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    Capítulo 1 | O Começo

    Ele era o prodígio do bairro de Hinodegawa.
    Um menino que não teve um professor.
    Aprendeu a lutar em quadras abandonadas.
    Seu nome?
    Ryuji Arata.

    No campeonato regional, ele brilhou nas arenas.
    Cada golpe parecia coreografado pelo destino.
    As lutas não duravam nada.
    O público vibrava.
    Ele era como um foguete subindo ao céu do Senai.

    Mas todo foguete tem seu limite.
    E o dele tinha um nome e um sobrenome.
    Takeshi Genzan.

    A final do regional foi mais que uma luta… foi uma muralha.

    Takeshi era silencioso.

    Lutava como se calculasse o tempo entre os batimentos do adversário.

    Ryuji atacou com fúria.
    Já Takeshi respondeu com técnica.

    Chutes bloqueados, socos desviados, arremessos reversos.

    O público assistia de boca aberta.

    Era como ver um lobo selvagem tentando rasgar um guerreiro treinado.

    No fim o instinto primal.
    Perdeu para a técnica.
    Ryuji Arata perdeu feio.

    Ele caiu no chão com o rosto encharcado de suor e lágrimas.

    Não era só dor física.
    Era a dor de um sonho quebrando.

    — O que eu fiz para perder…? O que eu fiz!!!!!!  ele gritou, socando o chão, o eco invadindo as arquibancadas.

    E nesse momento…
    Algo surgiu dentro dele.

    Algo adormecido.
    Algo antigo.
    Algo chamado Sen.

    Sen?
    O Sen não é treinado.
    Ele nasce.
    Quando a frustração ou a alegria atingem o ponto máximo.
    Quando o lutador se encontra com a própria essência.

    O Sen de Ryuji foi forjado na derrota.
    Uma chama que começa pequena, mas promete incendiar o mundo.


    Esse é o começo da história de Ryuji Arata.
    Uma história que está apenas começando.

    Dias após o torneio regional.
    Ryuji ainda estava mudo. Travado. Em choque.

    Ele revia cada movimento da luta em câmera lenta dentro da mente.

    Mas aí, uma carta chegou. Em um papel negro, um selo dourado.

    Ele abriu com as mãos trêmulas.

    “Você foi selecionado para o projeto Fighters World.”

    Na mesma hora, seu peito inflou.
    Era como se o universo tivesse respondido ao seu grito.

    Ryuji chegou nas instalações no dia marcado.
    Era como entrar em outro mundo.

    Portões automáticos. Drones voando.
    Salas de treino com sensores. Plataformas que analisavam cada passo.
    Telões exibindo lutas lendárias. Esculturas de lutadores do passado.

    Ele estava entre os escolhidos.

    E então, um rosto familiar atravessou seu campo de visão.
    Takeshi Genzan.

    Ryuji sentiu o estômago revirar.
    Mas não desviou o olhar.

    Um telão se acendeu. A imagem de um homem apareceu:

    Daizen Takatora.
    O homem que comanda tudo.
    Barba alinhada. Olhar imortal.

    Olá jovens lutadores, bem vindos ao Fighters World. Vocês foram escolhidos porque têm algo a mais. Uma fagulha. Um grito interno. Aqui, vocês terão a chance de se tornar o maior lutador do planeta Terra.

    Mas escutem bem. Quem for eliminado… nunca mais poderá lutar Senai oficialmente. A eliminação é eterna.

    O ar ficou mais denso.
    Muitos engoliram seco. Outros riram de nervoso.

    Mas o que é o Senai?
    O estilo Senai é brutal.
    Mistura de dezenas de artes.
    É um estilo que não aceita fraqueza.
    É preciso saber quando ser leão… e quando ser lobo.

    Minutos depois.

    Daizen reaparece:

    Todos vocês receberam uniformes. Neles há um número. Esse número é o seu nível de poder.

    Ryuji olha pro seu.
    Número 2.

    Silêncio.

    Quanto menor o número, mais fraco você é.

    Ryuji sente o impacto.
    Como um soco invisível no ego.

    Então… eu sou o segundo mais fraco daqui?

    Ao seu redor, risadinhas.
    Olhares de desprezo.

    Mas dentro dele… o Sen queimava.
    Ainda pequeno. Mas vivo.

    Algumas horas depois.

    Daizen volta, sério:

    A primeira fase começa agora. Do nível 1 ao 10, vocês formarão o Bloco 30… Os considerados mais fracos. Apenas CINCO sobreviverão. Vocês poderão escolher contra quem lutar. Boa sorte.

    A tensão no ar ficou pesada.

    Ryuji não esperou.

    Foi até Takeshi como quem atravessava o inferno.

    Takeshi… me dá a revanche. sua voz soava firme, sem ódio. Só certeza.

    Takeshi sorriu de lado.

    O número 2 quer morrer mais cedo, é isso? zombou.

    Você me derrubou uma vez. Agora… quero ver se consegue se manter no chão.

    Eles se encaram.
    O clima ao redor deles muda.
    Alguns lutadores se afastam, sentindo a energia bruta no ar.

    No dia da luta, as arquibancadas estavam cheias.
    Os lutadores do Bloco 30 se espalharam ao redor da arena principal.

    O telão brilhou:
    “Primeira Luta do Bloco 30”
    Takeshi Genzan (Nível 10)
    Contra
    Ryuji Arata (Nível 2)

    HAHAHAHAHAHAHA!
    O público explodiu em gargalhadas.

    “Esse moleque tá doido!”
    “Ele vai morrer em segundos!”

    Ryuji olhou pra plateia.
    Mas não com vergonha.
    Com fome.

