Índice de Capítulo

    “O golpe que lançamos ao mundo retorna, cedo ou tarde, ao ponto de onde partiu — o punho é só o mensageiro do karma.”

    Daimaoh Tzu Aso Omna, Fundador do Monastério Omna


    Logo após sua fala carregada de ironia e graça, o tal felino azul buscou fitar Sheng.

    Ele continuou fazendo o mesmo, descruzando os braços.

    As apresentações vieram.

    — Prazer em conhecê-los. Mon nom: Charlemagne Du Ciel. Lutador por alma, modelo por profisson. Mas podem me chamar de Ciel… como o azul do céu. N’est-ce pas vrai?

    Embora tenha citado Viktor, ele só tinha olhos para o felino alaranjado, que não estava gostando da encarada.

    — Pare de me olhar assim, seu idiota! — Os caninos de Sheng ficaram visíveis.

    Je ne suis pas un idiot, espèce d’ignorant! — Ciel disse não ser idiota, chamando Sheng de ignorante. — Estou interessado em você, camarade!

    Sheng piscou sem parar, não entendendo o sentido do suposto interesse.

    Ciel lhe tirou a dúvida tão rápido quanto.

    — Meu interesse em lutar. Como disse, desejo encontrar une défaite. (Uma derrota.)

    Viktor estranhou o pedido.

    O humano foi direto:

    — Derrota?! Mas porq… — ele foi interrompido.

    Ciel levantou sua mão, levando um de seus dedos até a boca do jovem.

    Silence! Um estrangeiro Natural non tem direito de avis dans cette conversation! (Não tem direito a opinião nesta conversa!)

    A ousadia do azulado deixou Viktor furioso: o humano lhe tirou o dedo da boca à força.

    — Não encosta em mim! Você também é um desses que insistem nessa bobeira!

    Absurdité? — retórico, olhou sério para ele. — Natural intrometido, coloque-se no seu devido lugar! Tu es pathétique!

    Ciel fitou Viktor.

    Mas não no mesmo que outros, como Sheng, o fizeram.

    Tinha algo a mais.

    — “Esse cara me espiando assim é como se quisesse mesmo me golpear… Não! Eu…” — o choque foi concreto. — “Eu sinto que seu interesse é ainda pior do que os outros fizeram comigo!”

    O felino azulado não parou.

    Tu n’as jamais conseguiria arranhar minha vestimenta de grife, Natural Inutile! Non és digno de minha paciência… muito menos mon attention! Tais-toi, espèce d’enfoiré! (Cale-se, seu traste!)

    Embora a compreensão das palavras de Ciel fossem um pouco difíceis, não só Viktor como Sheng sentiram no fim de sua voz que houve várias ofensas.

    E, nesse ponto, o felino alaranjado tomou as dores.

    — O Viktor pode ser um Natural sem noção, mas nem ele merece todo esse seu menosprezo, seu ridículo!

    O humano mostrou surpresa no olhar ao ver a atitude inesperada.

    — “Espera, Sheng está… me defendendo?!”

    Foi uma surpresa.

    O contexto da interação fazia valer a exceção inesperada.

    Ciel, pelo contrário, se aproveitou do evidente tom mais destemperado do felino alaranjado.

    — Uh, bom saber que está irritado, camarade — caminhou para próximo de Sheng. — Consegui sua attention, n’est-ce pas? Merveille!

    Contudo, desta vez Sheng não ficou só nas palavras: ele segurou o braço de Ciel, que não fez questão de impedi-lo.

    — Pode ter certeza de que, caso lutemos, vou ter um imenso prazer de te fazer em pedaços, seu esquisito! — O alaranjado continuou segurando o seu braço.

    A intrusão sem consentimento se manteve… mas Ciel usou isso como gatilho: fez um afago com a ponta das garras na pelagem de Sheng que, atônito, observou e sentiu o ato atrevido.

    O felino azulado elevou a provocação.

    Oui, oui! — falamansa, rubor no rosto. — É isso que desejo mais do que minha própria vida!

    — Hã?! — seu olhar denunciou sua confusão. — Cara, você é muito estranho com esse papo… Qual é a sua?

