Índice de Capítulo

    O ar vibra com tensão. Sangue no canto da boca, olhar fixo, respiração pesada. Kaede Shizuma dá um passo à frente, cravando o pé no chão rachado, mesmo após ter sido atingido por um combo insano.

    — Droga… tá começando a ficar irritante. — ele diz, cuspindo o gosto metálico da derrota parcial, limpando o sangue com as costas da mão.

    — Isso é só o começo… Agora vamos girar a roleta. — responde Saeko, sorrindo com uma malícia insana, os olhos brilhando num roxo diabólico.

    Atrás dele, algo começa a se formar. Uma aura roxa gira e se condensa em um círculo místico — uma roleta energética flutuante, dividida em símbolos bizarros: dados, caveiras, corações partidos, estrelas, cartas de baralho queimando…

    CLACK! CLACK! CLACK!
    A roleta gira com velocidade brutal, emitindo uma música distorcida, como se o destino tivesse um DJ macabro tocando o hino da morte.

    — Que porra é essa? — Kaede pergunta, os olhos arregalados diante do desconhecido.

    — Meu Sen… se chama Cassino do Destino. Cada giro? Uma aposta. Cada símbolo? Um efeito. Cada luta? Uma partida de azar. — diz Saeko, os cabelos voando enquanto sua energia cresce.

    A roleta para. O ponteiro aponta para um símbolo vermelho flamejante com um dado dourado no centro.

    — JACKPOT. — sussurra Saeko, com um sorriso que corta como navalha.

    — Isso não pode ser bom… — Kaede se prepara, mas mal consegue reagir.

    ZUM!
    Saeko some da vista. É como se ele tivesse cortado o próprio espaço. Em menos de um segundo, ele reaparece atrás de Kaede. O punho dele agora está envolto numa chama demoníaca roxa, girando em espiral.

    — Burning Roulette: Sete Golpes do Inferno!

    POW! BAM! THRACK! SMASH!
    Uma sequência insana. Sete socos flamejantes atingem Kaede com precisão cirúrgica — costelas, ombro, queixo, estômago, flanco, peito, e por fim, um uppercut que o joga de joelhos. O chão sob ele racha. Seu corpo treme. Mas ele ainda respira.

    1 a 0 — Saeko Yamikura.

    — QUE GOLPE FOI ESSE?! — grita Genjiro, levantando na arquibancada, olhos arregalados.

    — Ele… ainda tá de pé. — Tsubasa diz, mal acreditando.

    Kaede levanta. Lento. Mas levanta. O sangue escorre. Seus olhos queimam.

    — Se essa foi sua sorte… então você vai odiar o azar. — diz Kaede, rosnando, com uma calma sinistra.

    — Olha só, ele ainda tem forças pra falar merda. — provoca Saeko.

    — Cala a boca. — Kaede diz, seco.

    BOOM.
    Kaede ativa o próprio Sen. Sua aura explode em um vermelho vinho tão intenso que o chão quebra em ondas de rachaduras, como se a terra tivesse medo.

    — Agora é minha vez… Senritsu Ken!

    Kaede salta e desfere um chute no ar. A lâmina de vento gerada é afiada como uma guilhotina de vendaval. Saeko tenta se proteger com os braços, mas é lançado longe, o uniforme rasgado, uma linha de sangue escorrendo pela bochecha.

    — INCRÍVEL! Kaede virou o jogo! — grita Ryuji, vibrando.

    — Isso vai custar caro pra ele… — diz Renji, sério, lendo a energia sombria no ar.

    — Isso tá divertido… Vamos girar de novo.

    A roleta gira. Desta vez, o ponteiro para num símbolo preto com uma caveira dourada.

    O silêncio cai como uma sentença.

    — Hm… Perfeito. Modo Morte Repentina: Ativado. — diz Saeko, mas sua voz muda. Mais fria. Mais profunda. Quase não humana.

    O ambiente muda. A luz parece se esvair. A aura de Saeko se adensa, como se tivesse invocado um domínio de trevas pessoais. O som fica abafado. A respiração fica mais difícil. O Sen de Saeko assumiu uma forma instável, como se estivesse viva… e com fome.

    — O que você fez, Saeko?! — Kaede grita, recuando, o corpo tenso.

    ZUM!
    Saeko desaparece. De novo.

    Kaede tenta reagir. Tarde demais.

    ZAP!
    Uma lâmina de energia surge no ar, rasgando sua manga e abrindo um corte profundo em seu braço esquerdo.

    — Não adianta… você não pode lutar contra a roleta. — sussurra Saeko, agora com os olhos negros como carvão, sem pupilas.

    Antes que Kaede consiga respirar, ele aparece à sua frente. Com um movimento limpo, quase lento demais para ser real, Saeko toca o peito de Kaede com a palma da mão, e um círculo sombrio explode de seu braço.

    — “Vingança do Perdedor!”

    BAAAAAAAAAAAAAAAAM!
    O impacto é brutal. Kaede é lançado como uma bala de canhão, girando no ar, batendo no chão e rolando por metros. Poeira sobe. O silêncio é mortal.

