Índice de Capítulo

    Ryuji encara Kaede e Ayumi com aquele olhar frio, afiado, quase preguiçoso.
    É a expressão de alguém que já viu o fim do combate antes dele começar.

    — Rikka… — ele diz, num tom quase suave — não será mais necessário você lutar ao meu lado. Quero um desafio de verdade agora.

    A Rainha das Sombras inclina a cabeça, como uma serva que entende o desejo do seu rei.
    O corpo dela se desmonta em pétalas negras, cada pedaço virando fumaça, depois sombra, depois um orb rosado e negro que se contrai e some no chão, retornando ao Reino das Sombras.

    O silêncio pesa.

    O juiz ergue a bandeira.

    — SEXTO ROUND!

    Kaede e Ayumi voam pra cima de Naki como dois predadores sincronizados.

    Naki reage no puro instinto.

    Arsenal Sen: Full Machine Gun!

    Várias metralhadoras surgem atrás dele, feitas de Sen, maciças, elétricas.
    Elas disparam ao mesmo tempo — um trovão contínuo, um muro de balas.

    Mas Ayumi e Kaede dançam entre os disparos.
    Rasam, giram, se abaixam.
    Cada bala passa a milímetros do rosto, do braço, da perna.

    Quando Ayumi vai atravessar o peito de Naki com um corte brutal—

    BLOOM.

    Ryuji aparece do nada, um braço só levantado, defendendo o golpe como quem segura um guardanapo.
    Nem um arranhão.

    Ayumi recua, surpreso.

    Kaede respira fundo, cerra os dentes e pergunta:

    — Eu me pergunto, Arata…
    como ficou tão forte em tão pouco tempo?

    Ryuji encolhe os ombros.

    — Eu treinei muito, Kaede.
    Muito.
    Até meus ossos cansarem da dor.
    Até meu corpo implorar pra parar.
    Mas agora?
    Eu me acostumei.

    Kaede sorri.
    É um sorriso torto, doido, apaixonado pelo combate.

    — Você virou um monstro… e eu gosto disso.

    Eles avançam.

    Naki surge atrás de Kaede com energia acumulada.

    Shigan: Barrage Blow!

    Um ataque devastador explode Kaede longe.

    Ayumi aproveita a brecha e —

    ZAAAAS

    Um golpe tão rápido que o público só vê o sangue.
    O braço de Naki cai no chão.

    Naki urra, mas continua firme, regenerando lentamente.

    Ryuji saca a katana.
    Calmo.
    Sereno.
    Majestoso.
    Uma pressão absurda vaza dele, ondulando o chão.

    Kaede volta pro campo, ofegante, os olhos brilhando.

    — In-crí-vel, Arata…
    Nem parece aquele garoto que eu conheci no começo do projeto.
    Antes… eu nem conseguia sentir sua pressão de Sen.

    Ryuji gira a katana nos dedos.

    — Já chega de falar.
    Vamos lutar.

    Ele desaparece.

    Reaparece atrás de Kaede.

    E hesita.

    Kaede acerta um golpe completo na barriga de Ryuji — um ataque que seria fatal em qualquer outro humano.

    — O que pensa que está fazendo, Arata?!
    Deixando eu te acertar?!
    Está me subestimando?!

    Ryuji olha nos olhos dele, calmo demais.

    — Eu não estou.
    Eu só tenho certeza… absoluta…
    que você não vai me derrotar.

    Kaede ruge e acerta mais dois golpes, ambos tão fortes que o chão racha.

    Ryuji suspira.

    — Minha vez de revidar.

    Um único corte.

    TCHAAAAAAM

    Kaede é partido em dois.

    O mundo engole seco.

    Mas do outro lado da arena, Naki cai também, derrotado pelo último ataque desesperado de Ayumi.

    E assim…

    O palco se fecha.
    Só sobraram dois.

    Ayumi vs Ryuji.

    Ayumi bate a espada contra o chão, encarando o prodígio.

    — Vamos lá, Ryuji. Me mostre tudo que tem.

    Ryuji estala o pescoço.

