Capítulo 15 | O Preço da Força e a Arte da Paciência
Sem pestanejar, Genjiro estourou na arena como um terremoto ambulante. Um rugido rouco escapou da garganta do “Gigante de Aço” — era um grito de guerra, puro fogo, sem espaço para dúvida. Cada passo seu retumbava no chão, fazendo o solo tremer sob o peso monstruoso do seu corpo. Os músculos do seu braço inchavam como cordas de aço tensionadas, enquanto ele levantava os punhos em uma promessa de destruição.
Ele lançou o primeiro soco — brutal, certeiro, direto ao ponto, uma machadada feita de pura força bruta. A intenção? Rasgar qualquer defesa, acabar com tudo no caminho, esmagar Izuna em um só golpe.
Mas Izuna Shigetsu, o estrategista frio e calculista, não estava ali para ser atropelado. Com uma agilidade quase sobrenatural, ele deslizou para o lado, esquivando por frações de segundo — milímetros que fizeram a diferença entre o golpe fatal e o vazio. Um leve sorriso curvou seu canto da boca, um convite silencioso à dança da batalha, como se aquele ataque de Genjiro fosse apenas uma brincadeira infantil.
“Rápido, mas previsível”, murmurou Izuna, a voz baixa e cheia de sarcasmo, só para seus próprios ouvidos. Ele já estava lendo o roteiro do gigante — um livro aberto, com movimentos decorados.
Genjiro? Não tava nem aí pra essa esquiva elegante. Era a fúria em forma de homem, e continuava martelando, enchendo o ar com uma tempestade de socos — pesados, velozes, cada um com um impacto mais brutal que o anterior. Mas Izuna era a própria calma em meio ao caos, se movendo com a leveza de uma folha que dança no vento outonal, desviando e controlando a distância com a precisão de um maestro.
— Você vai cansar, Genjiro. Continua assim que vai ver que força bruta não vence tudo, soltou Izuna, voz suave e quase zombeteira, como quem provoca um predador pra ver até onde vai a paciência.
Mas o “Gigante de Aço” não deu a mínima para provocações. Rosnou, um som gutural cheio de fúria primitiva, e partiu para o ataque com ainda mais agressividade. Girou os quadris com força, lançando um soco horizontal que visava a cabeça de Izuna — um golpe mortal, a promessa de um fim rápido.
Porém, Izuna, mestre da precisão, se escorregou para trás como se tivesse percebido o golpe antes mesmo de ser lançado. O soco cortou o ar, falhando por pouco.
— Desiste, você está perdendo o controle, provocou Izuna, os olhos brilhando com um misto de satisfação e desprezo, ao ver Genjiro começando a se perder na própria fúria.
Genjiro parou. Respirava fundo, os pulmões quase explodindo de tanto esforço. A expressão, que antes era apenas feroz, se tornou um monstro à solta — dentes cerrados, olhos queimando em chamas vermelhas.
— Eu não vou perder pra você, seu estrategista de merda!, gritou, avançando de novo com a fúria de um furacão descontrolado. Cada passo fazia o chão chorar sob seu peso.
Izuna não recuou nem um centímetro. Ergueu a mão direita como quem bloqueia uma faísca, e com uma precisão fria, desviou o soco brutal de Genjiro, redirecionando a força com um gesto quase effortless, como se aquele monstro fosse apenas um peso leve demais para ele.
— Não tô perdendo o controle, Genjiro. Quem tá se perdendo é você. Já vi tudo que você tem, disse Izuna com aquela calma glacial que só os mestres têm, como um predador que observa a presa se cansar antes do bote fatal.
Genjiro cerrou os dentes até quase quebrar, as veias do pescoço saltando. “Não me subestime! Você vai entender o que é força de verdade!”
Ele não parava mais. Socos cortavam o ar, golpes rápidos e pesados como martelos de guerra. O som dos impactos era um rugido na arena, ecoando como um trovão que fazia o público prender o fôlego. Genjiro avançava, implacável, decidido a esmagar Izuna e encerrar o combate.
Mas Izuna? Ele parecia brincar com a situação, deslizando pelos golpes, desviando com leveza, mantendo sempre a distância segura — como se dançasse numa corda bamba, calculando cada passo, cada respiração.
Ele sentia o ritmo da luta, observava os pontos frágeis da força de Genjiro, as pequenas fissuras na armadura impenetrável.
— É isso aí. Continua assim. Quanto mais você atacar, mais vai se desgastar. Eu não preciso da sua força, só quero que você faça o trabalho sujo por mim, disse Izuna, sorriso frio cortando o rosto como uma lâmina.
Genjiro não respondeu. Só atacou mais rápido, mais feroz. A paciência tinha ido embora, substituída pela raiva que incendiava seus músculos. Ele sabia que Izuna estava testando seus limites, forçando-o a se expor.
Izuna sentiu que a hora tinha chegado. Quando Genjiro desferiu um golpe horizontal, Izuna desviou com um passo suave — mas dessa vez, não recuou. Ele avançou, bateu nas costelas de Genjiro com um toque leve, quase desprezível, mas que desestabilizou o gigante.
— Ah, agora sim… a primeira rachadura, murmurou Izuna, observando o gigante tropeçar. Por um instante, parecia que o poder de Genjiro vacilava. O tempo começava a virar.
Genjiro recuou, os olhos queimando em fúria insana, punhos cerrados como garras prontas para rasgar.
