Índice de Capítulo

    O silêncio da arena parecia pesar toneladas. Nem o público ousava respirar quando a aura de Ryuji se acendeu.
    Seus olhos mudaram — não eram apenas pupilas humanas, mas espelhos quadridimensionais, refletindo linhas de futuros possíveis que serpenteavam pelo ar como fios de luz. Cada movimento de San, cada respiração de Karaku, cada intenção oculta de Sander já estava escrito diante dele.

    Ryuji cerrou o punho.
    De sua Criação Convergente, surgiu uma luva de boxe monstruosa, feita de aço negro, os nós dos dedos cravejados de espinhos que tilintavam como lâminas afiadas.
    Um passo para frente — e o primeiro soco partiu. Não era só carne e osso. Era um trovão encapsulado em ferro.

    San Ryoshi, implacável, reagiu com frieza.
    Ele não recuou. Girou o quadril, deixando o ar deslizar em sua frente como um rio, escapando por centímetros do impacto.
    E no mesmo instante, o contra-ataque dele já estava armado: um soco reto, simples, mas carregado de Sen bruto, como se uma avalanche fosse comprimida naquele punho.
    O público prendeu o ar — aquilo era força suficiente para arrebentar a arena inteira.

    Mas Ryuji já tinha visto.
    A visão mostrou o soco antes mesmo que o braço de San se movesse.
    Um passo lateral, o corpo relaxado no tempo exato, e o punho de San atravessou apenas o vazio.

    Na sequência, Ryuji carregou o braço.
    O Single Shot explodiu de sua luva metálica, direto no peito de San.
    O impacto ecoou como um canhão. O chão vibrou, a aura se expandiu como uma onda de choque, e San Ryoshi foi lançado metros para trás, os pés arrastando e abrindo sulcos no solo da arena.

    Antes que a poeira baixasse, Karaku e Sander já estavam no ar.
    Dois vultos em sincronia, caindo sobre Ryuji como lâminas gêmeas. O ataque era veloz, letal, pensado para esmagá-lo sem dar tempo de reação.

    Mas Ryuji não era mais refém do tempo.
    Ele ergueu a mão e, diante dele, ergueu-se uma parede de tijolos metálicos.
    O som foi ensurdecedor: cada tijolo caiu no lugar com o peso de toneladas, como se um prédio tivesse sido erguido em frações de segundo.
    O ataque combinado bateu contra a muralha, faíscas voaram, e os dois recuaram, surpresos.

    Da poeira, Renji e Naki surgiram, ombro a ombro com Ryuji. O trio estava formado.
    San, mesmo cambaleando, respirava fundo. O olhar dele era frio, mas agora carregava uma centelha de respeito.

    Ele avançou outra vez, o corpo tremendo em Sen.
    Cinco socos. Cada um com a força de esmagar muralhas, derrubar montanhas.
    Mas nenhum sequer arranhou Ryuji.
    A cada golpe, Ryuji se movia como se já tivesse treinado aquela cena mil vezes antes. A Meta-Visão guiava seu corpo, o futuro se dobrando ao seu favor.

    No instante em que o quinto soco passou pelo vazio, Ryuji girou o corpo.
    O calcanhar caiu como uma lâmina incandescente, um chute lendário.
    O ar se rasgou, o chão estremeceu, e o golpe encontrou a têmpora de San Ryoshi com precisão mortal.

    Um clarão percorreu a arena.
    O corpo de San foi forçado ao chão, os joelhos cedendo. Ele ofegou, o rosto contorcido, lutando contra a vertigem que o golpe deixou.
    A plateia explodiu em gritos, metade incrédula, metade em êxtase.

    E no centro da arena, Ryuji respirava fundo, seus olhos ainda ardendo em linhas de futuros que só ele podia enxergar.

    San Ryoshi ainda tentava se recompor do chute devastador, a respiração pesada, os olhos semicerrados. O campo agora estava desequilibrado — 3 contra 2.
    Ryuji, Naki e Renji avançaram como predadores cercando a presa. O alvo era claro: Karaku.

    Mas Karaku apenas sorriu. Um sorriso fino, quase imperceptível.
    Sua aura se expandiu e, num estalo, seu corpo dissolveu-se em sombras.
    A arena mergulhou em escuridão por um instante, corvos negros cortando o ar com grasnidos lúgubres.

    Quando a sombra se recompôs, estava atrás de Ryuji.
    — Corvo das Sombras.

    O público explodiu em espanto. Era velocidade impossível, uma transição entre planos, como se Karaku tivesse atravessado a realidade.