    — Só se você me mostrar tudo que VOCÊ tem.
    Apesar de… não mudar nada.
    Mesmo se eu usar só metade, estou muito acima de você.

    Ayumi avança.
    Ryuji recebe o golpe sem desviar.
    Sem bloquear.
    Deixa cortar.

    E revida com um golpe só, lançando Ayumi cinco metros pra trás.

    Ayumi range os dentes.
    Sangue escorre do lábio.

    Técnica Inata: Oceano Pintado!

    O oceano de tinta surge sob seus pés, ondas vivas tentando engolir o campo e Ryuji.

    Ryuji suspira.

    — Eu não vou cair no mesmo truque.
    Domínio Simples.

    Um círculo de Sen se forma aos pés dele — limpo, absoluto, elegante.

    Ayumi tenta furar a barreira, mas cada ataque é repelido, quebrado, devolvido como se o próprio Sen cuspisse sua tentativa.

    Ryuji levanta a mão.

    Aumentar.

    O círculo expande.
    Expande.
    Expande.

    A pressão dele devora o Oceano Pintado de fora para dentro, estourando o domínio de Ayumi como um balão.

    Ayumi cai de joelhos, chocando-se com a verdade crua.

    — Você…
    você é mesmo um monstro.
    Por que não usa sua Técnica Inata, então?!

    Ryuji sorri.

    — Boa pergunta, Ayumi.
    Qual você deseja?

    — Como assim?

    Ryuji abre os braços.

    — Eu não tenho um Sen próprio.
    Se não percebeu…
    eu tenho centenas.
    Todos criados por mim.

    Ayumi sente algo quebrar dentro da própria alma.

    — Você não é um monstro.
    Eu estava errado.
    Você é uma anomalia.
    Algo que não deveria existir.
    Então por que…
    por que você está nesse projeto?

    Ryuji abaixa a cabeça, quase pensativo.

    — Acredite ou não, Ayumi…
    eu não nasci forte.
    E quando entrei no projeto…
    eu era o segundo mais fraco.

    Ele ergue o olhar.

    E aquele olhar é de alguém que venceu o mundo com as próprias mãos.

    — Eu só fiquei forte porque decidi…
    quebrar meus próprios limites.
    Todos os dias.
    Até sobrar só isso aqui.

    O campo já não parecia um campo.

    O chão estava torto, afundado, rasgado em placas irregulares.
    O ar era espesso, quase sólido, e cada respiração parecia empurrar agulhas invisíveis para dentro do peito de quem assistia.

    A pressão de Sen esmagava tudo.

    Ryuji dá um passo à frente.

    O som do pé tocando o chão ecoa como um sino fúnebre.

    — Já que você deseja uma técnica mais forte… — ele diz, calmo demais — então eu vou te apresentar.

    Ele levanta a mão direita.

    O Sen ao redor começa a se comportar errado.

    Hadou… — a voz sai baixa, quase sem emoção.
    Número 17… Ciero.

    Na palma da mão, a Pressão Sen colapsa.

    Não explode.
    Não se espalha.
    Não vaza.

    Ela entra em si mesma.

    Como se o universo inteiro estivesse sendo sugado por um ponto microscópico.

    O ar começa a gritar.

    Não é som comum.
    É a realidade reclamando.

    Então nasce o feixe.

    Não é luz.
    Não é energia.
    É pressão absoluta condensada em forma de raio.

    O Ciero rasga o espaço.

    Ele não atravessa o campo —
    ele apaga o que existe no caminho.

    Chão? Evaporado.
    Barreiras? Dissolvidas.
    O som some por um segundo inteiro.

    O impacto chega depois.

    Uma coluna colossal de destruição explode no horizonte, levantando uma muralha de poeira, energia e fragmentos do mundo que engole tudo. O solo afunda dezenas de metros, como se um deus entediado tivesse pressionado o dedo contra a arena.

    Quando a poeira baixa…

    Silêncio.

    Ryuji abaixa a mão, como quem acabou de testar algo trivial.

    Ayumi está caído.
    Respiração pesada.
    Mas… se move.

    Ele força o corpo a se levantar.

