Óscar, Cecília e Goda se reuniram novamente após a luta final. Cecília ainda mantinha Aka em rédeas curtas, visão essa que incomodou Óscar.

    — Por que ela ainda está viva?

    — Esse idiota me disse pra me segurar um pouco — Cecília respondeu.

    Óscar virou seu olhar desconfiado para Goda. Os dois são amigos há um tempo e Goda salvou Óscar uma vez, então a confiança era forte, mas ainda assim essa atitude incomodou Óscar.

    Vendo que todos esperavam alguma resposta, Goda simplesmente disse: — Eu queria que você a olhasse nos olhos!

    A testa de Óscar enrubesceu um pouco, e Cecília mordeu o lábio.

    A garota sabia que algo existia entre seu parceiro e o demônio que ela julgava como imundo, mas ela decidiu ficar em silêncio e confiar em Óscar.

    — M-me desculpe Óscar — esperneou Aka, começando a chorar — Não foi minha intenção! Foi minha mãe, ela me disse que se eu não o fizesse, iria sofrer as consequências. E as consequências seriam muito ruins…

    Óscar não disse nada. E a garota continuou a implorar.

    — Eu te amei naquela época! Na verdade ainda amo. Você foi gentil comigo, me fez esquecer da casa onde vivi e me mostrou um lado que eu não conhecia da vida. Por favor, Óscar… eu não… eu não tive escolha.

    Óscar estendeu um pouco a mão, mas a levou ao seu rosto, apertando os olhos. Caminhou em direção à Aka e… passou por ela. Olhou levemente para cima e disse: — Seja rápida.

    Óscar saiu da cozinha e no momento seguinte a cabeça de Aka estava no chão.

    A vingança estava completa.

    *****

    — E então? Para onde está nos levando? — Todos estavam em um carro, se dirigindo para algum lugar que Goda queria ir.

    — Bom, não é segredo. Estamos indo para o Conselho. Vamos encontrar os Anciãos!

    — Já ouvi falar deles… Kogo disse que são os mais fortes da igreja ou algo assim.

    — Basicamente, cada um dos Anciãos são antigos heróis exorcistas que quando se aposentaram, foram escolhidos à dedo pelos antigos Anciões. Nada burocrático.

    — E por que estamos indo até eles? — Cecília se intrometeu na conversa.

    — Porque cada missão que nos é dada, o é pelo Conselho. Assim sendo, cada missão cumprida deve ser entregue à eles também.

    Cecília não perguntou mais nada.

    — De qualquer forma, acho que devo lhes dizer o que esperar lá, os velhotes não são fáceis de se lidar.

    Goda tossiu falsamente e continuou.

    — Zöu é o mais velho deles, provavelmente é o que mais vai falar com a gente. Ele é fácil de conversar e é bem razoável, então não preciso falar muito. O próximo e mais esquentado dentre os 3 é Ravier, ele tem pavio curto e é adepto aos “bons costumes”. Tudo que precisam fazer é não faltar com respeito lá e ele não vai encher o saco. E o último eu não preciso falar nada, ele provavelmente não irá falar nada, mas o nome dele é Zushi.

    — Parecem simples de interagir, embora você não tenha dado nenhuma informação digna — disse Óscar, cruzando os braços e olhando para a janela.

    — Vamos lá, qual seria a graça se eu dissesse tudo que precisam saber, em guri? Hehehe

    — Bom, você é assim mesmo.

    — Estamos aqui — disse o motorista do carro.

    Só para constar, Óscar e Cecília estavam sentados no banco de trás do carro, enquanto Goda estava no passageiro. Era o mesmo carro e motorista que levou Óscar para a casa de Kogo.

    Enquanto eles caminhavam até a sala do Conselho, Óscar reparou na arquitetura ao redor.

    À primeira vista, era uma igreja qualquer que se via por aí, mas essa ideia logo foi abandonada pelo simples fato de ter um grosso portão cercando toda a área ao redor. O lugar gritava: “Não queremos visitas”.

    À medida que se aproximavam, a beleza do lugar ficava clara. Era feito de pedra, com gravuras estranhas nos pilares que sustentavam o teto da varanda. A igreja era imensa, bem maior que uma casa normal.

    Tinha um amplo jardim que se estendia da entrada da casa até o portão de ferro, tinha também uma fonte circular de tamanho médio, além de alguns bancos ao redor.

