Índice de Capítulo

    “Não há tempestade mais feroz do que a que carregamos por dentro; o verdadeiro guerreiro não luta contra o vento, mas aprende a mover-se com ele.”

    — Bruce Lee


    Arena Shang Mu 

    Área da Família Geiza 

    — Não há o que eu deva me retratar, venerável cuidador!

    Pawa, controlando o tom de sua voz, não arredou e manteve sua palavra intacta.

    O lupino avermelhado, sem recuar, estava com sua postura reta de nunca regredir na honra, mas sabia onde estava.

    — Posso lhe mostrar vários pontos onde sua família desonrou este lugar que eu cuido, se desejar…

    O único olho visível entre os cabelos de Huli o fitava com tanto afinco que quase perfurou o ego inflado de Pawa, fazendo com que uma pequena gota de suor brotasse em sua face.

    Um cortava no olhar, o outro o evitava.

    Contudo, ruídos externos chamaram a atenção do raposo, cujos olhos tomaram foco.

    Huli viu e ouviu ao longe no corredor: burburinhos e movimentação mais exaltada dos participantes.

    O raposo ruivo, curioso, olhou com mais atenção.

    Seu rosto, até então tranquilo e seguro, deu lugar a um semblante mais sério e preocupado.

    — O que está acontecendo? — perguntou para si mesmo.

    Pawa só olhou o comportamento inesperado, mas que foi usado como subterfúgio — o lupino percebeu uma oportunidade.

    Com isso, movimentou uma das mãos — circulantes, dedos apontados e inclinados — e impôs ordens aos subordinados de sua família.

    Os monges lupinos se dispersaram pelos corredores, rápidos demais para parecer rotina.

    Parado, Pawa viu Huli caminhar para além dos domínios da Família Geiza, deixando para trás a crítica… e também o lobo avermelhado.

    O vulpino, surpreso, pôde ver com seus próprios olhos a confusão começar.

    Porém, desta vez, não se reservaram a provocações baratas.

    Empurrões.

    Troca de olhares — cortantes e desafiantes.

    Dedos em riste.

    Encarada peito a peito.

    Huli começou a tremer, sabendo que o pior estava por vir.

    — Maldição…

    Fechou os olhos por um instante — tentando conter o impulso, e falhando.

    E, nesse cenário, o ar entre dois lutadores participantes do torneio Tormenta foi cortado por um punho enfurecido, que encontrou a fronte do opositor — que recebeu o golpe, voltando seu rosto louco em seguida.

    Uma correria tomou o entorno do raposo que, imóvel no corredor, observava o destempero total e completo dos participantes.

    — Eu já estava pressentindo o pior… — falava, sem que ninguém o ouvisse. — Espíritos destrutivos buscam conflito… mesmo nas artes marciais.

    Chutes altos, socos poderosos, esquivas no último instante…

    O ar estava denso, marcado pelo cheiro de suor e poeira levantada.

    Batidas fortes e ruído estridente causavam mais tensão, arrebatando mais do que deveria, causando desordem nos quatro cantos da Arena Shang Mu.

    Todos estavam lutando uns contra os outros, por motivos diversos.

    Gritos histéricos, assim como brados de dor e mantras evocando golpes.

    Isso ligava a outros eventos simultâneos.

    No outro extremo da arena, onde os corredores se interligavam com os demais, a tormenta que cercava Lilac, Carol e Viktor inundava o lugar com mais força.

    Ventos fortes de união e trovões em forma de palavras vieram sem pedir licença — uma leva absurda de carga emocional corrompida ou reagrupada.

    Não era como chuva após um dia quente de verão; o calor era o mesmo, muito maior, uma tormenta.

    Mais do que fúria, muito além.

    Quase alcançava o ódio — não era o extremo.

    Carol e Tats, as duas firmes, em um conflito de lealdade; Lilac contra Joshy, os dois líderes, frente a frente.

    E Viktor… com os punhos à frente e furioso, revolta explodindo.