    Ciel parecia contracenar, mas tudo era real (ou era o que quisesse que parecesse: ele o fitou, desta vez mais fechados, como se estivesse focado para dentro de Sheng.

    Talvez esse fosse seu interesse.

    — Quero saber o que é sentir une défaite… — ainda acariciava a mão de Sheng. — L’imperfection est parfaite! (A imperfeição é perfeita!)

    Havia um motivo para o comportamento íntimo — o esfregar no braço de Sheng — por parte de Ciel.

    O azulado explicou:

    — Durante toda minha vida, la victoire sempre esteve em cada uma das lutas que travei. Incansáveis dias, semanas, meses, anos… se passaram tantos que perdi a conta, tu as compris?

    — O que? Você está me dizendo que nunca perdeu uma luta na vida?

    Exactement! Enton, eu vago por Avalice levando minha dádiva, a beleza que cá contempla, e também busco a derrota…

    Quase como se estivesse fazendo um recital artístico, o gato azul concluiu sua sina.

    — Mas sempre sou agraciado com minha estonteante performance marcial… e la victoire maudite persiste a existir. Quelle tragédie!

    Uma tragédia.

    Ciel realçou sua sina como lutador com tanto ímpeto que, sem que esperasse, também o fez acordar dentro de Sheng: ele soltou seu braço para longe do gato azul.

    Seu gestual foi mais contido, controlado; o alaranjado mostrou um olhar mais sério e determinado, quase intimidador.

    Sentindo a mudança de postura silenciosa, Ciel o tentou mais:

    Je veux te combattre, camarade! (Desejo lutar contra você, camarada!)

    — Você é um perfeito idiota, sabia? — falava o felino da família Daiyamondo. — Eu já entendi seu jogo a muito tempo…

    — Hm… C’est sensuel, le saviez-vous? (Sensual, sabia disso?)

    Agindo como lutador orgulhoso, Sheng colocou as cartas na mesa de uma vez por todas:

    — Esse papo torto só me enche de vontade de lutar contra você. Se é o que procura, você terá… e eu não terei pena nenhuma de você, pode ter certeza!

    — Seu porte físico c’est parfait! — sorriu, mas com puro deboche elogiando. — Un luta onde você usará seu punho forte e me entregará minha sonhada défaite! C’est formidable!

    Mas havia outra coisa, mais pessoal:

    — Escuta, imbecil: eu sou um cara que gosta muito de justiça. Então, se você quiser manter essa sua cara bonita intacta antes do torneio, sugiro que peça desculpas ao Viktor pela forma babaca que você o tratou, “as-tu compris”?

    Um ataque no ego de Ciel.

    Foi tão sutil a provocação que o felino azul franziu sua testa; era um sinal de desconforto.

    Em um ato arrojado, e sofisticado também, Sheng lhe entregou tal sentimento.

    O azulado, entendendo o tom, quis tirar o mínimo de dúvida que ainda estou:

    — Estar insinuando em atacar-me aqui deliberadamente se non me retratar para esse Naturál intrometido?

    Oui… babaca! — ele preparou seu punho.

    Sheng também sabia jogar.

    E Ciel se sentiu pressionado desde que chegou.

    A tensão entre os dois, com Viktor como espectador ferido, estava no maior nível.

    — “Ele me defendeu…?” — conflituoso, coçou a cabeça. — “O que está acontecendo aqui?”

    A dúvida moveu o embate de egos.

    Enquanto isso, em um outro lugar de conflitos…

    Extremo das dependências da arena

    Estande da Família Geiza

    — Santino Rock, o portador da doutrina Punho dos Ventos de Parusa… A que devo a visita?

    — Grr… Já deveria imaginar que você estivesse aqui, Pawa Geiza Omna.

    Voltando ao mesmo diálogo anterior, Santino e Pawa mostraram já se conhecerem.

    Uma rivalidade culminada… ou ódio contido?

    O semblante cheio de fúria do canino disse por si só.

    Ele ignorou o lobo vermelho por um tempo; olhou para o monge que estava sendo judiado.

    Quando deu o primeiro passo visando o auxílio ao indefeso penoso, Pawa foi direto:

    — Caso continue, estará em território da Família Geiza, Santino Rock.

    — E em que isso implica, Pawa?

