Continuando…

    Ryuji cai de joelhos. Tosse. Sua aura brilha fraca. Mas ele… sorri.

    — Agora é minha vez.
    Ele se ergue, olhos focados como lâminas.
    — Lendo teus movimentos, senti tuas falhas. Seu estilo é forte, Takeshi, mas… você fica vulnerável quando prepara um golpe especial.

    Takeshi trinca o maxilar.

    — Então você percebeu… Heh.
    Ele se coloca em posição novamente.
    — Tenta usar isso contra mim, então!
    — CHUTE DO DRAGÃO!!!

    Ryuji observa. Respira.
    No último segundo, ele desvia com perfeição e executa uma rasteira certeira.

    2 a 2.

    A multidão fica em silêncio por um instante… depois explode de novo.
    Ninguém esperava por isso.

    Takeshi, furioso, se ergue.

    — Inacreditável… Você leu meu movimento…
    — Mas quero ver desviar desse agora!
    Ele grita com o pulmão cheio:
    — IMPACTO DO DRAGÃO!!!

    Dessa vez, Ryuji não hesita.
    Ele antecipa. Move-se num milésimo de segundo, como se o tempo tivesse desacelerado para ele.
    E então…

    POW!

    Um soco direto no peito de Takeshi, tão poderoso que o joga para fora da arena.

    Silêncio.

    Depois… gritos. Gritos por toda a arena.

    Ryuji Arata venceu.

    A voz de Daizen Takatora ecoa no telão:

    — Parabéns, Ryuji Arata. Inesperada sua vitória. Já você, Takeshi Genzan… 

    O rapaz, ofegante, tenta se levantar. Só consegue ajoelhar.

    — Você entrou nesse projeto como o melhor da sua região. Foi chamado por ser promissor. Mas sinceramente…? Isso foi uma piada.

    O telão foca o rosto de Takeshi, suado, machucado, destruído.

    — Você perdeu. Perdeu para o segundo pior do ranking. Para o cara com nível 2. Um azarão. Um ‘ninguém’.

    As arquibancadas ficam em silêncio mortal. O olhar de Takeshi vacila. Daizen continua:

    — Você sabe o que isso significa, Takeshi? Significa que você nunca foi bom. Só era um peixe médio num aquário pequeno. No mar de verdade… você é só mais um.

    Ryuji o encara de cima. Sem pena. Só lembrando da dor que ele sentiu naquela primeira derrota.

    — Você não foi só derrotado. Foi exposto. Humilhado. Escancarou suas fraquezas na frente do mundo inteiro.

    Takeshi grita:

    — CALA A BOCA!! EU AINDA—

    — Você NADA, Takeshi! — interrompe Daizen com brutalidade.
    — Você tá fora. Eliminado. E como prometido… nunca mais terá a chance de lutar em um campeonato de Senai. Nunca.

    Silêncio.

    — A sua jornada termina aqui. E se quer um conselho… aceita isso logo, ou vai viver uma vida de arrependimento tentando ser algo que você nunca foi. Um verdadeiro lutador.

    Takeshi cai de volta de joelhos, sem forças. As palavras doem mais que qualquer golpe.

    Takeshi Genzan está eliminado do Fighters World. Sua carreira no Senai termina aqui.

    Ryuji se aproxima lentamente de Takeshi, caído fora da arena.
    Olha dentro dos olhos dele sem piedade, mas com frieza.

    — Que sensação boa… acabar com o seu sonho.

    Takeshi grita, rasgando a garganta de frustração:

    — RYUJI!!! EU TE ODEIO!!! NUNCA VOU TE PERDOAR!!! NUUUNCAAA!!!

    Ryuji vira as costas. Caminha até a saída. Mas uma voz surge no caminho.

    — Parabéns, Ryuji. Vi sua luta… você tem talento.

    Ryuji ergue uma sobrancelha, desconfiado.

    — E você é quem? Te conheço por acaso?

    Um garoto de aparência tranquila, mas com olhos selvagens, sorri.

    — Meu nome é Renji Asakura. Quer ser meu amigo?

    Ryuji segura o riso. Dá de ombros.

    — Prazer em te conhecer, Renji… Aceito.

    Eles apertam as mãos, e ali nasce o começo de uma nova aliança.

    — Então, Renji… tu já lutou?  pergunta Ryuji, ainda com o corpo latejando da luta contra Takeshi.