    Um “tum tum” ritmado ecoou — fúria desenfreada.

    Carol também sentiu o mesmo pulsar, e Lilac ainda mais forte — sua responsabilidade só crescia.

    *Música sugerida para maior imersão abaixo:

     

    ♪Promessas são armas que não se devolve

    Frente a frente, os dois expandiram seu Nirvana um pouco mais, como prova de força.

    O contato físico não ocorreu, mas pediu licença.

    — Como ousa falar sobre cura? — Gritou a dragão. — Você fala como se soubesse de tudo, mas nem sabe por que está aqui!

    — Não seja insolente! — A voz do lobo era cortante, áspera e gutural. — Salvar a honra do meu clã e da minha família… é meu objetivo!

    O vento surgiu de cima para baixo após condensar mais de seu Nirvana — o Chi cresceu, se tornando tangível.

    A concentração de poder era exponencial, quase atingindo um patamar de luta, mas ainda não explodia de vez.

    As mãos se chocaram num empurrão bruto, Nirvana contra Nirvana, onde as palavras eram o que os mantinham ainda controlados, e a vontade da luta se resumiu a um choque de força.

    E enquanto o confronto entre líderes fervia, outro embate nascia a poucos metros dali.

    Já não eram só palavras: surgiu um chute de baixo para cima de Carol, que traçava o ar, durante a esquiva milimétrica da médica.

    — Sai da frente, bonita! Já tô bem grilada… tá ouvindo? — olhar irritado, respiração funda. — O Viktor tá em perigo, tu não tá vendo?!

    Tats ajustou seu óculos, olhos encobertos, e não se mexeu:

    — Sinto muito… mas ele precisa enfrentar isso sozinho, Carol. Você sabe disso!

    — Tu tá querendo tirar ele de perto de mim na marra, é isso mesmo?!

    — Viktor importa para mim… e para o que ainda precisa mudar nos Omna!

    Embates por todos os lados.

    Era o cerne.

    ♪Breakdown, Fighters! O mundo vai desmoronar!

    Mais afastado das suas amigas, Viktor criou um cenário adverso, e impossível de voltar atrás do que começou ao desafiar Ciel.

    Ele já estava em nível de competição — o torneio começou para ele — mas o felino azulado estava em um “passeio no parque”, ilustrado na sua total indiferença pelo esforço do humano.

    PathétiquePathétique… — sorriso irônico, balançava a cabeça em sinal de negação.

    ♪Sina de lutador, desafio imenso

    Viktor voltou às tentativas de golpeá-lo, investindo contra o franco lutador, que parecia brincar com seus brios, se esquivando com extrema facilidade.

    Tal afronta deixava o jovem mais irritado — sentimento de humilhação crescente.

    — Você não é digno dos meus punhos… — levantou a perna para cima, elevando o pé para além da cabeça.

    Ciel mirou a cabeça de Viktor com o calcanhar, que veio em queda livre.

    Viktor foi pego de surpresa, precisando levantar uma das pernas na altura do abdômen de Ciel para obter equilíbrio a tempo.

    O golpe foi defendido pelo humano usando seus punhos cruzados logo acima — a pressão que segurou foi extrema.

    Se Viktor esmorecesse, o golpe sem pretensões de Ciel o levaria para o chão, o objetivo do felino.

    Ele segurou com toda a força que tinha; Ciel sequer suava.

    — Estava precisando me alongar… e você é um parfait puff de poltrona, Sem Valor! Haha! — as gargalhadas tomaram o ar.

    Enquanto a Arena Shang Mu estava um pandemônio, alguém ousou em ignorar o mundo ruindo — era Ciel, ácido e evocado.

    — Você é a síntese do seu time: fraco, insignificante… Une honte qui se prend pour un combattant, haha! (Uma desgraça que finge ser um lutador!)

    O esforço enorme de Viktor foi aumentado várias vezes.

    Segurar o golpe despretensioso de Ciel era o menor dos problemas: ouvir as palavras inconsequentes do felino o feriram além da alma.