    Pelo simples fato de tê-lo chamado assim, o lupino avermelhado partiu com tudo em direção ao canino.

    Não era uma simples investida:

    — Trate de incluir o nome da minha família após o meu, insurgente!

    — E posso saber o porquê? — o rosto mostrava fúria.

    — Pela história de mais de mil anos de artes marciais em Shang Mu e eras de Avalice, todos do Monastério Omna devem receber a honraria do nome!

    Os demais membros da Família Geiza, assim que ouviram as palavras do seu líder, prestaram reverência e bateram forte seus punhos ao peito, em um ruído que ecoou e causou impacto nos demais lutadores.

    Mesmo longe, eles viram e ouviram a manifestação.

    Surpreso com a iniciativa de Pawa, Santino recuou um passo, mas não desviou o olhar.

    Pelo contrário: o manteve, com o mesmo ardor impávido.

    — Grr… Essas baboseiras só me fazem ter mais nojo da sua família!

    Burburinhos surgiram, de todos os lados.

    De lutadores a membros da família, juntos formaram um coreto de discussões e cochichos que não se cansava de levantar mais conversas, pendendo para o maior calor — quase febre, temperatura crescente.

    Milla, sentindo a tensão, começou a tremer.

    — “O que está acontecendo… e por que ele tava machucando aquele moço?!”

    A pequena continuou seu colapso inicial, não sabendo como agir ou fazer algo.

    Mas ela tinha noção de que algo estava desajustado — um torneio de lutas acomodando tal discurso era justo?

    No limite da marca destinada à área da sua família, Pawa encarava Santino cara a cara.

    Centímetros os afastava, talvez a menor distância que atingiram sem que houvesse luta.

    Punhos não se levantaram, mas palavras soaram.

    — Você veio de longe… para encontrar sua queda, Santinho Rock? — falou cadenciado, dentes trincados. — Estou a um passo de fazê-lo de exemplo para quem se intromete nos assuntos da Família Geiza.

    — Podre… — sua irritação só aumentava em seu rosto. — É o que seu orgulho barato cheira. E eu só estou aqui porque vi injustiça, nua e fria.

    — Se refere a este lixo? — apontou para o monge penoso. — Se você se importa, então faz todo sentido, pois está no mesmo nível dele… e sua doutrina fajuta deverá ser extinta em breve, impuro!

    Se o canino não fazia questão alguma de esconder sua fúria, escalonou ainda mais após as falas provocativas cheias de ameaças de Pawa.

    Santino franziu sua testa, os seus dentes todos à mostra — um chamado para luta, encostando na guerra.

    O ponto mais alto de tensão foi alcançado.

    A aura dos dois já brilhava: ambos já duelavam só na troca de farpas, restando a Santino a última palavra:

    — Na minha doutrina não se criam preconceitos… e muito menos permitem que indivíduos como você e tantos outros da sua família, que usam da retórica e da justificativa de serem nobres e milenares!

    No fim, o estado de xeque — não era uma vitória.

    — Tudo isso desgraça a honra dos lutadores de toda Avalice! — falava alto Santino, aumentando o volume. — SUA FAMÍLIA É UMA FRAUDE!

    Pawa não resistiu ao grito raivoso do canino: preparou um soco, condensando sua aura e tornando uma bola de energia na mão.

    Os lutadores, todos atônitos e impressionados com tamanho poder, arregalaram seus olhos, acompanhando o evento inesperado e tão concreto — sequer o torneio havia começado, e aquilo era um crime.

    Milla, mais uma vez, expôs seu sentimento.

    — Santino, por que você tá gritando?! — ela olhava para os dois, quase ao mesmo tempo. — E moço do pelo vermelho, por que tava machucando o monge?!

    Um novo colapso estava em ebulição, com os dois exemplos prestes a explodirem.

    Entretanto, surpreendendo a todos, um vento forte não foi só sentido: ele foi visto indo em direção à zona de conflito.

    Um tufão rosado, exalando um odor adocicado e crespo, invadiu o espaço da Família Geiza, apagando o poder de Pawa quase como alguém assopra a chama de uma vela.

    Isso também pegou Santino de surpresa, que até tomou ar.

    — O que está acontecendo?! — impactado, olhou em volta, pensou em seguida. — “Esse vento foi uma manifestação de Nirvana impressionante!”

