Índice de Capítulo

    “A alma […] anseia por algo mais alto, algo que a eleve acima do caos e da destruição. E esse algo é a beleza, a verdade e a santidade.”

    Roger Scruton


    Os eventos da Praia Melanmarii estão prestes a ocorrer.

    Todavia, enquanto isso, havia coisas a serem resolvidas em um outro ponto de Big Sea Island.

    Festa da Colheita | Noite

    Algazarra e muita fartura.

    Essa era a síntese inabalável do que o festejo sazonal refletia da esperançosa comunidade da Vila Aldeia Melanmarii.

    Entre os sorrisos alegres e espontâneos do povo isolado, uma tensão no olhar de todos os membros da Guilda Agalelei cerceará parte desse acolhimento.

    Quase todos: Marduk colhia sua popularidade a cada passo que realizava entre os habitantes.

    Toda aquela felicidade dos moradores era espontânea e real, sem sombra de dúvidas.

    Esse era o mapa que Lanumoaga, que estava com sua esposa, caminhando no meio da festa, tinha em mãos.

    O casal devoto foi em direção a Haalaee e Alfreedah, que oravam aos que se aproximavam.

    Claro, os dois, que correram para irem em auxílio de seu povo da forma mais genuína possível, mantiveram esse compromisso, ignorando e deixando em segundo plano a Festa da Colheita.

    Por abrirem mão dos festejos, toda a resignificação do júbilo que era a guilda ficou centralizada na figura de Marduk.

    Esse era o entendimento de Lanumoaga, que olhava passivamente o líder da Vila Aldeia Melanmarii receber todos os louros.

    — “Tudo isso não passa de uma encenação, que foi construída por ele… — enfim a constatação do azulado. — “O que aconteceu dentro da Zona Sacra não pode ficar impune, muito menos ser ignorado.”

    Os pensamentos do azulado lhe deram o norte adequado.

    — “O ‘Mal que habita’ está mais forte e prestes a atacar novamente…” — sua preocupação era tremenda. — “Marduk não dá a devida atenção a esse mal, é fato. Então vou adiantar tudo que planejei para todas as estações agora!”

    Contudo, o azulado realçou outra preocupação:

    — Orchid, você disse que Ingrid e Íris, com a ajuda de Olaga, foram atrás de Noah… Creio que você deveria ter ido com eles.

    A loba, com um sorriso no rosto, respondeu:

    — Nosso filho tem um brilho próprio. Você sabe que Olaga adora ser desafiado e de aventuras.

    — Eu entendo… Você lhe deu essa missão e a benção de Kai. É óbvio que acharão Noah… — falava, apertando a mão de sua esposa com vontade, ao mesmo tempo que pensava — “Conto com vocês, Ingrid e Iris… e Olaga.”

    Entendidos, continuaram seu caminho até onde os demais membros da Guilda Agalelei estavam.

    Longe de frear sua intensidade, o canino azul foi direto aos dois e, ao ponto, interveio:

    — Haalaee, Alfreedah… — falou, esboçando um largo sorriso. — Hora de agirmos.

    A estranheza os atacou, ao mesmo tempo: o cervo franziu sua testa, e a morcega “raposa alada” fez o mesmo.

    — Hã? Do que está falando, sacro zome? — perguntou o jovem. — Não podemos mesmo sair daqui! Você sabe muito bem o porquê!

    — Sacro zome Lanumoaga, já estamos agindo… — Alfreedah retrucou. — Não podemos esmorecer nesse momento conturbado. Você viu, sentiu e presenciou o mal que está entre nós!

    O temor estava em suas palavras e em suas ações. Haalaee e Alfreedah se deixaram contaminar pela urgência de ajudar a todos do seu povo.

    Para eles, o mais importante no momento era salvar a vila do mal que presenciaram agora há pouco.

    Contudo, Lanumoaga e Orchid já estavam preparados, tinham em mente tudo que deveriam fazer a partir de agora.

    O ir além dele estava sendo providenciado com toda pompa, enquanto o zurkan colhia as glórias de seu povo, em mais festejos e odes a Kai.