    Foi uma agressão àquilo que mais prezava na vida.

    A imagem de Santino, Noah, Milla, Carol… e Lilac, principalmente a líder do time, surgiram em sua mente bagunçada por emoções difusas.

    Não era só revolta, longe de um estado odioso também.

    Indignação virando força.

    E força se transformando em ação.

    — Desgraçado… — os cabelos lhe cobriam os olhos, voz sussurrante. — Você não sabe com quem está falando…

    — Uh? Será que estou ficando louco? — pôs uma das mãos próxima à orelha, por deboche. — Acho que te ouvi falar alguma coisa pathétique outra vez.

    A respiração de Viktor se tornou profunda, puxando ar como nunca antes.

    Ele, lutando contra o estado adverso, defletiu para um dos lados o pé de Ciel, executando um rodopio em volta do próprio eixo do corpo.

    Foi um movimento rápido — segundos preciosos para um lutador — que antecedeu um chute potente contra o azulado.

    Contudo, Ciel percebeu e se esquivou a tempo, ainda que transparecesse indiferença em seu semblante.

    Tal afronta só causou um resvalo tímido em seu abdômen definido.

    O sorriso no rosto do felino continuava, esnobe e irônico, mas não com a mesma intensidade — o suficiente para Viktor manter a seriedade.

    Mas, como espectador VIP, Sheng acompanhava o entrave… atento.

    — “Isso só pode ser uma brincadeira… Só pode!” — pensou, com os olhos fixados no que viu.

    Sua visão estava na técnica aplicada.

    Não foi um movimento nascido no ódio.

    Aquilo foi uma manifestação plena de algo forjado com esforço e afinco.

    Um único golpe que entregou muito.

    Distante da agressão à moral de Viktor — onde o jovem lutava com tudo — não só ele estava em conflito.

    Medindo forças como em uma quebra de braço, Lilac se contrapunha perante o lobo branco com o chifre vermelho, protuberante em sua cabeça.

    A força se equiparava, mas era um gesto de bravata entre os dois — não queriam mostrar suas cartas tão cedo.

    Embora com a garra estampada em cada centímetro, as palavras eram suas armas no momento.

    — Sua preocupação pela sua família não é mais importante que nosso objetivo! — o grito enraivecido da dragão soava como um urro.

    — Palavras de quem tem menos para tentar entregar mais! Eu conseguirei cumprir com o que almejo… melhor que você!

    O trato com Ying, o compromisso de proteger Viktor, sua moral como líder e a direção do seu time…

    Veio tudo à tona… e a feriu.

    ♪Intrigas que devoram por dentro

    A poeira levitava, o cheiro de Nirvana aflorado — doce de Lilac e azedo de Joshy — se misturavam, em uma junção agridoce única, que trouxe mais textura ao ambiente.

    Lilac recebeu um golpe na alma.

    E ela respondeu com a mesma moeda.

    — Igual a falhar por proteger injustiças? Ter um legado nas mãos mas ter a si mesmo nas mãos de um clã opressor? Não, você está errado!

    A dragão púrpura bradou com força.

    Nem o Escudo Impenetrável das Forças Armadas tinha proteção para algo tão certeiro.

    E Joshy sentiu na pele o peso do legado que carregava.

    Com a mesma calibragem, o outro lado da balança desta vez entregaria uma medida distinta — o contrapeso era impreciso.

    Tats e Carol usavam o físico e as palavras.

    Uma se mexia o tempo inteiro, como o vento.

    A outra estava imóvel, tal qual uma rocha.

    — Tu não tá preocupada com o Viktor! — Um outro chute veio, seguido por mais dois. — Tua família omnilda que tá te fazendo de sabugo!

    — Imprudente até dizer chega! — se esquivou Tats, com as duas mãos nas costas. — Proteger é cuidar… em tudo, em todos! Por que não pensa melhor, Carol?

    Dez metros.

    Essa era a distância exata que a gata selvagem tinha de seu amigo.