    E embora tudo isso tenha cativado Óscar, o interior do lugar o fez derrubar o próprio queixo.

    As paredes eram feitas de mármore puro, com diversas gravuras religiosas que se estendiam até um altar no centro da sala.

    Diferente de igrejas convencionais, não havia bancos para o público, o que novamente mostrava que ali não era de uso geral.

    No altar estavam alguns utensílios que Óscar não conhecia, mas todos eram feitos de ouro puro.

    — Bem diferente de uma igreja normal né guri? Haha — gabou-se Goda.

    — Realmente… — Óscar estava absorto na arquitetura do lugar.

    Óscar olhou para sua parceira e percebeu que ela também estava incrédula com a visão. 

    Ao perceber que foi notada, Cecília desviou o rosto, corada. Óscar riu baixinho.

    Pouco depois, o grupo estava de frente a uma porta gigante.

    — Bom, é aqui. Não se esqueçam das minhas dicas. — Goda bateu na porta, anunciando sua chegada.

    — Entre! — Soou uma voz grave de dentro da sala.

    Ao entrarem, os 3 se depararam com 3 homens sentados em uma mesa redonda.

    No centro estava um homem de rabo de cavalo e cavanhaque, que mantinha uma postura ereta. Apesar de ser magro, sua imagem era de respeito puro.

    Ao seu lado esquerdo estava um homem de corpo extremamente robusto e rosto carrancudo.

    E ao lado direito estava um homem barbudo e careca, que simplesmente não tinha presença alguma se comparado aos seus dois camaradas.

    — Sejam bem vindos — saudou o homem no centro — Meu nome é Zöu, sou o mais velho dos Anciãos, é um prazer. 

    Óscar e Cecília abaixaram a cabeça levemente. 

    — Meu nome é Óscar Cruz.

    — Sou Cecília.

    — Sou Goda!

    — Hah, infelizmente já conhecemos você, seu idiota — zombou o homem ao lado esquerdo de Zöu. Pela expressão ameaçadora, Óscar imaginou que esse fosse Ravier.

    Assim sendo, os outros dois Anciãos se apresentaram, da esquerda para a direita, como Ravier e Zushi.

    — Bom, eu gostaria de ter uma boa conversa com vocês, mas infelizmente não temos muito tempo para gastar aqui, então vamos direto ao ponto: como foi lá? — Quem disse foi Zöu.

    — Um sucesso, ambos os desviantes foram mortos sem mais complicações. Tudo pelas mãos dos meus companheiros aqui — esclareceu Goda.

    — Hmm entendo. Sendo assim, meus parabéns a vocês dois pela primeira missão concluída. Gostaria de pedir que vocês fiquem aqui mais alguns dias para receber mais algumas tarefas e serem instruídos sobre toda a politicagem.

    — … Certo.

    — Bom, sendo assim… — Zöu começou a se levantar quando foi impedido por Óscar.

    — Espere, eu tenho uma pergunta!

    — Como é? Não ouviu que estamos sem tempo aqui? — Ravier se exaltou, mas logo foi apaziguado por Zöu.

    — Vamos ouvir então.

    — Meu avô… vocês sabem onde ele pode estar?

    A pergunta foi direta e simples, e parecia que Zöu já esperava isso.

    — Não, não sabemos…

    — Mas vocês sabem de algo, certo? Devem ter alguma informação para mim, certo?

    — Haaa. Olha, Óscar, sabemos quem é o seu avô, desde o momento que descobrimos seu sobrenome, já sabíamos. Mas sinto em dizer que ele é um homem que está além de suas capacidades.

    — O quê? O que você quer dizer com isso?

    — Isso, meu caro jovem — interrompeu Ravier — quer dizer que você é apenas um ninguém nesse mundo. É apenas um exorcista de baixo nível que nunca irá se meter com os de cima!

    — Como é? — O olhar de Óscar se direcionou com fúria à Ravier — Quem você pensa que é?

    — Hoho, nem pense em fazer nada, criança!

    — Já chega!! — rugiu Zöu — Isso não é uma sala para intrigas!

    — Vamos embora Óscar… — Goda puxou Óscar.

    — Escute com atenção rapaz, esqueça o seu avô! Ele está além das suas capacidades.

    Óscar saiu da sala com raiva presa na garganta.

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