos idiotas que não aguentaram contra um demônio qualquer e morreram se agarrando aos meus pés. Não pretendo deixar Óscar morrer aqui, mas se ele perder não vou poder ajudar em mais nada.
A igreja tem uma política estrita sobre exorcismo: apenas os fortes sobrevivem. Isso quer dizer basicamente que os mais jovens são jogados contra demônios e se alguém sobreviver, ele terá apoio. Mas se ninguém sobreviver, a igreja não levantará a mão pra te ajudar ou salvar.
De qualquer forma, tenho fé em Óscar. Ele é alguém que vale o tempo.
Bom, a casa não era nada de mais. Os corredores eram estreitos e as paredes lisas. Alguns móveis aqui e acolá mas fora isso, tudo simples. Sinceramente faz sentido que a Cecília seja tão simplória, já que cresceu nessa casa.
A única coisa que chamou atenção foi o cômodo que se estendeu infinitamente assim que entramos na cozinha. Basicamente era tudo escuro e amplo, deve ser algum truque do Beelzebub.
Lá no centro, se é que existe um centro nesse espaço, estavam duas figuras frente a frente. Uma mais baixa, de cabelos cinzas e postura ereta. E a outra mais alta e tenebrosa, com seus quase 3 metros e corpo deformado.
No momento em que entramos, fomos percebidos, e o que se parecia uma conversa entre eles, acabou imediatamente. É até estranho, eu esperava que a luta já tivesse até acabado por aqui…
— Kek, parece que nosso tempo de papinho acabou — disse a aberração.
— Já era hora — respondeu meu fiel camarada.
No momento em que disse isso, Óscar piscou. Não, não os olhos, mas sua figura. No que parecia um flash, ele apareceu atrás de Beelzebub e desferiu um soco na cabeça do monstro, que voou rapidamente até um canto da sala.
Se levantando entre fraquejos, a besta agarrou o pé que estava vindo na sua direção e com o braço livre agarrou o pescoço de Óscar.
Este golpeou com o cotovelo o braço do oponente e se libertou, recuando um pouco.
A luta está bem lenta, os dois estão cautelosos e analisando o oponente.
Erguendo o corpo imenso, Beelzebub sacou duas espadas em formato de presas e as imbuiu com energia abissal. Óscar usando essa abertura, pulou preparando um gancho e o desferiu contra o estômago da fera, que rugiu dolorosamente.
Beelzebub então cortou Óscar com um balanço da espada esquerda. O corte na coxa não foi profundo, mas talvez o atrase.
Recuando novamente, Óscar se preparou. Respirou profundamente e…
— Mas que porra… — soltei
— É claro que você não saberia disso — respondeu a garota do meu lado, segurando Aka que agora estava acordada — Kogo também teve essa reação.
A minha reação nem um pouco exagerada se deve ao fato de Óscar ter usado seu Manifestar.
Energia divina correu pela sala, a clareando. A antes opressora aura que vinha de Beelzebub, agora passou a emanar de Óscar com maior frequência e intensidade.
Os punhos de Óscar ficaram escuros, depois radiantes e então assumiram a forma de chamas opressoras. Chamas rubras.
— Punho escarlate — pronunciou Óscar. Pude ouviu saliva descendo pela garganta de Aka, enquanto sua expressão escurecia de medo.
Essa técnica é abissal. Simples assim. A intensidade é esmagadora e mesmo que parece descontrolada, é notório que Óscar tem domínio pelo de sua energia. Energia essa que está condensada em duas esferas deformadas em seus punhos.
O rosto de Beelzebub estava tenso, mas ele não fraquejou nem mesmo recuou nem meio centímetro.
Óscar avançou calmamente durante 2 metros, depois avançou em meio segundo os outros 3 e deformou o chão usando o rosto de Beelzebub.