    Porém, Tats estava tão disposta a impedir seu avanço que pareciam quilômetros.

    A felina acinzentada voltou com sua postura firme, logo após evitar os golpes de Carol — eram poderosos demais para serem defendidos.

    — Você detém um poder incrível… mas nem isso vai protegê-lo — arrumou os óculos, fitando-a.

    — Última chance antes de varrer o chão com você, bonita… — Carol estava pulando, com as mãos em base de luta. — Vaza da minha frente!

    O olhar clínico de Tats encontrou bem no interior dos olhos verdes de Carol um brilho diferenciado.

    Por mais que insistisse em pará-la, percebeu que lá dentro existia algo além de desejo para proteger alguém que amava e tinha estima.

    Companheirismo pleno, honesto e incondicional se somava a uma coisa: altruísmo.

    Carol estava em um lugar milenar, cercado por um clã poderoso e com membros habilidosos, no meio de um pandemônio quase sufocante e repleto de incertezas…

    — “Mesmo assim, ela só quer ajudá-lo” — Tats fez seu fechamento. — “É isso que eu procuro fazer… e é nisso que ela tem sucesso”

    Lágrimas surgiram no canto dos olhos castanhos de Tats que ela não fez questão alguma de esconder.

    Sua emoção ao ver aquele gesto tão espontâneo e genuíno transbordava em sua mente, fazendo com que sua expressão não se mudasse, mas que mostrou a Carol algo inimaginável.

    — “Ela tá chorando…?” — observava, braços lentos para baixo. — “O que tá pegando… e por que isso?! Eu… Ela…”

    Como adereço involuntário, a textura da parede onde estavam duelando tinha a imagem de uma fênix — quase irônico ou presságio.

    A balança pareceu equilibrada pela primeira vez desde o início da explosão.

    Por segundos, ambas tinham o mesmo sentimento.

    Empatia.

    Esse rastro de tempo passado, quase estático, contrastava com o evento paralelo que acontecia com o epicentro de emoções das duplas em conflito.

    Viktor fitava Ciel.

    A encarada firme e fixa veio com o caminhar lento do humano — possesso, mas não era ódio — cujo foco era só manter a direção que seguia.

    Flashes rápidos em sua mente surgiam como trovões de tempestade.

    Ecos do passado…

    “Um verme planeja participar do Saidai Shiken? Você não tem capacidade… e vamos te quebrar!

    E conversas recentes…

    “Carinha, desencana! Você está mesmo pensando que pode lutar de igual pra igual contra lutadores de Avalice?”

    O raio caiu duas vezes no mesmo lugar.

    Doeu… e muito.

    Destruidor.

    Mas não era o fim.

    — Já passei por coisa pior… por várias vezes… VÁRIAS VEZES!

    Viktor estava pegando fogo — a temperatura de seu corpo aumentava a cada segundo.

    O “Lutar ou Fugir” ativado a toda potência.

    Os passos se transformavam em corrida contra Ciel.

    O azulado, ainda sorridente, manteve o mesmo semblante debochado e ácido.

    Entretanto, Viktor executou um salto para frente, antecipando três passos, mostrando mais de sua técnica.

    — “Timing Break?!” — Sheng viu. — “Não é possível! Essa técnica é uma mudança brusca no timing de um ataque para confundir lutadores experientes… e ele usou isso!”

    O tempo se quebrou, com Viktor antecipando o que Ciel esperava — alguém relaxado, pego de surpresa.

    Próximo o suficiente, o humano desferiu um soco — rosto, direto no nariz.

    O azulado, arregalando os olhos, usou as mãos, movendo o soco para cima, evitando de ser acertado.

    Sem esperar, veio o segundo: cruzado no rosto outra vez.

    Ciel moveu a cabeça para a esquerda — agilidade inata de felinos — e milímetros impediu de ser acertado.

    ♪Breakdown, Fighters! Nirvana, exploda!

    Um estado de inserção tomou conta da cena.

    Algo inédito estava acontecendo — nada era normal.