    — Enquanto eu estiver determinado a liderá-los, nada tens a temer, meu povo! — sua eloquência atingiu o maior grau possível. — É um erro profundo imaginar que existe qualquer outra forma de atingir o esplendor do Caminho de Kai que não seja pelas palavras de seu líder!

    A ação do zurkan era o contraponto, no outro extremo do centro.

    Ele, reluzente e pomposo, caminhava no meio do povo emocionado por sua presença, com cânticos e clamores a Kai.

    Seu carisma irresistível era sua característica mor e principal arma para manter a comunidade unida sob sua ótica.

    Lanumoaga e Orchid sabiam de suas limitações, várias frente a um líder tão confiado e amado como era Marduk.

    Porém, a confiança do casal era enorme.

    Sempre de mãos dadas desde que chegaram no centro, o canino indagou:

    — Hora de salvarmos nossos irmãos.

    — Mas já estamos fazendo isso, sacro zome… — Alfreedah deixou a tônica.

    — E estão fazendo muito bem, sacra zome — respondeu.

    — Então porque está nos chamando? — Haalaee estava mais confuso com a situação.

    Orchid foi até o cervo e, segurando em uma de suas mãos, falou:

    — Um chamado de Kai tomou a Lanu e a mim agora a pouco e… devemos dar ao soberano a significação de todos nós.

    — Ah… O que… — ele sentiu algo diferente, pensando. — “Essa sensação… é de como se eu estivesse recebendo uma energia quente e tenra…”

    A gama de fé de Orchid era tanta que transcendeu a de Haalaee: o jovem cervo recebeu aquilo como uma mensagem tão intensa que se calou, aceitando o pedido da loba.

    Alfreedah, que estava próximo de Lanumoaga, o olhou, curiosa com o farto sorriso, maior e mais significativo que de costume.

    A morcega não ficou só observando:

    — Sacro zome, Haalaee reagiu dessa forma só em falar com Orchid… O que está acontecendo?

    — Alfreedah, não é algo que eu possa explicar com palavras… — ele falou, apertando uma das mãos dela. — Mas com ações. Você consegue ver muito além de qualquer um de nós aqui.

    Lógico, Lanumoaga buscou na deficiência visual de Alfreedah a sensibilidade que ela tinha em observar além, o que ela fez de imediato.

    — “Sua voz calma se assemelha a de Orchid…” — ela percebeu os detalhes, que só ela poderia ver. — “O calor de sua mão também me diz que tem mais ainda… Ele me mostrou pouco, mas é o suficiente para saber que há muita coisa por trás dessa sua mudança de postura!”

    Até mesmo de eventos recentes a morcega “raposa alada” recorreu para fazer o fechamento de sua percepção.

    — “Mais cedo na Zona Sacra já tive essa impressão de Lanumoaga. Está mais sóbrio, destemido… confiante, cooperativo e espontâneo… — até lhe restou um comentário de admiração. — “E, com respeito a Orchid, até mais charmoso.”

    A exemplo de Haalaee, Alfreedah atendeu ao chamado, acenando positivamente com sua cabeça.

    E, assim como fez a Orchid, Lanumoaga comunicou de forma clara o seu plano.

    Tão intenso como com sua esposa, a emoção do jovem cervo tinha um brilho enorme que Alfreedah se viu obrigada a segurá-lo, tamanho era sua empolgação.

    — Isso é, sem sombra de dúvidas, a maior e melhor ideia que eu ouvi na vida! Com isso nós vamos proteger nosso povo do “Mal que habita”!

    A empolgação moveu Haalaee para o meio da comunidade, mais rápido que os demais: sem cerimônias, suas palavras joviais e genuínas de ode a Kai foram ouvidas pelos demais, que gostavam muito de sua presença.

    Não só ele, Alfreedah fez o mesmo: sua voz melodiosa, que agradava a todos ouvi-la, tomava também atenção do povo.

    Orchid e Lanumoaga também fizeram o mesmo, conversando com a população como sempre fizeram, mas dessa vez com mais frescor.