— Você vai pagar! Não vou brincar mais!
Izuna só sorriu, desafiador.
— Vamos ver até quando essa fúria aguenta, Genjiro. Se fosse você, começaria a pensar numa nova estratégia, porque essa aí tá fadada ao fracasso.
O gigante rosnou mais alto, furioso, e partiu para um ataque final, um golpe poderoso, uma avalanche em movimento.
Izuna estava tranquilo, calmo como nunca. — Vai lá, Genjiro. Eu sei que você pode mais. Quero ver até onde vai esse fogo
O suor escorria pesado pelo rosto de Genjiro, como se cada gota fosse o preço brutal da batalha. A respiração dele já estava um tranco, abafada, quase arfando, meio que gritando que o corpo tava no limite, mas a cabeça? Ah, essa não parava, a chama do orgulho queimando alto demais pra ele dar o braço a torcer. Cada passo dele na arena fazia o chão tremer, o som retumbando como um trovão que pressagiava tempestade. O silêncio ao redor só aumentava a tensão, era como se o mundo tivesse parado pra assistir a queda ou a vitória daquele monstro em forma humana.
Genjiro soltou um rosnado pesado, voz rouca, carregada de desafio:
— Você acha que pode me derrubar só com esquivas? Não vai ser fácil, Izuna!
Izuna estava ali, calmo, tipo aquele cara que sabe o que tá fazendo, com aquele sorrisinho tranquilo, meio debochado, sacando tudo que Genjiro tinha de bruto e pesado — e que, no fim das contas, era exatamente aquilo que ele queria explorar. O segredo tava ali, no tempo, na paciência, no jogo mental.
— Força bruta cansa, Genjiro. Estratégia é a chave. Você ainda não entendeu isso — falou Izuna, quase num sussurro, mas cheio de firmeza, posicionando-se na distância perfeita, esperando o momento.
E aí veio o soco. Veloz, brutal, direto, mirando o meio da cabeça do Izuna, com uma força que poderia esmagar pedra. Genjiro lançou-se com tudo, gritando, despejando toda a sua fúria naquele golpe, na esperança de acabar com o embate ali mesmo.
Mas Izuna, com a calma de um mestre zen, deu um passo para trás, ligeiro que só, raspando o perigo por uma fração de segundo. O soco passou zunindo, a arena estremeceu com o impacto no vazio, e Izuna já estava do lado, fluindo, deslizando quase como uma sombra. O sorrisinho de canto de boca dele era um soco na alma do Genjiro.
— Tá ficando previsível, grandão. Cada soco seu é uma informação na minha mão — disse Izuna, enquanto observava Genjiro perder fôlego, aquela respiração pesada denunciando a luta contra o cansaço.
Genjiro, como um animal ferido, tentou se recuperar rápido. Girou o corpo, tentou um soco lateral, mais rápido, menos previsível, mas Izuna era um raio, se esquivou com uma precisão que parecia desafiar a física. A exaustão já brilhava nos olhos de Genjiro, a respiração curta como se tivesse corrido uma maratona inteira.
— Como… como você se move assim? — ele ofegava, a voz saindo rouca, quase desesperada — Eu sou mais forte que você!
Izuna, sem pressa, quase com pena, respondeu:
— Força não ganha tudo, Genjiro. A mente governa o corpo, mas você tá tentando vencer com orgulho cego. E isso vai te destruir.
Com a raiva pegando fogo, Genjiro lançou uma saraivada de socos, tentando acelerar o jogo, esmagar com velocidade e potência, mas a precisão? Já era coisa do passado, os golpes começaram a falhar, deixando brechas.
Izuna, sussurrando como quem já tinha o cheque-mate na manga:
— Eu sabia que você não aprenderia fácil… Agora você vai ver a diferença de verdade.
Aproximei-se dele, num movimento calculado, posicionando-se no ponto perfeito para um golpe decisivo. Num toque, uma pressão no ponto de equilíbrio de Genjiro que o desequilibrou, jogando-o pra trás. Ele tentou se segurar, tentou reagir, mas a exaustão já estava dominando o corpo inteiro — o monstro estava caindo.
Izuna sorriu, satisfeito, sem exageros, só aquele olhar de quem sabe que a luta já tem dono:
— Não foi tão difícil, né? Você confiou demais no seu músculo. Agora, vamos acabar com isso.
Genjiro caiu, o corpo pesado como chumbo. Tentou se levantar, mas a energia tinha sumido, e a visão começava a falhar, turva. Aquele monstro, que parecia invencível, agora era só um humano cansado.
— Eu não… vou… perder… — murmurou, a voz falhando, mas ainda carregada de desafio.
Izuna deu um passo à frente, calmo, calculista, sem pressa, sem ódio — não era destruir Genjiro, era ensinar uma lição dura. Com mão firme, colocou a mão no ombro dele, preparando a técnica final.
Num movimento fluido, torceu o braço de Genjiro, e o gigante finalmente se curvou em dor, sem forças para continuar, rendido ao inevitável.
— É o fim, Genjiro. Você lutou bem, mas não estava pronto — disse Izuna, sereno, com aquele tom que só os verdadeiros mestres têm.
O árbitro iniciou a contagem, a multidão segurava a respiração, e quando o número final soou, foi oficial: Izuna venceu.
2 a 1 para o Time 11.
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