    O felino azulado sorria, mas não como antes.

    Era como se o brilho sumisse, onde os caninos se escondessem por vergonha.

    — “O que está acontecendo aqui?” — pensava o azulado abalado. — “Ele está tentando me acertar… de verdade?!”

    Seus pensamentos seguiram em paralelo ao que acontecia naquele lugar entregue ao caos.

    Se o time de Lilac estava ruindo emocionalmente, isso era por pouco tempo.

    Por mais que a pancada que levaram minasse o âmago de suas vidas, todos não estavam esmorecendo.

    Pelo contrário — mesmo o elo mais fraco lutava contra o impossível.

    Promessas, deveres, moral em jogo e tudo a perder no mínimo vacilo.

    Lilac, como líder, segurava esse fardo, amparada por seus aliados.

    Carol tinha essa garra de igual forma — tinha a amiga como uma diva, acima de tudo — cuja amizade era de longa data.

    Entretanto, o Tormenta havia mudado o mundo delas, de uma forma inexplicável.

    Não só elas, como todo o time.

    Um ruído intrínseco e seco silenciou por milésimos de segundos o escarcéu da arena.

    ♪Breakdown Fighters! Vocês não irão nos quebrar!

    Viktor e Ciel voltaram a ser o foco — a razão do time de Lilac estar ruindo, mas a resistência era real.

    Após o segundo soco, o humano tentou o terceiro — com muito mais força.

    O azulado pressentiu, dando um passo para trás.

    Sua mudança de postura soava quase como ironia, tendo em vista que seu rosto já não continha sorriso algum — lhe restou seriedade.

    O golpe visou o dorso, rápido e quase cortante, onde Viktor doou tudo de si, sob todos os aspectos técnicos.

    Soco reto, direto, com potência e direção.

    Em um gesto que o marcou, Ciel deu um passo para trás, evitando o golpe, e um segundo, para se recompor.

    — “Ele… o Viktor fez o babaca recuar?!” — disse Sheng, pasmo.

    O impacto ganhou um novo adepto.

    Ciel estava com o olhar imóvel, sem desviar do de Viktor, que retribuiu a encarada — seus punhos não se abaixaram.

    O que acabou de acontecer disse muito sobre o que o time de Lilac representava.

    A dragão, longe do amigo, viu Carol com sua luta, assim como o horizonte: lá estava o humano se impondo no meio de avaliceanos.

    Todos mostraram:

    Resistência. Sobrevivência.

    Não desistir. Não quebrar.

    O rito de ataque de Viktor durou menos de um minuto.

    Não é muito, mas no mundo da luta o tempo é relativo.

    Esse foi o período onde Ciel percebeu uma coisa: ele subestimou um Natural.

    Sua percepção não foi visional: ele sentiu.

    — “Uh?! O que… mas… “ — colocou umas das mãos sobre o dorso.

    A região continha uma marca; sua pelagem azul foi tocada.

    Ele foi atingido.

    O soco de Viktor encontrou seu plexo braquial, lhe causando formigamento no local.

    Pela primeira vez um Natural o fez recuar.

    E, para piorar, o atingiu de verdade.

    — “Nonnon pode ser!” — o olhar tentava olhar além, consternado. — “Como um ser inferior como este Natural teve a capacidade?! Non… C’est un blasphème!”

    Contudo, seu sentimento era focado em algo muito íntimo de um lutador: orgulho e ego.

    Na mente predatória de Ciel, como um lutador, ele enxergou algo além.

    O ato de ser acertado por alguém que sempre observava de cima, trouxe em seus pensamentos algo inédito.

    — “Um Natural como ele, para me atingir, é alguém diferenciado. E se ele é mesmo um prodige, enton…”

    Aos poucos um rubor surgiu em seu rosto, seu olhar fechou e ficou mais baixo.

    Seu corpo começou a tremer, assim como suas íris âmbar — parecia um felino selvagem frente a sua presa, prestes a dar um bote.