    Era um movimento homogêneo, espontâneo e caloroso, como uma festa deve ser.

    Enfim, os membros da Guilda Agalelei, os mais próximos do povo, estavam agindo conforme esperavam deles, mas com algo a mais em suas palavras.

    Não era só conversa: era um tipo de chamado coletivo, sóbrio e elegante.

    Uma convocação.

    O burburinho tomou aos que lá estavam, sem muita força no momento.

    Mas que, conforme a temperatura crescia, a notícia de algo verdadeiro e grandioso estava prevista.

    Isso, aos poucos, atingiu os quatro cantos da Festa da Colheita.

    Chegando até Marduk.

    — “Qual o porquê disso? Porque todos estão caminhando para próximo do palco?” — o zurkan, com sua fronte confusa, buscou no horizonte as respostas. — “Mas o que…”

    Ele mesmo freou seu raciocínio, já pressentindo o motivos da mudança de foco de seu povo.

    — “Isso só pode ser coisa de Lanumoaga!”

    Seus pensamentos concluíram o certo, já que há muito tempo conhecia o modus operanti de seu algoz.

    O mesmo podia ser dito do contrário.

    O zurkan do Lugar do Caminho da Folha do Vulcão caminhou junto com o povo, movimento que trouxe um pouco de incômodo, rumando para o palco.

    Seus pensamentos o torturavam.

    — “O que de tão curioso você trouxe desta vez, Lanumoaga? Minha paciência já esgotou faz horas… E agora você me incita a procurar as respostas…”

    Sua estranheza ao desconhecido tomava outros patamares assim que estava mais perto do palco rústico: pôde ver mais movimentação nos bastidores simplórios, com alguns membros da guilda, liderados pelo suko Haalaee.

    Só que não eram simples fiéis.

    — “Hã? Juustoh… Tatamarenno… Hekichah… — ele citou os nomes de cada um deles, com algo a mais. — Por que estão aqui? Eles são os… músicos…”

    Marduk arregalou seus olhos assim que fechou seu raciocínio ao ver que os membros na verdade eram os músicos da Vila Aldeia Melanmarii.

    Levavam consigo:

    Violinos, os arautos da saudade, levado por Juustoh, outro cervo, primo de Haalaee, e Tatamarenno, um canino marrom.

    Sua forja, por ser um instrumento frágil e sofisticado, ocorreu durante eras atrás, sendo cuidadas com todo zelo pelos fiéis através dos anos.

    Continuando, tínhamos também o violão, com o poder de tocar a alma, era manuseado pelo felino bege Hekichah.

    Era um instrumento passado de geração em geração da família do prodígio gato de apenas 12 anos, o mais jovem baixo suko (um grau abaixo ao suko Haalaee).

    Sua habilidade no violão era incrível.

    A harpa, mensageira magistral entre a terra e o divino, tinha como dominância de Orchid, não podia ser outra pessoa mais apta que ela.

    A loba a manuseava com cordura e suavidade, quase hipnótico, como uma mãe cuida de seus filhos. Uma atenção imensa, em cada corda e também à estrutura.

    Ela é tida como o instrumento mais antigo, talvez até milenar. Muitos as consideram como um “presente do magnânimo”, sob os cuidados atentos de sua cuidadora fiel.

    Não só os que sabiam tocar alguma das peças podiam usá-las: era necessário comunhão plena com Kai.

    A música não era só arte, mas também acesso ao divino, à palavra mais alta e maior.

    E, nesse mesmo contexto, sob controle de Haalaee, uma flauta.

    De longe, o instrumento com maior significado de toda Big Sea Island.

    O jovem suko tinha o instrumento musical como uma extensão de sua fé.

    Até mesmo Orchid alimentava essa sua devoção icônica: Haalaee era o povo, a significação da comunidade dentro da Guilda Agalelei, mesmo que ele não soubesse disso.

    Além disso, como sabido por todos da vila, o cervo era o mais hábil e talentoso músico.