    2 a 1 — Saeko.

    — Como ele vai aguentar isso…? — Genjiro pergunta, engolindo seco.

    — Ele vai… nós sabemos que ele vai. — responde Ryuji, os punhos cerrados.

    Kaede, arrebentado, se levanta de novo. Com os ossos gritando. Com o sangue escorrendo. Com os joelhos vacilando. Mas com os olhos… arderam como brasas vivas.

    — …tá na hora de parar de brincar. — ele diz, e sua aura explode ainda mais.
    Ela cresce, viva, pulsando, um dragão invisível ruge nas costas de Kaede.

    FLASH!

    Kaede surge na frente de Saeko como um raio, e com um grito rasgado:

    — “Senritsu no Saishūdan: Zankoku no Fūjin!”

    SLASH!

    Um golpe diagonal. Seco. Silencioso.

    A tela do mundo parece congelar.

    Saeko pisca. Arregala os olhos. Olha pro ombro.

    Seu braço esquerdo… não está mais lá.

    — M-mas… mas o quê…? — ele sussurra, incrédulo, enquanto o sangue começa a jorrar como uma dança macabra.

    Kaede encara ele com a respiração cortada, firme, feroz, sem piscar.

    — Isso foi pela primeira rodada, filho da puta.

    BAM! A cena congela. O braço esquerdo de Saeko voa no ar, sangue espirrando em câmera lenta. A arquibancada prende a respiração. Kaede, arquejando, ainda na pose do corte, solta um sorrisinho torto.

    — E aí? Vai girar a roleta com uma mão só agora?

    Mas no fundo… ele sente. Um arrepio na espinha. Algo tá errado.

    — Você não vai cair assim tão fácil, vai? — pergunta Kaede, os olhos ainda cravados nele.

    No chão, Saeko cospe sangue. Os olhos tremem, mas não de medo. De euforia. De insanidade.

    — Heh… Isso só deixou o jogo mais interessante.

    A aura dele começa a vazar do próprio corpo como fumaça venenosa. O local onde o braço foi decepado pulsa como um buraco negro roxo. A energia gira, forma símbolos, e uma nova roleta aparece — menor, mais comprimida, girando com fúria incontrolável.

    — Cassino do Destino… Segunda Fase. — ele sussurra, as pupilas voltando lentamente, mas agora em formato de dados giratórios.

    O braço perdido… começa a se REGENERAR. Mas não como antes.

    Agora, é um braço construído de pura energia roxa, coberto de runas cintilantes. A mão é afiada como uma garra de cristal do submundo.

    — O quê…? — Kaede dá um passo pra trás, surpreso.

    — Isso é o Senkiou… — diz Saeko, com um sorriso que parece saído de um pesadelo. 

    BOOM. O chão vibra com o giro da roleta. As placas douradas giram em alta rotação, cuspindo faíscas de pura tensão. Saeko ergue o braço recém-regenerado — agora ainda mais afiado, mais preciso, mais amaldiçoado.

    Kaede encara, suando frio. A luta que parecia vencida… virou uma roleta russa.

    — Sen é regeneração, é sorte, é destino? — ele cospe no chão, sangue misturado com saliva. — Então foda-se o destino.

    Ele dá um passo. A perna treme, o joelho cede, mas ele firma.

    — Eu sou o erro estatístico, o bug da matrix da tua roleta.

    Saeko ri. Uma risada cortante.

    — Que fofo. Ainda acha que tá no controle?

    A roleta para.

    CLACK.

    Um símbolo desconhecido surge no topo. Os olhos de Saeko brilham. A aura muda de cor — de roxo para dourado sangrento.

    — Ah… Olha só, Kaede. Caiu a carta mais rara do meu baralho.

    Kaede franze o cenho.

    — Que porra é essa?

    — “Destino Duplicado”. — diz Saeko, abrindo os braços. — A cada golpe que você me der… vai refletir em você.

    Um silêncio mortal se instala. O público engole seco. O árbitro dá um passo pra trás.

    Kaede cerra os punhos.

    — Então quer dizer que, se eu te der um soco…

    — Você sente ele também. — interrompe Saeko, sorrindo. — Com juros.

    Kaede respira fundo. O mundo parece ficar em câmera lenta.

    — Então só tem um jeito…

    Ele explode em velocidade. O Sen dele queima com intensidade vermelha, fervendo em volta do corpo.

    — …eu vou te bater tão forte…

    …que meu próprio corpo vai quebrar!

    PAAAAM! O soco entra. O impacto é brutal. Saeko voa, mas Kaede também sente — o braço estala, a pele racha.

    — AGHHHHH!! — ele grita, mas não para.

    — MAIS UM! — berra, avançando.

    Outro golpe. Outro reflexo. Os dois sangram. Mas Kaede continua.

    — EU SOU O DANO COLATERAL DESSA LUTA! — ele ruge.

    O público se levanta, em transe. A luta virou um duelo de insanidade e dor. Um vai quebrar. Mas Kaede…

    …Kaede decidiu que vai quebrar primeiro. E levar Saeko junto.

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