    Foi nesse momento que tudo mudou.

    — “Ele non é só digno… mas um apetitoso presente para moi!” — voz interior sussurrante, cheia de ecos.

    Enquanto Viktor mantinha a guarda, foi a vez de Ciel fazer o mesmo: um dos braços protegeu o peito, o outro mais à frente, elevado.

    Perna esquerda levantada para frente — leve, quase não saiu do chão — e a direta ereta, forma marcial plena.

    Imponente e imerso na persona lutadora que se orgulhava, o felino selvagem armou — sinal claro de prontidão para uma luta.

    Conhecedor de artes marciais, o humano arregalou seus olhos.

    — “Essa base… eu já vi isso uma vez!” — sua lembrança foi útil. — “Isso é Savate1!”

    Os olhos âmbar de Ciel brilharam, uma aura amarela surgiu em volta de seu corpo, denunciando que aflorou seu Nirvana ao máximo.

    Seus punhos pareciam mais pesados, seu dorso definido mais firme — preparado para abater seu alvo.

    A satisfação pelo embate era tanto que passou sua língua pelos lábios, os umedecendo como preparativo para “se alimentar”.

    Um sorriso malicioso e vermelhidão leve no rosto denunciou ainda mais sua excitação pela luta.

    Três passos longos foram suficientes para chegar até Viktor, que não teria muito tempo para reagir.

    Mas essa reação partiu de outro alguém… que extinguiu a vontade predatória do azulado.

    Sheng segurou seu punho muito antes de pensar em atacar.

    Ambos os felinos trocaram olhares, mas partiu do alaranjado dizer:

    — Pare.

    Direto e seco.

    E, também inédito, Sheng esboçou traços maduros em seu rosto.

    Aquilo não foi uma proteção.

    O que seria…?

    1. Nota: arte marcial francesa que usa socos e chutes com elegância e plasticidade[]

    Atendendo a pedidos, logo abaixo está disponível a letra da música feita exclusivamente para o capítulo.

    Música: “Breakdown,Fighter… RISE!”

    Letra:

    Jurei com os dentes cerrados
    Cada palavra uma marca na pele
    O jogo começou e já sabemos
    Promessas são armas que não se devolve

    Honra é o preço que pagamos
    Mesmo quando tudo desmorona
    Vocês falam de ideologias e fatos
    Mas sangramos pela promessa

    Breakdown, Fighters! O mundo vai desmoronar!
    Sina de lutador, desafio imenso
    O medo à vista, o temor intenso
    Breakdown, Fighters! Irão tentar nos dobrar!

    Política de bocas vazias
    Intrigas que devoram por dentro
    Vimos nosso mundo virar cinzas
    Mas a palavra dada é a correta

    Ego destroçado no chão
    Cada pedaço grita nosso nome
    Jogo mental, tudo em colapso
    Mas não desistimos do que somos!

    Breakdown, Fighters! Todo grupo impactado!
    O golpe foi forte, difícil de lidar
    Mas jamais iremos recuar!
    Breakdown, Fighters! Nirvana, exploda!

    Vejo vocês traindo
    Vejo vocês mentindo
    Enquanto nós caímos
    Por algo real

    Cosmovisão em ruínas
    Mas nossa palavra respira
    Vocês não entendem
    Vocês nunca vão entender

    Breakdown Fighters! Vocês não irão nos quebrar!
    Breakdown Fighters! Lute firme, sem parar!
    Breakdown Fighters! Não pense na derrota!

    Breakdown Fighters! Temos uma missão a cumprir!

    Eu quebro… mas não traio
    Eu quebro… mas não caio

    Breakdown, Fighters…
    RISE!

    Fighters!

    Regras dos Comentários:

    • ‣ Seja respeitoso e gentil com os outros leitores.
    • ‣ Evite spoilers do capítulo ou da história.
    • ‣ Comentários ofensivos serão removidos.
    AVALIE ESTE CONTEÚDO
    Avaliação: 0% (0 votos)

    Nota