    Seu sorriso, voltado às palavras de Kai, o fazia ainda mais destoante em alegria.

    Isso foi logo notado ao improvisar um solo: uma breve sinfonia, singela e bela, fez até mesmo com que o povo ficasse em silêncio por míseros 5 segundos.

    Porém, pareciam horas na mente de Marduk.

    — “O mesmo povo que eu carrego dá a mesma atenção a um cervo simplório com uma flauta?!” — o gato estava incrédulo. — “Uma fagulha nunca terá a força de uma fogueira ardente!”

    A tal “fagulha” chegou a trazer lágrimas aos olhos de um dos habitantes da vila, e grande admiração de todos, sem exceção.

    Foi apoteótico, digno do que um verdadeiro líder causaria.

    Haalaee foi reverenciado e elogiado, ficando bastante envergonhado e sem jeito.

    Contudo, recebeu o apoio dos fiéis, que o ajudaram a ficar mais à vontade frente sua timidez característica quando chamava a atenção.

    Já Marduk, tentando se recompor — que até chacoalhou sua cabeça para apagar as imagens em sua mente — deixou claro seu incômodo.

    — Alguém poderia me dizer o porquê de tanta inflamação? — ele fitou a todos da Guilda Agalelei.

    Alfreedah, que estava entre os fiéis curiosos, caminhou até o felino branco, disposta a responder a pergunta.

    — Sacro zurkan, estamos reunindo a orquestra.

    — E porque? Sabe muito bem que manifestações artísticas devem passar pelo crivo da guilda antes de serem apresentadas!

    Sua indagação, no meio do povo, causou algumas conversas paralelas dos presentes.

    Claro, eles ainda tinham o devido respeito, mas uma mancha discreta começava a transparecer.

    Nesse momento, Lanumoaga entrou na conversa: ele pediu licença a todos.

    — Me perdoe, sacro zurkan… — o canino o olhou nos olhos. — Nós da Guilda Agalelei esquecemos de informá-lo. Sabe, sua presença no meio da nossa gente nos fez passarmos batido…

    Ele falou com sinceridade, mas com teor sarcástico.

    Marduk captou isso, o que o moveu para próximo do azulado.

    — Uma falha crítica, que extrapola as diretrizes da Guilda Agalelei!

    A eloquência atingiu um patamar além dessa vez. Marduk mostrou sua revolta em público.

    Haalaee, percebendo a irritação de seu líder, se dispôs a explicar:

    — Precisávamos de um grande evento para aquecermos nossa fé em Kai e levar sua palavra para além das expectativas, sacro zurkan!

    O líder da guilda não estava nada satisfeito. Seu olhar reprovou essa suposta desculpa, no entendimento dele.

    Marduk iria crescer para cima de Haalaee, dando sinais claros de prepotência.

    Entretanto, Lanumoaga se antepõe: impediu seu avanço, dizendo:

    — Uma celebração a Kai, sacro zurkan. Isso não é maravilhoso? — seu olhar sóbrio deixou explícito a seriedade.

    — Sacro zome Lanumoaga… — sua indiferença foi total. — Saia da minha frente imediatamente.

    — Deixe eu adivinhar: você quer punir Haalaee por querer dar ao nosso povo o que eles tanto almejam?

    O azul foi direto ao assunto, sem rodeios.

    E tudo isso diante toda a população da Vila Aldeia Melanmarii, expondo todo o teor da conversa.

    Pela primeira vez Marduk se sentiu em um território “hostil e sem controle”, no mesmo cenário que sempre tinha o foco das atenções e o assunto da vez.

    Era uma situação inusitada: ele percebeu sua desconexão com os demais, os mesmos que se mantiveram atentos a tudo que dizia todo esse tempo.

    Foi naquele momento que Marduk percebeu que fagulhas podem incentivar corações.

    Sabido disso, restabeleceu a calma e se inseriu novamente à realidade:

    — O povo almeja proximidade a Kai. Creio que todos sabemos disso.

    — Exatamente… — Lanumoaga respondeu, ainda de braços cruzados.