    — Já sim. respondeu Renji, ajeitando o cabelo lambido com um sorrisinho. — O cara nem entendeu o que aconteceu… eu derrubei ele no primeiro minuto.

    — Caralho Renji… tu é forte mesmo. Ryuji diz, com um meio sorriso.

    — Não é só força… é o meu Sen. Ele me transforma num monstro durante a luta. Literalmente. Mais rápido, mais forte, só instinto…

    — Tá maluco… isso é insano menor.

    Os dois continuam trocando ideia, aquele papo de quem passou pelo caos e saiu do outro lado com respeito mútuo. Até que os outros vencedores vão chegando, um por um.

    Ryuji se levanta, encara os três e manda:

    — E aí… qual o nome de vocês?

    O primeiro a responder é um cara de olhar sereno, mas firme:

    — Tsubasa Hayashi. Vi tua luta, Ryuji. Derrotar o melhor do Bloco 30? Vai ser uma honra te enfrentar quando esse projeto acabar.

    Do lado dele, um brutamontes dá um leve sorriso:

    — Genjiro Okabe. Sou irmão do Rensuke Okabe… top 125 do Fighters World. Vi o que tu fez com o Takeshi. Cê tem futuro, moleque.

    O terceiro é mais direto, com um olhar afiado e voz cortante:

    — Kaede Shizuma. Meu número é 9… e você, com esse 2 aí no peito, não vai durar muito tempo aqui dentro.

    Ryuji estreita os olhos, mas mantém a calma.

    Renji chega perto, dá uma risadinha e cochicha no ouvido dele:

    — Esses caras… têm cara de encrenca.

    Antes que a tensão cresça, a voz de Daizen Takatora ecoa pelos alto-falantes:

    — Parabéns aos cinco sobreviventes. Vocês agora são oficialmente um time: o Time 15. O mais fraco entre todos. Boa sorte, vão precisar.

    Silêncio. O peso dessas palavras caiu como pedra. Mas Ryuji dá um passo à frente e diz:

    — Já que somos um time… qual o Sen de vocês?

    Tsubasa responde primeiro:

    — Meu Sen aumenta minha inteligência de combate. E velocidade também. Eu analiso tudo em tempo real… tipo um computador de guerra.

    Genjiro cruza os braços:

    — Eu crio clones meus no campo de batalha. Fica difícil saber qual é o verdadeiro… e quando percebe, já levou o golpe.

    Kaede bufa, com desdém:

    — Então tu te garante na enganação, é isso? Eu não preciso disso. Meu Sen dobra minha força bruta. Simples.

    Todos olham para Ryuji. E então Tsubasa pergunta:

    — E o teu, Ryuji?

    Ele coça a nuca, meio tímido:

    — Eu… vejo os movimentos dos inimigos. Consigo desviar de quase tudo. Tipo… ler antes de acontecer.

    Tsubasa então vira para Renji:

    — E o seu, Renji?

    Renji fecha o sorriso, e com os olhos meio sombrios, responde:

    — O meu… é um monstro. Um monstro que mora dentro de mim. E quando ele sai… é melhor ninguém estar na frente.

    Eles ainda trocavam ideia, criando aquele clima de time que estava começando a se entender, quando, do nada, o telão da sala acendeu com uma luz fria. A imagem de Daizen Takatora surgiu ali, imponente como sempre, com aquela postura de quem carrega o destino dos lutadores nas costas.

    — Olá, jovens lutadores — disse ele, com a voz firme como aço. — Estou aqui pra informar que o Time 15 enfrentará o Time 14 na primeira rodada da fase inicial. Era só isso… até breve.

    A tela apagou do mesmo jeito que apareceu: rápido e seco. E o silêncio ficou no ar por alguns segundos, pesado.

    — Cês sabem quem é esse tal de Time 14? — perguntou Ryuji, a voz mais baixa do que o normal, carregando uma pontinha de receio no tom.

    — Nem ideia — respondeu Tsubasa, encostado na parede com os braços cruzados. — Mas seja quem for, vão ter que passar por cima da gente… e isso não vai ser fácil.

    No dia marcado, o céu estava cinza e o vento carregava um peso diferente. A atmosfera era densa, como se o ar soubesse que algo grande estava prestes a acontecer.

    Time 15 contra Time 14.
    Começava ali, de verdade, a caminhada pelo topo.

    Continua…

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