    Não demorou até que umas abertura entre os lutadores espectadores ocorresse, e uma voz foi ouvida, respondendo a pergunta.

    — Estou impedindo que maculem a ordem deste lugar milenar… e impondo limites ao ego frágil de vocês dois!

    Eles olharam, ao mesmo tempo, para o fundo do corredor.

    Era longe, em volta de uns cinquenta metros, de onde veio uma dama: ela trajava um lindo quimono florido — as flores em tom alaranjado, tecido escuro — com uma faixa de cintura de tom âmbar.

    Ela guardou um leque com suavidade em uma das mangas.

    Ela era uma réptil com traços delicados, quase como uma entidade oriental — suas escamas rosadas eram tão reluzentes que brilhavam ao brilho do sol proveniente de algumas aberturas no teto.

    Seus olhos azuis, tão claros quanto os do céu, completavam seu visual exótico, junto com seus cabelos da cor rosa, lisos e sedosos.

    Seu caminhar era rítmico, lítico e dominante — sua cauda era visível logo atrás, acompanhando seus movimentos.

    Milla esboçou um semblante mais calmo e terno ao vê-la.

    — “Quem é essa moça? E por que olhar pra ela me faz sentir… coisas boas?”

    A escamosa era serena, mas com firmeza em contraponto.

    Sua voz era forte, mostrava influência e segurança de uma sacerdotisa.

    Ela não se calou:

    — Sou Kaura Shiran, alta sacerdotisa do Templo Kirameku Kitakaze (Brisa Cintilante do Norte)… e exijo silêncio até que minhas palavras cessem!

    Santino estava sem ar, respirando com dificuldades, o baque foi monstruoso.

    — “Vento Visível?!” — ele tinha noção da técnica. — “São anos de prática para atingir tal nível de controle de Nirvana. Seu Feng Shui… atingiu o cosmos?!”

    Tentando se restabelecer, teve um último pensamento.

    — “Quem é essa mulher… e de onde veio?! Shang Mu, Shuigang…? Não! Alguém com tamanho poder seria conhecido… O nível do torneio só cresce! Pawa, embora cretino, é forte… mas ela está em um outro patamar!”

    Pawa, surpreso, não transpareceu impacto, mas impaciência.

    — Templo Kirameku Kitakaze? Nunca ouvi falar… — disse, virando o rosto, desdém visível. — Saia daqui, mulher enxerida… e leve embora essa sua pompa agridoce.

    Para sua surpresa, Kaura invadiu o espaço da Família Geiza sem cerimônias, deixando o lupino transtornado.

    Seu movimento seguinte foi ofensivo, concentrou sua aura novamente.

    Porém:

    — Família Geiza Omna. Pode não conhecer a minha… mas sei da história que carrega.

    — Isso me agrada em sab… — ele foi pausado.

    — Cale-se! — voz forte, um brado autoritário. — Doutrinas destruídas, esquecidas, subjugadas… e obediência exigida.

    Ela se aproximou de Pawa, a centímetros.

    O encarava, com coragem nos seus olhos celeste.

    Kaura continuou suas palavras.

    — Por mil anos os Geiza construíram uma má falada índole… mas vencedora. Entretanto, como tudo nesta vida, há um fim após o início.

    Pawa sorriu, a massagem em seu ego veio, mesmo com a atitude ousada da escamosa.

    Ele falou — ou tentou:

    — A históri… — foi calado.

    O avermelhado teve uma falta de ar, intencional.

    Veio sem cerimônias, com força suficiente para que inclinasse seu dorso, buscando reaver fôlego.

    Kaura impôs essa condição, ao levantar um dos dedos: ar comprimido adentrou pela boca do lupino, atingindo sua traquéia, indo até o pulmão.

    Aquilo surpreendeu Santino em cheio:

    — “Não pode ser! Essa técnica é… Aprisionamento de Ar?!”

    O impacto foi tanto que ele sussurrava nos pensamentos.

    — “Essa mulher tem um controle de vento incrível! Estou até com medo de pensar alto… pois ela pode me ouvir!”

    A técnica não foi um movimento de ataque, tinha um motivo.

    Kaura Shiran não o fez por livre rancor.

