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    Um fim trágico se aproximava, com contornos dramáticos.

    Mas, antes do fatídico desfecho, duas aeronaves foram vistas saindo do interior da Dreadnought. Uma, de coloração verde, foi para a esquerda, enquanto outra, de cor vermelha, cujo possuidor era Torque, para a direita.

    A Dreadnought perdeu a força em seus propulsores, que se soltaram da nave interplanetária, assim como suas proa e demais componentes que mantinham sua aerodinâmica.

    E, após chegar a atmosfera, uma gigantesca explosão aconteceu, podendo ser vista por toda Avalice.

    Naquele instante, o estágio havia sido completado.

    E com o desbloqueio de vários fatos.

    Horas depois…

    Terras ao norte de Shuigang 

    Acampamento improvisado das forças aliadas | Noite

    O clima, para a grande maioria dos personagens da guerra que quase ocorreu, era de alívio e, como componente trágico, de desolação.

    Essa dicotomia se viu imposta pois a Joia do Reino, a principal fonte de energia de todo o planeta, foi obliterada pela exploração da Dreadnought.

    Junto a ela, toda a esperança dos soldados que lá estavam também teve o mesmo fim. 

    A neve ao redor, presente em mais abundância nas montanhas da região, continha frio, multiplicando a desesperança de todos.

    Mais ao fundo, sentada junto a Torque, que era um viajante do espaço. 

    Ele tinha a pele verde, assim como seus cabelos, e usava um traje de combate espacial de cor beje e com detalhes marrons nas extremidades da armadura.

    Os dois, sentados, estavam a frente de uma fogueira para se aquecerem naquele lugar frio.

    Lilac recebeu os primeiros cuidados dos paramédicos, que também tinham o mesmo sentimento. 

    Salva por ele, nem isso foi o suficiente para atenuar sua dor.

    Não só pela destruição da Joia do Reino.

    Mas, principalmente, por Milla. 

    Lilac observava as chamas da fogueira tremularem, recebendo seu calor, esse talvez o único conforto que sentiu desde então. 

    Contudo, quebrando o clima desolador, eis o inesperado tomando seu espaço novamente: ela viu Carol, ferida, cheia de faixas, que cobriam parcialmente seu rosto e dorso, surgir de dentro de uma das tendas do setor médico do acampamento, aos gritos.

    Pareceu um ato desesperador, mas que trouxe uma notícia revigorante.

    — Ela… está viva! 

    Lilac e Torque correram parte dentro do espaço improvisado no meio do vale gélido de Shuigang, alimentados, aos poucos, por um sentimento esperançoso.

    E lá, naquele lugar humilde, sob os cuidados de Neera Li, agindo como uma sacerdotisa que já foi um dia, algo extraordinário ocorreu: Milla estava viva. 

    Um milagre.

    Um presente recebido com muito carinho por Lilac e seus amigos.

    — Huh… ahn… — a pequena, lentamente, acordava. — Li… lac… Ca… rol…

    — MILLA! — a dragão púrpura a abraçou com força. 

    A vitalidade da canina voltava aos poucos, mas suas lembranças do que aconteceu, de ter lutado contra sua amiga, surgiram com mais intensidade. 

    Ela, por causa disso, tomou os braços de Lilac como um refúgio e começou a chorar.

    Mas, antes que pudesse dizer qualquer coisa, Lilac tratou de confortá-la.

    — Calma… Está tudo bem! Está tudo bem… — a jovem acariciava o alto da cabeça da pequena. — Tudo está bem, Milla… Não era você. Não era você…

    Lilac não derramou uma gota de lágrimas, por mais triste fosse o momento que passaram.

    — Eu não consegui salvar a Jóia do Reino… e não consegui impedi-lo de fugir… 

    Torque não ficou parado e a confortou.

    — Não se culpe, Bravon não conseguiu a pedra, e seu exército foi destruído junto com sua nave… — ele a saudou, dizendo em seguida. — Graças a você, nossa missão foi cumprida.

    — Mas a que custo? O que faremos para sobreviver sem nossa fonte de energia?

    Era uma pergunta lotada de razão.

    Não havia mais Jóia do Reino.

    Avalice estava condenado, todos tinham esse conhecimento.

    Mas…

    — Aí, Lilac… — disse Carol, chamando a todos para que fossem até o lado de fora da tenda. — Vem dá uma olhadinha no céu! 

    Todos, incluindo Neera, foram para fora da tenda e olharam para o céu. 

    A noite, que continha um céu estrelado e algumas nuvens, protagonizou um espetáculo inédito e belo: um grande espiral de energia, que abraçava todo o planeta, foi visto. 

    Um fenômeno incrível, por assim dizer. 

    — A Joia do Reino…? — disse Lilac, fascinada. — Ela não foi destruída?!