    — Realizações artísticas devem passar pelo crivo da Guilda Agalelei. São regras, e todos sabem disso. Não estou exigindo nada do que é de direito.

    — Compreendo… — ele, fechando seus olhos, clamou. — Sacros sukos liderados por Haalaee, e sacra zome Alfreedah e sacro zurkan Marduk: vocês aprovam a realização extraordinária da orquestra durante a Festa da Colheita?

    Uma jogada de mestre do canino azulado.

    Ele fez, ali mesmo, um pedido ao voto, no meio do povo.

    Marduk nunca pensou que ele um dia faria isso.

    O gato sequer pôde se opor, se resguardando ao ver o esperado: todos da Guilda Agalelei levantaram seus braços de acordo.

    E mais ainda, o povo fez o mesmo, aumentando o valor simbólico do ato explosivo, e agora revelador, do evento sazonal.

    O felino ficou acuado, em silêncio, um reflexo da sua falta de conhecimento, um fator surpresa gigante.

    — “Todos estão concordando com isso…?!” — pasmo, ele manteve a compostura. — “Devo me acalmar, não posso cair no erro de envolver meus seguidores em uma discussão…”

    Marduk não caiu do pedestal, como já fizera antes, mantendo sua paciência inabalável em seu rosto.

    Com isso, colheu também sua parte.

    — Vox populi… — falou, enquanto fechava seus olhos, os abrindo segundos depois. — A voz do povo é soberana… Agiu bem, sacro zome. Agora temos certeza do que o meu povo quer.

    O gato monge, firme na voz e na postura, recebeu aplausos acalorados da plateia entusiasmada.

    Seu nome ecoou, em um coro que o cobriu de orgulho e ostentação.

    Ele fitava o canino, recebendo o mesmo de volta por Lanumoaga.

    — E então, sacro zome… — seu tom de voz tinha sarcasmo e ironia. — Devo lhe agradecer pela excelente ideia. Agora temos mais para clamar por Kai, não?

    A ligeira vitória não durou muito tempo.

    Durante a breve conversa, a aproximação de Orchid foi percebida, onde trazia consigo duas cadeiras de madeira.

    Porém, não eram simples assentos:

    — Essas cadeiras… — Marduk logo identificou o detalhe. — Elas são do monastério! Porque as trouxeram para cá?

    Ele começou a tremer, irritado. Aquilo foi quase como uma ofensa para o líder carismático.

    Lanumoaga, ainda observando, perguntou:

    — Algum problema, sacro zurkan?

    — É uma falha grotesca retirar qualquer utensílio ou móvel das dependências divinas do sagrado monastério!

    Orchid, calma como sempre, noticiou:

    — Contanto que o local seja abençoado por Kai.

    — O que? Do que está falando, mera cidadã?

    — Eu, assim como os demais membros da Guilda Agalelei, abençoamos o solo onde eles serão colocados.

    Marduk arregalou seus olhos, deixando claro para todos sua surpresa.

    — Impossível! Eu não fui comunicado por nada disso!

    — De acordo com as diretrizes da Guilda Agalelei, a maioria votante se sobressai ao maior voto válido: o seu. Todos abençoaram o espaço.

    Pode ser um evento rude e simplório, mas tinha um valor simbólico ímpar: a guilda ignorou o voto de Marduk, mostrando mais uma vez que a instituição era autônoma ao líder em certas coisas.

    Não era uma ameaça à autoridade do zurkan e sim uma constatação.

    — Porque as trouxeram para cá? — a dúvida pertencia ao líder.

    — Para nós dois, sacro zurkan… — indagou Lanumoaga, caminhando para próximo do gato.

    Ele ajeitou o assento sacro para Marduk, em sinal de respeito.

    A contragosto, o gato monge se sentou, com elegância.

    O mesmo fez o canino, se ajeitando ao seu lado.

    Enfim, o cenário era o palco.

    E, enquanto os instrumentos eram afinados, Marduk olhava o povo com um silêncio que jamais havia experimentado.

    Pela primeira vez, não era ele quem conduzia a melodia da noite.

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