    Mas Ryuji não era mais cego ao inesperado.
    Sua Meta-Visão já havia mostrado aquela cena. Ele girou o corpo, carregando o calcanhar para o mesmo chute lendário que acabara de derrubar San.
    O ar vibrou com o peso do movimento.

    Só que desta vez, algo diferente aconteceu.
    Karaku não apenas previu o golpe — ele o bloqueou.

    Um som agudo e seco ressoou pela arena, como galho quebrando no inverno.
    A perna de Ryuji se partiu no impacto.

    O público gritou em uníssono.
    Naki arregalou os olhos, incrédulo.
    Renji cerrou os dentes, o coração disparado.

    Mas Ryuji, mesmo com o corpo gritando em dor, manteve-se de pé.
    Ele sabia: o Sistema Senzoku restauraria ferimentos graves no próximo round. A dor era real, mas a consequência não seria eterna. Ainda assim, sua resistência arrancava respeito até de seus inimigos.

    Karaku não perdeu tempo.
    Seus olhos brilharam em reflexos quadridimensionais, linhas de futuros cruzando-se em sua visão.
    Ele falou com uma voz baixa, mas cortante o bastante para silenciar toda a arena:
    — Você não é o único com Meta-Visão.

    Um choque percorreu o público.
    O silêncio caiu pesado como chumbo.
    Até os gritos da torcida morreram.
    Agora não era mais apenas luta física — era um duelo de cérebros, dois jogadores de xadrez movendo peças na velocidade da luz, prevendo e contra-prevendo em um campo que só eles podiam enxergar.

    Sander, em sincronia com Karaku, partiu para cima.
    Os dois miraram em Renji, golpe duplo pensado para esmagá-lo no meio.

    Mas Renji não era o mesmo garoto que dependia apenas de força bruta.
    Sua aura já fervia em torno dele, as veias latejando com veneno.

    Ele saltou, girando no ar com a precisão de um acrobata.
    O primeiro golpe passou por baixo, o segundo por cima.
    E quando seu corpo completou o giro, os dois pés encontraram os alvos com perfeição cirúrgica: um chute em Karaku, outro em Sander.

    O impacto não foi apenas físico.
    No instante do contato, a aura de Renji entrou em ação.
    Sua nova técnica transbordou pelo campo:
    — Bee Style.

    O veneno das abelhas, agora correndo em seu sangue, transmitiu-se através dos chutes.
    Karaku e Sander sentiram imediatamente: músculos travaram, articulações endureceram, como se agulhas invisíveis se cravassem em seus nervos.
    Os corpos dos dois vacilaram, paralisados.

    A plateia rugiu.
    Em menos de um segundo, o equilíbrio mudou.

    Karaku e Sander tombaram pesados contra o chão.
    O juiz virtual anunciou, a voz ecoando como trovão:

    Placar: 2 a 2.

    O vestiário do Time Branco estava mergulhado em silêncio absoluto, cortado apenas pelo som de respirações pesadas e o eco distante da arena. A luz fria das lâmpadas refletia nas paredes metálicas, dando ao lugar uma sensação de campo de batalha contido, quase sufocante.

    Ryuji sentou-se em um banco, o corpo tremendo de fadiga, cada músculo queimando da batalha. Mesmo assim, os olhos dele brilhavam, linhas de energia quase invisíveis pulsando em torno de suas íris, sinalizando que o cérebro nunca descansava. Ele respirou fundo, sentindo cada batida do coração, cada ponto de pressão em seu corpo — um mapa de onde a dor existia e onde o poder ainda podia ser liberado.

    — Naki, Renji… nós precisamos ir além. — A voz dele era calma, mas carregada de uma determinação que parecia cortar aço.

    Naki, encostado na parede, enxugava o suor do rosto. Seus músculos ainda tremiam, mas o olhar firme mostrava que não precisava ser convencido.
    — Nós já estamos dando tudo — respondeu, a voz curta, mas firme, os punhos cerrados no ritmo da própria adrenalina.

    Renji, com os olhos brilhando de intensidade, respirava fundo. O canto de seus lábios formava quase um sorriso predador.
    — Eu ainda tenho duas toxinas guardadas. — O tom era de aviso, mas também de promessa: ainda havia cartas na manga.

    Ryuji ergueu a cabeça, deixando a luz iluminar parcialmente seu rosto. Cada traço parecia acentuar a concentração quase sobrenatural que emanava dele.
    — Eu pensei em algo… — sua voz baixou, mas carregava peso suficiente para fazer o ar parecer congelar — usar a Criação Convergente para forjar uma granada com poder nuclear.

    O silêncio caiu como uma lâmina.
    O ar parecia pesado demais para respirar, e por um instante, até o vento do vestiário parou.