    Neera, possuidora de vasto conhecimento, falou:

    — Matéria não pode ser destruída… e sim transformada.

    Era um fato.

    A Joia do Reino se juntou a atmosfera de Avalice, o energizando exponencialmente.

    Todo o planeta agora estava energizado igualmente.

    Esse foi o dia que tudo mudou, para melhor. 

    O início de grandes expectativas e perspectivas de todos os povos contidos no planeta.

    E foi sob esse contexto que, no Palácio Real, Royal Magister começou a recitar um monólogo.

    — Uma oportunidade surgiu em nosso mundo. Agora percebemos que a Pedra do Reino nunca estava desaparecendo, mas mudando de maneiras que eram transparentes para nós em nosso justo acordo, eras após eras, por poder e prestígio.

    Durante suas palavras, podemos ver outras locações de Avalice, principalmente em outros reinos, onde povos, antes rivais, se uniram após longos anos de disputas.

    “O vento carrega seu brilho eterno até os confins de nossas terras, e antigos inimigos estendem suas mãos uns aos outros, reconhecendo o erro de seus caminhos.”

    Monstros, remanescentes do império de Brevon, ainda eram vistos pela fauna e flora do planeta, mas caçados por ambos os reinos, em prol da mesma causa: a paz.

    “Criaturas mutantes e metálicas ainda devastam a paisagem, e levará algum tempo até que possamos nos livrar de todas elas. Talvez o mais preocupante de tudo seja que Lorde Brevon, o monstro que lançou nosso mundo no caos, não está em lugar nenhum.”

    E retornando ao Palácio Real, Royal Magister, enfim, terminava suas palavras esperançosas.

    — Ainda há muito trabalho a ser feito. Não estamos completamente fora de perigo, mas meu povo e eu descansaremos tranquilos esta noite, sabendo que a bravura e o sacrifício de poucos selecionados deram ao nosso mundo outra chance.

    Dias depois…

    Casa da árvore de Lilac | Noite

    Após um abraço coletivo envolvendo Torque, Lilac, Carol e Milla, o cenário da floresta nunca recebeu tantos sorrisos antes. 

    A despedida de seu mais novo amigo estava quase concretizada.

    — Então é isso, Torque? — disse Lilac.

    — Eu vou sentir saudades de você! — Milla falou, com os olhos marejados.

    — Pô, eu também! — e Carol completou.

    O viajante do espaço, também comandante dos Cruzadores Espectrais, sorriu, como sempre fez, dizendo: 

    — Vou também sentir falta de vocês. Na verdade, mesmo com tantos planetas por aí por onde viajei, nunca vi pessoas como vocês, que lutaram contra tudo…

    — Todos lutamos, Torque! — disse Lilac. — E sempre lutaremos juntos com você outra vez, se precisar.

    — Hehe… Agradeço novamente a você, Lilac.

    A espaçonave é ligada. Seus motores ressoavam por todo o vale. 

    Mas, antes de alçar vôo, Lilac falou:

    — Vamos nos ver novamente?

    — Bem, quem sabe? Eu posso estar voltando mais cedo do que você pensa. Até lá, apenas cuidem-se. 

    E antes que fechasse a cabine, ele precisou dizer:

    — O mundo precisa de vocês. E principalmente você, Lilac.

    — Hã? Por que está dizendo isso? 

    — Porque você tem o poder de unir a todos. Proteja quem estiver com você sempre. Tenho certeza de que serão pessoas especiais… — Torque sorriu outra vez, apontando para Lilac. — Você guarda consigo um dom de conexão, capaz de conseguir feitos incríveis! Multiplique isso e sempre terá felicidade onde estiver!

    As últimas frases de torque aqueceram o coração de Lilac e suas amigas.

    Ela tomou para si essa responsabilidade.

    E, como consequência, isso mudou a forma como lidava com o novo horizonte que ataca pela frente. 

    O futuro era incerto. 

    Mas o esplendor do amanhã tinha uma beleza formidável.


    Voltando ao presente…

    Castelo de Shuigang 

    Jardim do monarca | Noite

    O lugar, tranquilo e de muito verde, era convidativo para uma caminhada e, também, a conversa. 

    Tinha uma fonte ao fundo, com um riacho ao centro e plantas e flores nas margens.

    O cenário lindo estava sendo usado como local da reunião entre Lilac e Ying, o guardião de Shuigang.

    Entretanto, eles não estavam conversando de um jeito tradicional: duelavam a luz da lua Dezoris, a menor das duas. 

    A dragão, em base de luta, olhava para o panda, dizendo: 

    — Porque isso? O que quer, Ying?

    E ele, com suas chakrans em mãos, respondeu: 

    — Se os guardiões protegem, quem protege os guardiões?

    Sua última frase possuía um peso grande.

    Mas para quem ela era direcionada?

    E porquê estavam lutando?

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