    — Isso que está sentindo por um instante simboliza o que vocês sugaram das doutrinas. Enquanto eram sufocados por vocês… todos rastejavam e clamavam por misericórdia!

    Ela não deixou fugir o semblante de Pawa.

    — É desagradável… Não! É uma tormenta tê-los aqui neste lugar milenar!

    Ela o estava mostrando seu ponto de vista, como um julgamento — sentimento dos demais lutadores estampado nas suas ações.

    Contudo, sua atitude não passaria impune: todos os membros da Família Geiza a cercaram.

    Pawa recuperava o fôlego, com o ego bem ferido.

    Seu rosto, irritadiço, mostrou a face da fúria determinista dos Geiza.

    — Você… vai pagar por essa insurgência!

    — Insensatez… — ela fechou os olhos, falava com força. — Cobra-me pela invasão, mas se sente incapaz a agir diferente, e estar de acordo com as demais famílias do Monastério Omna, com honradez.

    Kaura observou cada membro que lá estava. Seu alvo não era Pawa, mas sim toda a Família Geiza.

    — Eu ouvi suas prosas eloquentes… Todas insanas, desprovidas de noção e compaixão. Vocês sujam o Monastério Omna!

    Apontando para os lobos, todos rangendo os dentes, ela encerrou:

    — O vento levou até mim a mensagem que desejam que todos saibam… e estou disposta a encerrar esse ciclo, derrotando a todos!

    As palavras de Kaura não trouxeram só um aviso vago. Era um chamado para ação, convocando um embate iminente.

    Os lobos da Família Geiza se colocaram em base de luta, assim como Pawa, o dono da razão de seu clã mal visto.

    O confronto desigual jogou fora a tensão: era guerra.

    Sem esboçar qualquer outra reação, Kaura manteve seu ar sereno e calmo mesmo tendo a frente um bando enfurecido e por ter seu território milenar dentro da Arena Shang Mu invadida.

    Para eles, era um crime.

    Para ela, eram só granito e mármore.

    O ícone máximo da Família Geiza falou alto:

    — O preço por tentar mudar o destino… é alto! — bradou Pawa, com sua aura vermelha escuro iluminando o espaço.

    Sem perda de tempo, ele socou o ar: um punho gigante surgiu rasgando, para surpresa de Kaura.

    — “Essa técnica… ela desestrutura o ar!” — “deu um passo para trás, surpresa. — “Medi errado o potencial desse lobo. Como consegue mudar as leis do Nirvana assim?!”

    O inesperado permeou a alma da escamosa, que se surpreendeu com o golpe incomum e improvável do lobo.

    Ela já tinha ciência de que seria atingida, e pôs uma das mãos para dentro de uma das mangas de seu quimono, visando sacar seu leque luxuoso.

    Todavia, era um evento extraordinário.

    A demonstração de poder de Pawa não poderia ficar sem uma resposta… e que não partiu de Kaura.

    Logo a sua frente, um enorme escudo de feixe verde surgiu: era Milla, que a protegeu com seu movimento defensivo.

    — Escudo Protetor! — a pequena gritou, conjurando seu poder.

    Todos se impressionaram com a arrojada reviravolta que Milla realizou.

    O golpe de Pawa foi defendido, mas fez com que a canina fosse empurrada para trás — o poder do lobo era grande.

    — Eu não sei o que tá acontecendo… mas não posso deixar que mais ninguém se machuque aqui! — Milla falava, sem cessar seu escudo. — Moço, pare de fazer isso agora! Senão…

    O encontro de habilidades especiais deixou uma pequena impressão das potencialidades de cada um.

    O rosto inteiro de Pawa se deformou ao vê-la se antepondo ao seu golpe.

    Ele não só grunhiu, com seus dentes à mostra, mas também exalava uma aura ainda mais densa, alcançando um patamar de muitos níveis ainda do aceitável.

    Tomado por ódio indescritível, o lobo falou:

    — Criança maldita… esse seu poder é uma blasfêmia! — o teor ultra preconceituoso ecoou. — E você… nem deveria existir, ser abominável!

    O pavor tomou os olhos de Milla naquele instante.

    Tão indescritível quanto a repulsa de Pawa.

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