    — Podem rir o quanto quiserem…, ele pensou, com um sorriso irônico.— Depois dessa luta… vão dizer meu nome com respeito.

    Antes de começar a luta.
    Daizen diz,a voz firme ecoa pelos alto-falantes, cortando o silêncio da arena:

    — Atenção, jovens lutadores! Vamos às regras da luta: como em toda luta do estilo Senai, a arena mede 15 por 15 metros. Abaixo de vocês está o Limbo, uma zona de eliminação instantânea. Quem sair da arena ou tocar o chão três vezes, está fora. Boa sorte… e que vença o mais forte.

    O juiz se aproxima.
    Levanta o braço.

    Que comece… a luta!

    A tensão é cortante.
    O público segura a respiração.

    Ryuji Arata encara Takeshi Genzan de frente, olhos firmes como lâmina pronta para a batalha.

    — Esperei muito tempo por essa revanche, Takeshi… diz Ryuji, voz baixa, mas carregada de fogo.

    Takeshi dá um sorriso torto, desprezo escorrendo no canto da boca.

    — Pois eu não. Lutar contra o fraco do Ryuji de novo? Que perda de tempo.

    Começa a luta.

    Takeshi avança rápido, como um relâmpago de arrogância.
    Mas Ryuji não recua. Ele lê os movimentos do oponente como se estivesse folheando um livro.
    Um passo pro lado, um desvio. Outro. Outro. Nada atinge.

    — Pelo visto… seu estilo Senai continua o mesmo. Rígido. Previsível. — provoca Ryuji, sereno.

    Takeshi cerra os dentes.

    — E você continua se achando, mesmo sendo um inseto.

    Takeshi acelera. Chutes giratórios, socos cruzados, investidas com o ombro. Tudo falha.
    A multidão começa a perceber.
    Algo mudou.

    E então… Ryuji ativa seu Sen.

    A ativação do Sen de Ryuji é um momento de pura liberação de poder. Ele, completamente imerso no foco da luta, sente seu corpo ser consumido por uma força indescritível. Sua mente, antes focada na técnica e estratégia, se abre para o fluxo intenso da energia interna. É como se todo o potencial armazenado em seus músculos, seu espírito e sua alma se unisse em uma explosão de força pura.

    Quando Ryuji ativa o Sen, a aura azul começa a se formar ao seu redor, como se a água do mar tivesse tomado a forma humana, refletindo sua natureza fluida, mas ao mesmo tempo devastadora. O chão sob seus pés treme, incapaz de suportar o poder bruto que emana de seu corpo, como se a própria terra reconhecesse o despertar dessa energia ancestral.

    Esse momento não é apenas físico, mas também emocional: é uma combinação de dor, tensão e a sensação de se tornar algo além de humano, algo mais. A transformação é instantânea, mas o impacto é profundo — sua essência foi finalmente liberada para enfrentar qualquer desafio à sua frente.

    Takeshi para. Olhos arregalados.

    — Você… conseguiu. Um bosta como você despertou aquilo que nem eu alcancei. O Sen…

    Ryuji abre um leve sorriso. Não de deboche, mas de orgulho.

    — Foi graças a você, Takeshi. Aquela derrota… foi o combustível que eu precisava. Pelo visto, quem está embaixo agora é você, seu bosta.

    Ryuji não diz uma palavra. Ele avança com a rapidez de quem sabe exatamente o que fazer. O primeiro golpe é um soco direto no estômago de Takeshi, e o impacto é tão forte que o ar sai de seus pulmões antes mesmo dele perceber. A dor é como uma onda, tomando conta dele instantaneamente. O chão parece sumir por um segundo, e Takeshi se vê sem ar, sem reação.

    Mas Ryuji não dá chance para respirar. O segundo golpe é um gancho certeiro, subindo da lateral e atingindo o queixo de Takeshi. Ele é lançado para o ar, como se estivesse flutuando por um instante, perdido. Tudo se torna uma névoa ao seu redor até a gravidade se lembrar dele e puxá-lo de volta ao chão com força.

    E não termina por aí. Ryuji não perde tempo. Ele dá um passo à frente, e com um movimento frio e calculado, aplica a rasteira. A perna se estende, e Takeshi sente o chão desaparecer sob seus pés antes de cair de costas, um baque surdo ressoando. Ele não tem como se defender, só sente o peso da queda, a dor tomando conta do corpo inteiro.

    — 1 a 0.  Diz Ryuji, enquanto a plateia explode em gritos e olhos arregalados.

    O “número 2” acaba de derrubar o “número 10”.
    E isso… foi só o começo de uma luta que mudaria o futuro.

    Takeshi respira fundo, os olhos queimando em desafio.

    — Você evoluiu, Ryuji. Isso é fato.
    Ele range os dentes e finca o pé no chão.
    — Mas agora… você tá fudido.
    Ele avança com fúria, o punho envolto numa aura ardente.

    — SOCO DO DRAGÃO!!

    O golpe rasga o ar como um trovão.
    Ryuji é atingido em cheio e arremessado, quase sendo lançado para fora da arena.

    1 a 1.
    O público explode em gritos, sem acreditar no que vê.

    Takeshi ergue o braço, triunfante.

    — Se levante, Ryuji Arata… e se prepare.
    Seu corpo emana uma nova força.
    — Porque aqui… eu vou finalizar essa luta.
    — IMPACTO DO DRAGÃO!!!

    O chão treme com a onda de energia que se expande.
    Ryuji tenta desviar, mas a técnica manipula o espaço ao redor, como se dobrasse
    a realidade.
    O golpe o atingiu com brutalidade.

    2 a 1, Takeshi.

    Continua…

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