    Naki saltou em alerta, olhos arregalados, respirando rápido:
    — Tá maluco?! Isso vai engolir a gente junto!

    Ryuji inclinou-se levemente para frente, um sorriso enigmático curvando seus lábios.
    — Relaxa… desde o início, vocês dois estão imunes às minhas criações. Coloquei essa proteção desde o primeiro round. — Cada palavra parecia se infiltrar na mente de quem a ouvia, uma garantia silenciosa de confiança, mas carregada de poder.

    Renji soltou um sorriso largo, quase selvagem, os olhos brilhando com a mesma fome de batalha.
    — Então é isso. Pode tacar a bomba.

    Por um instante, o vestiário inteiro parecia vibrar. Não era só adrenalina, nem simples excitação — era a antecipação do caos controlado, da destruição calculada e da estratégia que apenas três lutadores no planeta poderiam compreender.

    O intervalo acabou. Quinze minutos haviam passado como eternidade. A tempestade estava prestes a recomeçar, e cada um deles sabia que nada no campo seria previsível.

    O quinto round surgiu como um trovão.
    Renji e Naki deslizaram pelas laterais da arena, cada passo calculado, a aura pulsando em sintonia com Ryuji. A estratégia era clara: cercar os três inimigos restantes, mas nada seria fácil — a Meta-Visão deles estava em alerta constante.

    No centro do campo, Ryuji ergueu a mão.
    Com um gesto preciso, sua Criação Convergente moldou uma Sniper futurista, negra e metálica, com engrenagens girando silenciosamente. Ele colocou uma bala especial: no meio do trajeto, ela se dividia em três projéteis independentes, cada uma capaz de perfurar o concreto e romper o Sen mais denso.

    O disparo ecoou como um trovão. O som reverberou nas arquibancadas, fazendo o ar vibrar.
    San, Karaku e Sander desviaram com velocidade sobre-humana, suas silhuetas cortando o ar como sombras quase irreais, escapando do ataque com movimentos impossíveis.

    Ryuji desfez a Sniper com um gesto, a arma desaparecendo em fragmentos de energia que se dispersaram no ar.
    Seus olhos brilharam intensamente. Linhas quadridimensionais de probabilidade dançavam à frente dele, mostrando todas as trajetórias possíveis.

    — Desmantelar. — A palavra foi sussurrada, mas soou como um trovão silencioso.

    Um corte invisível de Sen rasgou a arena. O espaço pareceu vibrar com a energia concentrada.
    E então, com um estalo quase imperceptível, o antebraço de Karaku foi separado do corpo como se fosse papel.
    O choque atravessou a arena. A plateia explodiu em gritos, misto de horror e admiração.
    O chão, ainda fumegante do corte, parecia impregnado com o eco do poder de Ryuji.

    Naki não perdeu tempo.
    Aproveitando a vulnerabilidade de Karaku, ele descarregou um Death Shot certeiro. A força do impacto lançou Karaku como se fosse feito de madeira, atravessando o espaço em linha reta até a linha de eliminação, erguendo uma nuvem de poeira e detritos.

    Enquanto isso, Ryuji já moldava o próximo passo.
    Ele criou uma granada aparentemente simples, metálica, pequena. Seus olhos se estreitaram, focados no alvo: San Ryoshi. Ele lançou, e San desviou com a mesma destreza de antes, saltando para longe do impacto inicial.

    Mas esta granada não era comum.
    No instante seguinte, uma esfera incandescente emergiu dela, pequena mas pulsante, respirando energia concentrada. O ar ao redor tremia com calor, e ondas de luz dourada e vermelha dançavam ao redor da esfera.

    Ryuji ergueu o braço, a aura expandindo-se como um sol em miniatura, e sua voz ecoou pelo campo:
    — Contemplem o poder de uma bomba nuclear… Exploda minha criação.

    O mundo inteiro pareceu gritar.
    Fogo, luz e calor varreram a arena. Cada pedra, cada partícula de poeira, evaporou-se instantaneamente. San e Sander desapareceram em uma explosão de energia pura, consumidos por um clarão que parecia dobrar o espaço-tempo ao redor.

    Quando a luz finalmente cedeu, só três figuras permaneciam de pé: Ryuji, Renji e Naki.
    O Sistema Senzoku agiu imediatamente, reconstruindo a arena e restaurando todos os corpos e ferimentos. Mas o placar falava por si:

    3 a 2 – Time Branco.

    O campo de batalha estava silencioso, mas a tensão era palpável. Cada olhar carregava o peso da destruição recente e a antecipação do próximo round, onde apenas aqueles que dominassem corpo, mente e Sen sobreviveriam.

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