O demônio retrucou o favor acertando Óscar com o cabo da sua lâmina e o fazendo recuar, para logo em seguida tentar cortá-lo em dois diagonalmente. Óscar se esquivou dando um meia pirueta e deu uma rasteira em Beelzebub, que facilmente desviou.
Ambos pularam para trás e logo em seguida deram uma passada de volta à luta.
Não era uma luta simples de ver, ambos estavam dando seu máximo e isso significava que estava intenso ao extremo. Mas então Beelzebub tomou vantagem.
Com um certeiro golpe perfurador bem abaixo da costela de Óscar, Beelzebub sorriu amargamente, sangue escorrendo pelo lábio.
Sem dar tempo de Óscar retomar, o demônio pulou em cima dele e, agarrando-o pelo pescoço, enfiou a espada direita no peito dele.
Ou pelo menos tentou, mas Óscar foi mais rápido e rolou para cima do braço do demônio, o fazendo perder o equilíbrio. Então Óscar pulou para trás e recuou, mas perdeu o equilíbrio. Ele foi lento.
Beelzebub cravou ambas as espadas no peito de Óscar, o fazendo cair. Removeu suas armas e cambaleou um pouco.
Antes que eu pudesse ir ajudar, Cecília me segurou, dizendo:
— Ele ainda não acabou!
A fé que a garota mostrou não foi de se jogar fora, mas ainda sim ninguém sobre–
— O q-que?? — Beelzebub estava chocado com a visão do seu, até então morto, oponente de pé.
O que eu vi não foi sacanagem, foi só nojento mesmo.
Óscar estava lá, de pé. Dois buracos no peito e o corpo molhado de tanto sangue. Seus cabelos sujos e caindo no rosto. Mas o pior eram seus olhos, cansados e vazios.
Ele estava lá parado, não falou e nem sequer olhou ao redor, parecia que estava até em transe. Pouco tempo depois os buracos pararam de sangrar.
Como ele fez isso? Usou energia? Eu nem sabia que era possível… Será que ele já fez isso antes?
Para a sorte dele, Beelzebub estava em choque demais para atacar e apenas aguardou.
— B-bem… Kogo realmente me alertou. — Óscar gaguejou um pouco — Ele disse para eu não me arriscar e não te subestimar… mas eu subestimei.
Na medida em que Óscar começou a tropeçar em direção à Beelzebub, este começou a tropeçar em direção a alguma parede ilusória.
Óscar começou a brilhar. Um brilho que primeiro foi escuro, depois luzente e por fim, escarlate.
Todo seu corpo foi coberto de energia, energia pura. A antes coloração vermelha já desapareceu e deu lugar a uma camada grossa de energia incolor.
Era como se não houvesse nada ao redor dele, mas a energia era tão densa que os olhos a captavam.
— Despertar — anunciou Óscar.
Em um pulo, Óscar estava na frente de Beelzebub, e este estava no chão. O golpe foi tão rápido que provavelmente o demônio nem percebeu.
— Aqui começa a minha vingança!
Óscar começou a bater assim que disse isso.
Primeiro ele abriu um rombo no estômago de Beelzebub. Em seguida enfiou a mão lá e esmagou, usando os punhos, os órgãos. Isso fez com que uma cachoeira de sangue jorrasse da boca do demônio, encharcando ainda mais Óscar.
Depois disso, Óscar bateu nas orelhas do monstro, as fazendo sangrar e deturpando os sentidos de Beelzebub. Finalizando a parte sensorial, Óscar começou a quebrar os membros da criatura. Primeiro quebrou a perna direita, tirando o osso para fora, depois estilhaçou os ossos da esquerda e então quebrou os braços do demônio.
A essa altura, Beelzebub nem gemia mais. Ainda estava vivo, mas não o bastante para sentir dor. Óscar estava de pé, observando o monstro exercer os últimos sinais de sobrevivência.
Quando Beelzebub parou completamente, Óscar estendeu a mão direita e obliterou o demônio utilizando energia do Divino.
A cozinha voltou ao normal após isso.
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