    — Que… caralhos… foi isso, Arata…?

    Ryuji vira o rosto de leve.

    — Deixa eu explicar.

    Hadous

    — Hadou não é técnica bonita.
    — Hadou é Pressão Sen sem filtro.

    Ele fecha a mão, e o ar pesa novamente.

    — Existem 99 Hadous.
    — Do 1 ao 99.
    — Não é ranking de talento… é de quantidade de Sen exigida.

    Ele olha para o buraco no campo.

    — Um fraco usando Hadou 80 explode o próprio corpo.
    — Um monstro usando Hadou 17… — ele abre a mão, lembrando do Ciero —
    apaga um campo inteiro.

    Ayumi engole seco.

    — Você pode juntar Hadous… — Ryuji continua —
    — mas o resultado é instável.

    Ele sorri de canto.

    — Quando você junta Hadous…
    — os números somem.
    — Ficam negativos.

    O olhar dele escurece.

    — Porque você está forçando o Sen a existir fora da lógica.
    — É aí que o mundo começa a quebrar.

    Ele ergue a mão novamente.

    — Vou usar o Ciero de novo.
    — Dessa vez… defenda.
    — Se não, você morre.

    A voz baixa.

    Ciero.

    O Sen colapsa outra vez.
    O raio nasce.
    A destruição se repete.

    Mas agora…

    Ayumi resiste.

    Ele finca os pés no chão, a katana tremendo como se gritasse. O impacto empurra tudo ao redor, cria um vácuo momentâneo, distorce o espaço.

    Quando a poeira baixa…

    Ayumi está de pé.

    Mas sua katana…

    Está quebrada.

    A lâmina especial, forjada por ferreiros lendários, simplesmente não suportou.

    Ayumi olha para o que restou da espada.

    E pensa.

    “Então… chegou a hora.”

    A sombra começa a rodear seu braço.

    O Sen muda de textura.
    Fica mais denso.
    Mais pessoal.

    Ele diz uma única palavra:

    Kidou.

    Kidous

    Se Hadou é explosão…

    Kidou é identidade.

    Kidou é a arma que nasce do gosto da Ririokutou.

    Ririokutou é a alma do seu Sen.

    Ela observa.
    Ela testa.
    Ela mente, se quiser.

    Descobrir o nome da sua Ririokutou já te torna outro lutador.
    Gritar esse nome…

    Muda o jogo.

    Com o Kidou você pode ganhar uma:
    Espada.
    Garras.
    Lança.
    Arco.

    A forma não importa.
    A intenção, sim.

    Uma Kidou simples ainda mata.
    Mas quando desperta…

    Ela carrega Genshous.

    Golpes que não são só golpes.
    Cortes que carregam conceito, pressão, vontade.

    Quem domina sua Kidou não luta contra o oponente.
    Luta contra o destino dele.

    Das sombras que rodeavam o braço de Ayumi, algo nasce.

    Uma katana surge.

    Cabo azul-claro.
    Lâmina prateada, lisa, perfeita.

    Essa é a Kidou de Ayumi Tsukari.

    A pressão de Sen dele explode.

    Não como destruição bruta.
    Mas como presença absoluta.

    Ryuji sorri, genuinamente impressionado.

    — Incrível, Ayumi…
    — Então você vai usar sua Ririokutou?

    — Isso, Ryuji… — Ayumi responde —
    — Mas eu ainda não despertei minha Zenkai.

    — Legal… — Ryuji inclina a cabeça —
    — Você aparenta estar pelo menos três vezes mais forte.

    Ele ergue a mão.

    — E pra testar isso… CIERO!

    O raio vai com tudo.

    Ayumi defende.

    Sem dificuldade absurda.

    A Kidou não sofre um arranhão.

    Ayumi explode em velocidade, atravessa o campo e acerta Ryuji com um corte brutal.

    Ryuji deixa.

    O golpe rasga fundo.

    Sangue escorre.

    Ryuji sorri.

    Agora…

    A luta ficou muito mais eletrizante.

    E o mundo sabe.

    Isso aqui…
    não é mais um round.É um marco.

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